tag:blogger.com,1999:blog-27824598886834126902024-03-14T01:26:04.366-03:00Tesouros da Igreja CatólicaA fé cristã é, essencialmente, a religião do Logos, pensamento, razão, palavra.O cristianismo é expressão da verdade mais profunda do ser e da existência; é bom e belo porque é verdadeiro, alicerça-se numa realidade efetiva e não num conjunto de crenças irracionais e míticas. (Dom Henrique Costa)Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.comBlogger1347125tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-62641322933394005192023-12-30T23:06:00.001-03:002023-12-30T23:06:11.498-03:00Esperança<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJzbPF0yeCWlu6YM-EWWUshlWjXBPVamZObCUZVJZphnwds5rwjGQoH8R5UnWZOx7wfL5qkwiOKh5zFn_FyLdYq0nmUlFhYjDX2JF9dSJKLtE7dXwgnpbj0mfVrdJXbhSIFVfuKqrnMJTwEOn51eC3TIu-HmMjrDWRs53Mo4aVW_x-j_Mqlhlddag55tQ/s933/Esperanca.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="445" data-original-width="933" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJzbPF0yeCWlu6YM-EWWUshlWjXBPVamZObCUZVJZphnwds5rwjGQoH8R5UnWZOx7wfL5qkwiOKh5zFn_FyLdYq0nmUlFhYjDX2JF9dSJKLtE7dXwgnpbj0mfVrdJXbhSIFVfuKqrnMJTwEOn51eC3TIu-HmMjrDWRs53Mo4aVW_x-j_Mqlhlddag55tQ/w640-h306/Esperanca.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Todo início de ano temos eperança de que o próximo seja melhor, que tenhamos mais saúde, alegria, tranquilidade e amor. Tudo isto é bom e não é errado desejar um vida melhor, afinal ninguém precisa ser um filósofo estóico para alcançar os céus e se alguém não tiver mais esperanças e desejos na vida, o que resta é apenas desespero e a morte. Mas enquanto todos tem esperança, há alguams diferenças importantes quando consideramos a esperança baseada na fé.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">O Catecismo da Igreja Católica (CIC 1817) define esperança assim:</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos, não nas nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo. "Conservemos firmemente a esperança que professamos, pois Aquele que fez a promessa é fiel" (Heb 10, 23). "O Espírito Santo, que Ele derramou abundantemente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso Salvador, para que, justificados pela sua graça, nos tornássemos, em esperança, herdeiros da vida eterna" (Tt 3, 6-7).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Em primeiro lugar, a esperança é um dom de Deus, que Ele prometeu para nosso benefício. A esperança nos dá a possibilidade de enfrentarmos qualquer situação sabendo que por mais difícil que pareça, Deus pode agir e transformá-la em algo diferente do que pensamos. Os desafios da vida podem parecer impossíveis, todos nós já enfrentamos situações assim, mas Deus tem o poder de recriar a vida a partir de uma situação de morte. Cristo fez exatamente isto quando desceu à mansão dos mortos e ressuscitou no terceiro dia, subiu aos céus, onde está sentado à direita de Deus. Professamos esta fé em cada Missa, e quando temos uma situação como uma doença, desemprego, crise na família, podemos confiar que Deus pode renovar nossa vida, refazer a nossa história e conduzir a vida melhor. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Em segundo lugar, devemos ter nossos olhos não apenas na vida terrestre, mas sabermos que o Reino dos Céus e a vida eterna devem ser o centro da nossa esperança e da nossa vida. Com o auxílio do Espírito Santo, do qual a esperança é um dos dons, podemos ter a certeza que, arrependidos de nossos pecados, levando uma vida santificada, também ascenderemos aos céus e nos encontraremos junto de Deus. A vida não termina com a nossa morte, a vida é eterna.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Em terceiro lugar, devemos confiar em Deus, não nas nossas forças. Como seres humanos somos imperfeitos e nossa compreensão é incompleta, mas Deus é perfeito e onisciente. Nele podemos confiar plenamente, pois Ele sabe, melhor que nós, onde estará nossa felicidade. Nossos erros do passado podem ser apagados, nosso futuro reconstruído por Deus. Não há dificuldade que Deus não possa nos ajudar a superar, não há problema que Deus não possa resolver. Nosso papel é rezar e confiar em Deus, para que a vontade Dele se faça na nossa vida, não que Ele faça o que queremos, mas que Ele nos ajude a estarmos preparados para aceitar o que Ele coloca na nossa vida. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Deixo aqui algumas passagens bíblicas que podemos ler e explorar, que falam desta esperança em Deus, que a fé o Espírito Santo nos trazem. Que todos tenhamos um Feliz Ano Novo!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></p><p></p><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Coragem! E sede fortes. Nada vos atemorize, e não os temais, porque é o Senhor, vosso Deus, que marcha à vossa frente: ele não vos deixará nem vos abandonará” (Dt 31, 6)</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Vós sois meu abrigo e meu escudo; vossa palavra é minha esperança. (Sl 119, 114)</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Em recompensa, o meu Deus há de prover magnificamente a todas as vossas necessidades, segundo a sua glória, em Jesus Cristo. (Fp 4, 19)</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei medo? Quando os malvados me atacam para me devorar vivo, são eles, meus adversários e inimigos, que resvalam e caem. Se todo um exército se acampar contra mim, não temerá meu coração. Se se travar contra mim uma batalha, mesmo assim terei confiança. Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário. Assim, no dia mau ele me esconderá na sua tenda, irá ocultar-me no recôndito de seu tabernáculo, sobre um rochedo me erguerá. (Sl 26, 1-5).</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Paulo, servo de Deus, apóstolo de Jesus Cristo para levar aos eleitos de Deus a fé e o profundo conhecimento da verdade que conduz à piedade, na esperança da vida eterna prometida em tempos longínquos por Deus verdadeiro e fiel. (Tt 1, 1-2)</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Manifestou-se, com efeito, a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens. Veio para nos ensinar a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade, na expectativa da nossa esperança feliz, a aparição gloriosa de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, que se entregou por nós, a fim de nos resgatar de toda a iniquidade, nos purificar e nos constituir seu povo de predileção, zeloso na prática do bem. (Tt 2, 11-14)</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela Ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada para vós nos céus; para vós que sois guardados pelo poder de Deus, por causa da vossa fé, para a salvação que está pronta para se manifestar nos últimos tempos. (1Pe 1, 3-5)</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">A confiança que depositamos nele é esta: em tudo quanto lhe pedirmos, se for conforme à sua vontade, ele nos atenderá. E se sabemos que ele nos atende em tudo quanto lhe pedirmos, sabemos daí que já recebemos o que pedimos. (1Jo 5, 14-15)</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima. Mas não! Cristo ressuscitou dentre os mortos, como primícias dos que morreram! Com efeito, se por um homem veio a morte, por um homem vem a ressurreição dos mortos. Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão. Cada qual, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; em seguida, os que forem de Cristo, na ocasião de sua vinda. (1Co 15, 19-23)</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">O Deus da esperança vos encha de toda a alegria e de toda a paz na vossa fé, para que pela virtude do Espírito Santo transbordeis de esperança! (Rm 15, 13)</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Cristo em vós, esperança da glória! (Cl 1, 27b)</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno. (Hb 4, 16)</span></li></ul><p></p><p><b><span style="font-family: arial;">-- autoria própria</span></b></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-38218514565288231502023-12-22T11:47:00.004-03:002023-12-23T10:48:45.849-03:00Sobre a benção de casais - Fiducia supplicans<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Em 18 de Dezembro de 2023 Dicastério para a Doutrina da Fé publicou um document chamado <i>Fiducia supplicans</i>, que está disponível no site do Vaticano. Não há versão em português, então vou traduzir alguns trechos da <a href="https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_ddf_doc_20231218_fiducia-supplicans_sp.html">versão em espanhol</a>. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b>9.</b> Desde o ponto de visto estritamente litúrgico, uma benção requer que auqele que a recebe esteja em conformidade com a vontade de Deus manifestada nos ensinamentos da Igreja</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b>10.</b> As bençãos se celebram, de fato, em virtude da fé e objetivam o louvor a Deus e o proveito espiritual do povo. [...] Por isso, se convida a aqueles que pedem a benção de Deus através da Igreja a intensificar suas disposições internas na fé de que não há nada impossível e confiar na caridade que premia os que guardam os mandamentos de Deus.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b>11.</b> Baseando-se nestas considerações, [...] a Congregação para Doutrina da Fé recorda que quando, com um rito litúrgico adequado, se invoca uma benção sobre alguma relação humana, aquilo que se bendiz deve corresponder as desígnios de Deus inscritos na Criação e plenamente revelados por Cristo, Nosso Senhor. Por isso, dado que a Igreja sempre considerou moralmente lícitas apenas as relações sexuais que se vivem dentro do matrimônio,<b> </b>não tem poder de conferir sua benção litúrgica quando está, de alguma maneira, pode oferecer uma forma legítimidade moral a uma união que se presume ser um matrimônio ou uma prática sexual extramatrimonial. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b>31.</b> Assim, no horizonte delineado neste documento, se coloca uma possibilidade de bençãos de casais em situações irregulares e casais do mesmo sexo, cuja forma não deve encontrar nenhuma forma fixa por parte das autoridades eclesiásticas, para não produzir confusão com a benção própria do sacramento do matrimônio. [...] As bençãos devem expressar uma súplica a Deus para que se conceda aquelas ajudas que provêm do Espírito Santo [...] para que as relações humanas possam amadurecer e crescer em fidelidade na mensagem do Evangelho [...].</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b>32.</b> A graça de Deus, de fato, atua na vida daqueles que não se consideram justos, mas que se reconhecem humildemente pecadores como todos. [...] Por isso, com incansável sabedoria e maternidade, a Igreja acolhe a todos que se aproximam de Deus com coração humilde, aompanhando-os com auxílios espirituais que permitam a todos compreender e realizar plenamente a vontade de Deus em sua existência. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b>Comentário</b>:</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Agora é meu comentário particular, não partes de documentos da Igreja:: </span></p><p></p><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">seria importante ter uma tradução oficial e completa do documento em português, espero que a CNBB esteja trabalhando neste sentido;</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">não podemos esquecer que todos somos pecadores e recebemos bençãos da Igreja para mudarmos nossas atitudes;</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">o documento começa reafirmando os ensinamentos da Igreja sobre a ilegitimidade de casamentos em segunda união e parcerias homossexuais, ou seja, a doutrina não mudou;</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">não haver uma fórmula para a benção nestas situações permite aos padres adaptar a benção a cada caso particular mas, ao mesmo tempo, deixa a todos, padres, comunidades e Igreja, abertos a situações contrárias aos ensinamentos da Igreja;</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">considerando a alta probabilidade de confusões e mal-entendidos, não é de se estranhar que bispos tenham orientado os padres a não abençoar casais em situação irregular, prudência é uma virtude;</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">a benção deve ressaltar a importância de modificar o comportamento individual, saindo da atual situação de pecado;</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">como sempre, a imprensa não leu o documento completo, ou se leu, destacou apenas o que interessa a sua agenda.</span></li></ul><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCaxOYSNm2Hk_PYdcIGW_g4LstkjkBDRuyFluJ50sg6LU9DTGYH-RaR2UHhyy_A5cM9GoKFJNZQixtPDAutiGls8rCIcjR0zfWkTJftQ16WpQmTff87v3pp8zBJAU0-_TzDqOqPAxy65aa037CwIaRUABiDrF2yqxmYeepgoMgw7oaqRmwxH2bwSaoQi0/s1273/casamento-catolico.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1273" data-original-width="850" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCaxOYSNm2Hk_PYdcIGW_g4LstkjkBDRuyFluJ50sg6LU9DTGYH-RaR2UHhyy_A5cM9GoKFJNZQixtPDAutiGls8rCIcjR0zfWkTJftQ16WpQmTff87v3pp8zBJAU0-_TzDqOqPAxy65aa037CwIaRUABiDrF2yqxmYeepgoMgw7oaqRmwxH2bwSaoQi0/w429-h640/casamento-catolico.jpg" width="429" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p><br /></p><p><br /></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-17767539396816062802022-10-01T09:40:00.003-03:002022-10-01T09:40:36.049-03:00É difícil ser cristão?<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2fowV5PSPQ-dxD6GFEI0BQeFnUcjbWxThLY54-kU6QEgs8gdUV32FJSis_uIEXBLNqSwdT5Ie6uG4MPsTsCOSEZp-b8CEUJBGRuUpWK42R22gtGE2MdGyN0s1NKy7vSi4Gm7JELTxLaUiP-r_w8G2ccpU_QFhQUb3jPrNRLvZVzJWhN2sByJa_CBj/s649/JugoSuave.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="649" data-original-width="606" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2fowV5PSPQ-dxD6GFEI0BQeFnUcjbWxThLY54-kU6QEgs8gdUV32FJSis_uIEXBLNqSwdT5Ie6uG4MPsTsCOSEZp-b8CEUJBGRuUpWK42R22gtGE2MdGyN0s1NKy7vSi4Gm7JELTxLaUiP-r_w8G2ccpU_QFhQUb3jPrNRLvZVzJWhN2sByJa_CBj/s320/JugoSuave.png" width="299" /></a></div><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Está escrito:<i> “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei”</i> (Mt 11,28) cujo significado é explicado por São Hilário: <i>“O Senhor chama para si todos aqueles que estão com dificuldades para cumprir a Lei e estão sobrecarregados pelos pecados do mundo”</i>. E Logo a seguir, Jesus diz <i>“meu jugo é suave e meu fardo é leve”</i> (Mt 11,30), portanto a Nova Lei é mais leve que a Velha Lei.</span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Há duas dificuldades que podem afetar as obras da virtude que são o objetivo da Lei. Uma é relativa às obras externas, que podem ser cansativas e percebidas como um peso por que a Velha Lei é muito abrangente, cheia de detalhes e pequenas cerimônias realizadas ao longo de todo dia, enquanto a Nova Lei aboliu muito daquelas práticas. </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Outra dificuldade é relativa aos atos interiores, por exemplo, que as obras de caridade devem ser feitas com presteza e alegria. Esta dificuldade é resolvida pelo amor, por que um ato que é difícil realizar, torna-se fácil pelo amor. Até os filósofos afirmam que é fácil cumprir a Lei, mas fazê-lo alegremente, sem murmurar, é difícil se a pessoa não for justa. De acordo, lemos em (1Jo 5,3)<i> “Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos”</i>. Santo Agostinho completa:<i> "os mandamentos não são pesados para o homem que ama, mas são um peso para os que não amam”</i>.</span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Logo, as tribulações sofridas por aqueles que observam a Nova Lei são facilmente resolvidas se considerarmos o Amor que anima estes mesmos mandamentos, como explica Santo Agostinho: <i>“o amor faz tudo mais leve e facilita tudo que parece difícil e além da nossa capacidade”</i>. </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;"><b>-- São Tomás de Aquino</b> </span><br /></div>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-51439327890068958132022-09-15T08:53:00.001-03:002022-09-15T08:56:01.830-03:00A Comunhão com a Santíssima Trindade<p id="docs-internal-guid-0f5811a6-7fff-c4c7-85a4-43a7e30ca3d5" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/0b/Angelsatmamre-trinity-rublev-1410.jpg/1200px-Angelsatmamre-trinity-rublev-1410.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="643" height="800" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/0b/Angelsatmamre-trinity-rublev-1410.jpg/1200px-Angelsatmamre-trinity-rublev-1410.jpg" width="643" /></a></span></div><p style="text-align: left;"></p><div style="text-align: justify;"><p><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Refletir sobre a Eucaristia é como ver horizontes se abrindo na nossa frente, nossa visão alcançamos ainda mais longe do que podíamos ver antes. De fato, o horizonte cristológico da comunhão que contemplamos até agora pode ser expandido se considerarmos a Santíssima Trindade. Através da comunhão com Cristo entramos em comunhão com a Trindade. Eu sua oração sacerdotal, Jesus diz ao Pai: <i>“para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim”</i> (Jo 17, 22-23). Estas palavras, <i>“eu neles e tu em mim”</i> indicam que Jesus está em nós e que o Pai é Jesus. Logo, não é possível receber a comunhão sem receber ao Pai também. As palavras de Cristo: <i>“Aquele que me vê, vê ao Pai”</i> (Jo 14,9) também significa <i>“aquele que me recebe, recebe ao Pai”</i>.</span></span></p><p><span style="font-family: arial;"></span></p></div><div style="text-align: left;"><p><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"></span></span></p></div><div style="text-align: justify;"><p><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Isto é verdadeiro se considerarmos que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são uma só e inseparável natureza divina. Sobre isto escreveu Santo Hilário de Poitiers: <i>“Estamos unidos a Cristo que é inseparável do Pai, mesmo permanecendo junto ao Pai, Cristo permanece unido a nós, logo nós também estamos em unidade com o Pai. De fato, Cristo tem a mesma natureza do Pai, de certo modo nós, também, através de Cristo, também temos a mesma natureza do Pai”</i>.<br /></span></span></p></div><div style="text-align: left;"><p><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"></span></span></p></div><div style="text-align: justify;"><p><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Durante a Eucaristia o que ocorreu durante a vida terrena de Cristo é sacramentalmente replicado. No momento do nascimento, é o Espírito Santo que traz Cristo ao mundo (pois Maria concebeu através da ação do Espírito Santo), no momento da morte foi Cristo que deu ao mundo o Espírito Santo (ao enviá-lo no dia de Pentecostes). Da mesma maneira, no momento da consagração é o Espírito Santo que age e transforma o pão em Corpo de Cristo e, no momento da comunhão, é Cristo que nos dá o Espírito Santo.<br /></span></span></p></div><div style="text-align: left;"><p><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"></span></span></p><div style="text-align: justify;"><p><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Santo Irineu, doutor da Igreja, diz que o Espírito Santo é nossa comunhão com Cristo. Na comunhão Jesus vem até nós, nos concedendo o Espírito. Não como aquele que há muito tempo enviou o Espírito Santo, mas como um que naquele momento, a cada dia, está nos concedendo o Espírito, ao repetir seu sacrifício no altar, Ele novamente <i>“emite seu Espírito” </i>(cf. Jo 19,30). Tudo isso que expliquei é visualizado no ícone da Santíssima Trindade, que mostra os três anjos ao redor do altar. A Santíssima Trindade nos dá a Eucaristia e através dela recebemos a Santíssima Trindade. A Eucaristia não é apenas nossa Páscoa diária, é também nosso Pentecostes diário!</span></span></p></div></div><div><p><b><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"> -- Frei Raniero Cantalemessa, </span><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">terceira catequese no Tempo de Quaresma, 25 de Março de 2022. </span></b></p></div>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-64935957070541677162022-08-20T10:35:00.000-03:002022-08-20T10:35:06.321-03:00A Comunhão é a união mística entre Cristo e a Igreja<div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-jBTLMAdKQV8/U9WqsiERtRI/AAAAAAAAEAU/jJ-ECkIZwYc/s640/recebendo-a-eucaristia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="360" src="https://4.bp.blogspot.com/-jBTLMAdKQV8/U9WqsiERtRI/AAAAAAAAEAU/jJ-ECkIZwYc/w640-h360/recebendo-a-eucaristia.jpg" width="640" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na nossa catequese mistagógica sobre a Eucaristia, após a Liturgia da Palavra e a Consagração, alcançamos o terceiro momento, a comunhão. <br /></div><br /></div><div style="text-align: justify;">Este é o momento da Missa que mais claramente expressa a unidade e igualdade de todos batizados, acima de qualquer distinção de ministério ou posição na Igreja. Até este momento a distinção de ministério está presente, na Liturgia da Palavra há uma diferença entre o que ensina e os ouvintes, na consagração há o padre consagrando e o povo participando, mas na Comunhão não há nenhuma diferença. A comunhão recebida por um simples batizado é a mesma recebida pelo padre ou bispo. A comunhão Eucarística é uma proclamação sacramental de que a koinonia* está em primeiro lugar na Igreja e é mais importante que a hierarquia.<br /></div><div style="text-align: left;"><br /><div style="text-align: justify;">Vamos refletir sobre a Comunhão Eucarística a partir de um texto de São Paulo (1Cor 10:16-17): <br /></div><br /></div><div style="text-align: justify;"><i>O cálice de bênção, que benzemos, não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão, que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo? Uma vez que há um único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos nós comungamos do mesmo pão. </i><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A palavra <b>“corpo”</b> ocorre duas vezes, mas com significados diferentes. Na primeira vez, <b>“o corpo de Cristo”</b>, indica o corpo real de Cristo, nascido de Maria, morto e ressuscitado; na segunda vez, <b>“formamos um só corpo”</b>, indica o corpo místico da Igreja. Não é possível falar de forma mais clara e direta que a Eucaristia é sempre uma comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs, que há uma dimensão vertical e outra horizontal. Vamos falar, agora, da primeira:<br /></div><div style="text-align: left;"><h3 style="text-align: left;">Comunhão com Cristo</h3><div style="text-align: justify;">Que tipo de comunhão é criada entre nós e Cristo na Eucaristia? Em João 6,57 Jesus diz:<i> “Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim.”