2 de nov. de 2019

Santa Margarida Bays

Margarida Bays nasceu em Friburgo, Suiça em 8 de Setembro de 1815 e morreu em 27 de Junho de 1879, na mesma cidade em que havia nascido. Apesar de ter vivido toda sua vida ali, trabalhando como costureira e cuidando da família, teve uma vida bastante movimentada. Em especial, muitos acontecimentos tristes, em sequência, quando tinha cerca de 17 anos: a irmã Marie-Margueritte desfez o casamento; seu irmão Joseph meteu-se em brigas e acabou condenado à prisão; e o seu pai Claude teve um filho fora do casamento com uma mulher chamada Josette, e ainda foi morar com ela. 

Infância e juventude

Até ali a sua vida tinha sido estável. Havia nascido em uma família de fazendeiros, católicos devotos, tinha três irmãos e três irmãs, na escola era considerada boa aluna e demonstrava sua inteligência. Era um pouco quieta, dizia que preferia rezar a ficar de brincadeiras com outras crianças, mas nada muito diferente. No seu quarto montou um pequeno santuário a Nossa Senhora, com uma estátua, onde constantemente trazia novas flores em sua honra. Em 1823 recebeu o Crisma e em 1826 a Primeira Comunhão [sim, ao contrário dos dias atuais, o Crisma foi recebido antes]. 

Seus pais perguntaram, e até insistiram um pouco, para que procurasse um convento e entrasse na vida religiosa, mas a menina preferiu continuar em casa. Em 1830 iniciou o aprendizado para ser costureira. Nas horas vagas, ela começou a ajudar os pobres, nesta época muitos trabalhadores estavam sendo substituídos por máquinas, ela levava alimentos e costurava as roupas gratuitamente. 

Foi nessa época que os problemas na casa começaram, e as marcas de uma vida verdadeiramente santa surgiram. Em uma lição que vale para todos nós, certamente ela ouviu a pergunta: por que mesmo levando uma vida correta, indo às Missas, rezando terços em casa e ajudando os pobres, Deus permite destruir a casa, desgraçando a fama da irmã, um irmão preso, e o pai sair de casa para morar com a amante? No fundo, é a mesma pergunta que Satanás faz para Cristo no deserto: não seria melhor buscar fama, riqueza e poder agindo como todo mundo age? E se há algo para aprendermos com Santa Margarida Bays, é confiar em Deus em todas as horas e procurá-lo nos momentos de angústia, que ele irá nos escutar.

Vida adulta

Margarida tinha que caminhar 20 minutos para ir à Missa em Siviriez, e também para participar de momentos de Adoração Eucarística. Também foi onze vezes em peregrinação ao Santuário Mariano de Einsiedeln, que ficava a 170km de sua casa. A peregrinação era ir a pé, rezando o Rosário por todo caminho, dormindo em celeiros ou onde fosse possível, resistindo às feridas nos pés e ao cansaço.

Foi por esta época que descobriu a Terceira Ordem Franciscana, que consiste de leigos que se dedicam seriamente à caridade e evangelização, enquanto levam sua vida normal. 

Isto apenas reforçou sua decisão de continuar em casa, onde viria a cuidar de sua família, incluindo o meio-irmão que o pai havia tido com a amante, e até mesmo da amante, quando esta ficou doente. Além disso, tornou-se catequista de crianças, preparando-as para receber os sacramentos. Como havia decidido manter-se virgem, não aceitou propostas de casamento.

Cura do câncer, êxtases e estigmas

Quando tinha 38 anos foi diagnosticada com câncer no colo, que lhe resultava em tonturas, dor aguda no estômago e vômitos. Quando procurou um médico, este disse que não havia possibilidade de operação nem remédios para curar a doença, ou seja, estava condenada a morrer. Frente à morte, Margarida fez dois pedidos à Deus: que lhe curasse e fosse associada aos sofrimentos de Cristo. 

Em 8 de Dezembro de 1854, quando o Papa Pio IX proclamou a Virgem Maria como a Imaculada Conceição, isto é, que havia sido concebida sem pecado, Margarida foi curada. A partir daí, nas sextas-feiras, começou a entrar em êxtase, quando sentia as dores de Jesus Cristo e permanecia imóvel em sua cama. Um vizinho, François Memnetrey, deu este testemunho sobre os êxtases:

"Toda sexta-feira, as 3:00 da tarde, ela era transportada para fora do corpo, em um êxtase que durava por uma hora. Lembro claramente de vê-la durante estes êxtases, Margarida claramente caiu um estado que parecia como morta, toda vida havia se esvaído. Seu corpo parecia com um cadáver. Ficava lá por uma hora, após as 4:00 lentamente começava a recobrar os sentidos, como se estivesse acordando de um sono muito, muito profundo. Uma alegria intensa e divina iluminava sua face, ela respirava fundo e falava palavras de fé, amor e gratidão a Deus e sue Filho Jesus Cristo." 

Também recebeu os estigmas, e desta maneira Deus cumpria totalmente seus pedidos. É difícil saber exatamente quando os estigmas surgiram, por que ela não contou a ninguém, tentava o máximo possível esconder de todos, apenas pediu que o Bispo confirmasse sua autenticidade. Mas foi em vão e logo todos souberam do milagre. Margarida fez um novo pedido a Deus: que apenas sentisse as dores de Cristo, mas os estigmas deveriam ficar invisíveis a todos. E Deus assim fez.

Últimos anos e morte

Seus últimos anos foram de grande sofrimento físico, mas ela não falava sobre suas dores para os médicos, apenas dizia que era como um fogo queimando por dentro. Nos últimos meses, vivia apenas da Eucaristia e um chá de ervas que seu irmão lhe preparava. Segundo ele, carregá-la era como carregar um saco de ossos, mas um saco muito leve. Certo dia, ansiava por receber a Comunhão, mas como o padre estava atendendo outra família, um anjo veio dar-lhe o sagrado alimento. Uma sobrinha-neta estava presente e testemunhou o acontecimento. 

Um dia, no início da Quaresma de 1879, pegou seu crucifixo, beijou-o e disse: "Eu estou disposta a dar meu último suspiro em honra ao Sagrado Coração". Apesar de seu estado muito fraco, resistiu até as 3:00 da tarde, 27 de Junho de 1879, uma sexta-feira, e dia da Festa do Sagrado Coração. Esta foi a última graça que Deus lhe concedeu em vida.

Margarida considerava-se uma grande pecadora, que muito confiava em Deus. Várias vezes disse que "Somente a alma que reconhece sua própria miséria pode ter uma grande confiança em Deus, e se não tiver este conhecimento, é impossível confiar plenamente nEle". Também "Rezem uns pelos outros, rezem especialmente por mim por que sua realmente necessitada. Eu preciso do amor de Deus, este amor pelo qual não tenho méritos para recebê-lo"

Foi canonizada em 29 de Outubro de 1995 pelo Papa João Paulo II e canonizada em 13 de Outubro de 2019 na mesma cerimônia que Irmã Dulce também foi canonizada.

-- autoria própria



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