Doutor da Igreja é um título dado pela Igreja Católica a alguns poucos santos reconhecidos pela sua significativa contribuição para a Teologia ou doutrina através de seus escritos. Duas condições são necessárias para se tornar um doutor da Igreja: grande qualidade doutrinária, refletida em escritos que influenciaram a Igreja; e alto grau de santidade na vida pessoal.
Os quatro doutores da Igreja Ocidental, quadro de Pier Francesco Sachi. Começando da esquerda, temos Agostinho, Gregório Magno, Jerônimo e Ambrósio. |
A forma dos escritos pode variar bastante, como as cartas de Santa Catarina de Sena, as poesias de Santa Hildegarde de Bingen, a auto-biografia de Santa Teresinha do Menino Jesuus e os livros de Santo Agostinho. As funções que exerceram na Igreja também são bastante variadas: Santo Éfrem era diácono, Santa Teresa de Ávila era irmã carmelita, São João da Cruz foi monge, São Roberto Belarmino foi bispo, São Leão Magno chegou a ser Papa.
Formalmente, um decreto da Congregação para Causas dos Santos deve proclamar o santo como doutor da Igreja, o que implicará em alterações na liturgia, como utilizar Mateus 5, 13-19 ("Tu és o sal da terra") como Evangelho do Dia e Eclesiástico 15, 5 ("No meio da assembléia abriste tua boca e Deus a encheu de sabedoria") na Oração da Manhã. Mártires não são proclamados doutores da Igreja, pois seu testemunho é de outra ordem, embora alguns mártires também tenham escritos que foram fundamentais na Igreja, como Santo Inácio de Antioquia, Santo Irineu de Lion e São Cipriano de Cártigo.
Na Igreja Ocidental, quatro santos eram tradicionalmente reconhecidos como doutores, o que foi formalizado em 1298 alterando a liturgia para explicitamente mencionar o título. Eles eram São Gregório Magno, Santo Ambrósio, Santo Agostinho e São Jerônimo. Distinção semelhante, mas não título, era dada pela Igreja oriental para três outros: São João Crisóstomo, São Basílio Magno e São Gregório Nazianzeno, que foram reconhecidos como doutores pelo Papa Pio V em 1568.
A lista atual de doutores da Igreja é composta por 36 nomes. ao lado de cada nome está data de nascimento e morte, principal função na Igreja e o ano da proclamação do título de doutor:
- Santo Ambrósio (340-397), bispo de Milão, proclamado doutor em 1298.
- Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona, 1298.
- São Jerônimo (347-420), monge, 1298.
- São Gregório Magno (540-604), papa, 1298.
- São Tomás de Aquino (1225-1274), padre e fundador dos jesuítas, 1567.
- Santo Atanásio (298-373), bispo de Alexandria, 1568.
- São Gregório Nazianzeno (329-389), arcebispo de Coonstantinopla, 1568.
- São João Crisóstomo (347-407), arcebispo de Constantinopla, 1568.
- São Basílio Magno (330-379), bispo da Cesaréia, 1568.
- São Boaventura (1221-1274), bispo de Albano, 1588.
- Santo Anselmo (1033-1109), arcebispo de Canterbury, 1720.
- Santo Inácio de Sevilha (560-636), bispo de Sevilha, 1722.
- São Pedro Crisólogo (406-450), bispo de Ravena, 1729.
- São Leão Magno (400-461), papa, 1754.
- São Pedro Damião (1007-1072), cardeal de Óstia, 1828.
- São Bernardo (1090-1153), monge cisterciense, 1830.
- Santo Hilário de Poitiers (300-367), bispo de Poitiers, 1851
- Santo Alfonso Ligório (1696-1787), bispo de Santa Ágata e fundador da Ordem dos Redendoristas, 1871
- São Francisco de Sales (1567-1622), bispo de Genova, 1877.
- São Cirilo de Alexandria (376-444), bispo de Alexandria, 1883.
- São Cirilo de Jerusalem (315-386), arcebispo de Jerusalém, 1883.
- São João Damasceno (676-749), monge, 1890.
- São Beda Venerável (672-735), monge, 1899.
- Santo Éfrem (306-373), diácono, 1920.
- São Pedro Canísio (1521-1597), padre, 1925.
- São João da Cruz (1542-1591), monge, 1926.
- São Roberto Belarmino (1542-1621), Arcebispo de Cápua, 1931.
- São Alberto Magno (1193-1280), bispo de Regensburg, 1931.
- Santo Antônio de Pádua (1195-1231), padre, 1946.
- São Lourenço de Brindisi (1559-1619), padre, 1959.
- Santa Teresa de Ávila (1515-1582), monja carmelita, 1970.
- Santa Catarina de Sena (1347-1380), irmã domenicana, 1970.
- Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897), monja carmelita, 1997.
- São João de Ávila (1500-1569), padre, 2012.
- Santa Hildegarde de Bingen (1098-1179), abadessa beneditina, 2012.
- São Gregório de Narek (951-1003), monge, 2015.
Os santos que viveram antes do cisma em 1054 também são reconhecidos pelas Igrejas Ortodoxas orientais. A Igreja Anglicana utiliza o termo "Professores da fé", mas a lista é bastante idêntica à Católica. Há alguns, como o Beato Ramon Llul que é popularmente conhecido como "Doutor Iluminado", mas este é apenas um título popular; até mesmo o Papa Bento XVI chamou, de maneira informal, São Máximo Confessor de "grande doutor da Igreja Grega".
Para nós, é certo que ler os textos dos doutores da Igreja é estar seguro de que os ensinamentos são inspirados pelo Espírito Santo e de grande proveito espiritual. Com todo respeito aos padres atuais, esta é uma lista de apenas 36 santos em 2000 anos de história, portanto são textos muito especiais que merecem a nossa leitura atenta.
-- autoria própria
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