</i> A preposição<b> “por”</b> indica uma causa e um objetivo. Significa que aquele que recebe o corpo de Cristo vive dEle, isto é, por causa dEle, pela graça da vida que recebe dEle; também significa que vive para servir à sua glória e reino. Assim como Cristo vive em união com o Pai, pelo mistério da sagrada Eucaristia, seu corpo e sangue, vivemos por Jesus e para Jesus. <br /></div></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">De fato, é um princípio fundamental da vida que os mais fortes se alimentam dos mais fracos, por exemplo uma planta assimila os minerais do solo, enquanto os animais se alimentam de vegetais, não ao contrário. Em todos os casos da natureza, aquele que come assimila os nutrientes dos mais fracos. No nível espiritual, também é o divino que assimila o humano, não ao contrário, mas, ao contrário da natureza, na Comunhão aquele que é comido que incorpora que o recebe. Para aqueles que se aproximam para recebê-lo, Jesus repete o que disse para São Agostinho:<i> “Não és tu que me receberás, mas Eu que te receberei”</i>.<br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Um filósofo ateísta diz: <i>“O homem é aquilo que ele come”</i> (F. Feuerbach), indicando que no homem não há qualquer diferença qualitativa entre matéria e espírito, que tudo se resume a compostos orgânicos e matéria. Um ateísta, mesmo sem saber, dá uma excelente formulação do mistério cristão: Graças a Eucaristia, o cristão é realmente aquilo que come! São Leão Magno escreveu a muitos séculos: <i>“Nossa participação no corpo e sangue de Cristo nos transforma naquilo que recebemos”</i>. <br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Na Eucaristia, portanto, não há somente uma comunhão entre Cristo e nós, mas também assimilação; comunhão não é apenas a união de dois corpos, duas mentes, duas vontades, também é o recebimento de um corpo, de uma mente e da vontade de Cristo: <i>“quem se une ao Senhor torna-se com ele um só espírito.” </i>(1 Cor 6,17).<br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas a nutrição, o comer e beber, não é a única analogia que podemos fazer sobre a Eucaristia, mesmo que seja indispensável. Há algo que ela não pode expressar pois é uma comunhão entre objetos materiais, não entre pessoas. Gostaria de insistir em outra analogia que pode nos ajudar a compreender a natureza da comunhão Eucarísitica como uma comunhão entre pessoas que procuram esta comunhão. <br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A Carta aos Efésios diz que o casamento é um símbolo da união entre Cristo e a Igreja: <i>“Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois constituirão uma só carne (Gn 2,24). Esse mistério é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja. Em resumo, o que importa é que cada um de vós ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido.”</i> (Ef 5, 31-33). A Eucaristia, para usar uma imagem forte mas verdadeira, é a consumação do casamento entre Cristo e a Igreja. Uma vida cristã sem Eucaristia é como um casamento que não é consumado. No momento da Comunhão, o celebrante diz: <i>“Benditos são aqueles chamados para Ceia do Senhor”</i>, no livro do Apocalipse, do qual esta expressão foi retirada, diz ainda mais explicitamente: <i>“Ele me diz, então: ‘Escreve: Felizes os convidados para a ceia das núpcias do Cordeiro’. Disse-me ainda: ‘Estas são palavras autênticas de Deus.’“</i> (Ap 19, 9).<br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Como explica São Paulo, a consequência imediata do casamento é que o corpo, isto é, toda pessoa, do marido pertence à esposa e, vive versa, a esposa pertence ao marido (cf. 1Cor 7,4). Isto significa que a Palavra encarnada, incorruptível, que dá a vida, passa a ser <i>“minha”</i>, mas também que minha carne, minha humanidade, se transforma em Cristo. Na Eucaristia recebemos o corpo e sangue de Cristo, mas Cristo também recebe nosso corpo e sangue! Jesus, conforme escreveu Santo Hilário: <i>“Quando Ele diz ‘Tomai e comei, este é o meu corpo’, nós o recebemos, mas também podemos dizer ‘tome, este é o meu corpo’”</i>.<br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Tentemos agora entender as consequências de tudo isto. Na sua vida humana, Jesus não teve todas experiências humanas possíveis. Para começar, ele era homem, não mulher, ele não experimentou algumas coisas que metade da humanidade experimenta; ele não foi casado, então não teve a experiência de estar unido à outra pessoa, ter filhos, ou pior, perder um filho; ele morreu jovem, não experimentou a velhice, etc…<br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas agora, através da Eucaristia, Ele tem toda esta experiência. Ele vive a condição de uma mulher, de um doente, de um velho, um pobre imigrante, de uma pessoa sendo bombardeada, etc..<br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Não há nada em nossa vida que não seja familiar à Cristo. Ninguém deve dizer: <i>“Jesus não sabe o que é ser casado, perder um filho, estar doente, velho ou ser negro!”</i> O que Cristo não viveu enquanto estava neste mundo, Ele vive e experimenta através do Espírito, graças à comunhão espiritual da Sagrada Missa. Santa Isabel da Trindade compreendeu profundamente este mistério e escreveu para sua mãe: <i>“A noiva pertence ao seu noivo. Meu noivo me recebeu, Ele me quer para acrescentar humanidade à Ele”</i>. <br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Que coisa maravilhosa, que consolação é pensar que nossa humanidade passa a fazer parte da humanidade de Cristo! Mas também que responsabilidade! Se meus olhos se transforma nos olhos de Cristo, minha boca na de Cristo, esta é uma excelente razão para não deixar meus olhos se perderem em imagens lascivas, minha língua não falar contra o próximo, meu corpo não se transformar em instrumento de pecado. <i>“Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os membros de Cristo e os farei membros de uma prostituta? De modo algum!”</i> (1 Cor 6,15).<br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E ainda, isto não é tudo, a parte mais bela ainda está faltando. O corpo da esposa pertence ao noivo, mas também o corpo do noivo pertence à esposa. Na comunhão, aquele que está dando também está recebendo, recebendo nada mesmo que a santidade de Cristo! Onde este maravilhoso comércio que a liturgia nos fala ocorreria na vida dos fiéis se não fosse no momento da comunhão? <br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ali temos a oportunidade de dar para Jesus nossas sujeiras, nossos pecados, e receber o manto da justiça (cf. Is 61,10). De fato, está escrito que <i>“É por sua graça que estais em Jesus Cristo, que, da parte de Deus, se tornou para nós sabedoria, justiça, santificação e redenção”</i> (1 Cor 1,30). Aquilo que se tornou para nós estava destinado para nós, é algo que nos pertence.<i> “Ou não sabeis que o vosso corpo ..., já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo.”</i> (1 Cor 6,19-20). No sentido contrário, também aquilo que pertence a Deus pertence a nós, mas temos que lembrar que pertencemos a Cristo por direito, mas Ele pertence a nós por graça!<br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Esta é uma descoberta capaz de dar asas a nossas vidas espirituais. Este é um grande passo de fé e devemos rezar a Deus para não morrermos sem fazer esta caminhada. <br /></div><div style="text-align: left;"><br /><b>-- Padre Raniero Cantalamessa, terceira catequese no Tempo de Quaresma, 25 de Março de 2022.</b><br /><br /><b>*koinonia</b> é o compartilhamento, a comunhão dos bens espirituais da Igreja; também pode ser estendida aos bens materiais, o que é comum nas ordens religiosas.<br /><br /><br /><br /></div>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-50246671342322506922022-07-11T22:26:00.001-03:002022-07-11T22:26:16.125-03:00A vida humana é sagrada<div><p><i> </i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><a href="https://cardinalsblog.adw.org/wp-content/uploads/sites/3/2016/10/John-Paul-II.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="409" data-original-width="615" height="409" src="https://cardinalsblog.adw.org/wp-content/uploads/sites/3/2016/10/John-Paul-II.png" width="615" /></a></i></div><p></p><p><i>* O Papa João Paulo II celebrou uma missa em Washington, capital dos EUA, em 07 de Outubro de 1979. Esta foi a homíla daquela missa. </i><br /></p><p style="text-align: justify;">O domingo de hoje assinala o princípio do anual
"Programa para o respeito da vida", graças ao qual a Igreja dos Estados
Unidos pretende insistir na própria convicção da inviolabilidade da vida
humana em todas as suas fases. Renovemos, pois, todos juntos, o nosso
respeito pelo valor da vida humana, lembrando-nos que, mediante Cristo,
toda a vida humana foi remida.</p>
<p style="text-align: justify;"><b>Não hesito em proclamar, perante todos vós e perante
todo o mundo, que cada vida humana — desde o momento da sua concepção e
durante todas as fases que se seguem — é sagrada, porque a vida humana é
criada à imagem e semelhança de Deus.</b> Nada supera a grandeza nem a
dignidade da pessoa humana. A vida humana não é apenas uma ideia ou uma
abstracção; a vida humana é a realidade concreta de um ser que é capaz
de amor e de serviço para com a humanidade.</p>
<p style="text-align: justify;">Permiti-me que repita aquilo que disse durante a
peregrinação à minha terra: <i>"Se se inflige o direito do homem à vida no
momento em que ele começa a ser concebido no seio materno, ataca-se
indirectamente toda a ordem moral que serve para assegurar os bens
invioláveis do homem. A vida ocupa entre eles o primeiro lugar. A Igreja
defende o direito à vida, não só por respeito à majestade do Criador
que é o primeiro dador desta vida, mas também por respeito ao bem
essencial do homem"</i> (João Paulo II, <i> <a href="http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/homilies/1979/documents/hf_jp-ii_hom_19790608_polonia-nowy-targ_po.html"> Homilia em Towy Targ</a></i>; em <i>L'Oss. Rom.</i>, ed. port., 15.7.79, p. 6).</p>
<p style="text-align: justify;">A vida humana é preciosa porque é um dom de Deus cujo
amor é infinito: e quando Deus dá a vida, dá-a para sempre. A vida é
também preciosa porque é a expressão e o fruto do amor. É esta a razão
pela qual a vida deve ter origem no contexto dó matrimónio e pela qual o
matrimónio e o amor recíproco dos pais devem ser caracterizados pela
generosidade em prodigar-se. O grande perigo para a vida da família numa
sociedade cujos ídolos são o prazer, a comodidade e a independência,
está no fato de os homens fecharem o coração e tornarem-se egoístas. O
medo de um compromisso permanente pode transformar o amor mútuo entre
marido e mulher em dois amores de si próprios — dois amores que existem
um ao pé do outro, até acabarem por separar-se.</p>
<p style="text-align: justify;">No sacramento do matrimônio o homem e a mulher — que
pelo Batismo se tornaram membros de Cristo e têm o dever de manifestar
na sua vida as atitudes de Cristo — recebem a certeza do auxílio de que
têm necessidade para o próprio amor crescer numa união fiel e
indissolúvel e para conseguirem responder generosamente ao dom da
paternidade. Como declarou o Concílio Vaticano II: <i>"Por meio deste
Sacramento, o próprio Cristo torna-se presente na vida dos cônjuges e
acompanha-os, a fim de que possam amar-se mutuamente e amar os seus
filhós, precisamente como Cristo amou a sua Igreja e se deu a si mesmo
por ela"</i> (Cfr. <i> <a href="http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651207_gaudium-et-spes_po.html"> Gaudium et Spes</a></i>, 48; <i>Ef</i> 5, 25).</p>
<p style="text-align: justify;">Para que o matrimônio cristão favoreça o bem total e o
desenvolvimento do casal, deve ser inspirado pelo Evangelho, e assim
abrir-se à nova vida — nova vida dada e aceita generosamente. Os
cônjuges são também chamados a criar uma atmosfera familiar em que os
filhos sejam felizes e vivam plena e dignamente uma vida humana e
cristã.</p>
<p style="text-align: justify;">Para ser possível viver-se uma vida familiar alegre,
impõem-se sacrifícios quer da parte dos pais quer da parte dos filhos.
Cada membro da família deve tornar-se, de modo especial, o servo dos
outros compartilhando as cargas deles. É necessário cada um ter a
solicitude não só da própria vida, mas também da vida dos outros membros
da família: das suas carências, das suas esperanças e dos seus ideais.
As decisões a propósito do número dos filhos e dos sacrifícios que daí
derivam não devem ser tomadas só em vista de aumentar as próprias
comodidades e manter uma existência tranquila. Refletindo neste ponto
diante de Deus, ajudados pela graça que vem do Sacramento, e guiados
pelos ensinamentos da Igreja, os pais recordarão a si próprios que é mal
menor negar aos próprios filhos certas comodidades e vantagens
materiais do que privá-los da presença de irmãos e irmãs que poderiam
ajudá-los a desenvolver a sua humanidade e a realizar a beleza da vida
em todas as suas fases e em toda a sua variedade.</p>
<p style="text-align: justify;">Se os pais compreendessem plenamente as exigências e as
oportunidades encerradas neste grande Sacramento, não deixariam de se
unir a Maria no hino de louvor ao Autor da vida — a Deus —, que os
escolheu como seus colaboradores.</p>
<p style="text-align: justify;"></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://www.politico.com/dims4/default/af2d344/2147483647/strip/true/crop/1160x773+0+0/resize/1260x840!/quality/90/?url=https%3A%2F%2Fstatic.politico.com%2F49%2Fb8%2F2426030843ad952dc7512c8733aa%2Fwebp.net-resizeimage%20%2817%29.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="533" data-original-width="800" height="213" src="https://www.politico.com/dims4/default/af2d344/2147483647/strip/true/crop/1160x773+0+0/resize/1260x840!/quality/90/?url=https%3A%2F%2Fstatic.politico.com%2F49%2Fb8%2F2426030843ad952dc7512c8733aa%2Fwebp.net-resizeimage%20%2817%29.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Papa João Paulo II e o Presidente Jimmy Carter<br /></td></tr></tbody></table><br /></div><div style="text-align: justify;">Todos os seres humanos deveriam apreciar a
individualidade de cada pessoa como criatura de Deus, chamada a ser
irmão ou irmã de Cristo em razão da Encarnação e da Redenção Universal.
Para nós a sacralidade da pessoa humana é fundada nestas premissas. E é
nestas mesmas premissas que se funda a nossa celebração da vida — de
toda a vida humana. Isto explica os nossos esforços para defender a vida
humana de qualquer influência ou acção que a possa ameaçar ou
debilitar, assim como os nossos esforços para tornar cada vida mais
humana em todos os seus aspectos.</div><p></p>
<p style="text-align: justify;">Por conseguinte, reagiremos todas as vezes que a vida
humana for ameaçada. Quando o caráter sagrado da vida antes do
nascimento for atacado, nós reagiremos para proclamar que ninguém tem o
direito de destruir a vida antes do nascimento. Quando se falar de uma
criança como de um peso ou se considera a mesma como meio para
satisfazer uma necessidade emocional, nós interviremos para insistir em
que todas as crianças são dom Único e irrepetível de Deus, que têm
direito a uma família unida no amor. Quando a instituição do matrimônio
for abandonada ao egoísmo humano e reduzida a um acordo temporâneo e
condicional que se pode dissolver facilmente, nós reagiremos afirmando a
indissolubilidade do vínculo matrimonial. Quando o valor da família for
ameaçado por pressões sociais e econômicas, nós reagiremos reafirmando
que a família é necessária não só para o bem privado de cada pessoa, mas
também para o bem comum de cada sociedade, nação e estado (João Paulo
II, <i> <a href="http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/audiences/1979/documents/hf_jp-ii_aud_19790103_po.html"> Audiência Geral</a></i>,
3.1.79). Quando depois a liberdade for usada para sujeitar os fracos,
esbanjar as riquezas naturais e a energia, e para negar aos homens as
necessidades essenciais, nós reagiremos para reafirmar os princípios da
justiça e do amor social. Quando os doentes, os anciãos ou os moribundos
forem abandonados, nós reagiremos proclamando que eles são dignos de
amor, de solicitude e de respeito.</p>
<p style="text-align: justify;">Faço minhas as palavras que Paulo VI dirigiu o ano
passado aos Bispos Americanos: <i>"Estamos convencidos, além disso, que
todos os esforços empreendidos para salvaguardar os direitos humanos
beneficiam actualmente a vida em si mesma. Tudo o que se dirige — no
direito ou nos fatos — a banir a discriminação baseada na 'raça,
origem, cor, cultura, sexo ou religião' (cfr. <a href="http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/apost_letters/documents/hf_p-vi_apl_19710514_octogesima-adveniens_po.html"> Octogesima Adveniens</a>,
16), é serviço prestado à vida. Quando os direitos das minorias, são
protegidos, quando os diminuídos mental ou fisicamente são assistidos,
quando é concedida voz aos marginalizados da sociedade, em todos estes
casos, são favorecidas a dignidade da vida humana, a plenitude da vida
humana e a santidade da vida humana... Em especial, cada contribuição
para melhorar o clima moral da sociedade e enfrentar a permissividade e o
hedonismo, e ainda toda a assistência à família, que é a fonte da nova
vida, tudo isso é favorecer os valores da vida"</i> (Paulo VI, <i>Discurso aos Bispos Americanos</i>, em <i>L'Oss. Rom.</i>, ed. port. 4.6.1978. p. 4).</p>
<p style="text-align: justify;">Muito está ainda por fazer a fim de se conseguir
ajudar aqueles cuja vida é ameaçada e reavivar a esperança daqueles que
têm medo da vida. Requer-se coragem para resistir às pressões e aos
falsos "slogans", para proclamar a dignidade suprema de cada vida, e
exigir que a própria sociedade a proteja. Desejo pois dirigir uma
palavra de louvor a todos os membros da Igreja Católica e das outras
Igrejas cristãs, a todos os homens e mulheres da herança judeo-cristã,
assim como a todos os homens de boa vontade, a fim de se unirem num
esforço comum para a defesa da vida na sua plenitude e para a promoção
de todos os direitos humanos:</p>
<p style="text-align: justify;">A nossa celebração da vida faz parte da nossa celebração
da Eucaristia. Nosso Senhor e Salvador, mediante a Sua morte e
Ressurreição, tornou-se para nós "o pão da vida" e o penhor da vida
eterna. N'Ele encontramos a coragem, a perseverança e a inventiva de que
temos necessidade para promover e defender a vida nas nossas famílias e
no mundo inteiro.</p>
<p style="text-align: justify;">Queridos irmãos e irmãs: temos confiança em que Maria,
Mãe de Deus e Mãe da Vida, nos dará a sua ajuda para que o nosso modo de
viver reflita sempre a nossa admiração e reconhecimento pelo dom do
amor de Deus que é a vida. Sabemos que Ela nos ajudará a usar todos os
dias que nos são dados como oportunidade para defender a vida antes do
nascimento e para tornar mais humana a vida dos nossos irmãos, onde quer
que eles se encontrem.</p>
<p style="text-align: justify;">A intercessão de Nossa Senhora do Rosário, cuja festa
celebramos hoje, nos conceda podermos todos chegar um dia à plenitude da
vida em Cristo Jesus nosso Senhor. Ámen.</p><p align="left"><b>-- Santo Papa João Paulo II, homília de 7 de Outubro de 1979. </b><br /></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-43439289480006577012022-06-27T08:47:00.000-03:002022-06-27T08:47:16.538-03:00É ele o Senhor, nosso Deus; nós, povo de suas pastagens<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.homeofthemother.org/images/stories/revista/articulos/rev218/Buen-Pastor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="429" data-original-width="800" height="344" src="https://www.homeofthemother.org/images/stories/revista/articulos/rev218/Buen-Pastor.jpg" width="640" /></a></div><br /> As palavras que cantamos contêm nossa declaração: somos ovelhas de Deus, <em>porque ele </em><em>é o Senhor nosso Deus, que nos fez. Ele é o nosso Deus, nós somos o povo de suas pastagens e as ovelhas de suas mãos</em>.
Não foram os pastores que fizeram suas ovelhas, não foram eles que
criaram os animais que levam a pastar. Mas o Senhor, nosso Deus, por ser
Deus e criador, foi ele mesmo que fez para si as ovelhas que possui e
que apascenta. Não foi um a criar aquelas que ele apascenta, nem outro a
apascentar as que criou!
<p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> Declaramos, pois, neste cântico, que somos as suas
ovelhas, o povo de suas pastagens, as ovelhas de suas mãos. Ouçamos
agora o que nos diz, a nós, a suas ovelhas. Primeiro, ele falava aos
pastores; agora, porém, fala às ovelhas. Postos entre os pastores, nós
ouvíamos as suas palavras com tremor, e vós, com segurança. Que acontece
nestas palavras de hoje? Será que por alternância, nós com segurança,
vós, com tremor? Absolutamente não. Primeiro porque, se somos pastores, o
pastor ouve com tremor não apenas o que é dito aos pastores, mas também
o que se diz às ovelhas. Se ouve tranquilo o que se diz às ovelhas,
pouco se importa com elas. Em seguida, e já o dissemos à vossa caridade,
há duas coisas a considerar em nós: uma, que somos cristãos; outra que
somos prelados. Por sermos prelados, somos contados entre os pastores,
se formos bons. Por sermos cristãos, convosco também somos ovelhas.
Portanto, quer fale o Senhor aos pastores, quer fale às ovelhas, temos
de ouvir tudo com tremor, sem que diminua a solicitude de nosso coração.</span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> Ouçamos então, irmãos, a razão pela qual o Senhor castiga as ovelhas más e o que promete às suas. <em>E vós, assim diz, sois minhas ovelhas</em>.
Antes do mais, que felicidade ser do rebanho de Deus, tão grande que se
alguém nela pensar, irmãos, até mesmo nas lágrimas e nas tribulações de
agora, lhe vem imensa alegria. De quem foi dito: <em>Que </em><em>apascentas Israel</em>, é aquele mesmo de quem se diz: <em>Não cochilará nem há de dormir </em><em>quem guarda Israel</em>.
Por conseguinte, ele vigia sobre nós acordados, vigia sobre nós
adormecidos. Se, pois, o rebanho de um homem se sente seguro pelo pastor
homem, que segurança não deve ser a nossa por ser Deus mesmo que nos
apascenta, e não apenas porque nos alimenta, mas também porque nos fez?</span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><em> Vós, ovelhas minhas, assim diz o Senhor Deus: eis que distingo entre ovelha e ovelha, entre bodes e cabritos</em>.
