A Cruz é um escândalo
Como disse São Paulo, "a Cruz é um escândalo" por que é impossível entender que alguém com poder para evitá-la, prefira, conscientemente, passar por todo sofrimento. É um escândalo por que a razão humana não a aceita. E assim é com todo sofrimento, sempre buscamos a tranquilidade, a felicidade e a alegria, mas, em muitos momentos da vida, encontramos o sofrimento. A Cruz de Cristo só pode ser explicada se você olhar além dela, para a Ressurreição. É ela que lança uma nova luz sobre o sofrimento de Cristo, é ela que pode lançar uma nova luz para explicar nossos sofrimentos diários.
A descida da Cruz, de Jean Jouvenet |
Sempre que estamos doentes, percebemos nossos limites. Se a doença for mais grave, vemos a morte de perto. Se estamos sofrendo por que uma pessoa amada faleceu, então é exatamente a morte que estamos contemplando, estamos contemplando nossos limites temporais, que um dia nossos dias na Terra terminarão, que nossos dias de tranquilidade, felicidade e alegria são necessariamente limitados. Não sofremos apenas por doença, sofremos emocionalmente em muitas situações, por exemplo, se uma pessoa amada nos abandona ou trai, se sofremos uma injustiça, uma falsa acusação que nos leva a perder o emprego. Muitas pessoas, frente ao sofrimento, caem no desespero, perdem a esperança de uma vida melhor, e terminar por tirar a própria vida.
O sofrimento no Antigo Testamento
No Antigo Testamento há muitos exemplos de pessoas que sofreram. José foi vendido pelos irmãos para ser levado ao Egito como escravo, traído pela própria família que ele amava. No Egito foi acusado falsamente por uma mulher e posto na cadeia. Jó tinha filhos, muitos bens, uma vida estável. Perdeu a saúde, tinha feridas, os ex-amigos o abandonaram, perdeu filhos, esposa, os bens. Mas, anos depois, José entende o plano de Deus, como tinha que estar no Egito e ser preso para conhecer o chefe da guarda, saber dos sonhos do Faraó, para se tornar o administrador do reino, salvar sua família e perdoar os irmãos. Jó, um homem inocente que sofreu, louvava a Deus por tudo, reconhecia o poder de Deus, sabia que Deus lhe havia dado a vida e tudo mais, e também tinha poder para retirá-la. Mantendo sua fé, recuperou tudo que possuía, mas agora não por seu esforço, mas pela compaixão de Deus. José, traído pelos seus irmãos para salvá-los, prefigura Cristo traído por seu discípulo; Jó, o homem inocente sofredor, prefigura Cristo, inocente e sofredor.
A Paixão de Cristo
Cristo, o filho de Deus nascido homem, nos amou até o extremo, até perder todas as forças, até morrer na Cruz, aceitou o sofrimento de maneira total e perfeita. Na Última Ceia, Cristo mesmo explicou: Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos (Jo 15, 13). Cristo sofreu na Cruz para nos dar a vida definitiva, a vida eterna. Naquela noite Cristo venceu a morte e dos infernos retornou vitorioso, ó noite maravilhosa (Pregão Pascal). Nesta noite nascemos novamente, livres do mal e do pecado, perdemos o medo da morte e podemos enfrentar o sofrimento de frente. É a ressurreição que explica a Cruz.
Sendo obediente ao Pai até o final, até sua morte, Jesus elimina a raiz de todos os sofrimentos. É o ápice de todos os milagres, pois até ali Jesus havia curados a muitos, ressuscitado alguns, tocado outros com sua palavra, mas na Cruz realizou um milagre que beneficia a todos, inclusive a nós que estamos há dois mil anos longe de Jerusalém. É nesta cruz que Cristo cura nossas fraquezas físicas e espirituais.
Por que Cristo escolheu a Cruz? Sendo Filho de Deus Onipotente e Onisciente, Cristo poderia salvar a todos com um estalar de dedos, um momento mágico, não precisaria escolher o caminho da Cruz. Mas esta solução tiraria toda nossa liberdade de escolha, o livre arbítrio que nos faz humanos e não robôs. Ao mesmo tempo seria como dizer que nossos pecados não são importantes, que nossas escolhas são irrelevantes, seria como como dizer: "Tudo bem, é só uma criancinha mesmo." Como adultos precisamos entender que nossas escolhas tem consequência, que nossos pecados nos afastam da Salvação de Jesus Cristo. Não está sempre tudo bem, muitas vezes é preciso retormar o caminho, e por isso a Igreja nos oferece o sacramento da Reconciliação.
Nossos sofrimento, a nossa Cruz
Muitos santos mudaram sua vida ao passar por uma enfermidade grave, como São Francisco e Santo Inácio de Loiola, que se converteram enquanto estavam convalecendo. Esta é uma experiência também comum para nós, pois certamente já ouvimos algo como "Fulano se curou de um câncer e agora é uma ppessoa mudada". Para estes santos, foi na doença em que Cristo lhes convidou: "Siga-me! Toma tua Cruz, una-se a Mim, encontre tua Salvação!".
Nesta Semana Santa, é isto que Cristo está nos dizendo também: olhe para a tua Cruz, seja ela qual for, talvez um marido bêbado e violento, talvez uma traição, uma doença, uma injustiça, o desemprego, abraça a tua Cruz, esta é a Cruz da tua Salvação, identifique tua cruz, precisas saber qual é a tua cruz por que ela é essencial para ti. Abrace esta Cruz e siga a Juesus, ame a tua Cruz e tua vida mudará, por que após a Cruz está a Ressurreição de Cristo, a vitória sobre a morte!
Nesta Semana Santa, é isto que Cristo está nos dizendo também: olhe para a tua Cruz, seja ela qual for, talvez um marido bêbado e violento, talvez uma traição, uma doença, uma injustiça, o desemprego, abraça a tua Cruz, esta é a Cruz da tua Salvação, identifique tua cruz, precisas saber qual é a tua cruz por que ela é essencial para ti. Abrace esta Cruz e siga a Juesus, ame a tua Cruz e tua vida mudará, por que após a Cruz está a Ressurreição de Cristo, a vitória sobre a morte!
-- co-autoria com minha esposa após lermos a Carta Apóstólica Salvifici Doloris, do Papa João Paulo II.
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