22 de dez. de 2023

Sobre a benção de casais - Fiducia supplicans

Em 18 de Dezembro de 2023 Dicastério para a Doutrina da Fé publicou um document chamado Fiducia supplicans, que está disponível no site do Vaticano. Não há versão em português, então vou traduzir alguns trechos da versão em espanhol

9. Desde o ponto de visto estritamente litúrgico, uma benção requer que auqele que a recebe esteja em conformidade com a vontade de Deus manifestada nos ensinamentos da Igreja

10. As bençãos se celebram, de fato, em virtude da fé e objetivam o louvor a Deus e o proveito espiritual do povo. [...] Por isso, se convida a aqueles que pedem a benção de Deus através da Igreja a intensificar suas disposições internas na fé de que não há nada impossível e confiar na caridade que premia os que guardam os mandamentos de Deus.

11. Baseando-se nestas considerações, [...] a Congregação para Doutrina da Fé recorda que quando, com um rito litúrgico adequado, se invoca uma benção sobre alguma relação humana, aquilo que se bendiz deve corresponder as desígnios de Deus inscritos na Criação e plenamente revelados por Cristo, Nosso Senhor. Por isso, dado que a Igreja sempre considerou moralmente lícitas apenas as relações sexuais que se vivem dentro do matrimônio, não tem poder de conferir sua benção litúrgica quando está, de alguma maneira, pode oferecer uma forma legítimidade moral a uma união que se presume ser um matrimônio ou uma prática sexual extramatrimonial. 

31. Assim, no horizonte delineado neste documento, se coloca uma possibilidade de bençãos de casais em situações irregulares e casais do mesmo sexo, cuja forma não deve encontrar nenhuma forma fixa por parte das autoridades eclesiásticas, para não produzir confusão com a benção própria do sacramento do matrimônio. [...] As bençãos devem expressar uma súplica a Deus para que se conceda aquelas ajudas que provêm do Espírito Santo [...] para que as relações humanas possam amadurecer e crescer em fidelidade na mensagem do Evangelho [...].

32. A graça de Deus, de fato, atua na vida daqueles que não se consideram justos, mas que se reconhecem humildemente pecadores como todos. [...] Por isso, com incansável sabedoria e maternidade, a Igreja acolhe a todos que se aproximam de Deus com coração humilde, aompanhando-os com auxílios espirituais que permitam a todos compreender e realizar plenamente a vontade de Deus em sua existência. 

Comentário:

Agora é meu comentário particular, não partes de documentos da Igreja:: 

  • seria importante ter uma tradução oficial e completa do documento em português, espero que a CNBB esteja trabalhando neste sentido;
  • não podemos esquecer que todos somos pecadores e recebemos bençãos da Igreja para mudarmos nossas atitudes;
  • o documento começa reafirmando os ensinamentos da Igreja sobre a ilegitimidade de casamentos em segunda união e parcerias homossexuais, ou seja, a doutrina não mudou;
  • não haver uma fórmula para  a benção nestas situações permite aos padres adaptar a benção a cada caso particular mas, ao mesmo tempo, deixa a todos, padres, comunidades e Igreja, abertos a situações contrárias aos ensinamentos da Igreja;
  • considerando a alta probabilidade de confusões e mal-entendidos, não é de se estranhar que bispos tenham orientado os padres a não abençoar casais em situação irregular, prudência é uma virtude;
  • a benção deve ressaltar a importância de modificar o comportamento individual, saindo da atual situação de pecado;
  • como sempre, a imprensa não leu o documento completo, ou se leu, destacou apenas o que interessa a sua agenda.






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