Que fazem aqui no rebanho de Deus os cabritos? Nas mesmas pastagens,
nas mesmas fontes e, no entanto, cabritos destinados à esquerda se
misturam aos da direita. São tolerados antes de ser separados. Provam a
paciência das ovelhas à semelhança da paciência de Deus. Ele fará, sim, a
separação, uns à esquerda, outros à direita.</span></p><p><b><span style="font-family: arial;">-- Santo Agostinho, bispo (século V) </span></b><br /></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-22779474476912472492022-06-18T11:21:00.006-03:002022-06-18T11:23:46.953-03:00Tomai e comei, este é o meu corpo. Tomai e bebei, este é o meu sangue<div style="text-align: justify;"></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: arial;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><a href="https://i0.wp.com/www.adf.org.br/home/wp-content/uploads/2016/11/Import%C3%A2ncia-de-ir-na-Santa-Missa.jpg?zoom=2" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="533" data-original-width="800" height="427" src="https://i0.wp.com/www.adf.org.br/home/wp-content/uploads/2016/11/Import%C3%A2ncia-de-ir-na-Santa-Missa.jpg?zoom=2" width="640" /></a></span></div><span style="font-size: x-small;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Agora podemos identificar algumas consequências práticas da doutrina sobre a Eucaristia em nossas vidas diárias. Se na consagração nós [padres] dizemos<b> <i>"Tomai e comei, este é o meu corpo. Tomai e bebei, este é o meu sangue"</i></b>, devemos entender o que as palavras <b>"corpo"</b> e <b>"sangue"</b> significam., isto é, o que estamos ofertando.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Na Bíblia <b>corpo </b>não indica apenas uma parte ou o objeto físico que combinado com a alma e o espírito formam um ser humano completo. Na linguagem bíblica utilizada por Jesus e Paulo, corpo indica também como a pessoa vive, toda condição corporal e mortal da pessoa. Corpo, portanto, significa a vida completa de uma pessoa, seus atos, pensamentos e emoções. Ao instituir a Eucaristia, Jesus nos deixou a sua vida como um dom, do primeiro instante da incarnação até o último momento, com tudo que concretamente se realizou na sua vida: os momentos de silêncio, orações, trabalho, dificuldades, humilhações, etc...</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Jesus também disse <b>"Este é o meu sangue"</b>, mas por que ele acrescenta a palavra "<b>sangue</b>" se ele já havia dado seu corpo e o sangue é parte do corpo? Ele está acrescentando sua morte! Após nos dar sua vida, Ele também nos deixa a parte mais preciosa da sua vida, sua morte. De fato, o termo sangue não indica apenas uma parte do corpo de uma pessoa, também indica um evento: a morte. Se o sangue é onde reside a vida, como era entendido naquela época, derramar seu sangue é dar sua vida. A Eucaristia é o mistério do corpo e sangue de Jesus, isto é, de sua vida e morte!</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Agora pergunto, pensando em nós, ao ofertarmos nosso corpo e nosso sangue junto com o de Jesus na Missa, o que estamos realmente ofertando? <b>Também somos chamados a ofertar o Jesus ofereceu: nossa vida e nossa morte.</b> Com a palavra corpo, estamos dando tudo que constitui nossa vida neste mundo: tempo, saúde, energia, habilidades, afetos, até pequenos gestos como um sorriso. Com a palavra sangue, estamos nos referindo a nossa morte, não necessariamente a morte definitiva, um martírio por Jesus e nossos irmãos. Tudo em nós prepara e antecipa a morte: humiliações, falhas, doenças, limitações da idade, tudo que nos mortifica.<br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Tudo isto requer que após sairmos da Missa, façamos o nosso mlhor para realizar o que acabamos de dizer, que realmente tentemos, com todas nossas limitações, oferecer aos nossos irmãos e irmãs, nosso corpo, isto é, nosso tempo, energia e atenção, nossa vida. É necessário que após termos dito <i>"tomai e comei"</i>, nos deixemos realmente ser consumidos, inclusive por aqueles que não o fazem com todo amor, respeito e delicadeza que desejamos. Santo Inácio de Antioquia, quando estava indo para Roma, onde seria morto, escreveu:<i> "Eu sou trigo de Cristo, que eu seja devorado pelos dentes afiados das feras para me tornar o puro pão do Senhor"</i>. Cada um de nós, se olharmos atentamente, possuimos estes dentes afiados das feras, e atacamos com críticas, discussões, brigas abertas ou escondidas, diferentes visões e caráter.<br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Vamos imaginar o que aconteceria se celebrarmos a Missa com esta participações especial, se todos disséssemos, no momento da consagração, alguns em voz alta, outros em silêncio, <i>"tomai e comei"</i>. Um padre e, ainda mais, um bispo, celebra a Missa desta maneira e depois vai pelo resto do dia: ele reza, prega, confessa, recebe pessoas, visita doentes, escuta, ensina, etc.... o dia deve também ser uma Eucaristia. Um grande pregador francês, Pierre Olivaint
(1816-1871), costumava dizer: <i>"Na manhã, quando celebro a Missa, eu sou o sacerdote e Jesus a vítima; ao longo do dia, Jesus é o sacerdote e eu sou a vítima"</i>. É assim que um padre imita o Bom Pastor, quando ele dá a vida às suas ovelhas.<br /></span></span></p><h3 style="text-align: left;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Nossa participação na Eucaristia</span></span></h3><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Gostaria de concluir, usando um exemplo bastante humano, o que ocorre na celebração eucarística. Imaginem uma grande família, onde haja um filho, o mais velho, que admira e ama seu pai. Para seu aniversário, ele gostaria dar um presente precioso, mas antes de dar o presente, ele pede a todos seus irmãos e irmãs que também assinem o cartão. O pai recebe o presente como uma prova de amor de todos seus filhos e filhas, sem distinção, quando, na realidade, foi apenas o mais velho que pagou pelo presente. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Isto é o que acontece no sacrifício eucarístico, Jesus admira e ama o Senhor infinitamente. Ele deseja dar todos os dias, até o final dos tempos, o mais precioso presente que alguém pode imaginar, sua própria vida. Na Missa, Ele convida seus irmãos e irmãs a colocar sua assiantura no presente, para que chegue até o Pai como um presente de todos seus filhos, mesmo que apenas um tenha se sacrificado por ele. E que sacrifício foi o de Jesus!</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Nossa participação, nossa assinatura, são as pequenas gotas de água que são acrecentadas ao cálice de vinho. Elas não são nada mais do que água, mas misturadas ao vinho do cálice, tornam-se uma coisa só. A nossa assinatura é o Amém solene que a assembléia pronuncia ou canta, ao final da doxologia<i> <b>"Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a Vós, Deus Pai
todo-poderoso, na unidade do
Espírito Santo, toda a honra e toda a glória agora e para sempre"</b></i> respondemos <i><b>"AMÉM!"</b></i>.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Sabemos que quem assina um contrato deve honrar sua assinatura. Isto significa que ao deixarmos a Missa, devemos fazer da nossa vida um dom de amor ao Pai eplo bem de nossos irmãos e irmãs. Nós, eu repito, não somos apenas chamados a celebrar a Eucaristia, mas fazermos eucaristia. Que Deus possa nos ajudar!</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"><span><b>-- Padre Raniero Cantalamessa, segunda catequese no Tempo de Quaresma, 18 de Março de 2022.</b></span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: arial;">-- </span></span><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Esta
é a terceira parte de uma catequese sobre Eucaristia. <a href="http://tesourosdaigrejacatolica.blogspot.com/2022/04/eucaristia-e-oracao-judaica.html">Na primeira parte</a>,
Padre Raniero falou da Eucaristia na tradição judaica e como Jesus
transformou sua natureza ai dizer: “Este é o meu corpo que eu dou para
vós.” e "Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por
vós". <a href="http://tesourosdaigrejacatolica.blogspot.com/2022/06/eucaristia-sacerdote-e-vitima.html">Na segunda parte</a>, falou do papel dos padres na Eucaristia. <br /></span></span></i></p><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></span>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-61381654424863951392022-06-06T09:06:00.003-03:002022-06-06T09:06:37.584-03:00Maria, Mãe da Igreja<div style="text-align: justify;"></div><p style="text-align: left;"></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.figliedellachiesa.org/media/zoo/images/000-domenico_ghirlandaio_madonna_della_misericordia_ognissanti_firenze_1_e110afb9712811a8d1796aec9076eb60.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="533" data-original-width="800" height="426" src="https://www.figliedellachiesa.org/media/zoo/images/000-domenico_ghirlandaio_madonna_della_misericordia_ognissanti_firenze_1_e110afb9712811a8d1796aec9076eb60.jpg" width="640" /></a></div> <p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Considerando as estreitas relações de Maria com a Igreja, para a
glória da Santa Virgem e para nosso conforto, proclamamos<b> Maria
Santíssima Mãe da Igreja</b>, isto é, de todo o povo de Deus, tanto dos
fiéis como dos Pastores, que lhe chamam Mãe amorosíssima; e queremos
que, com este título suavíssimo, a Mãe de Deus seja doravante ainda mais
honrada e invocada por todo o povo cristão.</span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Trata-se de um título que não é novo para a piedade dos cristãos;
pois é justamente com este nome de Mãe, de preferência a qualquer outro,
que os fiéis e a Igreja toda costumam dirigir-se a Maria. Na verdade,
ele pertence à genuína substância da devoção a Maria, achando sua
justificação na própria dignidade da Mãe do Verbo Encarnado.</span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Efetivamente, assim como a Maternidade divina é o fundamento da
especial relação de Maria com Cristo e da sua presença na economia da
salvação operada por Cristo Jesus, assim também essa Maternidade
constitui o fundamento principal das relações de Maria com a Igreja,
sendo ela a Mãe daquele que, desde o primeiro instante da sua
Encarnação, no seu seio virginal, uniu a si, como Cabeça, o seu Corpo
Místico, que é a Igreja. Maria, pois, como Mãe de Cristo, também é Mãe
dos fiéis e de todos os Pastores, isto é, da Igreja.</span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Portanto, é com ânimo cheio de confiança e de amor filial que
elevamos o olhar para ela, não obstante a nossa indignidade e fraqueza.
Ela, que em Jesus nos deu a fonte da graça, não deixará de socorrer a
Igreja com seu auxílio materno, sobretudo neste tempo em que a Esposa de
Cristo se empenha, com novo alento, na sua missão salvadora.</span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">A nossa confiança é ainda mais reavivada e corroborada quando
consideramos os laços estreitíssimos que prendem esta nossa Mãe celeste
ao gênero humano. Embora na riqueza das admiráveis prerrogativas com que
Deus a adornou para fazê-la digna Mãe do Verbo Encarnado, ela está,
todavia, pertíssimo de nós. Filha de Adão, como nós, e por isto nossa
irmã por laços de natureza, ela é, entretanto, a criatura preservada do
pecado original em vista dos méritos de Cristo, e que, aos privilégios
obtidos junta a virtude pessoal de uma fé total e exemplar, merecendo o
elogio evangélico de: Bem-aventurada és tu, porque acreditaste (Lc
1,45).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">
Na sua vida terrena, ela realizou a perfeita figura do discípulo de
Cristo, espelho de todas as virtudes, e encarnou as bem-aventuranças
evangélicas proclamadas por Cristo Jesus. Por isso, toda a Igreja, na
sua incomparável variedade de vida e de obras, encontra nela a forma
mais autêntica de perfeita imitação de Cristo.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><b>-- Do Discurso de São Paulo VI, papa, no encerramento da terceira sessão do Concílio Vaticano II (21 de novembro de 1964)</b></span></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-69992547353618745852022-06-04T09:10:00.003-03:002022-06-04T09:10:49.071-03:00Quem está comigo, está junto do fogo<div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDPJi4kTiYUJGIOZuY40yZaoXjXRvAsCC45phFjg2zE9vmxtBWNDqoVp90xfPK5AiFQmzB6OApl83cJWJt4fUpAP5iWtEQm7fJEOy4ud_JC2goMy93BmKFD3f5jkqIEIJErBYytxLQ9j0qkmBZ7uC7ME6sp2zLUoq-RTV-jWFgYSdeCbSGgHcbjlDh/s640/%C3%8DconePentecostes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="626" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDPJi4kTiYUJGIOZuY40yZaoXjXRvAsCC45phFjg2zE9vmxtBWNDqoVp90xfPK5AiFQmzB6OApl83cJWJt4fUpAP5iWtEQm7fJEOy4ud_JC2goMy93BmKFD3f5jkqIEIJErBYytxLQ9j0qkmBZ7uC7ME6sp2zLUoq-RTV-jWFgYSdeCbSGgHcbjlDh/w626-h640/%C3%8DconePentecostes.jpg" width="626" /></a></div><br /> </i></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i>Prezados irmãos e irmãs! </i></span></div><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Na solene celebração do Pentecostes, somos enviados a
professar a nossa fé na presença e na ação do Espírito Santo e a
invocar a sua efusão sobre nós, sobre a Igreja e sobre o mundo inteiro.
Portanto, façamos nossa, e com intensidade particular, a invocação da
própria Igreja: <i>Veni, Sancte Spiritus! </i>Uma invocação tão simples
e imediata, mas ao mesmo tempo extraordinariamente profunda, que brota
em primeiro lugar do Coração de Cristo. Com efeito, o Espírito é o dom
que Jesus pediu e pede continuamente ao Pai pelos seus amigos; o
primeiro e principal dom que nos obteve com a sua Ressurreição e
Ascensão ao Céu. </span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Desta oração de Cristo fala-nos o trecho evangélico, que tem como contexto a Última Ceia. O Senhor Jesus disse aos
seus discípulos: <i> "Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu
suplicarei ao Pai e Ele dar-vos-á outro Consolador, a fim de permanecer
convosco para sempre"</i> (<i>Jo </i> 14, 15-16). Aqui revela-se-nos o
Coração orante de Jesus, o seu Coração filial e fraterno. Esta oração
alcança o seu ápice e o seu cumprimento na cruz, onde a invocação de
Cristo se identifica com o dom total que Ele faz de si mesmo, e deste
modo o seu rezar torna-se por assim dizer o próprio selo do seu doar-se
em plenitude por amor ao Pai e à humanidade: invocação e doação do
Espírito Santo encontram-se, compenetram-se e tornam-se uma única
realidade. <i>"E Eu suplicarei ao Pai e Ele dar-vos-á outro Consolador, a
fim de permanecer convosco para sempre"</i>. Na realidade, a oração de Jesus
– a da Última Ceia e a da cruz – é
uma oração que permanece também no Céu, onde Cristo está sentado à
direita do Pai. Com efeito, Jesus vive sempre o seu sacerdócio de
intercessão a favor do povo de Deus e da humanidade, e portanto reza por
todos pedindo ao Pai o dom do Espírito Santo. </span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">A narração do Pentecostes no livro dos <i>Atos dos Apóstolos </i>– ouvimo-lo na primeira leitura – (cf. <i>At </i>2,
1-11) apresenta o "novo curso" da obra de Deus, baseado na
ressurreição de Cristo, obra que envolve o homem, a história e o cosmos.
Do Filho de Deus morto e ressuscitado, que voltou para o Pai, emana
agora sobre a humanidade com energia inédita o sopro divino, o Espírito
Santo. E o que produz esta nova e poderosa autocomunicação de Deus? Onde
existem lacerações e estraneidades, ela cria unidade e compreensão. Tem
início um processo de reunificação entre as partes da família humana,
divididas e dispersas; as pessoas, muitas vezes reduzidas a indivíduos
em competição ou em conflito entre si, alcançadas pelo Espírito de
Cristo, abrem-se à experiência da comunhão, que pode empenhá-las a ponto
de fazer delas um novo organismo, um novo sujeito: a Igreja. Este é o
efeito da obra de Deus: a unidade; por isso, a unidade é o sinal de
reconhecimento, o "cartão de visita" da Igreja no curso da sua história
universal. Desde o início, do dia do Pentecostes, ela fala todas as
línguas. A Igreja universal precede as Igrejas particulares, as quais
devem conformar-se sempre com ela, segundo um critério de unidade e
universalidade. A Igreja nunca permanece prisioneira de confins
políticos, raciais ou culturais; não se pode confundir com os Estados e
nem sequer com as Federações de Estados, porque a sua unidade é de outro
tipo e aspira a atravessar todas as fronteiras humanas. </span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Amados irmãos, disto deriva um critério prático de
discernimento para a vida cristã: quando uma pessoa, ou uma comunidade,
se fecha no seu próprio modo de pensar e de agir, é sinal que se
afastou do Espírito Santo. O caminho dos cristãos e das Igrejas
particulares deve confrontar-se sempre com o da Igreja, una e católica, e
harmonizar-se com ele. Isto não significa que a unidade criada pelo
Espírito Santo é uma espécie de igualitarismo. Pelo contrário, ela é
sobretudo o modelo de Babel, ou seja, a imposição de uma cultura da
unidade que poderíamos definir "técnica". Com efeito, a Bíblia diz-nos
(cf. <i>Gn </i>11, 1-9) que em Babel todos falavam uma só língua. Pelo
contrário, no Pentecostes os Apóstolos falam línguas diferentes, de modo
que cada um compreenda a mensagem no seu próprio idioma. A unidade do
Espírito manifesta-se na pluralidade da compreensão. A Igreja é por sua
natureza una e múltipla, destinada como está a viver em todas as nações,
em todos os povos e nos mais diversificados contextos sociais. Ela
responde à sua vocação, de ser sinal e instrumento de unidade de todo o
gênero humano (cf. <i> <a href="http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html"> Lumen gentium</a>, </i>1),
apenas se permanece autônoma de qualquer Estado e de toda a cultura
particular. Sempre e em cada lugar, a Igreja deve ser verdadeiramente
católica e universal, a casa de todos, onde cada um se pode encontrar. </span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">A narração dos <i>Atos dos Apóstolos </i>oferece-nos
também outra sugestão muito concreta. A universalidade da Igreja é
expressa pelo elenco dos povos, segundo a antiga tradição: "Somos
Partas, Médios, Elamitas...", etc. Pode-se observar aqui que São Lucas
vai além do número 12, que já expressa sempre uma universalidade. Ele
olha além dos horizontes da Ásia e do noroeste da África, e acrescenta
outros três elementos: os "Romanos", ou seja, o mundo ocidental; os
"judeus e prosélitos", incluindo de modo novo a unidade entre Israel e o
mundo; e enfim "Cretenses e Árabes", que representam Ocidente e
Oriente, ilhas e terra firme. Esta abertura de horizontes confirma
ulteriormente a novidade de Cristo na dimensão do espaço humano, da
história das gentes: o Espírito Santo envolve homens e povos e, através
deles, supera muros e barreiras. </span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">No Pentecostes, o Espírito Santo manifesta-se como fogo.
A sua chama desceu sobre os discípulos reunidos, acendeu-se neles e
infundiu-lhes o novo ardor de Deus. Realiza-se assim aquilo que o Senhor
Jesus tinha predito: "Vim lançar fogo sobre a terra; e como gostaria
que ele já tivesse sido ateado!" (<i>Lc </i>12, 49). Juntamente com os
fiéis das diversas comunidades, os Apóstolos levaram esta chama divina
até aos extremos confins da Terra; abriram assim um caminho para a
humanidade, uma senda luminosa, e colaboraram com Deus que com o seu
fogo quer renovar a face da terra. Como é diferente este fogo, daquele
das guerras e das bombas! Como é diverso o incêndio de Cristo, propagado
pela Igreja, em relação aos que são acendidos pelos ditadores de todas
as épocas, também do século passado, que atrás de si deixam terra
queimada. O fogo de Deus, o fogo do Espírito Santo, é aquele da sarça
que ardia sem se consumir (cf. <i>Êx </i>3, 2). É uma chama que arde,
mas não destrói; aliás, ardendo faz emergir a parte melhor e mais
verdadeira do homem, como numa fusão faz sobressair a sua forma
interior, a sua vocação à verdade e ao amor.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> Um Padre da Igreja,
Orígenes, numa das suas Homilias sobre Jeremias, cita um dito atribuído a
Jesus, não contido nas Sagradas Escrituras mas talvez autêntico, que
reza assim: "Quem está comigo está junto do fogo" (<i>Homilia sobre Jeremias </i>l.
I [III]). Com efeito, em Cristo habita a plenitude de Deus, que na
Bíblia é comparado com o fogo. Há pouco pudemos observar que a chama do
Espírito Santo arde mas não queima. E todavia, ela realiza uma
transformação, e por isso deve consumir algo no homem, as escórias que o
corrompem e o impedem nas suas relações com Deus e com o próximo.
