18 de abr. de 2020

Imolação premeditada, Santa Gianna Molla

Gianna Beretta nasceu na cidade de Magenta, perto de Milão, em 4 de Outubro de 1922, a décima filha dos seus pais Alberto e Maria Beretta, que viriam a ter outros três filhos. A família morava próxima a Basílica de São Martinho, em Magenta, e nela Gianna foi batizada. Três dos seus irmãos se tornaram religiosos: Enrico, um missionário capuchinho que veio ao Brasil; Giuseppe, padre na diocese de Bérgamo; e Virginia, médica e religiosa canosiana.

Na sua infância, a família foi morar em Bérgamo (1925) e, depois, em Genova (1937). Foi nesta cidade que Gianna estudou na Escola Santa Dorotéia e participava dna paróquia de São Pedro, onde Dom Mario Righetti era o pároco. Em 1941, durante a II Guerra, a família decidiu sair de Bérgamo, que estava sendo bombardeada, para ir morar com o avô materno. No ano seguinte, Gianna começou a estudar medicina, primeiro em Milão, depois Pavia, onde formou-se em 30 de Novembro de 1949. Durante a sua adolescência e depois na faculdade, sempre participou ativamente da Ação Católica e do grupo das Damas de São Vicente, ia diariamente às missas, visitava o Santíssimo Sacramento e recitava o Rosário.

Gianna, médica

Gianna abriu seu consultório em Mesero e começou a atender pacientes enquanto especializava-se em Pediatria. Seu plano era vir para o Brasil onde estava seu irmão como missionário, onde poderia atender às mulheres pobres, porém devido a sua saúde frágil, foi aconselhada a permanecer na Itália.  Sobre sua profissão, Gianna escreveu:

"Todos trabalham para o benefício das pessoas, mas nós, doutores, trabalhamos diretamente nas pessoas. O grande mistério é que um homem é como Jesus: 'Aquele que visitar um doente, é a mim que ajuda'. Assim como o presbítero pode tocar Jesus, nós também tocamos Jesus no corpo de nossos pacientes, nós temos a oportunidade de fazer o bem de uma forma que os padres não podem. Nossa missão não termina quando os remédios já não tem efeito, devemos conduzir as almas a Deus; nossa palavra tem alguma autoridade. Médicos católicos são necessários!"

Gianna, esposa e mãe

Em Dezembro de 1954 conheceu Pietro Molla, um engenheiro, e casaram-se menos de uma ano depois, em 24 de Setembro de 1955, na mesma igreja onde fora batizada, a Basílica de São Martinho em Magenta. Permanecendo aberta à vida, logo tiveram três filhos: Pierluigi (1956), Mariolina (1957) e Laura (1959).

Em 1961 engravidou pela quarta vez, mas no segundo mês de gravidez desenvolveu um fibroma (tumor, em geral benigno) no útero. Os médicos deram três opções de tratamento:

- abortar a criança e fazer um tratamento, mas mantendo a possibilidade de outra gravidez;
- retirar o útero, o que também resultaria na morte da criança e esterilidade;
- retirar apenas o fibroma, preservando a vida da criança, mas arriscando a vida da mãe.

Gianna, que era médica e entendia perfeitamente os riscos de cada opção, foi clara na sua decisão, salvem a criança. Para os médicos e o marido, sua ordem foi clara: "Se houver necessidade de escolher entre eu e o bebê, não hesitem; escolhem, eu exijo, o bebê. Salvem minha filha!"

Na manhã de 21 de Abril de 1962, Sábado Santo, Molla foi conduzida ao hospital para uma cesariana, nasceu sua filha Gianna Emanuela. Santa Gianna continuou sofrendo com dores severas e uma septicemia, falecendo uma semana depois, em 28 de Abril. Sua filha, Gianna Emanuela sobreviveu e tornou-se médica geriátrica.

Comentando sobre a escolha de Santa Gianna, o Papa Paulo VI descreveu-a como sendo "uma jovem mãe da Diocese de Milão que, para dar a vida à sua filha sacrificava, com imolação premeditada, a própria". Desta maneira, com total conhecimento científico e suas dores, Santa Gianna seguiu o exemplo de Jesus Cristo e muitos outros santos, dando sua vida em favor da vida.

Milagres e canonização

Mesmo que seu plano de vir ao Brasil ajudar mulheres não tenha se concretizado, os dois milagres que conduziram a sua canonização foram exatamente ajudando mulheres doentes no Brasil. O primeiro salvou Lucia Sylvia Cirilo, que após o nascimento do quarto filho, teve uma infecção na área vaginal. Como morava em Grajaú, uma pequena cidade do Maranhão e a mesma cidade onde o irmão de Gianna havia sido missionário, a solução seria transferi-la para São Luís, mas quase certamente não haveria tempo para tanto. Uma irmã no hospital ao saber da situação,  começou a orar pedindo que Santa Gianna intercedesse. A ferida inflamada curou-se e cicatrizou quase imediatamente, salvando Lucia. O segundo milagre salvou o quarto bebê de Elisabete Comparini, de Franca/SP: a mãe, cujo útero rompeu-se no terceiro mês de gravidez, perdeu todo líquido amniótico Como a mãe recusava-se a abortar, os médicos mantiveram a gravidez e a criança nasceu saudável meses depois, um fato sem explicação científica. 

Santa Gianna Beretta Molla foi beatificada em 1994 e canonizada em 2004, ambas cerimônias presididas pelo Santo Papa João Paulo II, que também lhe concedeu o título de "Mãe de Família".

Por fim, duas frases de Santa Gianna:

"Nosso corpo é um cenáculo, um ostensório: deve resplandecer como um cristal para que o mundo possa ver a Deus".

"Amor e sacrifício estão intimamente ligados, como a o Sol e a luz. Não há amor sem sofrimento, não há sofrimento sem amor".


-- autoria própria


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