15 de nov. de 2020

A vaidade, o sétimo pensamento pecaminoso


 1. A vaidade desmancha a virtude de todas boas obras

A vaidade é uma paixão irracional que facilmente se enreda em todas as obras virtuosas.

Um desenho feito com água facilmente desaparece assim como a virtude em uma alma vaidosa. A mão escondida demonstra ser inocente e ação que permanece oculta resplandece como a luz mais forte.

A erva se adere a árvore e, quando chega no mais alto, seca a raiz, assim a vaidade se origina nas virtudes e não se afasta até que a tenha consumido toda sua força. Um cacho de uvas que cai no chão apodrece facilmente, a virtude que se apóia na vaidade, também perece.

O monge vaidoso, é um trabalhador sem salário, se esforça no trabalho mas não recebe nenhuma paga; o bolso furado não guarda seu conteúdo e a vaidade destrói toda sua recompensa.

A continência do vaidoso é como a névoa da manhã, ambos de desaparecem no ar. O vento apaga a bondade do homem assim como a esmola do vaidoso. A pedra lançada acima não chega aos céus e oração de deseja agradar aos homens não chega até Deus.

2. A vaidade torna inútil o jejum, a oração e a esmola.

A vaidade é como uma pedra no caminho, se tropeças nela, corres o risco de perder todas carga. O homem prudente esconde seu tesouro tanto como o monge sábio não fala de suas boas obras. A vaidade aconselha rezar nas praças, mas aquele que combate reza em seu quarto. 

O homem pouco prudente exibe sua riqueza para deixar aos outros com inveja. Tu, porém, deves esconder tuas coisas, durante o caminho podes até cruzar com assaltantes, mas chegarás na cidade em paz e poderás desfrutar de teus bens tranquilamente.

A virtude do vaidoso é um sacrifício que não está ofertado no altar de Deus. A preguiça consome o vigor da alma, enquanto a vaidade fortalece a mente daquele que se esquece de Deus, faz robusto o fraco e até o mais velho parece vigoroso. A vaidade torna inútil o jejum, a oração e a esmola, por que é a aprovação pública que excita tal zelo. 

Não troques tuas boas obras pela fama, nem renuncies a glória futura para ser aclamado na terra. Com efeito, a glória humana habita a terra e na terra se extingue tua fama, mas a glória de tuas virtudes permanecem para sempre.

-- Evágrio, monge (século IV), tradução própria

-- A imagem é uma gravura de James Todd, chamada Vanity, parte de uma série sobre os sete pecados capitais. Pode ser adquirida na Annex Galleries. 



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