Porém, este efeito do fogo divino assusta-nos, temos medo de nos
"queimar", preferiríamos permanecer assim como somos. Isto depende do
facto que muitas vezes a nossa vida é delineada segundo a lógica do ter,
do possuir, e não do doar-se. Muitas pessoas crêem em Deus e admiram a
figura de Jesus Cristo, mas quando se lhes pede que abandonem algo de si
mesmas, então elas recuam, têm medo das exigências da fé. Existe o
temor de ter que renunciar a algo de bonito, ao que estamos apegados; o
temor de que seguir Cristo nos prive da liberdade, de certas
experiências, de uma parte de nós mesmos. Por um lado, queremos
permanecer com Jesus, segui-lo de perto, e por outro temos medo das
consequências que isto comporta. </span></p><span style="font-family: arial;">
</span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Caros irmãos e irmãs, temos sempre necessidade de ouvir o
Senhor Jesus dizer-nos aquilo que Ele repetia aos seus amigos: "Não
tenhais medo!". Como Simão Pedro e os outros, temos que deixar que a sua
presença e a sua graça transformem o nosso coração, sempre sujeito às
debilidades humanas. Temos que saber reconhecer que perder algo, aliás,
perder-se a si mesmo pelo Deus verdadeiro, o Deus do amor e da vida, é
na realidade ganhar, encontrar-se mais plenamente a si próprio. Quem se
confia a Jesus experimenta já nesta vida a paz e a alegria do coração,
que o mundo não pode dar, e nem sequer pode tirar, uma vez que foi Deus
quem no-las concedeu. Portanto, vale a pena deixar-se tocar pelo fogo do
Espírito Santo! A dor que nos causa é necessária para a nossa
transformação. É a realidade da cruz: não é por acaso que, na linguagem
de Jesus, o "fogo" é sobretudo uma representação do mistério da cruz,
sem o qual o cristianismo não existe. Por isso, iluminados e confortados
por estas palavras de vida, elevemos a nossa invocação: Vinde,
Espírito Santo! Ateai em nós o fogo do vosso amor! Sabemos que esta é
uma oração audaz, com a qual pedimos para ser tocados pela chama de
Deus; mas sabemos sobretudo que esta chama – e só ela – tem
o poder de nos salvar. Para defender a nossa vida, não queremos perder a
vida eterna que Deus nos quer conceder. Temos necessidade do fogo do
Espírito Santo, porque só o Amor redime. Amém! </span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><b>-- Papa Bento XVI, Homília na Festa de Pentecostes, 2010. </b><br /></span></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-7246729712871261132022-06-03T07:19:00.006-03:002022-06-03T07:25:23.543-03:00Eucaristia: sacerdote e vítima<p><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"></span></span></i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"><a href="https://diocesedesaojoaodelrei.com.br/wp-content/uploads/2017/06/eucaristia2-1024x682.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="533" data-original-width="800" height="427" src="https://diocesedesaojoaodelrei.com.br/wp-content/uploads/2017/06/eucaristia2-1024x682.jpg" width="640" /></a></span></span></i></div><i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"><br /> Esta é a segunda parte de uma catequese sobre Eucaristia. Na primeira parte, Padre Raniero falou da Eucaristia na tradição judaica e como Jesus transformou sua natureza ai dizer: “Este é o meu corpo que eu dou para vós.” e "Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós". É interessante antes ler <a href="http://tesourosdaigrejacatolica.blogspot.com/2022/04/eucaristia-e-oracao-judaica.html">a primeira parte</a>. </span></span></i><p></p><p><br /></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><span>Até aqui abordei os aspectos litúrgicos e rituais da consagração eucarística. Agora vou falar de outro aspecto, de um tipo mais pessoal e existencial, isto é, do papel que nós, padres e fiéis, temos no momento da Missa. Para entender o papel de um padre na consagração, é de importância vital entender a natureza do sacríficio e sacerdócio de Cristo por que é deles que o sacerdócio cristão se origina, tanto o sacerdócio de inistros ordenados quanto dos fiéis batizados.<br /></span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><span>De fato não somos mais "sacerdotes segundo a ordem de Melquisedec", somos "sacerdotes segundo a ordem de Jesus Cristo"; no altar agimos "in persona Christi", representamos o sacerdote principal, Jesus Cristo. No simpósio sobre o sacerdócio, realizado neste local mês passado, abordou este assunto muito mais do que posso fazer em minha breve reflexão, mas é necessário dizer algo, aqui, para a compreensão da Eucaristia. <br /></span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><span>A Carta aos hebreus explica a novidade e excepcionalidade do sacerdócio de Cristo: <i>"sem levar consigo o sangue de carneiros ou novilhos, mas com seu próprio sangue, [Cristo] entrou de uma vez por todas no santuário, adquirindo-nos uma redenção eterna"</i> (Hb 9,12). Todos sacerdotes oferecem algo não pessoal, mas Cristo ofereceu a si mesmo; sacerdotes comuns oferecem vítimas, Cristo foi a própria vítima! Santo Agostinho resumiu em poucas palavras este novo tipo de sacerdócio no qual o celebrante e a vítima são a mesma pessoa: </span></span><span style="font-size: small;"><span><i>“Ideo
sacerdos quia sacrificium”</i>, <i>"sacerdote porque é vítima"</i>. O teólogo francês René Girard definiu o sacrifício de Cristo como <i>"o acontecimento central na vida religiosa da humanidade"</i>, pois coloca um fim na aliança entre o sagrado e a violência. </span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><span><br />Em Cristo é Deus que se tornou vítima, não é mais o ser humano oferecendo sacrifícios para agradar a Deus e torná-lo favorável; é Deus que sacrifica a si mesmo em favor da humanidade, permitindo que seu único Filho morra por nossa salvação (cf. Jo 3,16). Jesus não ofereceu o sangue de outros, mas com seu próprio sangue, ele não colocou suas culpas nas costas de outros, animais ou pessoas, mas ele colocou nossos pecados nos seus próprios ombros: <i>"Ele </i></span></span><span style="font-size: small;"><span><i>carregou os nossos pecados em seu corpo"</i> (1Pe 2,24). </span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">O que significa é que na Missa, nós padres, devemos também ser sacerdotes e vítimas ao mesmo tempo. Em vista disto, devemos refletir sobre as palavras da consagração: "Este é meu sacrifício oferecido por vós". Sobre isto gostaria de compartilhar minha experiência, como eu descobri o significado eclesial e pessoal da consagração eucarística. Nos primeiros anos de sacerdócio, no momento da consagração em fechava meus olhos, inclinava minha cabeça e tentava me afastar o máximo possível de tudo que acontecia ao redormpara me identificar com Jesus, quando Ele pronunciou pela primeira vez aquela frase: "Tomai e comei...". A liturgia mesmo convidava a esta atitude, com as palavras pronunciadas em latim, inclinado sobre as espécies a serem consagradas.<br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><span>Então ocorrreu a reforma litúrgica do Vaticano II. As missas começaram a ser celebradas olhando a assembléia, não mais Latim, mas passamos a usar a linguagem do povo. Isto me ajudou a entender que minha atitude não expressava o real significado da minha participação na cons</span></span><span style="font-size: small;"><span>agração: que o Jesus do Cenáculo já não existe mais! Quem está presente é Jesus ressuscitado, o Cristo que morreu, mas agora vive para a eternidade (cf. Ap 1,18). Este é o <i>"Jesus total"</i>, Cabeça e Corpo unidos. Logo, se este é o Cristo total que pronuncia as palavras da consagração, eu também as pronuncio junto com Ele. Sim, eu as pronuncio <i>"in persona Christi"</i>, em nome de Cristo, mas também em primeira pessoas, isto é, em meu nome. A partir do dia em que entendi isto, eu parei de fechar meus olhos no momento da consagração, mas dnha mantê-los abertos para olhar os irmãos na minha frente, ou, se estava celebrando sozinho, pensar na inteira Igreja, e virado para eles, dizer como Jesus: <i>"Tomai e comei, este é o meu corpo oferecido por vós; tomai e bebei, este é o meu sangue derramado por vós"</i>.<br /></span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Mais tarde, Santo Agostinho me ajudou a remover todas as dúvidas que tinha. "Aquilo que a Igreja oferece, ele oferece a si mesma", como ele escreveu em uma famosa passagem de [do livro] Cidade de Deus. Mais próxima a nós está a mística mexicana Concepcion Cabrera de Armida, conhecida Conchita, que morreu em 1937 e foi beatificada em 2015. Para o seu filho jesuíta, que estava próximo a ser ordenado, ela escreveu: "Meu filho lembre que quando segurar em suas mãos a Sagrada Hóstia, não vais dizer 'olhem o Corpo de Cristo, olhem o Sangue de Cristo', mas irás dizer 'este 'o meu Corpo, meu Sangue', ou seja, terás que passar por uma total transformação, deixar de ser você e ser um novo Jesus".</span></span><br /></p><p><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Tudo isto se aplica não apenas a padres e bispos, mas a todos batizados. Um famoso texto do Concílio explica desta maneira:</span></span></p><p style="margin-left: 40px; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"> Os fiéis, incorporados na Igreja pelo Batismo ... </span></span><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"><span>pela participação no sacrifício eucarístico de Cristo, fonte e centro
de toda a vida cristã, oferecem a Deus a vítima divina e a si mesmos
juntamente com ela; </span></span> assim, quer pela oblação quer pela sagrada comunhão, não
indiscriminadamente mas cada um a seu modo, todos tomam parte na ação
litúrgica <i>(Lumen Gentium 10-11</i>).</span><br /></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">No altar há dois corpos de Cristo: o corpo real, nascido da Virgem Maria, morto, ressuscitado e que acendeu ao céus; e o corpo místico, que é a Igreja. De fato, seu corpo está realmente presente no altar e seu corpo místico também está misticamente presente, "misticamente" por que há uma união inseparável entre a Igreja e sua Cabeça. Não há confusão entre as duas presenças, ambas são distintas e inseparáveis.<br /><br />Assim como há duas ofertas no altar, uma que se torna em corpo e sangue de Cristo, o pão e vinho, e aquele que se torna o corpo místico de Cristo, também há duas epicleses na Missa, isto é, duas invocações do Espírito Santo. Na primeira é dito <i>"</i></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"><i><span class="d2edcug0 hpfvmrgz qv66sw1b c1et5uql lr9zc1uh a8c37x1j fe6kdd0r mau55g9w c8b282yb keod5gw0 nxhoafnm aigsh9s9 d3f4x2em iv3no6db jq4qci2q a3bd9o3v b1v8xokw oo9gr5id hzawbc8m" dir="auto">Senhor,
nós te pedimos: santificai estas ofertas, espalhando-los em seu
Espírito, para que se tornem para nós o corpo e o sangue de Jesus
Cristo, nosso Senho</span>"</i>, na segunda, que é recitada após a consagração, dizemos <i>"enviai teu Espírito Santo para que nos tornemos um só corpo e um só espírito em Cristo. Que o Espírito Santo nos faça um sacrifício perene agradável ao Senhor".</i> <br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Esta é a forma como a Eucaristia e a Igreja se relacionam: <b>a Eucaristia faz a Igreja fazendo da Igreja uma Eucaristia</b>! A Eucaristia não é apenas, genericametne, a fonte ou causa da santidade da Igreja, é também o seu modelo. A santidade do cristão é realizada através da Eucaristia, deve ser uma santidade Eucarística. Os cristãos não podem se limitar a celebrar a Eucaristia, devem ser uma Eucaristia com Jesus. <br /></span></span></p><p><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"><br /><b>-- Padre Raniero Cantalamessa, segunda catequese no Tempo de Quaresma, 18 de Março de 2022.</b></span></span></p><p><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"><b>NT</b>: as epiclises variam entre as diferentes Orações Eucarísticas, Padre Raniero cita apenas uma das formas. <br /></span></span></p><p><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></span></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-46795684157680808042022-05-16T09:36:00.000-03:002022-05-16T09:36:12.797-03:00Frases de Santa Maria Mazzarello<p></p><p style="text-align: justify;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWKi2HaJZpnA_0jF_IobPRrCDG609XNx8ACcxl1wl0o-5BP3eBwVJzy68XtGBiUCZoWyC4pwlDg4ww6n-LbtVaoyXRp-nflnooQSYdBl773ewvwRtqQhe_fqyhjBCbjz3710WwSouY0M48oCEEVLXpHprNKFU6VBU-g2h829iXdEFQAOxeS_3g0wBT/s750/maria-Mazzarello-DomBosco.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="528" data-original-width="750" height="450" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWKi2HaJZpnA_0jF_IobPRrCDG609XNx8ACcxl1wl0o-5BP3eBwVJzy68XtGBiUCZoWyC4pwlDg4ww6n-LbtVaoyXRp-nflnooQSYdBl773ewvwRtqQhe_fqyhjBCbjz3710WwSouY0M48oCEEVLXpHprNKFU6VBU-g2h829iXdEFQAOxeS_3g0wBT/w640-h450/maria-Mazzarello-DomBosco.jpeg" width="640" /></a></b></div><b><br />Santa Maria Mazzarelo</b>, cuja festa recém festejamos em 13 de Maio, fundou a Ordem das Filhas de Maria Auxiliadora, com a aprovação de Dom Bosco, em 1867, e foi escolhida como sua primeira superiora. A Ordem logo começou a se espalhar pela Europa e América e, como parte de sua função, Madre Mazzarello escreveu muitas cartas para as irmãs. Aqui algumas frases da Santa:<br /><p></p><ul style="text-align: justify;"><li>Eu gostaria de animar em vossos corações um amor pelo sacrifício e desprezo de suas vontades. Nos tornamos irmãs para garantir os céus, mas sacrifícios e obediência são necessários para ganhá-lo. Carreguemos nossas cruzes com coragem, e um dia seremos felizes. <br /></li></ul><ul style="text-align: justify;"><li>Irmãs, vocês tem amado umas às outras, tem praticado a caridade entre vós? Espero que sim, mas nestas coisas sempre é possível melhorar. Portanto, para agradarem a nossa querida mãe, Nossa Senhora, sejam caridosas, dêem bons conselhos, com gentileza, e sempre aceitem os conselhos, não importa de quem os recebam. Coragem irmãs, esta vida passa rapidamente, mas nossas obras permanecerão no momento da morte. Caprichos, orgulhos e vaidades irão causar muitas angústias no momento da morte. </li></ul><ul style="text-align: justify;"><li>Esta vida passa rapidamente e no momento da morte estaremos felizes por todas mortificações e batalhas contra o orgulho e nossas vontades. Eu peço que nunca percas a coragem é que nos colocarão no caminho da perfeição, desde que tenhamos uma sincera humildade.<br /></li></ul><ul style="text-align: justify;"><li>Irmãs, eu vos desejo um feliz ano novo repleto de bençãos de céu. Lembrem-se que este pode ser o último ano de suas vidas, que sabe se veremos o final do ano? Devemos estar sempre preparadas e com nossa casa em ordem, deste modo não temeremos a morte. Lutem contra o orgulho, este é um terrível inimigo que nos faz perder os frutos de nossas boas ações. Rezem ferventemente por mim e, também, por suas irmãs. Não se esqueçam daqueles que já partiram para a próxima vida e dos que são missionários na América.<br /></li></ul><ul style="text-align: justify;"><li>Minhas amadas irmãs, eu exorto que amem-se umas às outras, sempre pratiquem a caridade, ajudem-se mutuamente, aceitem os defeitos umas das outras, apontado-os sempre com caridade e gentileza. Cuidem de sua saúde, lembrem-se que demos nossa vida, ela já não nos pertence, nós a demos à comunidade, mas devemos cuidá-la e usá-la para a glória de Deus.</li></ul><ul style="text-align: justify;"><li>Estou triste que a Duquesa esteja chateada convosco. Queridas irmãs, isto não importa. As flores das roseiras sempre florescem, mas antes brotam os espinhos, e assim também aconteceu convosco. Permaneçam alegres, estes problemas do mundo passarão.<br /></li></ul><ul style="text-align: justify;"><li>Você fez o retiro? Então deves estar cheia de fervor, seja um exemplo de obediência, caridade e correção em tudo. Seja muito cuidadosa para não deixar a chama que o Senhor acendeu nestes dias de retiro se extinguir, lembre-se que não basta ter boas intenções, é preciso colocá-las em prática se queremos preparar para nós uma bela coroa para o dia que entrarmos nos céus. Coragem, minha boa Teresa, seja sempre humilde e sincera, reze bastante, mas com o coração, respeite a madre superiora, sempre faça cada ato como se fosse o último em tua vida, deste modo estarás sempre feliz.<br /></li></ul><ul style="text-align: justify;"><li>Tenha coragem, é verdade que não podemos fazer tudo que gostaríamos, mas com humildade e oração podemos permanecer próximas ao Senhor, e quando Ele está conosco, tudo é favorável. Nunca te canses de praticar as virtudes, por mais um pouco e um dia estaremos juntas nos céus! Que grande festa teremos!<br /></li></ul><ul style="text-align: justify;"><li>Muitas vezes nossa imaginação faz tudo parecer muito triste, quando na verdade é tudo muito bom. <br /></li></ul><ul style="text-align: justify;"><li>Amem-se umas às outras, amem sua superiora como se ela fosse Nossa Senhora, e tratem-na com todo respeito. Minhas queridas irmãs, lembrem-se que onde reina a caridade há o Paraíso. Jesus permanece com as irmãs que são humildes, obedientes e caridosas. Ajam de tal maneira que Jesus queira permanecer entre vocês.<br /></li></ul><ul style="text-align: justify;"><li>Sejam muito devotas à Virgem Maria, nossa amada mãe. Imitem suas virtudes, especialmente humildade, pureza e tranquilidade. Se agirem desta maneira, serão felizes nesta vida e após a morte.</li></ul><p><b> -- Tradução própria</b><br /></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-42705498346761578672022-04-26T08:56:00.005-03:002022-04-26T08:56:19.070-03:00O sacramento da unidade e da caridade<p></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/Fulgentius_von_Ruspe_17Jh.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="610" height="400" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/Fulgentius_von_Ruspe_17Jh.jpg" width="305" /></a></div>A edificação espiritual do corpo de Cristo realiza-se na caridade, segundo as palavras de São Pedro: <em>Como
pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim
de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus
Cristo</em> (1Pd 2,5). Esta edificação espiritual atinge sua maior
eficácia no momento em que o próprio Corpo do Senhor, que é a Igreja, no
sacramento do pão e do cálice, oferece o corpo e o sangue de Cristo: <em>o
cálice que bebemos é a comunhão com o sangue de Cristo; e o pão que
partimos, é a comunhão com o corpo de Cristo. Porque há um só pão, nós
todos participamos desse único pão</em> (cf. 1Cor 10,16-17).<p></p>
<p style="text-align: justify;">Por isso pedimos que a mesma graça que faz da Igreja o Corpo de
Cristo, faça com que todos os membros, unidos pelos laços da caridade,
perseverem firmemente na unidade do corpo.</p>
<p style="text-align: justify;">E com razão suplicamos que isto se realize em nós pelo dom daquele
Espírito que é ao mesmo tempo o Espírito do Pai e do Filho; porque sendo
a Santíssima Trindade, na unidade de natureza, igualdade e amor, o
único e verdadeiro Deus, é unânime a ação das três Pessoas divinas na
obra santificadora daqueles que adota como filhos.</p>
<p style="text-align: justify;">Eis por que está escrito: <em>O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado</em> (Rm 5,5).</p>
<p style="text-align: justify;">O Espírito Santo, que é unidade do Pai e do Filho, realiza agora
naqueles a quem concedeu a graça da adoção divina, transformação
idêntica à que realizou naqueles que receberam o mesmo Espírito,
conforme lemos no livro dos Atos dos Apóstolos: <em>A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma</em> (At
4,32). Quem fez dessa multidão dos que creram em Deus um só coração e
uma só alma, foi aquele Espírito que é unidade do Pai e do Filho e com o
Pai e o Filho é um só Deus.</p>
<p style="text-align: justify;">Por isso, o Apóstolo exorta a conservarmos com toda a solicitude esta
unidade do espírito no vínculo da paz, quando diz aos efésios: <em>Eu,
prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação
que recebestes: com toda a humildade e mansidão, suportando-vos uns aos
outros com paciência, no amor. Aplicai-vos a guardar a unidade do
espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito</em> (Ef 3,1-4).</p>
<p style="text-align: justify;">Deus, com efeito, enquanto conserva na Igreja o amor que ela recebeu
pelo Espírito Santo, transforma-a num sacrifício agradável a seus olhos.
De modo, que, recebendo continuamente esse dom da caridade espiritual, a
Igreja possa sempre se apresentar como sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus.</p><p><b> -- Dos “Livros a Monimo”, de São Fulgêncio, bispo de Ruspe (século VI)</b> </p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-40647348771084922822022-04-23T09:37:00.002-03:002022-04-23T09:37:33.197-03:00Homilia da Canonização de Irmã Faustina Kowalska<p style="text-align: justify;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://img.cancaonova.com/cnimages/canais/uploads/sites/2/2020/10/santododia-Santa-Faustina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="300" height="300" src="https://img.cancaonova.com/cnimages/canais/uploads/sites/2/2020/10/santododia-Santa-Faustina.jpg" width="300" /></a></div><br /><p></p><p style="text-align: justify;"> 1. <i>"Confitemini Domino quoniam bonus, quoniam in aeternum misericordia eius".</i> </p>
<p style="text-align: justify;"><i>"Louvai o Senhor, porque Ele é bom, porque é eterno o Seu amor" (Sl</i>
118, 1). Assim canta a Igreja na Oitava de Páscoa, como que recolhendo
dos lábios de Cristo estas palavras do Salmo, dos lábios de Cristo
ressuscitado, que no Cenáculo traz o grande anúncio da misericórdia
divina e confia aos apóstolos o seu ministério: "A paz seja convosco!
Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós... Recebei o
Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão
perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (<i>Jo</i> 20, 21-23).</p>
<p style="text-align: justify;">Antes de pronunciar estas palavras, Jesus mostra as mãos e o lado.
Isto é, indica as feridas da Paixão, sobretudo a chaga do coração, fonte
onde nasce a grande onda de misericórdia que inunda a humanidade.
Daquele Coração a <a href="http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20000430_faustina_po.html">Irmã Faustina Kowalska</a>,
a Beata a quem de agora em diante chamaremos Santa, verá partir dois
fachos de luz que iluminam o mundo: "Os dois raios, explicou-lhe certa
vez o próprio Jesus representam o sangue e a água" (<i>Diário, </i>Libreria Editrice Vaticana, pág. 132).</p>
<p style="text-align: justify;">2. <i>Sangue e água! </i>O pensamento corre rumo ao testemunho do
evangelista João que, quando um soldado no Calvário atingiu com a lança o
lado de Cristo, vê jorrar dali "sangue e água" (cf. <i>Jo</i> 19, 34). E
se o sangue evoca o sacrifício da cruz e o dom eucarístico, a água, na
simbologia joanina, recorda não só o baptismo, mas também o dom do
Espírito Santo (cf. <i>Jo</i> 3, 5; 4, 14; 7, 37-39).</p>
<p style="text-align: justify;">A misericórdia divina atinge os homens através do Coração de Cristo
crucificado: "Minha filha, dize que sou o Amor e a Misericórdia em
pessoa", pedirá Jesus à Irmã Faustina (<i>Diário, </i>pág. 374). Cristo
derrama esta misericórdia sobre a humanidade mediante o envio do
Espírito que, na Trindade, é a Pessoa-Amor. E porventura não é a
misericórdia o "segundo nome" do amor (cf. <i> <a href="https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_30111980_dives-in-misericordia.html">Dives in misericordia</a>, </i>7),
cultuado no seu aspecto mais profundo e terno, na sua atitude de cuidar
de toda a necessidade, sobretudo na sua imensa capacidade de perdão?</p>
<p style="text-align: justify;">É deveras grande a minha alegria, ao propor hoje à Igreja inteira,
como dom de Deus para o nosso tempo, a vida e o testemunho da <i> <a href="http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20000430_faustina_po.html">Irmã Faustina Kowalska</a>. </i>Pela
divina Providência a vida desta humilde filha da Polónia esteve
completamente ligada à história do século XX, que há pouco deixámos
atrás. De facto, foi entre a primeira e a segunda guerra mundial que
Cristo lhe confiou a sua mensagem de misericórdia. Aqueles que recordam,
que foram testemunhas e participantes nos eventos daqueles anos e nos
horríveis sofrimentos que daí derivaram para milhões de homens, bem
sabem que a mensagem da misericórdia é necessária.</p>
<p style="text-align: justify;">Jesus disse à Irmã Faustina: "A humanidade não encontrará paz,
enquanto não se voltar com confiança para a misericórdia divina" (<i>Diário, </i>pág.
