26 de mai. de 2019

Como e quando as almas são criadas?


Dias atrás conversando em família surgiu esta pergunta: como e quando as almas são criadas? Embora sem termos estudado teologia, as três teorias básicas que São Agostinho discutia já no século V logo foram mencionadas: traducionismo, criacionismo e incarnação. Não sabíamos os nomes, mas elas são, mais ou menos, teorias simples a partir da qual podemos pensar:
É um bebê na 14a semana de vida e que já recebeu uma alma
desde o momento em que foi concebido.
É uma vida humana que deve ser preservada.

  1. Traducionismo: assim como o corpo é criado a partir do corpo dos pais pela combinação de um espermatozóide e um óvulo, a alma é criada a partir da combinação das almas dos pais.
  2. Criacionismo: a alma é criada por Deus por no momento da concepção.
  3. Incarnação: Deus teria criado todas as almas no princípio dos tempos e elas estariam esperando seu momento de entrarem em um corpo e vir à Terra.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC), no parágrafo 366 afirma: "A Igreja ensina que cada alma espiritual é criada por Deus de modo imediato e não produzida pelos pais"

Simples e claro, esta é a resposta: a alma é criada por Deus no momento da concepção, toda pessoa é resultado da participação de três pessoas: o pai e a mãe, responsáveis pelo corpo material, e Deus, responsável pelo corpo espiritual. Deus não impõe a decisão de ter filhos, mas quando esta é tomada pelo pais, Deus está presente e participa ativamente na formação de uma nova vida, dando-lhe a alma, que marca a diferença entre seres humanos e animais. Esta vida merece ser preservada, pois já é uma vida humana, mesmo quando, fisicamente, é apenas um conjunto de poucas células. A alma, a marca de Deus, já está ali presente.

Traducionimo x Criacionismo

Agora que já temos a resposta à nossa pergunta, vale a pena vermos mais profundamente como a Igreja, através dos séculos, chegou a ela. 

Os argumentos em favor do Traducionismo são interessantes pois desde o início era compreendido que Deus criou a alma de Adão, e através de Adão, da sua costela, formou Eva, a quem Deus também deu uma alma. Adão e Eva pecaram, foram expulsos do Paraíso e tiveram filhos que carregam o pecado original em sua alma. Neste sentido, e considerando que o corpo é formado a partir dos pais, a alma imperfeita, manchada pelo pecado original, deve ser um produto das almas imperfeitas dos pais. Neste caso, Deus participou da criação inicial das almas e de um mecanismo de geração de novas almas. Assim, como Deus não fica moldando ninguém a partir do barro diariamente, não precisa criar novas almas, basta o mecanismo de reprodução criado por Ele.

Em uma carta para São Jerônimo, Santo Agostinho contra-argumenta em favor do Criacionismo: No Evangelho de São João, 5,17 encontramos: "Mas ele (Jesus Cristo) lhes disse: “Meu Pai continua agindo até agora, e eu ajo também”. " Pois é o próprio Jesus Cristo afirmando que seu Pai está agindo, ativamente, nos dias atuais. Disto temos provas, talvez em nossas próprias vidas, de milagres que foram realizados por Deus, inclusive algumas curas impossíveis reconhecidas pela própria Igreja. 

Outro argumento favorável ao Criacionismo explica que a alma, sendo algo imaterial, não pode ser criada ou controlada por seres materiais, mas, necessariamente, deve ser criada por Deus. Isto assegura aos homens uma dignidade acima de toda criação, a de sermos Filhos de Deus, que nos ama desde o princípio, assim como os pais devem amar seus filhos.

Também temos a questão da inocência das crianças. Suponha que a almas dos filhos fosse criada a partir das almas dos seus pais da mesma forma que o corpo físico é uma combinação das características dos pais, então teríamos almas criadas já carregando os defeitos (pecados) dos seus pais. Mas isto não parece adequado, pois dize-se que as crianças nascem inocentes. 

Por fim, vale dizer que a Bíblia não dá nenhum argumento favorável às teorias espíritas ou orientais de incarnação e reincarnação, segundo as quais Deus já teria criado todas as almas que permaneceriam no céu até o momento de incarnarem em corpo humano, onde deveriam alcançar a perfeição, como forma de evitar uma nova incarnação no tempo futuro. Isto seria considerar que Deus não tem poder para salvar, apenas seria o julgador que decide se a alma já é perfeita o suficiente para permanecer no céu ou deve reincarnar em uma pessoa. 

-- autoria própria

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