Francisco Spinelli nasceu em Milão em 14 de Abril de 1853 e no dia seguinte foi batizado na Catedral de Santo Ambrósio. Seus pais, Bartolomeu e Emilia, vinham da região de Bérgamo e trabalhavam como mordomo e camareira na casa do Marquês Emiliano Stanga. Devido à situação política, com a população se revoltando contra o marquês, seus pais resolveram mandar o menino para a cidade de Verdello, onde morava uma tia. Francisco passou três anos morando com ela, foi ali que começou a frequentar a missa.
Quando pode retornar a viver com seus pais, foi matriculado na escola em Cremona. Em 19 de Maio de 1861 recebeu a Crisma na paróquia de Santa Ágata, em Cremona. Nesta época acompanhava sua mãe quando ela ia ajudar os pobres da cidade e frequentava muito a paróquia de Santo Alessandro, onde um tio materno era pároco.
Devido a uma queda da cama, sofreu uma lesão da coluna vertebral que lhe impedia de caminhar normalmente. Certo dia foi rezar em frente à imagem de Nossa Sra de Salette quando sentiu um impulso de levantar-se da cadeira de rodas e, milagrosamente, pode caminhar.
Ordenação
No outuno de 1871, Francisco entrou no Seminário Diocesando de Bérgamo como aluno "externo", isto é, ele morava com seu tio sacerdote e apenas frequentava as aulas de teologia e latim. No seu tempo livre, começou a ajudar um sacerdote chamado Luigi Palazollo, que viria a ser beatificado em 1963, e estava começando uma escola para pobres analfabetos, um oratório para jovens, e um grupo da Obra de Santa Dorotéa para moças. Francisco ajudava como professor e na orientação dos rapazes do oratório.
Progrediu rapidamente no Seminário, foi ordenado diácono em 22 de Maio de 1875 e sacerdote em 17 de Outubro do mesmo ano, pelo Bispo de Bérgamo, que pulou uma parte da liturgia de ordenação. Ao explicar seu erro para o Vaticano, foi ordenado que completasse a celebração em caráter privado. A Francisco, pediu: "Você tem o dever de ser duplamente bom, pois foi duplamente ordenado".
As Irmãs da Adoração
No Natal de 1875 foi em peregrinação para Roma. Na Catedral de Santa Maria Maior, em frente ao presépio, sentiu-se inspirado pela Virgem Maria, que teve a oportunidade única de adorar a Cristo na manjedoura, a convidar mulheres para adorar a Cristo na Eucaristia. Segundo ele, guardou isto no coração e retornou a Bérgamo, onde trabalhava com seu tio e Dom Luigi Palazollo.
No inverno de 1882 encontrou uma jovem chamada Catarina Comessoli, que desejava fundar uma congregação dedicada à Adoração Eucarística. Catarina era camareira da Condessa Hipólita Fé, que disse que financiaria uma casa. Com a aprovação do bispo, fundaram um novo instituto religioso, as Irmãs da Adoração do Santíssimo Sacramento, que deveria dedicar-se à Adoração Permanente e ajudar os pobres. Nas suas palavras, deveriam "adorar perpetuamente o Santíssimo Sacramento, fonte de força para nosso trabalho e reparação às ofensas feitas a Deus nestes tempos e, também, reunir todos que não fossem aceitos nos hospitais e casas de saúde, especialmente os pobres". Em sete anos, a ordem já tinham nove casas de acolhida, onde tratavam doentes e deficientes mentais.
Nesta época Francisco, com apoio da diocese, comprou terrenos para o novo instituto e escolas para os pobres. Mas as doações não eram suficientes para ajudar os pobres e pagar as dívidas, um novo bispo retirou o apoio financeiro da diocese e Francisco foi forçado a declarar a falência do instituto em 18 de Janeiro de 1889. Também foi destituído da administração do instituto.
Ordem das Irmãs Sacramentinas
Foi transferido para a Diocese de Cremona, onde chegou em 4 de Março de 1889. O Bispo lhe orientou apenas a fazer o bem e ajudar os pobres. Na nova diocese, após saber do fechamento do instituto, decidiu fundar uma nova obra sob a mesma inspiração. Em 8 de Setembro de 1891, com autorização do bispo, foi erigida a Ordem das Irmãs Sacramentinas. As irmãs pediu que "adorassem a Santíssima Eucaristia com o amor mais ardente e que fossem caridosas com os pobres".
Francisco e as irmãs costumavam visitar os doentes mais pobres da cidade. Certo dia entraram na casa de um rapaz que sofria de epilepsia, tremia muito, se debatia e babava pelo canto da boca. Percebeu que uma irmã queria sair dali, pois estava enojada. Então ele lhe corrigiu: "Nesse infeliz deveis ver a Jesus Cristo. Será feliz se no dia do teu juízo puderes responder que sim quando Cristo perguntar: o que fizeste por mim?"
Certo dia conheceu o abade beneditino Jacques Gauthey, que havia saído da França quando o governo expulsou todas as ordens do país. Ao conhecer melhor a congregação, pediu para entrar na ordem, tendo sido consagrado frade em 15 de Setembro de 1907, e passou a morar na Abadia de Acguafredda, dedicando-se à oração e terminar os estatutos das Irmãs.
Morte, milagres e canonização
Em 1910 escreveu seu testamento: "Dou graças aos sacerdotes que com sacrifícios e zelo me ajudaram ao longo da vida. Aqueles que voluntariamente ou não contribuíram para os meus sofrimentos e tristeza, digo que amo a todos, não tenho o menor rancor de ninguém e rezo ao Senhor Deus que lhes retribua com muitas graças na mesma proporção com que me fizeram sofrer, ou ainda mais graças do que isto".
Ao final de 1912 foi diagnosticado com câncer no estômago, celebrou sua última missa no Dia de Natal e faleceu em 6 de Fevereiro de 1913, enquanto fazia o sinal da cruz.
Para sua beatificação, foi considerada milagrosa a cura de uma postulante da ordem que caiu em um caldeirão de água fervente que resultou em queimaduras de terceiro grau e coma profundo. Duas religiosas, irmãs Dorina e Cristina colocaram uma imagem do Padre Francisco sobre o corpo da moça, que no dia seguinte acordou-se, disse sentir fome e pediu que avisassem sua mãe que estava curada.
O segundo milagre que conduziu a canonização ocorreu com um menino recém-nascido no hospital da ordem em Kinshasa, Congo. Sua mãe já estava levando-o para casa quando uma hemorragia fortíssima fez com que sangrasse intensamente. A mãe correu de volta ao hospital, mas os médicos disseram que não sabiam o que fazer, pois nada parava a hemorragia e já não havia sangue suficiente. Irmã Adelina correu a capela e começou a rezar pelo menino, que imediatamente parou de sangrar e recuperou-se. Francisco foi canonizado pelo Papa Francisco, em 14 de Outubro de 2018.
--autoria própria
Links:
Santos e beatos (em italiano)
Irmãs Adoradoras do Santíssimo Sacramento (italiano, inglês e francês)
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