132). Através da obra da religiosa polaca, esta mensagem esteve sempre
unida ao século XX, último do segundo milénio e ponte para o terceiro.
Não é uma mensagem nova, mas pode-se considerar um dom de especial
iluminação, que nos ajuda a reviver de maneira mais intensa o Evangelho
da Páscoa, para o oferecer como um raio de luz aos homens e às mulheres
do nosso tempo.</p>
<p style="text-align: justify;">3. O que nos trarão os anos que estão diante de nós? Como será o
futuro do homem sobre a terra? A nós não é dado sabê-lo. Contudo, é
certo que ao lado de novos progressos não faltarão, infelizmente,
experiências dolorosas. Mas a luz da misericórdia divina, que o Senhor
quis como que entregar de novo ao mundo através do carisma da Irmã
Faustina, iluminará o caminho dos homens do terceiro milénio.</p>
<p style="text-align: justify;">Assim como os Apóstolos outrora, é necessário porém que também a
humanidade de hoje acolha no cenáculo da história Cristo ressuscitado,
que mostra as feridas da sua crucifixão e repete: <i>A paz seja convosco! </i>É
preciso que a humanidade se deixe atingir e penetrar pelo Espírito que
Cristo ressuscitado lhe dá. É o Espírito que cura as feridas do coração,
abate as barreiras que nos separam de Deus e nos dividem entre nós,
restitui ao mesmo tempo a alegria do amor do Pai e a da unidade
fraterna.</p>
<p style="text-align: justify;">4. É importante, então, que acolhamos inteiramente a mensagem que nos
vem da palavra de Deus neste segundo Domingo de Páscoa, que de agora em
diante na Igreja inteira <i>tomará o nome de "Domingo da Divina Misericórdia</i>".
Nas diversas leituras, a liturgia parece traçar o caminho da
misericórdia que, enquanto reconstrói a relação de cada um com Deus,
suscita também entre os homens novas relações de solidariedade fraterna.
Cristo ensinou-nos que "o homem não só recebe e experimenta a
misericórdia de Deus, mas é também chamado a "ter misericórdia" para com
os demais. "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia" (<i>Mt</i> 5, 7)" (<i><a href="https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_30111980_dives-in-misericordia.html">Dives in misericordia</a>, </i>14).
Depois, Ele indicou-nos as múltiplas vias da misericórdia, que não só
perdoa os pecados, mas vai também ao encontro de todas as necessidades
dos homens. Jesus inclinou-se sobre toda a miséria humana, material e
espiritual.</p>
<p style="text-align: justify;">A sua mensagem de misericórdia continua a alcançar-nos através do
gesto das suas mãos estendidas rumo ao homem que sofre. Foi assim que O
viu e testemunhou aos homens de todos os continentes a Irmã Faustina
que, escondida no convento de Lagiewniki em Cracóvia, fez da sua
existência um cântico à misericórdia: <i>Misericordias Domini in aeternum cantabo</i>.</p>
<p style="text-align: justify;">5. A canonização da Irmã Faustina tem uma eloquência particular:
mediante este acto quero hoje transmitir esta mensagem ao novo milénio.
Transmito-a a todos os homens para que aprendam <i>a conhecer sempre melhor o verdadeiro rosto de Deus e o genuíno rosto dos irmãos.</i></p>
<p style="text-align: justify;">Amor a Deus e amor aos irmãos são de facto inseparáveis, como nos
recordou a primeira Carta de João: "Nisto conhecemos que amamos os
filhos de Deus: quando amamos a Deus e guardamos os Seus mandamentos"
(5, 2). O Apóstolo recorda-nos nisto a verdade do amor, indicando-nos na
observância dos mandamentos a medida e o critério.</p>
<p style="text-align: justify;">Com efeito, não é fácil amar com um amor profundo, feito de autêntico
dom de si. Aprende-se este amor na escola de Deus, no calor da sua
caridade. Ao fixarmos o olhar n'Ele, ao sintonizarmo-nos com o seu
coração de Pai, tornamo-nos capazes de olhar os irmãos com olhos novos,
em atitude de gratuidade e partilha, de generosidade e perdão. <i>Tudo isto é misericórdia!</i></p>
<p style="text-align: justify;">Na medida em que a humanidade souber aprender o segredo deste olhar
misericordioso, manifesta-se como perspectiva realizável o quadro ideal,
proposto na primeira leitura: "A multidão dos que haviam abraçado a fé
tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe
pertencia mas, entre eles, tudo era comum" (<i>Act</i> 4, 32). Aqui a
misericórdia do coração tornou-se também estilo de relações, projecto de
comunidade, partilha de bens. Aqui floresceram as "obras da
misericórdia", espirituais e corporais. Aqui a misericórdia tornou-se um
concreto fazer-se "próximo" dos irmãos mais indigentes.</p>
<p style="text-align: justify;">6. A <a href="http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20000430_faustina_po.html">Irmã Faustina Kowalska</a> deixou escrito no seu <i>Diário: </i>"Sinto
uma tristeza profunda, quando observo os sofrimentos do próximo. Todas
as dores do próximo se repercutem no meu coração; trago no meu coração
as suas angústias, de tal modo que me abatem também fisicamente.</p>
<p style="text-align: justify;">Desejaria que todos os sofrimentos caíssem sobre mim, para dar alívio
ao próximo" (pág. 365). Eis a que ponto de partilha conduz o amor,
quando é medido segundo o amor de Deus!</p>
<p style="text-align: justify;">É neste amor que a humanidade de hoje se deve inspirar, para
enfrentar a crise de sentido, os desafios das mais diversas
necessidades, sobretudo a exigência de salvaguardar a dignidade de cada
pessoa humana. A mensagem de misericórdia divina é assim,
implicitamente, também uma <i> mensagem sobre o valor de todo o homem. </i>Toda
a pessoa é preciosa aos olhos de Deus; Cristo deu a vida por cada um; o
Pai dá o seu Espírito a todos, oferecendo-lhes o acesso à Sua
intimidade.</p>
<p style="text-align: justify;">7. Esta mensagem consoladora dirige-se sobretudo a quem, afligido por
uma provação particularmente dura ou esmagado pelo peso dos pecados
cometidos, perdeu toda a confiança na vida e se sente tentado a ceder ao
desespero. Apresenta-se-lhe o rosto suave de Cristo, chegando-lhe
aqueles raios que partem do seu Coração e iluminam, aquecem e indicam o
caminho, e infundem esperança. Quantas almas já foram consoladas pela
invocação "<i>Jesus, confio em Ti</i>", que a Providência sugeriu
através da Irmã Faustina! Este simples acto de abandono a Jesus dissipa
as nuvens mais densas e faz chegar um raio de luz à vida de cada um.</p>
<p style="text-align: justify;"><i>"Jezu ufam tobie!"</i></p>
<p style="text-align: justify;">8. <i>Misericordias Domini in aeternum cantabo </i>(<i>Sl</i> 88
[89], 2). À voz de Maria Santíssima, "Mãe da misericórdia", à voz desta
nova Santa, que na Jerusalém celeste canta a misericórdia juntamente com
todos os amigos de Deus, unamos também nós, Igreja peregrinante, a
nossa voz.</p>
<p style="text-align: justify;">E tu, Faustina, dom de Deus ao nosso tempo, dádiva da terra da
Polónia à Igreja inteira, obtém-nos a graça de perceber a profundidade
da misericórdia divina, ajuda-nos a torná-la experiência viva e a
testemunhá-la aos irmãos! A tua mensagem de luz e de esperança se
difunda no mundo inteiro, leve à conversão os pecadores, amenize as
rivalidades e os ódios, abra os homens e as nações à prática da
fraternidade. Hoje, ao fixarmos contigo o olhar no rosto de Cristo
ressuscitado, fazemos nossa a tua súplica de confiante abandono e
dizemos com firme esperança:</p>
<p style="text-align: justify;"><i>Jesus Cristo, confio em Ti!</i></p>
<p style="text-align: justify;"><i>"Jezu, ufam tobie!". </i></p><p><b> -- Papa João Paulo II, 30 de Abril de 2000</b><i> <br /></i></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-21489992998563951282022-04-19T09:28:00.002-03:002022-04-19T09:28:35.746-03:00Eucaristia e a Oração Judaica<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4HCSlkVvd2oRtmq87alsvxu0rvC4WEqTjPxhyCSRoTcNJHJ1NMgg5THjCEp_v3T5cBAQkFfd7BkQQA7nP4Dq_eF5JEitwRjBJI5ckCgOycaJI5XY5Leq-PPkQ8LdOcRSzA9EY8-cWNk89OvGrkn4k-XjiR0m4BekYlrJoMfs7NOS1KF2yz_AhJ6t4/s600/LastSupper.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="509" data-original-width="600" height="271" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4HCSlkVvd2oRtmq87alsvxu0rvC4WEqTjPxhyCSRoTcNJHJ1NMgg5THjCEp_v3T5cBAQkFfd7BkQQA7nP4Dq_eF5JEitwRjBJI5ckCgOycaJI5XY5Leq-PPkQ8LdOcRSzA9EY8-cWNk89OvGrkn4k-XjiR0m4BekYlrJoMfs7NOS1KF2yz_AhJ6t4/s320/LastSupper.jpg" width="320" /></a></div><br />O objeto desta catequese mistagógica é a parte central da Missa, a Oração Eucarística, a parte que inclui a consagração do corpo e sangue de Cristo. Farei dois tipos de observações, uma litúrgica e ritual, outra teológica e existencial. <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Do ponto de vista ritual e litúrgico, temos hoje uma fonte que os Padres da Igreja e os doutores medievais não tiveram. A nova fonte é a reaproximação entre cristãos e judeus. Nos primeiros dias da igreja vários fatores históricos acentuaram as diferenças entre Cristianismo e Judaísmo, ao ponto de contrastar um com outro, como fez Santo Inácio de Antioquia. Distinguir-se dos judeus em vários pontos, como a data da Páscoa, dias de jejuns e muitas outras coisas, se tornou um tipo de <i>“moda”</i>. A acusação contra muitos adversários e heréticos naqueles tempos era chamá-los de <i>“judaizantes”</i>.</span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">A tragédia do povo judaico, o Holocausto, e um novo clima de diálogo com o Judaísmo iniciado no Concílio Vaticano II, tornou possível uma melhor compreensão da matriz judaica na Eucaristia. Assim como a Páscoa Cristã não pode ser plenamente compreendida se não for considerada como o cumprimento das profecias da Páscoa Judaica, a Eucaristia também não pode ser compreendida se não for como o cumprimento de tudo o que os judeus fazem e dizem durante a refeição ritual. Um primeiro resultado importante desta mudança é que, hoje em diante, nenhum estudioso sério pode explicar a Eucaristia Cristã como sendo baseada em algum culto misterioso do Helenismo, como foi tentado por algum tempo. </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Os Padres da Igreja mantiveram as Escrituras do povo judeu, mas não sua liturgia, já que não mais tinham acesso à ela após a separação entre a Igreja e a Sinagoga. Eles, então, utilizaram as figuras contidas nas Escrituras, o cordeiro pascal, o sacrifício de Isaac, o de Melquisedec, o maná, mas perderam o contexto litúrgico na qual o povo judaico celebrava estes fatos, em especial, na Páscoa (o Seder) e nas celebrações semanais nas sinagogas. O primeiro nome que designa a Eucaristia no Novo Testamento, como escrito por Paulo, é <i>“refeição do Senhor”</i> (1 Cor 11,20), o que é uma evidente referência à ceia judaica, que agora é diferente pela fé em Jesus. A Eucaristia é um sacramento de continuidade, não de oposição, entre o Velho e Novo Testamento, entre o Judaísmo e o Cristianismo. </span><br /><span style="font-family: arial;"></span></div><h3 style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">A Eucaristia e a Berakah Judaica</span></h3><p style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Esta é a perspectiva que o Papa Bento XVI apresenta no capítulo sobre a instituição da Eucaristia no seu segundo livro sobre Jesus de Nazaré. Seguindo a opinião prevalente entre os estudiosos, ele aceita a cronologia joanina segundo a qual a Última Ceia não era uma ceia pascal mas uma solenidade de despedida. Citando Louis Bouyer, ele acrescenta que é possível traçar o desenvolvimento da liturgia eucarística cristã, isto é, do cânon, a partir da Berakah (bendição) judaica. </span><span style="font-family: arial;"></span></div><p style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"></span></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Por várias razões culturais e históricas, a partir dos tempos medievais, a teologia tem tentado explicar a Eucaristia com base na filosofia, em particular, utilizando as noções aristotélicas de substância e acidente. Isto também era uma maneira de colocar os novos conhecimentos da época a serviço da fé e imitar a mesma metodologia dos Padres da Igreja. Hoje em dia, temos que fazer o mesmo com nosso conhecimento, no nosso caso, com o conhecimento histórico e litúrgico, mais que princípios filosóficos. No contexto de alguns estudos já iniciados por Louis Bouyer, eu gostaria de mostrar como esta luz tem iluminado nossa compreensão da Eucaristia Cristã quando consideramos como os Evangelhos narram a instituição da Eucaristia e o que sabemos sobre rituais judeus. Desta maneira, as inovações de Jesus não são diminuídas, mas ressaltadas.<br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">A ligação entre o velho e o novo rito é dada pela Didaqué, um texto da era apostólica, onde encontramos o primeiro rascunho da anáfora eucarística. O rito da sinagoga era composto de uma série de preces, a Berakah, que, em grego, pode ser traduzido como Eucaristia. No início da refeição, cada um toma o cálice em suas mãos e repete, quase a mesma frase utilizada no ofertório: <i>“Bendito és tu Senhor, nosso Deus, Rei eterno, que nos deu o fruto da vinha”</i>.</span></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Mas a refeição oficialmente iniciava apenas quando o pai da família, ou o líder da comunidade, partia o pão e distribuía entre os presentes. E, de fato, Jesus tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e distribuiu aos apóstolos dizendo: <i>“Este é o meu corpo que eu dou para vós.”</i> E aqui o rito que era apenas preparação, torna-se realidade. A figura torna-se o evento.</span><span style="font-family: arial;"></span><span style="font-family: arial;"></span></div><p style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Após a benção do pão, os pratos usuais eram servidos. Quando a refeição está próxima do final, todos estão prontos para o grande ritual final que conclui a celebração e lhe dá um sentido mais profundo. Todos lavam suas mãos novamente, pois já haviam feito no início da refeição, então Jesus, tendo um cálice de vinho misturado com água, entoa três orações de agradecimento: a primeira a Deus Criador, a segunda pela libertação do Egito, a terceira porque Deus continua agindo no tempo presente. Após as preces, o cálice passa de mão e mão, e todos bebem. Este rito antigo foi realizado por Jesus muitas vezes, Ele certamente o conhecia muito bem.</span><span style="font-family: arial;"></span></div><p style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Lucas diz que Jesus, após a refeição, toma o cálice e diz: <i>“Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós”</i> (Lc 22,20). Algo decisivo ocorre neste momento quando Jesus acrescenta suas palavras à tradicional oração de agradecimento, à Berakah judaica. Aquele ritual era uma ceia sagrada na qual o povo celebrava e agradecia a Deus, o seu Salvador, por tê-los salvo e feito uma aliança de amor que fora selada com o sangue de um cordeiro. Agora, naquele exato momento, Jesus anunciou que decidira dar sua vida em nosso favor e declarava que a Velha Aliança que celebravam estava concluída. Naquele momento, com estas simples palavras, Jesus fazia uma nova e eterna Aliança com seu Sangue.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"></span></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b><span style="font-family: arial;">-- Padre Raniero Cantalamessa, Primeira Homília de Quaresma, 18 de Março de 2022</span></b></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"> </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">*
esta é a terceira parte de uma série de catequeses dadas pelo Padre
Raniero na Quaresma de 2022. Nos próximos dias publicarei a sequência.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">* tradução própria </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">* a imagem é o quadro A Ültima Ceia, pintado por Simon Benning, cc 1525. Está exposto no J. Paul Getty Museum, Los Angeles.<br /></span></span></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-4469966283302915792022-04-11T09:52:00.001-03:002022-04-11T09:52:05.360-03:00Eucaristia e a Liturgia da Palavra<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://img.cancaonova.com/cnimages/canais/uploads/sites/6/2018/11/formacao_voce-sabe-quais-sao-as-partes-da-missa-e-seus-elementos.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="300" src="https://img.cancaonova.com/cnimages/canais/uploads/sites/6/2018/11/formacao_voce-sabe-quais-sao-as-partes-da-missa-e-seus-elementos.jpg" width="400" /></a></div>Nos primeiros anos da Igreja, a Liturgia da Palavra e a Liturgia da Eucaristia não eram celebradas em conjunto. Os discípulos participavam dos serviços no Templo, ouviam as leituras da Bíblia, recitavam salmos e rezavam juntos com os judeus, depois iam para suas casas onde se reuniam para compartilhar o pão, isto é, celebrar a Eucaristia (Atos 2,46).<p></p><p style="text-align: justify;"><br />No entanto, esta prática logo tornou-se impossível devido à hostilidade da comunidade judaica e porque as Escrituras tinham um novo significado, alinhado aos ensinamentos de Cristo. Então eles pararam de ir ao Templo ou sinagogas para ler e ouvir as Escrituras, tiveram que criar o próprio lugar de oração, ou seja, foi a Liturgia da Palavra que conduziu até a Oração Eucarística. </p><p style="text-align: justify;"><br />No segundo século, São Justino descreveu a Liturgia da Eucaristia já contendo os elementos essenciais da Missa atual. Não apenas a Liturgia da Palavra era parte integral, mas em adição às leituras do Velho Testamento, outras, que São Justino chamou de<i> “Memórias dos Apóstolos”</i>, isto é, as cartas e Evangelhos do Novo Testamento, também eram lidas. </p><p style="text-align: justify;"><br />Quando ouvimos as leituras bíblicas na liturgia, elas tem um significado novo e mais forte que teriam em outro contexto. Quando lemos as Escrituras em casa ou as estudamos em um curso, elas nos servem para conhecer melhor a Bíblia, mas quando lemos na Liturgia, elas nos servem para conhecer melhor à Deus que se faz presente na partilha do pão e trazem à luz um novo aspecto do mistério que estamos prestes a receber. </p><p style="text-align: justify;"><br />Isto já é visível na primeira Liturgia da Palavra, aquela entre Cristo Ressuscitado e os discípulos de Emaús. Enquanto ouviam a explicação da Palavra, seus corações foram tocados de uma maneira em reconheceram a Jesus quando partiu o pão. </p><p style="text-align: justify;"><br />As palavras da Bíblia não são apenas lidas e ouvidas durante uma Missa, elas são revividas de uma maneira que seu significado se torna real e presente. Seja lá o que aconteceu naquele tempo, está também acontecendo neste momento, como os liturgistas adoram falar. Não somos apenas ouvintes, recipientes passivos, mas somos também aqueles que falam as palavras, que também vivem o momento. Nós somos colocados no lugar do povo da história. </p><p style="text-align: justify;"><br />Alguns exemplos podem nos ajudar a entender esta idéia: Quando a primeira leitura na Missa é a história de como Deus falou com Moisés na sarça ardente (Ex 3), compreendemos que somos realmente nós que estamos em frente à sarça ardente. Quando lemos sobre os lábios de Isaías sendo tocados por uma brasa viva (Is 6), lembramos que nossos lábios receberam em breve o pão vivo, Cristo, aquele que lançou fogo sobre a Terra. (Lc 12, 49). Quando lemos como foi dito à Ezequiel para comer os rolos da Lei e se alimentar deles (Ez 2,8-3,3), é como uma luz nos iluminando, somos nós que temos que nos alimentar da Palavra que se fez carne, Jesus. </p><p style="text-align: justify;"><br />Passando ao Novo Testamento, da primeira leitura para o Evangelho, a idéia torna-se ainda mais clara. Se a mulher que sofria de hemorragia estava certa que poderia ser curada se pudesse tocar pelo menos a ponta do manto de Jesus, o que mais pode acontecer conosco que logo receberemos a Jesus, algo muito mais que apenas tocar seu manto?</p><p style="text-align: justify;"><br />Lembro certa vez que ouvi a história de Zaqueu e, de repente, ela se tornou real para mim, eu era Zaqueu, era para mim que Jesus estava dizendo: <i>“Hoje irei à tua casa”</i>! E quando recebi a comunhão, eu pude dizer com toda fé, <i>“Ele veio para ficar na casa de um pecador”</i>, e Jesus me respondeu<i> “Hoje a Salvação entrou nesta casa”</i> (Lc 19, 5-9).</p><p style="text-align: justify;"><br />O mesmo também é verdadeiro toda vez que o Evangelho é proclamado na Missa. Como podemos não nos identificar com o paralítico para quem Jesus diz “Teus pecados foram perdoados”,<i> “Levantai … e vá para casa”</i> (Mc 2,5.11). Ou com Simeão ao segurar Jesus bebê em seus braços (Lc 2,27-28)? Ou com Tomé que, tremendo, toca nas feridas de Jesus (Jo 20, 27-28)? </p><p style="text-align: justify;"><br />No segundo Domingo do Tempo Comum, neste ano litúrgico, lemos um Evangelho em que Jesus diz a um homem com a mão paralisada:<i> “ ‘Estende tua mão!’. Ele estendeu-a e a mão foi curada”</i> (Mc 3,5). Nós não temos uma mão paralisada, mas todos nós temos,de certa maneira, uma alma paralisada, corações quebrados. Não achas que é para quem está ouvindo o que Jesus diz neste momento: <i>“Estende tua mão, abre teu coração, com a fé e prontidão daquele homem”</i>. </p><p style="text-align: justify;"><br />Quando proclamada durante a liturgia, a Escritura age de uma maneira que está acima e além de qualquer explicação humana e é assim que os sacramentos agem. Estes são textos divinamente inspirados que possuem um poder de cura. Após ler o Evangelho, a Igreja convida o ministro a beijar o livro e dizer <i>“Per evangelica dicta deleantur nostra delicta”</i> -<i> “Através das palavras do Evangelho sejam nossos pecados perdoados”</i>.</p><p style="text-align: justify;"><br />Ao longo da história da Igreja, alguns eventos importantes ocorreram como resultado direto da audição das leituras da Missa. Por exemplo, certo dia um jovem ouviu o Evangelho em que Jesus diz a um jovem rico<i> “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Então vem e segue-me”</i> (Mt 19, 21). Aquele jovem percebeu que a palavra estava sendo dita diretamente para ele, foi para casa e vendeu tudo o que tinha, dali se dirigiu ao deserto para permanecer em oração. O nome daquele jovem era Antão, e foi assim que o movimento monástico iniciou-se na Igreja. </p><p style="text-align: justify;"><br />Muitos séculos depois, em Assis, um jovem recém convertido foi à Igreja com seu amigo. O Evangelho daquele dia era Jesus dizendo a seus discípulos:<i> “Não leveis coisa alguma para o caminho, nem bordão, nem mochila, nem pão, nem dinheiro, nem tenhais duas túnicas”</i> (Lc 9,3). Imediatamente ele virou-se para seu amigo e disse: “Ouviste isto? É isto que o Senhor quer de nós.” e assim iniciou-se o movimento franciscano. </p><p style="text-align: justify;"><br />A Liturgia da Palavra é um dos melhores recursos para fazer a Missa algo novo e envolvente, evitando o perigo de uma repetição monótona que, em especial os jovens, acham algo chato e repetitivo. Mas para que isto ocorra, é importante investir mais tempo e oração na preparação da homilia. Os fiéis devem ser capazes de ver como a palavra de Deus está dirigida a eles, ilumina suas situações de vida e provê respostas para suas demandas existenciais.</p><p style="text-align: justify;"><br />Há duas maneiras de preparar a homilia. Você pode se sentar e, confiando no seu próprio conhecimento e preferências pessoais, escolher os temas a serem abordados. E, quando sua fala estiver preparada, ajoelhar-se diante do Senhor e pedir que Ele dê poder às suas palavras, que acrescente o Espírito à mensagem. Este é um bom método, mas não é profético. Para ser profético, deve-se fazer o contrário: primeiro ajoelhar-se perante o Senhor e perguntar o que Ele quer que seja dito. Deus tem em seu coração uma palavra especial para cada ocasião, e Ele nunca falha em revelar sua palavra ao padre que for insistente e humilde. Inicialmente não há nada além de uma mudança imperceptível de coração: uma pequena luz que ilumina o pensamento, uma palavra da Bíblia que lhe chama a atenção, que ajuda em uma situação. Pode parecer uma pequena semente, mas já contém tudo que é necessário. <br />Depois de rezar, você senta-se numa mesa, abre seus livros, consulta sua notas, organiza os pensamentos, estuda os padres da Igreja, os teólogos, os poetas, mas já não é mais a Palavra de Deus a serviço das tuas idéias, mas teus conhecimentos a serviço da palavra de Deus. Então a Palavra de Deus alcança todo seu poder. </p><h4 style="text-align: justify;"><b>Através de Espírito Santo</b><br /></h4><p style="text-align: justify;">Mas uma coisa ainda deve ser acrescentada: toda atenção dada à Palavra de Deus não é suficiente. “O poder vem de Deus, deve descender sobre a celebração. Na Eucaristia a ação do Espírito Santo não é limitada ao momento da consagração, na oração que o padre recita. A presença de Deus é indispensável também na liturgia da palavra, assim como na comunhão.</p><p style="text-align: justify;"><br />O Espírito Santo continua, na Igreja, a ação do Ressuscitado que após a Páscoa <i>“abriu a mente dos discípulos para o entendimento das Escrituras”</i> (cf. Lc 24,25). A Bíblia, de acordo com a Constituição Dei Verbum do Concílio Vaticano II, deve ser lida e interpretada com a ajuda do mesmo Espírito que a inspirou” (DV, 12). A ação do Espírito Santo na liturgia da palavra é exercida através do espírito presente nos leitores e ouvintes. </p><p style="text-align: justify;"><br /><i>O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a Boa-Nova aos pobres</i>. (Lc 4,18)</p><p style="text-align: justify;"><br />Assim o Senhor indicou de onde vêm a força da sua palavra. Seria um erro acreditar que somente a unção sacramental recebida na ordenação é suficiente. Isto permite a nós [padres] realizar certos atos sagrados, governar, pregar e administrar os sacramentos. A unção nos dá, por assim dizer, não necessariamente a autoridade para realizá-los, mas a autorização através da sucessão apostólica, mas isto não o mesmo sucesso apostólico!</p><p style="text-align: justify;"><br />Mas se a onça é dada pela presença do Espírito e é um dos seus dons, o que podemos fazer para sermos como os discípulos? Em primeiro lugar, devemos começar com uma certeza:<i> “Vós, porém, tendes a unção do Santo e sabeis todas as coisas”</i> (1Jo 2,20). Isto é, graças ao Batismo e Crisma, e, para alguns, a ordenação sacerdotal e episcopal, nós já recebemos a unção. De acordo com a doutrina católica, foi impresso em nossa alma uma qualidade permanente, como uma marca ou selo:<i> “Ora, quem nos confirma a nós e a vós em Cristo, e nos consagrou, é Deus. Ele nos marcou com o seu selo e deu aos nossos corações o penhor do Espírito.”</i> (2Cor 1,21,22).</p><p style="text-align: justify;"><br />Esta unção é como um perfume fechado, ele se mantém inerte e não podemos percebê-lo até que abre o frasco. Isto é o que ocorreu com o jarro de alabastro que a mulher do Evangelho utilizou (Mc 14,3). Esta é a parte da unção que nos toca. Não depende de nós criar o perfume, mas depende de nós remover os obstáculos que impedem sua propagação. Não é difícil entender o que significa para nós quebrar o vaso de alabastro. O vaso é nossa humanidade, nós mesmos, muitas vezes nosso árido intelectualismo. Abrir o frasco de perfume é não resistir a Deus, mas resistir ao mundo. </p><p style="text-align: justify;"><br />Afortunadamente para nós, nem tudo depende de um esforço ascético. Neste caso, fé, oração e humildade são importantes. Assim, pede-se aos ungidos que antes de ler ou pregar, que o faça a serviço de Deus. Quando nos prepararmos para ler o Evangelho ou uma leitura, a liturgia pede que purifiquemos nossos corações e nossos lábios para que possamos proclamar o Evangelho dignamente. Porque não dizer algumas vezes, ou ao menos pensar: <i>“Senhor, unge meu espírito e minha mente, para que possa proclamar tua palavra com a suavidade e poder do Espírito”</i>? </p><p style="text-align: justify;"><br />A unção não é necessária apenas para os proclamadores ler efetivamente a palavra, mas também é necessário para os ouvintes recebê-la. O evangelista João escreve para sua comunidade:<i> “Vós, porém, tendes a unção do Santo e sabeis todas as coisas. ... a sua unção vos ensina todas as coisas, assim é ela verdadeira e não mentira. Permanecei nele, como ela vos ensinou”</i> (1 Jo 2,20-27).</p><p style="text-align: justify;"><br />Não que uma preparação humana seja inútil, mas ela não é suficiente. É o espírito que realmente instrui, isto é, Cristo e a inspiração do Espírito que instruem. Quando esta inspiração não ocorre, as palavras podem ser apenas barulho inútil. Tenhamos esperança que hoje o Senhor nos instruiu, nos deu essa inspiração interior, e não sejamos apenas barulho inútil. <br /></p><p><br /><span style="font-size: small;"><b><span style="font-family: arial;">-- Padre Raniero Cantalamessa, Primeira Homília de Quaresma, 11 de Março de 2022</span></b></span></p><p><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">* esta é a segunda parte de uma série de catequeses dadas pelo Padre Raniero na Quaresma de 2022. Nos próximos dias publicarei a sequência. </span><b><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></span></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-24355240537525355952022-04-09T09:37:00.001-03:002022-04-09T09:37:58.781-03:00A Eucaristia - Introdução e história da salvação<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"><i> * Esta é a parte introdutória de uma série de catequeses dadas pleo Padre Raniero Cantalamessa para o Papa e cardeais no Vaticano durante a Quaresma de 2022. Nos próximos dias publicarei a continuação das catequeses. </i><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"> </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Entre os muitos problemas que a pandemia tem causado à humanidade, há pelo menos um efeito positivo do ponto de vista da fé. Ela nos conscientes da necessidade da Eucaristia e do vazio que sua ausência cria, ela nos ajudou a compreender que não devemos ter a Eucaristia como algo corriqueiro. No período mais agudo da crise, em 2020, estava muito impressionado, e acho muitos outros também, em como era importante assistir a Santa Missa celebrada pelo Papa todas manhãs.</span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Muitas igrejas locais e nacionais decidiram dedicar este ano a catequeses especiais sobre a Eucaristia, pois há como um renascimento do desejo de receber a Comunhão na Igreja Católica. Acho uma decisão oportuna e um exemplo a ser seguido, e daqui que dar minha pequena contribuição, dedicando minhas reflexões pascais ao mistério da Eucaristia. </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">A Eucaristia está no centro de todos os tempos litúrgicos, na Quaresma não mais que em outros tempos pois ela é celebrada todos dias. Qualquer progresso que fazemos para compreendê-la é um progresso na nossa vida espiritual e da comunidade eclesial. Porém, também é, infelizmente, algo considerado comum, devido à repetição, resulta em um ato considerado simples e comum na rotina diária. São João Paulo II, na carta <i>Ecclesia de Eucharistia</i>, escrita em 2003, diz que os cristãos devem redescobrir e sempre manter vivo um certo deslumbramento Eucarístico. Este é o propósito destas catequeses: redescobrir a maravilha da Eucaristia. </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Falar de Eucaristia nestes tempos de pandemia e agora com os horrores de uma guerra não significa deixar de lado a dramática realidade que vivemos, mas é uma ajuda para entendermos essa realidade de um ponto de vista mais elevado. A Eucaristia está presente na história como um evento que mudou para sempre os papéis do vencedor e das vítimas. Na cruz, Cristo fez da vítima o real vencedor, “Victor quia victima”, como definiu Santo Agostinho: vencedor porque é a vítima. A Eucaristia nos oferece a chave verdadeira para compreender a história. Ela nos assegura que Jesus está conosco, não apenas como uma intenção ou ideia, mas realmente neste mundo que parece ter saído de controle. Ele repete para nós:<i> “Coragem! Eu venci o mundo.”</i> (Jo 16,33).</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"><br /></span><b><span style="font-family: arial;">A Eucaristia na História da Salvação</span></b><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3i8a5AO2nQpgD98IPSpxdKVLejACGY1XsG2B1JdbRmzdeSQpad_f7W9y4rz0dn4GpGBP2oNC7F69IcffrqWaBQDpcHdhE1WyD0xXCVKfasUrcd-Ts6AckozCkYphYjIzRjnctboNMh4r8Wc8nsnTX4KFizHr7VO2oxBqw_SIRcxHpeIy-NwL2YnSV/s2048/IsaacSacrifice.jpeg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 5px; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1671" data-original-width="2048" height="326" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3i8a5AO2nQpgD98IPSpxdKVLejACGY1XsG2B1JdbRmzdeSQpad_f7W9y4rz0dn4GpGBP2oNC7F69IcffrqWaBQDpcHdhE1WyD0xXCVKfasUrcd-Ts6AckozCkYphYjIzRjnctboNMh4r8Wc8nsnTX4KFizHr7VO2oxBqw_SIRcxHpeIy-NwL2YnSV/w400-h326/IsaacSacrifice.jpeg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"> O Sacrifício de Isaac, Laurent de la Hyre<br /></td></tr></tbody></table>Qual é o lugar da Eucaristia na história da salvação? A resposta é que ela não está em um momento específico, ela é a história completa. A Eucaristia coexiste com a história da Salvação. Assim como num belo dia sol o céu inteiro pode ser refletido em uma gota de água, a Eucaristia reflete toda história da salvação.</span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">A Eucaristia, no entanto, está presente na história da salvação de três maneiras diferentes ou três estágios: no Velho Testamento está presente como figura, no Novo Testamento como um acontecimento, no nosso tempo, o tempo da Igreja, como um sacramento. A figura antecipa e prepara o acontecimento, o sacramento prolonga e atualiza Jesus Cristo. </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">No Velho Testamento, como disse, a Eucaristia está presente como “figura”. Uma destas figuras foi o maná no deserto, outra foi o sacrifício de Melquisedec, outro ainda a imolação de Isaac. No hino Lauda Sion, composto por São Tomás de Aquino para a festa de Corpus Christi, cantamos: </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><i><span style="font-family: arial;">Foi já predito em figuras </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Na imolação de Isaac, </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">e o Cordeiro pascal; </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">e no maná do deserto…</span></i><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">É devido a esta função de prefiguração da Eucaristia que São Tomás chamou os rituais do Velho Testamento como sacramentos da Velha Lei.</span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Com a vinda de Cristo, sua morte e ressurreição, a Eucaristia não é mais uma figura, mas um acontecimento, uma realidade. Chamamos um acontecimento porque é algo que historicamente aconteceu, foi um evento único no tempo e espaço, que ocorreu uma única vez e é irrepetível: “É certo que Cristo apareceu uma só vez ao final dos tempos para destruição do pecado pelo sacrifício de si mesmo”. (Hb 9,26).</span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Finalmente, neste tempo da Igreja, a Eucaristia está presente como um sacramento, através do sinal do pão e vinho, instituído por Cristo. É importante que entendamos bem a diferença entre acontecimento e sacramento, na prática é a diferença entre história e liturgia. Deixemos Santo Agostinho nos ajudar: </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><i><span style="font-family: arial;">Sabemos e acreditamos com fé inabalável que Cristo morreu uma única vez por nós, o justo pelos pecadores, o Senhor pelos servos. Sabemos perfeitamente que isto ocorreu apenas uma vez e que o sacramento periodicamente renova o sacrifício, como se a história que aconteceu uma única vez fosse repetida muitas e muitas vezes. O acontecimento e o sacramento não estão em conflito, como se o sacrifício fosse uma farsa e somente o acontecimento fosse verdadeiro. De fato, o que a história proclama ter ocorrido uma única vez, o sacramento renova no coração dos fiéis. A história conta o que aconteceu, e como aconteceu, a liturgia nos assegura que o passado não seja esquecido, não no sentido de que repete o mesmo acontecimento, mas no sentido de que celebramos o fato. </span></i><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Falar sobre a relação entre o sacrifício da cruz e a Missa é algo muito importante e tem sido um ponto de grande divisão entre católicos e protestantes. Santo Agostinho utiliza, como vimos, dois verbos: renovar e celebrar, que são perfeitamente corretos, em especial se entendermos um em relação ao outro: a Missa renova o evento da cruz ao celebrá-lo, mas não o refaz, e renova-o, não é mera lembrança. A palavra que alcança um maior consenso ecumênico hoje em dia e, talvez, o verbo representar, como utilizado por Paulo VI na encíclica <i>Misterium Fidei</i>, com o sentido de re-apresentar, isto é, tornar presente novamente. Neste sentido, podemos dizer que a Eucaristia representa a crucificação. </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">De acordo com a história, houve uma única Eucaristia, aquela realizada por Jesus através de sua vida e morte; de acordo com a liturgia, graças ao sacramento, muitas Eucaristias foram e serão celebradas até o final dos tempos. O evento aconteceu uma única vez,o sacramento é realizado toda vez. Graças ao sacramento da Eucaristia nós participamos, misteriosamente, do acontecimento passado, ele se torna presente para nós e podemos também testemunhá-lo.</span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><span style="font-family: arial;">Nestas reflexões de Quaresma falaremos sobre a Eucaristia, isto é, sobre o sacramento. Na Igreja antiga havia uma catequese especial, chamada mistagógica, que era reservada aos bispos e dada somente após o Batismo. O propósito era resvalar aos neófitos o significado dos ritos celebrados e a profundeza dos mistérios da fé: batismo, crisma e unção, mas, em especial, da Eucaristia. O que pretendemos fazer aqui é como uma catequese mistagógica. Mas estarmos firmemente ancorados no sacramento e sua natureza ritual, vamos seguir o desenvolvimento da Missa em suas três partes: liturgia da palavra, liturgia eucarística (a anáfora) e a Comunhão, e incluir, ao final, uma reflexão sobre a adoração eucarística fora da Missa. </span><br /><span style="font-family: arial;"></span><br /><b><span style="font-family: arial;">-- Padre Raniero Cantalamessa, Primeira Homília de Quaresma, 11 de Março de 2022.</span></b></span></div>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-10061710801261857862022-03-25T09:51:00.004-03:002022-03-25T09:51:56.584-03:00O sacramento da nossa reconciliação<p style="text-align: justify;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2TMHNy2q-qE0iQ81XqWG0MwCWnlMBT-qhChREdd7F2ZOE0f6EQXCcmmyQvSlfzOn0sX_7SBH1hHMVE7NzhrmNmIMCHSsIniXvpH-WIPAr7CoZOSlfLIpqWO3kVhQA1o6-AezKJLeE8ubrLV29wsHheCyRjfScbpPeo93YoIPGwl5InOO7ajbxQpvY/s680/AnunciacaoDoSenhor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="378" data-original-width="680" height="357" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2TMHNy2q-qE0iQ81XqWG0MwCWnlMBT-qhChREdd7F2ZOE0f6EQXCcmmyQvSlfzOn0sX_7SBH1hHMVE7NzhrmNmIMCHSsIniXvpH-WIPAr7CoZOSlfLIpqWO3kVhQA1o6-AezKJLeE8ubrLV29wsHheCyRjfScbpPeo93YoIPGwl5InOO7ajbxQpvY/w640-h357/AnunciacaoDoSenhor.jpg" width="640" /></a></div><br /><p></p><p style="text-align: justify;"> A humildade foi assumida pela majestade, a fraqueza, pela força, a
mortalidade, pela eternidade. Para saldar a dívida de nossa condição
humana, a natureza impassível uniu-se à natureza passível. Deste modo,
como convinha à nossa recuperação, o único mediador entre Deus e os
homens, o homem Jesus Cristo, podia submeter-se à morte através de sua
natureza humana e permanecer imune em sua natureza divina.</p>
<p style="text-align: justify;">Por conseguinte, numa natureza perfeita e integral de verdadeiro
homem, nasceu o verdadeiro Deus, perfeito na sua divindade, perfeito na
nossa humanidade. Por “nossa humanidade” queremos significar a natureza
que o Criador desde o início formou em nós, e que assumiu para
renová-la. Mas daquelas coisas que o Sedutor trouxe, e o homem enganado
aceitou, não há nenhum vestígio no Salvador; nem pelo fato de se ter
irmanado na comunhão da fragilidade humana, tornou-se participante dos
nossos delitos.</p>
<p style="text-align: justify;">Assumiu a condição de escravo, sem mancha de pecado, engrandecendo o
humano, sem diminuir o divino. Porque o aniquilamento, pelo qual o
invisível se tornou visível, e o Criador de tudo quis ser um dos
mortais, foi uma condescendência da sua misericórdia, não uma falha do
seu poder. Por conseguinte, aquele que, na sua condição divina se fez
homem, assumindo a condição de escravo, se fez homem.</p>
<p style="text-align: justify;">Entrou, portanto, o Filho de Deus neste mundo tão pequeno, descendo
do trono celeste, mas sem deixar a glória do Pai; é gerado e nasce de
modo totalmente novo. De modo novo porque, sendo invisível em si mesmo,
torna-se visível como nós; incompreensível, quis ser
compreendido;existindo antes dos tempos, começou a existir no tempo. O
Senhor do universo assume a condição de escravo, envolvendo em sombra a
imensidão de sua majestade; o Deus impassível não recusou ser homem
passível, o imortal submeteu-se às leis da morte.</p>
<p style="text-align: justify;">Aquele que é verdadeiro Deus, é também verdadeiro homem; e nesta
unidade nada há de falso, porque nele é perfeita respectivamente tanto a
humanidade do homem como a grandeza de Deus.</p>
<p style="text-align: justify;">Nem Deus sofre mudança com esta condescendência da sua misericórdia
nem o homem é destruído com sua elevação a tão alta dignidade. Cada
natureza realiza, em comunhão com a outra, aquilo que lhe é próprio: o
Verbo realiza o que é próprio do Verbo, e a carne realiza o que é
próprio da carne.</p>
<p style="text-align: justify;">A natureza divina resplandece nos milagres, a humana, sucumbe aos
sofrimentos. E como o Verbo não renuncia à igualdade da glória do Pai,
também a carne não deixa a natureza de nossa raça.</p>
<p style="text-align: justify;">É um só e o mesmo – não nos cansaremos de repetir – verdadeiro Filho de Deus e verdadeiro Filho do homem. É Deus, porque <em>no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus: e o Verbo era Deus</em>. É homem, porque <em>o Verbo se fez carne e habitou entre nós </em>(Jo 1,1.14).</p><p><b>-- Das Cartas de São Leão Magno, Papa (século V)</b><br /></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-55950463167805323372022-02-11T10:51:00.005-03:002022-02-12T10:21:45.188-03:00A Meditação, Primeiro Grau da Oração<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://cleofas.com.br/wp-content/uploads/2011/02/orar.png" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="365" data-original-width="408" height="365" src="https://cleofas.com.br/wp-content/uploads/2011/02/orar.png" width="408" /></a>A palavra <b>meditação </b>é muita usada nas Sagradas Escrituras então quer dizer outra coisa mais que um pensamento fixo e atento, capaz de produzir efeitos bons ou maus.<br /></div><div style="text-align: justify;"><br />No primeiro salmo (Sl 1,1-2), o homem chama-se <i>bem-aventurado porque sua vontade está posta na lei do Senhor, e na sua lei meditará dia e noite</i>; mas em outro Salmo diz-se: <i>Porque razão se embraveceram as nações e os povos meditaram coisas vãs? </i>(Sl 2,1-2) A meditação, pois, pode tender para o bem ou para o mal; mas, como na Sagrada Escritura é ordinariamente empregada para exprimir a atenção que prestamos às coisas divinas, para nos excitarmos a amá-las, quando falamos de meditação, entendemos a que é santa e início da teologia mística.</div><p></p><p style="text-align: justify;"><b>Toda meditação é pensamento, mas nem todo pensamento é meditação</b>. Muitas vezes temos pensamentos a que o espírito se prende por simples passatempo, sem qualquer intenção ou pretensão, à semelhança das moscas que voam por aqui e por ali, sobre as flores, sem delas tirarem coisa alguma; esta espécie de pensamento, por atento que seja, não pode ter o nome de meditação, mas deve-se chamar simplesmente pensamento. Algumas vezes pensamos atentamente numa coisa para entender as suas causas, os seus efeitos, as suas qualidades; este pensamento chama-se estudo, e nele o espírito faz como os besouros que esvoaçam indistintamente sobre as flores e a folhas, para as comerem e delas se nutrirem. <br /><br />Quando, porém, pensamos nas coisas divinas, não para as apreender, mas para lhes dar o nosso afeto, chama-se a isto meditar, a este exercício, <b>meditação</b>; o nosso espírito aplica-se a tarefa, não como mosca que se diverte, ou besouro que só procura comer e encher-se, mas como abelha, que pousa aqui e ali sobre as flores dos santos mistérios, para deles extrair o mel do divino amor. </p><p style="text-align: justify;">Assim muitos devaneiam em pensamentos inúteis, sem as vezes saberem em que pensam, entregando-se a cogitações que martirizam a sua alma e que quereriam não ter, como testemunha o Santo Patriarca Jó: <i>Passaram os meus dias, desvaneceram-se os meus pensamentos que flagelaram o meu coração</i> (Jó 17,11).<br /><br />Muitos entregam-se ao estudo, e nesta ocupação laboriosa enchem-se de vaidade, não podendo resistir ao veemente desejo de saber, mas poucos são os que meditam para aquecer o coração no santo amor de Deus. <br /><br /><b>Numa palavra, o pensamento e o estudo incidem sobre qualquer espécie de assunto, mas a meditação só se refere aos assuntos cuja consideração nos pode tornar bons e devotos</b>; de sorte que a meditação não é outra coisa mais que um pensamento atento, reiterado ou conservado voluntariamente no espírito, a fim de excitar a vontade de afetos e resoluções santas e salutares.</p><p style="text-align: justify;">A Sagrada Bíblia explica admiralvelmente em que consiste a meditação com uma excelente comparação. Ezequias descreve num cântico a atenção que presta às suas dores, dizendo:<i> Clamarei como o filhinho da andorinha, gemerei como a pomba</i> (Is 38,14). De fato, os filhinhos das andorinhas abrem desmedidamente o bico, quando chilreiam, e as pombas, ao contrário, conservam o bico fechado, cadenciando a voz na garganta e peito, tanto para exprimir a alegria como a tristeza. Ezequias, pois, para mostrar que no meio das suas mágoas fazia muitas orações vocais, diz:<i> Clamarei como filhinho da andorinha</i>, isto é, abrindo a boca para soltar diante de Deus muitas vozes plangentes. Por outro lado, querendo atestar que empregava a santa oração mental, continua:<i> Gemerei como a pomba</i>, volvendo e revolvendo os meus pensamentos dentro do coração para bendizer e louvar a soberana misericórdia do meu Deus, que me tirou das portas da morte (Is 38,10), tendo compaixão das minhas misérias. </p><p style="text-align: justify;">Assim diz Isaías (Is 38,14): <i>Rugiremos como ursos, e meditando gemeremos como pombas.</i> O rugido dos ursos refere-se às exclamações e aos brados que se empregam na oração vocal, e o gemidos das pombas à santa meditação.<br /><br />E para que se saiba que as pombas não fazem o seu arrulho só nas ocasiões tristes, mas também nas alegres, o Esposo sagrado, descrevendo a primavera natural para exprimir as graças da primavera espiritual, diz (Ct 2,12): <i>Ouviu-se na terra a voz da rola;</i> porque na primavera é que a pomba começa a apaixonar-se do amor, como manifesta nos frequentes arrulhos. E logo depois (Ct 2,14): <i>Pomba minha, mostra-me a tua face; soe a tua voz dentro dos meus ouvidos; porque a tua voz é doce e graciosa é a tua face.</i></p><p style="text-align: justify;">Quer dizer que a alma devota lhe é muito grata, quando se apresenta diante dele e medita para se animar ao santo amor espiritual, como fazem as pombas para se excitarem aos seus amores naturais.<br /><br />Do mesmo modo aquele que tinha dito: <i>Gemerei como a pomba</i>, exprimindo-se doutra forma, afirma: <i>Relembrarei diante de ti todos os meus anos com amargura da minha alma</i> (Is 38, 15), porque meditar e relembrar para excitar os afetos é uma e mesma coisa. <i><br /></i></p><p style="text-align: justify;">Moisés advertindo o povo que relembrasse os favores recebidos de Deus: <i>Guardarás os mandamentos do Senhor teu Deus, e andarás nos seus caminhos, e O temerás</i> (Dt 8,6); e Deus dá também este mesmo preceito a Josué (1, 8): <i>Não se aparte da tua boca o livro desta lei; mas meditarás nele dia e noite, para observares e cumprires tudo o que nele está escrito.</i> <br /><br /><b>O que numa das passagens é expresso pela palavra meditar é na outra enunciado pela palavra relembrar.</b> E para mostrar que o pensamento refletido e a meditação tendem a mover-nos aos afetos, resoluções e ações, diz-se numa e noutra passagem, que é necessário relembrar e meditar a lei para observar e praticar. Neste sentido o Apóstolo exorta-nos desta forma (Hb 12, 3): <i>Meditai atentamente n'Aquele que sofreu tal contradição da parte dos pecadores contra a sua pessoa, para que não desfaleçais, faltando-vos a coragem. </i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://selesnafes.com/wp-content/uploads/2021/06/jesus.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="432" data-original-width="600" height="230" src="https://selesnafes.com/wp-content/uploads/2021/06/jesus.jpg" width="320" /></a></div><p style="text-align: justify;">E porque quer Ele que meditemos na Sagrada Paixão, não para nos tornarmos sábios, mas para sermos pacientes e corajosos no caminho do Céu.<i> Oh Senhor, como tenho amado a vossa Lei!,</i> diz Davi (Sl 118, 97)<i>, ela é a minha meditação todo o dia. </i>Medita na lei porque a ama, e ama-a porque a medita.</p><p style="text-align: justify;"><i></i></p><p style="text-align: justify;"><b>A meditação não é mais que o ruminar místico, necessário para tirar as impurezas </b>(Lv 11,3-4.8), ao qual nos convida uma das devotas pastoras, que seguiam a sagrada Sulamita; afirmava ela que a santa doutrina é como um vinho precioso, digno não só de ser bebido por pastores e doutores, mas de ser cuidadosamente saboreado, e, por assim dizer, mastigado e ruminado<i><b>. </b>A tua garganta, </i>diz ela<i> </i>(Ct 7,9-10)<i>, é como o melhor vinho, digno de ser bebido pelo meu amado, e saboreado entre os seus lábios e os seus dentes. </i>Do mesmo modo o bem-aventurado Isaac (Gn 24,63), como um cordeiro limpo e puro, saía à tarde para os campos para exercitar o seu espírito com Deus, isto é, para orar e meditar.<i><br /><br /></i>A abelha na primavera vai voejando de flor em flor não ao acaso, mas de propósito, não somente para se recrear com o aprazível matiz da paisagem, mas para procurar o mel, e tendo-o achado, suga-o e dele se carrega. Em seguida, leva-o à colméia, dispõe-no artisticamente, separando dele a cera e fazendo com esta o favo no qual conserva o mel para o inverno seguinte.<i></i></p><p style="text-align: justify;"><i></i></p><p style="text-align: justify;">Tal é a alma devota na meditação: vai de mistério em mistério, não de passagem, nem mesmo só para se consolar com a admirável beleza dessas divinas verdades, mas com o intuito de encontrar motivos de amor e afetos, e, tendo-os encontrado, os atrai a si, os saboreia, e deles se carrega e, resumindo-os e dispondo-os dentro do coração, põe de parte o que vê ser mais apropriado ao seu adiantamento, fazendo resoluções convenientes para o tempo da tentação.<br /><br />Desta forma a celeste amante, como abelha mística, vai pousando no Cântico dos Cânticos, ora sobre os olhos, ora sobre os lábios, sobre as faces, ou sobre os cabelos do seu Bem-amado, isto é, de Jesus, para aurir dÉle a suavidade de mil afetos apaixonados, de sorte que, toda abrasada no amor divino, fala com Ele, interroga-O, escuata-O, suspira e O admira, ao passo que Ele a enche de alegria inspirando-a, movendo-lhe o coração, abrindo-o para nele difundir luzes, claridades, doçuras sem fim, dum modo tão secreto que bem se pode dizer desta santa conversação da alma com Deus o que a Sagrada Escritura diz de Deus com Moisés (Ex 19,19-20): que Moisés, estando no alto da montanha falava com Deus e Ele lhe respondia. <i><br /> </i></p><p style="text-align: justify;"><b><i>-- </i>São Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus, livro 6, capítulo 2. (século XVI)</b><i> </i><br /></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-38559993713507438482022-01-19T11:02:00.003-03:002022-01-19T11:04:31.965-03:00A Providência divina é admirável na variedade de graças que distribui aos homens<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://osaopaulo.org.br/wp-content/uploads/2020/05/espirito_santo_vaticano-.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="546" data-original-width="800" height="273" src="https://osaopaulo.org.br/wp-content/uploads/2020/05/espirito_santo_vaticano-.jpg" width="400" /></a></span></div><span style="font-size: small;"><br />A Providência eterna agiu com incomparável benevolência para com a Rainha das rainhas, <i>a Mãe do amor puro </i>(Eclo 24,24), a única perfeita.</span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Dispensou também especiais benefícios, graças e bençãos aos homens e anjos, de cuja abundância todos foram orvalhados como de <i>uma chuva que cai sobre os justos e injustos</i> (Mt 5, 45); todos foram esclarecidos, <i>como de uma luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo</i> (Jo 1,9), todos receberam a sua parte, como de <i>uma semente que cai não só sobre a boa terra, mas no meio dos caminhos, entre os espinhos e sobre as pedras</i> (Mt 13, 38), <i>de modo que todos fossem sem excusa</i> (5) perante o Redentor, se não aproveitassem esta abundantíssima redenção para sua salvação. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Porém, Teótimo [1], ainda que estas graças sejam assim derramadas sobre toda natureza humana, e nisto sejamos todos iguais, pois tantas bençãos nos são oferecidas a todos, é certo que a variedade destes favores é tão grande, que não se pode dizer o que é mais admirável, se a grandeza de todas as graças numa tal diversidade, ou a sua diversidade em tantas grandezas.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Quen não vê que os meios de salvação entre os cristãos são maiores e mais poderosos que entre os bárbaros, e que entre cristãos há povos e cidades onde os pastores são prestativos e hábeis?</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Ora, negar que estes meios exteriores são favores da Providência divina, ou pôe em dúvida que contribuam à salvação e à perfeição das almas, seria ser ingrato para com a celeste Bondade e desmentir a verdadeira experiência que nos ensina que, de ordinário, onde abundam estes meios exteriores, os interiores tem mais eficácia e produzem melhor resultado.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Assim como não se encontra nunca dois homens perfeitamente parecidos nos dons naturais, também não se encontra iguais nos sobrenaturais. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Santo Agostinho e São Tomás de Aquino asseguram que os anjos receberam a graça segundo a variedade de suas condições naturais. Ora eles são todos, ou de diferente espécie, ou pelo menos de diferentes condições, porque se distinguem uns dos outros; por conseguinte há tantas graças diferentes quantos são so anjos.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Com respeito aos homens, ainda que a graça lhes não seja dada segunda as suas condições naturais, todavia a divina Bondade, comprazendo-se, e para assim dizer, recreando-se na produção de graças, diversifica-as por infinitas formas, para que esta variedade se faça o formoso esmalte da sua redenção e misericórdia, como a Igreja canta na festa de cada Confessor Pontífice: <i>Não se achou outro semelhante a ele</i> (Eclo 44,20). E como no céu<i> ninguém conhece o novo nome senão que o recebe</i> (Ap 2,17), porque cada um dos bem-aventurados tem o seu nome particular, conforme o novo estado de glória que adquire, assim também na terra, cada um recebe uma graça particular, que todas são diversas.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Por isso o nosso Salvador compara a sua graça às pérolas (Mt 13, 44.46), que, como diz Plínio, nunca são perfeitamente iguais; e como <i>as estrelas diferem umas das outras em claridade</i> (1Cor 15,41), do mesmo modo serão os homens diferentes uns dos outros na glória, sinal evidente de o terem sido na graça.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Ora esta variedade na graça, ou essa graça na variedade, produz uma beleza e harmonia, que regozija a santa cidade, a Jerusalém celeste.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Mas importa muito não procurar investigar por que motivo a suprema Sabedoria distribuiu uma graça a uma graça a um antes que a outro, nem por que razão transbordou os seus favores mais num lugar que em outros.<br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Não, Teótimo, não tenhais nunca esta curiosidade, porque se todos recebem suficiente e abundandamente o que é necessário para a salvação, que razão de quixa pode ter o homem por Deus distribuir as suas graças com mais liberalidade a uns que a outros?<br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Se alguém perguntasse qual a causa porque Deus fez os lírios maiores que as violetas, porque o alecrim não é uma rosa e cravo não é um malmequer, porque motivo o pavão é mais belo que um morcego, ou porque é o figo doce e o limão ácido, escarneceriam de suas perguntas e dir-lhe-iam: <i>"Pobre homem, já que a beleza do mundo requer variedade, é preciso que haja diferentes e desiguais perfeições nas coisas, e que não seja a outra; eis porque umas são pequenas, outras são grandes; umas acres, outras doces; umas mais e outras menos belas"</i>.<br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">Dá-se o mesmo com as coisas sobrenaturais:<i> cada pessoa tem o seu dom; um dum modo e outro doutro, diz o Espírito Santo</i> (1Cor 7,7).<br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">É, pois, um disparate querer investigar porque razão São Paulo não teve a graça de São Pedro, nem São Pedro a de São Paulo, porque motivo Santo Antão não foi Snato Atanásio, nem Santo Atanásio não foi São Jerônimo.<br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">A Igreja é um jardim matizado de flores, e é preciso que as haja de diversos tamanhos, de diversas cores, de diversos aromas, numa palavra, de diferentes perfeições; todas tem o seu valor, a sua graça, o seu esmalte; e todas, no conjunto de suas variedades, produzem a beleza. </span></span></p><p><br /><span style="font-family: arial;"><b>-- São Francisco de Sales, Tratado do Amor Divino, livro 2, capítulo 7.</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b>[1]: </b>S. Francisco explica no prefácio do livro que Teótimo não é uma pessoa que ele conhecia, mas a alma do leitor. Teótimo combina duas palavras gregas, <i>Theos</i>, que significa Deus, e <i>Timé</i>, um presente especial, ou seja, para o santo, todas pessoas recebem de Deus um presente especial, sua alma. O santo escolheu</span><span style="font-family: arial;"> esta forma porque escreve não apenas para o intelecto, como a maioria dos livros, mas para a alma. </span><span style="font-family: arial;"><b> </b></span><br /></p><p><br /> </p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-80584034521885124942022-01-17T11:32:00.003-03:002022-01-17T11:35:28.132-03:00O Espírito Santo ilumina sua Igreja<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://cardinalsblog.adw.org/wp-content/uploads/sites/3/2014/10/D31-OLQP_2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="697" data-original-width="800" height="349" src="https://cardinalsblog.adw.org/wp-content/uploads/sites/3/2014/10/D31-OLQP_2.jpg" width="400" /></a></div><br />O Espírito Santo ensina que os lábios da divina Esposa, isto é, da Igreja, se assemelham a uma fita escarlate ou ao favo que destila doçura (Ct 4,3), para que todos saibam que a doutrina que ela anuncia se resume no sagrado amor.<br /><br />A Igreja, banhada pelo sangue de Jesus, é mais viva e brilhante que o escarlate, é mais suave que o mel, por causa da doçura do Bem amado que a inunda de delícias (Ct 7,5). Por isso, este celeste Esposo, ao começar a publicação da sua Lei, fez descer sobre os discípulos - seus pregadores, grande número de línguas de fogo, mostrando assim que o Evangelho era destinado a abrasar os corações.<br /><br />É um quadro admirável contemplar as pombas, tão belas, expostas aos raios do sol. Vêde, mudam de cor, segundo as diversas posições em que a examinamos, porque as suas penas são tão sensíveis à luz, que o sol dardejando-as forma uma surpreendente variedade de matizes; cores tão agradáveis, que excedem em formosura o esmalte das mais preciosas pedrarias; tão deslumbrantes e tão delicadamente douradas que o seu ouro as torna vivamente coloridas. É por isso que o profeta diz aos israelitas: (Sl 66, 13-18):<p></p><p style="text-align: justify;"><i>É, pois, com holocaustos que entrarei em vossa casa, pagarei os votos que fiz para convosco,<br />votos proferidos pelos meus lábios, quando me encontrava na tribulação.<br />Oferecerei em holocausto as mais belas ovelhas, com os mais gordos carneiros; imolarei touros e cabritos.<br />Vinde, ouvi vós todos que temeis ao Senhor. Eu vos narrarei quão grandes coisas Deus fez à minha alma.<br />Meus lábios o invocaram, com minha língua o louvei.</i><br /><br />Na verdade, a Igreja tem uma rica variedade de instruções, sermões, tratados e livros piedosos, todos belos e agradáveis porque o Sol da Justiça mistura admiravelmente os raios da sua divina sabedoria com as línguas dos pastores, que são suas penas que, por vezes, fazem também de línguas, e são a rica plumagem desta pomba mística (Sl 62, 3). Contudo por entre a diversidade de cores da doutrina, que a Igreja publica, descobre-se por toda parte o precioso ouro da sua santa dileção, iluminando com seu incomparável brilho toda a ciência dos santos e erguendo-a acima de qualquer outra ciência.<br /><br />Tudo na Igreja procedo do amor, está enraizado no amor, tende ao amor e vive do amor. Como é bom ouvir falar coisas do Céu a um São Paulo, que as aprendeu no próprio Céu! (2 Cor 12, 4). Como é agradável ver almas alimentadas no seio da dileção escreverem da sua santa suavidade. São Tomás de Aquino deixou-nos um grande tratado, São Boaventura e o beato Dionísio Cartuxo escreveram vários, por diversos títulos, excelentes. Quem jamais exprimiu melhor as celestes paixões do amor sagrado do que Santa Catarina de Gênova, Sanata Angela de Foligno e Santa Catarina de Sena? <br /><br />Finalmente a bem-aventurada Teresa de Jesus escreveu tão bem das sagradas moções do amor em todos livros que nos deixou, que nos encanta ver tanta eloquência em tão grande humildade, tanta energia de espírito em tanta simplicidade; a sua sapientíssima ignorância faz parecer ignorantíssima a ciência de muitos letrados, que, cansados de tanto estudo, sofrem a vergonha de não entenderem o que ela escreveu, com tanta felicidade, acerca do amor divino. <br /><br />Assim Deus levanta o trono do seu poder sobre o pedestal da nossa fraqueza, servindo-se dos fracos para confundir os fortes (1 Cor 1,27).<br /></p><p><b>-- São Francisco de Sales, prefácio do Tratado do Amor de Deus (século XVII)</b><br /><br /></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-80643187286967982782022-01-16T20:37:00.002-03:002022-01-16T20:37:26.613-03:00<div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><p style="text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/bb/Valentin_Metzinger_-_Sv._Fran%C4%8Di%C5%A1ek_Sale%C5%A1ki_in_Ivana_Fran%C4%8Di%C5%A1ka_%C5%A0antalska.jpg/300px-Valentin_Metzinger_-_Sv._Fran%C4%8Di%C5%A1ek_Sale%C5%A1ki_in_Ivana_Fran%C4%8Di%C5%A1ka_%C5%A0antalska.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="507" data-original-width="300" height="507" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/bb/Valentin_Metzinger_-_Sv._Fran%C4%8Di%C5%A1ek_Sale%C5%A1ki_in_Ivana_Fran%C4%8Di%C5%A1ka_%C5%A0antalska.jpg/300px-Valentin_Metzinger_-_Sv._Fran%C4%8Di%C5%A1ek_Sale%C5%A1ki_in_Ivana_Fran%C4%8Di%C5%A1ka_%C5%A0antalska.jpg" width="300" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">São Francisco de Sales com Santa Joana de Chantal <br /></td></tr></tbody></table>Em 24 de Janeiro, relembramos São Francisco de Sales. Seguem 31 frases do santo, para que possamos passar um mês inteiro com os ensinamentos deste grande santo:</p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 1:</b> A medida de amar a Deus é amá-lo sem medida. <br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 2:</b> Não espere as mudanças e eventualidades desta vida com medo; antes, encare-as com a firme esperança de que, ao surgirem, Deus, de quem você é filho, o livrará delas.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 3:</b> Só confia n’Ele e Ele continuará conduzindo você seguramente através de tudo. Onde não puder caminhar, Ele o carregará nos braços.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 4:</b> Não se preocupe com o que pode acontecer amanhã; o mesmo Pai eterno que cuida de você hoje, se encarrega de você amanhã e todos os dias. Ou Ele protegerá você do sofrimento, ou lhe dará a força infalível para suportá-lo.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 5:</b> Esteja em paz, pois, e afaste todos os pensamentos de angústia.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 6:</b> Anime-se e transforme os problemas em matéria para seu progresso e maturidade.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 7:</b> Faça tudo com calma e em paz. Realize quanto puder, tão bem quanto for capaz.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 8:</b> Pense muitas vezes em Nosso Senhor, pois Ele ajudará a suportar os problemas. Todos eles serão incapazes de abalar você, só lembrando-se de que você tem um tal amigo.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 9:</b> Procure ver Deus em todas as coisas sem exceção, e disponha-se a fazer a vontade dEle com alegria. Faça tudo para Deus, unindo-se com Ele por palavras e obras.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 10:</b> Avance muito simplesmente com a Cruz de Nosso Senhor e tenha paz consigo mesmo. Passará por cada tempestade com seguridade, enquanto a sua confiança se fixar em Deus.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 11:</b> Não perca a sua paz interior por nada, nem se todo o seu mundo parece vir abaixo. Se se dá conta que se afastou da proteção de Deus, conduza o seu coração de volta para Ele tranquila e simplesmente.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 12:</b> Faça todas as coisas em nome de Deus e fará tudo bem. Se comer ou beber, trabalhar ou descansar, ganhará muito aos olhos de Deus, ao fazer todas essas coisas como Deus quer que se faça”. São Francisco de Sales<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 13:</b> Aconteça o que acontecer, não desanime; segure-se firmemente em Deus, mantenha-se em paz, com confiança no seu amor eterno por você.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 14:</b> O fogo sagrado do verdadeiro amor de Deus que tudo transforma, transforme os nossos corações, de modo que sejamos só amor.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 15:</b> Deus o colocou no mundo para realizar em você a sua bondade.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 16:</b> O amor ao próximo é o critério para verificar o nosso amor para com Deus.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 17:</b> O amor e a fidelidade juntos trazem sempre consigo a familiaridade e a confiança.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 18:</b> Deus é maior que o nosso coração e nosso coração é maior que o mundo inteiro.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 19:</b> O máximo do amor a Deus está na perfeição do amor aos nossos irmãos.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 20:</b> O vosso falar seja doce, franco, sincero, puro e verdadeiro: nisto está a perfeição do amor.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 21:</b> Doçura, forma concreta de viver a caridade.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 22:</b> Ide ao ‘Porto Real’ da vida religiosa pelo real caminho do amor de Deus e do próximo, da humildade e da complacência.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 23:</b> O que não é absolutamente Deus, não é nada para nós.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 24:</b> Para receber a glória de Deus em nossos corações, é preciso mantê-los vazios de nossa própria glória.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 25:</b> Deus, tendo criado o homem à sua imagem e semelhança, quer que, como nele, tudo no homem seja ordenado pelo amor e para o amor.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 26:</b> Qualquer um que tenha Jesus Cristo em seu coração, ele o terá logo depois em todas as suas ações.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 27:</b> Coragem, por amor a Deus... Nada é impossível ao amor.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 28: </b>A doçura é um raio de céu que nos faz ver Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 29:</b> Procuremos ser aquilo que somos de modo a honrar o Artífice de quem somos sua obra.<br /></p><p style="text-align: justify;"><b>Dia 30:</b> Esteja em paz, pois, e afaste todos os pensamentos de angústia.<br /></p><p style="text-align: left;"><b>Dia 31:</b> Anime-se e transforme os problemas em matéria para seu progresso e maturidade.<br /></p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-32469668153696963372021-11-06T10:11:00.004-03:002021-11-06T10:11:51.597-03:00Levemos sempre em nós a morte de Cristo<p style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyr5OCodSKtGG9JJFpw8DZhejUYACofKWTeimkHb6ELrfI10gSCHXTdEqFeqpBP0zxsuHXgfh5d80zYMvdeM3N0rfR3lxj14ZjQdJYB60QmyiIKU_-OiTK7qzVEI0hGhxi1kQNoBbvSNs/s1600/Martyrdom-of-Saint-Sebastian-Coxie-Michael-van.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1348" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyr5OCodSKtGG9JJFpw8DZhejUYACofKWTeimkHb6ELrfI10gSCHXTdEqFeqpBP0zxsuHXgfh5d80zYMvdeM3N0rfR3lxj14ZjQdJYB60QmyiIKU_-OiTK7qzVEI0hGhxi1kQNoBbvSNs/w338-h400/Martyrdom-of-Saint-Sebastian-Coxie-Michael-van.jpg" width="338" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"></td></tr></tbody></table> <span style="font-family: arial;">Disse o Apóstolo: <em>Para mim o mundo está crucificado, e eu, para o mundo</em> (Gl 6,14). Para que saibamos, por fim, que nesta vida há morte e boa morte, exorta-nos a que <em>levemos a morte de Jesus em nosso corpo</em> (cf. 2Cor 4,10). </span></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">
</span></div><p style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Pois quem tiver em si a morte de Jesus, precisa também ter em seu
corpo a vida do Senhor Jesus. Atue, portanto, a morte em nós, para que
também possa agir a vida. Vida excelente depois da morte, isto é, vida
excelente depois da vitória, vida excelente, terminado o combate. Nela a
lei da carne já não luta contra a lei do espírito, não há mais em nós
peleja da morte contra o corpo, mas no corpo, a vitória sobre a morte. E
francamente não sei qual tem maior força, esta morte ou a vida. É claro
que atendo à autoridade do Apóstolo que diz: <em>Portanto a morte age em nós, mas a vida, em vós</em> (2Cor
4,12). A morte de um só a quanta gente faz crescer a vida! Por isto
ensina ser desejável esta morte aos que ainda estão nesta vida, para que
refulja em nossos corpos a morte de Cristo, aquela ditosa pela qual se
destrói o ser exterior, <em>a fim de ser renovado nosso homem interior</em> (cf. 2Cor 2,16) <em>e se desfaça nossa habitação terrena</em> (cf. 2Cor 5,1), abrindo-se assim para nós a habitação celeste. </span><br /><span style="font-family: arial;"></span></div><div><p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">
</span></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Imita, portanto, a morte, que se separa da união com esta carne e desata os laços de que fala o Senhor mediante Isaías: <em>Desata as cadeias iníquas, solta os laços das altercações violentas, deixa livres os oprimidos, rompe todo limite injusto</em> (Is
58,6). O Senhor aceitou sujeitar-se à morte para que a culpa
desaparecesse. Mas, para não ser de novo a morte o fim da natureza
humana, foi-lhe dada a ressurreição dos mortos, para que pela morte se
apagasse a culpa, pela ressurreição se perpetuasse a natureza. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">
Por isso, a morte é a passagem de tudo. É preciso que passes
continuamente; passagem da corrupção para a incorrupção, da condição
mortal à imortalidade, das perturbações para a tranqüilidade. Por isto
não te assuste a palavra morte, mas os benefícios da boa passagem te
alegrem. Pois, que é a morte a não ser a sepultura dos vícios, o
despertar das virtudes? Por isto disse ele: <em>Morra minha alma nas almas dos justos</em> (Nm
23,10), quer dizer, seja consepultada para depor seus vícios, assumir a
graça dos justos, que trazem no corpo e na alma a morte de Cristo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><b>-- Do Tratado sobre o benefício da morte, de Santo Ambrósio, bispo (século IV)</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">-- A imagem é um quadro chamado <b>O Martírio de São Sebastião , de Michiel Coxie</b>, pintura em óleo, de 1575. São Sebastião não morreu a flechadas, pois os executores não perceberam que ele ainda estava vivo. Uma mulher cristã foi ao local de execução para recuperar o corpo quando percebeu que ele ainda estava vivo. Ela escondeu-o em sua casa e tratou as feridas. Ao se recuperar, São Sebastião foi até o Imperador anunciar que a morte não tinha poder sobre ele. Novamente condenado à morte, desta vez São Sebastião foi ao encontro do Pai. </span> </p></div>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-51844018510888787812021-10-30T10:48:00.004-03:002021-10-30T10:50:47.073-03:00Bem-Aventurada Chiara Luce<p></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/5/5c/Chiara_Badano.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="367" data-original-width="272" height="400" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/5/5c/Chiara_Badano.jpg" width="296" /></a> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Chiara Badano nasceu em 29 de outubro de 1971, filha de Ruggero e Maria Teresa Badano, na pequena aldeia de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Sassello" title="Sassello">Sassello</a>, <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/It%C3%A1lia" title="Itália">Itália</a>.
O casal esperou e rezou onze anos para ter Chiara. Eles a consideravam
sua maior bênção. Enquanto Ruggero trabalhava como caminhoneiro, Maria
Teresa ficou em casa para criar a filha. Badano cresceu com uma relação
forte e saudável com os pais, mas nem sempre os obedecia.
</div><p></p><p style="text-align: justify;">Um dia, Badano tirou uma maçã de uma árvore no pomar de um vizinho; sua mãe mais tarde relatou o evento:
</p>
<div style="text-align: justify;"><blockquote class="flexquote" style="border-left: 5px solid rgb(200, 204, 209); margin: 30px; padding: 0px 1.2em;"><div class="w-quote-texto">Uma
tarde, Chiara voltou para casa com uma linda maçã vermelha. Eu
perguntei a ela de onde veio. Ela respondeu que o havia tirado do pomar
do nosso vizinho sem pedir sua permissão. Expliquei a ela que ela sempre
tinha que pedir antes de pegar qualquer coisa e que ela tinha que pegar
de volta e pedir desculpas ao nosso vizinho. Ela estava relutante em
fazer isso porque estava muito envergonhada. Eu disse a ela que era
muito mais importante confessar do que comer uma maçã. Então Chiara
levou a maçã para a nossa vizinha e explicou tudo para ela. Naquela
noite, a mulher trouxe uma caixa inteira de maçãs dizendo que naquele
dia Chiara havia aprendido algo muito importante.<sup class="reference" id="cite_ref-Chiara_Badano_1-1"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Chiara_Badano-1"><span></span><span></span></a></sup></div></blockquote></div>
<h3 style="text-align: justify;">Movimento dos Focolares<br /></h3>
<p style="text-align: justify;">Badano participou de seu primeiro encontro do <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_dos_Focolares" title="Movimento dos Focolares">Movimento dos Focolares</a> em setembro de 1980; ela tinha apenas 9 anos. Este grupo, especialmente sua fundadora <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Lubich" title="Chiara Lubich">Chiara Lubich</a>,
teve um impacto profundo na vida de Badano. O grupo focou na imagem de
Cristo abandonado como forma de superar os tempos difíceis.<sup class="reference" id="cite_ref-Colleen_Swain_3-1"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Colleen_Swain-3"><span></span><span></span></a></sup>
Badano escreveu mais tarde: <i>“Descobri que Jesus abandonado é a chave
para a unidade com Deus e quero escolhê-lo como meu único esposo. Quero
estar pronto para recebê-lo quando ele vier. Para preferi-lo acima de
tudo.”</i><sup class="reference" id="cite_ref-Ann_Ball_4-0"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Ann_Ball-4"><span></span><span></span></a></sup>
</p><p style="text-align: justify;">Embora Badano fosse uma estudante responsável, ela teve
dificuldades na escola e até foi reprovada no primeiro ano do ensino
médio.<sup class="reference" id="cite_ref-Ann_Ball_4-1"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Ann_Ball-4"><span></span><span></span></a></sup>
Era frequentemente provocada na escola por suas fortes crenças e
recebeu o apelido de “<i>irmã</i>”. Gostava dos passatempos normais
da adolescência, como ouvir música pop, dançar e cantar, também jogava tênis e gostava de caminhadas e natação.<sup class="reference" id="cite_ref-Colleen_Swain_3-2"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Colleen_Swain-3"><span></span><span></span></a></sup>
</p><p style="text-align: justify;">No verão de 1988, quando tinha 16 anos, Badano viveu uma
experiência transformadora em Roma com o Movimento dos Focolares. Ela
escreveu aos pais: “<i>Este é um momento muito importante para mim: é um
encontro com Jesus Abandonado. Não foi fácil abraçar este sofrimento,
mas esta manhã Chiara Lubich explicou a nós que temos que ser esposas
de Jesus Abandonado.”</i><sup class="reference" id="cite_ref-Chiara_Badano_1-2"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Chiara_Badano-1"><span></span><span></span></a></sup>
Depois dessa viagem, começou a corresponder-se regularmente com
Lubich. Ela então perguntou por seu novo nome, pois isso seria o início
de uma nova vida para ela. Lubich deu a ela o nome de Chiara Luce, em italiano, "Luz Clara". <sup class="reference" id="cite_ref-Colleen_Swain_3-3"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Colleen_Swain-3"><span></span></a></sup>
</p>
<h3 style="text-align: justify;"><span class="mw-headline" id="Doença">Doença</span></h3>
<p style="text-align: justify;">No verão de 1988, Luce sentiu uma pontada de dor no ombro enquanto
jogava tênis. A princípio ela não pensou nada a respeito, mas quando a
dor continuou presente, foi submetida a uma série de testes. Os médicos
então descobriram que ela tinha uma forma rara e dolorosa de câncer ósseo, o osteossarcoma. Em resposta, Badano declarou simplesmente:<i> “É para você, Jesus; se você quiser, eu também quero”</i>.<sup class="reference" id="cite_ref-Colleen_Swain_3-4"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Colleen_Swain-3"><span></span><span></span></a></sup>
</p><p style="text-align: justify;">Durante todo o processo de tratamento, Chiara recusou-se a tomar
morfina para que pudesse ficar acordada e consciente. Ela sentiu que era importante
conhecer sua doença e dor para que pudesse oferecer seus sofrimentos.
Ela disse: <i>“Isso reduz minha lucidez e só há uma coisa que posso fazer
agora: oferecer meu sofrimento a Jesus porque quero compartilhar o
máximo possível em seus sofrimentos na cruz.”</i><sup class="reference" id="cite_ref-Chiara_Badano_1-3"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Chiara_Badano-1"><span></span><span></span></a></sup> </p><p style="text-align: justify;">Durante sua estadia no hospital, caminhava com
outro paciente que estava sofrendo de depressão. Essas caminhadas foram
benéficas para o outro paciente, mas causavam grande dor a Chiara Luce. Seus
pais muitas vezes a incentivavam a ficar e descansar, mas ela
simplesmente respondia: <i>“Vou conseguir dormir mais tarde.”</i><sup class="reference" id="cite_ref-Colleen_Swain_3-5"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Colleen_Swain-3"><span></span><span></span></a></sup>
</p><p style="text-align: justify;">Um de seus médicos, Antonio Delogu, disse: <i>“Por meio de seu
sorriso e de seus olhos brilhantes, ela nos mostrou que a morte não
existe; só a vida existe”</i>.<sup class="reference" id="cite_ref-Chiara_Badano_1-4"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Chiara_Badano-1"><span></span><span></span></a></sup>
Uma amiga do Movimento dos Focolares disse: <i>“No início pensamos em
visitá-la para mantê-la animada, mas logo percebemos que, de fato,
éramos nós que precisávamos dela. Sua vida era como um ímã que nos
atraía para ela.”</i><sup class="reference" id="cite_ref-Chiara_Badano_1-5"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Chiara_Badano-1"><span></span><span></span></a></sup>
</p><p style="text-align: justify;">Quando uma mecha de seu cabelo caía devido à quimioterapia, Chiara simplesmente a oferecia a Deus, dizendo: <i>“Por você, Jesus”</i>.<sup class="reference" id="cite_ref-Chiara_Badano_1-6"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Chiara_Badano-1"><span></span><span></span></a></sup>
Ela também doou todas as suas economias para uma amiga que estava
realizando o trabalho missionário na África. Ela escreveu a ele:<i> “Não
preciso mais desse dinheiro. Eu tenho tudo.”</i><sup class="reference" id="cite_ref-Ann_Ball_4-3"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Ann_Ball-4"><span></span><span></span></a></sup>
</p><p style="text-align: justify;">Durante um doloroso procedimento médico, Chiara foi visitada por
uma senhora:<i> “Quando os médicos começaram a realizar este pequeno, mas
bastante exigente procedimento, apareceu uma senhora com um sorriso
muito bonito e luminoso. Ela veio até mim e me pegou pela mão, e seu
toque me encheu de coragem. Da mesma forma que ela chegou, ela
desapareceu, e eu não podia mais vê-la. Mas meu coração se encheu de uma
alegria imensa e todo o medo me deixou. Naquele momento entendi que se
estamos sempre prontos para tudo, Deus nos envia muitos sinais de seu
amor.”</i><sup class="reference" id="cite_ref-Chiara_Badano_1-7"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Chiara_Badano-1"><span></span><span></span></a></sup>
</p><p style="text-align: justify;">A fé e o espírito de Chiara nunca diminuíram, mesmo depois que o
câncer a deixou incapaz de andar e uma tomografia computadorizada
mostrou que qualquer esperança de remissão se foi. Em resposta, ela
simplesmente disse:<i> “Se eu tivesse que escolher entre andar novamente e
ir para o céu, não hesitaria. Eu escolheria o céu.”</i><sup class="reference" id="cite_ref-Ann_Ball_4-4"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Ann_Ball-4"><span></span><span></span></a></sup>
Em 19 de julho de 1989, Chiara quase morreu de hemorragia. Sua fé não
vacilou quando disse:<i> “Não derrame nenhuma lágrima por mim. Eu estou
indo para Jesus. No meu funeral, não quero que as pessoas chorem, mas
cantem de todo o coração.”</i><sup class="reference" id="cite_ref-Chiara_Badano_1-8"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Chiara_Badano-1"><span></span><span></span></a></sup>
</p><p style="text-align: justify;">Antes de morrer, ela disse à mãe: <i>“Oh, mamãe, jovens ... jovens
... eles são o futuro. Veja, não posso correr mais, mas gostaria de
passar a tocha para eles, como nas Olimpíadas! Os jovens têm apenas uma
vida e vale a pena vivê-la bem.”</i><sup class="reference" id="cite_ref-Ann_Ball_4-5"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Ann_Ball-4"><span></span><span></span></a></sup>
</p><p style="text-align: justify;">Quando Chiara percebeu que não iria melhorar, ela começou a
planejar seu “casamento” (seu funeral) com sua mãe. Ela escolheu a
música, canções, flores e as leituras para a missa.<sup class="reference" id="cite_ref-Chiara_Badano_1-10"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Chiara_Badano-1"><span></span><span></span></a></sup>
Ela queria ser enterrada com seu “vestido de noiva”, um vestido branco
com cintura rosa, porque sua morte permitiria que ela se tornasse a
noiva de Cristo.<sup class="reference" id="cite_ref-Colleen_Swain_3-7"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Colleen_Swain-3"><span></span><span></span></a></sup>
Ela disse à mãe: <i>“Quando você estiver me preparando, mãe, você precisa
ficar dizendo para si mesma: ‘Chiara Luce agora está vendo Jesus’”</i><sup class="reference" id="cite_ref-Chiara_Badano_1-11"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Chiara_Badano-1"><span></span><span></span></a></sup>
</p>
<h3 style="text-align: justify;"><span class="mw-headline" id="Morte">Morte</span></h3>
<p style="text-align: justify;">Durante suas horas finais, Chiara fez sua confissão final e recebeu a
Eucaristia. Ela pediu à família e aos amigos que orassem com ela:
<i>“Venha, Espírito Santo”</i>. Chiara Luce morreu às 4 horas da madrugada de
7 de outubro de 1990, com os pais ao lado de sua cama. Suas palavras
finais foram: <i>“Tchau, mãe, seja feliz, porque eu sou.</i>”<sup class="reference" id="cite_ref-Colleen_Swain_3-8"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Colleen_Swain-3"><span></span><span></span></a></sup> </p><p> </p><p><sup class="reference" id="cite_ref-Colleen_Swain_3-9"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiara_Badano#cite_note-Colleen_Swain-3"><span></span><span></span></a></sup>
</p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2782459888683412690.post-72798991857693133952021-10-16T21:08:00.002-03:002021-10-16T21:08:18.364-03:00O Senhor dos Milagres<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6b/Se%C3%B1or_de_los_Milagros%2C_Lima_-_Per%C3%BA.png/800px-Se%C3%B1or_de_los_Milagros%2C_Lima_-_Per%C3%BA.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="539" height="800" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6b/Se%C3%B1or_de_los_Milagros%2C_Lima_-_Per%C3%BA.png/800px-Se%C3%B1or_de_los_Milagros%2C_Lima_-_Per%C3%BA.png" width="539" /></a></div> <p></p><p style="text-align: justify;">A imagem do Cristo Moreno foi pintada por um escravo angolano em uma pequena parede de barro no Bairro de Pachamilla, no centro de Lima, Peru. Durante o terremoto em 1655, que matou muitas pessoas, todas as paredes da capela caíram, exceto a parte da parede onde estava exatamente a imagem. Reconhecendo o pequeno milagre, uma capelinha foi construída ao seu redor e missas começaram a ser rezadas ali. </p><p style="text-align: justify;">Em 20 de Outubro de 1687 um terrível terremoto atingiu novamente a região. Segundo alguns relatos, teria durado 15 minutos. As paredes da capela caíram, mas a parede onde a imagem está pintada permaneceu em pé. No ano seguinte foi contratado um pintor profissional para fazer uma cópia da imagem, esta é a cópia que ainda hoje é carregada em procissão pela cidade. </p><p style="text-align: justify;">Em 1746 ocorreu o mais terrível terremoto em Lima. A parede original com a pintura, claro, permaneceu em pé. Após este terremoto decidiu-se construir a Igreja e Monastério das Nazerenas, tendo a parede como fundo do altar. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/32/Se%C3%B1or_de_los_Milagros.jpg/591px-Se%C3%B1or_de_los_Milagros.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="355" data-original-width="591" height="355" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/32/Se%C3%B1or_de_los_Milagros.jpg/591px-Se%C3%B1or_de_los_Milagros.jpg" width="591" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;">Tradicionalmente, no primeiro sábado de Outubro a imagem saí do Monastério, passa pelas ruas principais de Lima e chegar ao Santuário apenas a noite. Nos dias 18, 19 e 28 de Outubro, a imagem é levada em procissão pela cidade, mas sempre retornando ao Santuário das Nazenarenas. Por fim, em 1o. de Novembro, a imagem é conduzida de volta ao monastério, onde passará os próximos onze meses. <br /></p><p style="text-align: justify;">Nas procissões, a imagem é carregada sobre um grande tablado que necessita de vários homens devido ao se peso. É importante que estes homens tenham se confessado, para carregar a Cristo. O passo é bastante lento, por isto a procissão dura muitas horas. </p><p><br /></p><p> </p>Miguel Fornarihttp://www.blogger.com/profile/14892590771484626747noreply@blogger.com0