Alexandrina Maria da Costa, também conhecida como Beata Alexandrina de Balazar, foi uma mística portuguesa, que nasceu em 30 de Março de 1904 e morreu em 13 de Outubro de 1955, tendo passado quase toda vida na sua cidadezinha natal de Póvoa do Varzim, num povoado chamado Calvário.
O pai abandonou a família, sendo criada apenas pela mãe, pode estudar apenas por dezoito meses, já com nove anos trabalhava nas fazendas. Quando tinha 12 anos, estava ajudando a fazer um tapete de flores para a Procissão do Santíssimo, enquanto colhia flores, teve sua primeira experiência mística ao começar a sangrar na cabeça; segundo ela, Jesus lhe colocou uma coroa de espinhos e passou a chamá-la Alexandrina das Dores.
Paralisia
Aos 14 anos, no Sábado Santo de 1918, estava com a irmã e outra menina em casa, trabalhando com costura, quando quatro homens forçaram a porta de entrada. Para escapar do ataque, Alexandrina pulou de uma janela com mais de quatro metros de altura, quebrando uma ou mais vértebras. Até os 19 anos ainda conseguia se arrastar até a Igreja, onde permanecia em oração quase todo dia.
Segundo Alexandrina, até 1928, dez anos após o ataque, ainda pedia a graça da cura, prometendo que sairia como missionária pelo mundo, até que compreendeu que sua salvação seria pelo sofrimento. Disse que "Nossa Senhora concedeu-me uma graça ainda maior. Depois da resignação deu-me a conformidade completa à vontade de Deus e, por fim, o desejo de sofrer”, e também que "Jesus, tu és prisioneiro no Tabernáculo. E eu por tua vontade prisioneira na minha cama. Far-nos-emos companhia”.
Paixão de Cristo
De sexta-feira, 3 de Outubro de 1938 a 24 de Março de 1942, ou seja por 182 vezes, viveu, em todas as sextas-feiras, os sofrimentos da Paixão: Alexandrina, superando o estado habitual de paralisia, descia da cama e com movimentos e gestos, acompanhados de angustiantes dores, repetia, por três horas e meia, os diversos momentos da Via Crucis. Depois disso, a partir de 27 de Março de 1942, Alexandrina deixou de se alimentar, vivendo exclusivamente da Eucaristia por 13 anos, até sua morte.
Em 1936, Jesus falou-lhe que deveria escrever ao Papa para que ele consagrasse o mundo ao Coração Imaculado de Maria, este pedido foi renovado várias vezes, até que em 31 de Outubro de 1942 o Papa Pio XII celebrou esta consagração em língua portuguesa, e renovou-a, no Vaticano, em 8 de Dezembro, na Festa da Imaculada Conceição.
Neste ponto da vida, a sua fama de santidade já era conhecida e muitas pessoas vindas de longe visitavam-na, pediam conselhos e orações. De sua cama, pedia que as pessoas organizassem novenas, jejuns e rezassem intensamente. tournou-se também uma colboradora salesiana.
Falecimento e beatificação
No início de 1955 foi-lhe revelado que deveria preparar-se, pois morreria ainda naquele ano. Em 12 de Outubro pediu a Unção dos Enfermos, no dia seguinte rezou o rosário em honra à Nossa Senhora de Fátima e faleceu tranquilamente, após declarar: “Sou feliz porque vou para o céu”.
Sobre seu túmulo, que está numa capela na igreja de Balazar, pediu para escrever:
“Pecadores, se as cinzas do meu corpo puderem ser úteis para a vossa salvação, aproximai-vos: passai todos por cima delas, pisai-as até desaparecerem, mas não pequeis mais! Não ofendais mais o nosso Jesus! Pecadores, queria dizer-vos tantas coisas. Não bastaria este grande cemitério para escrevê-las todas! Convertei-vos! Não queirais perder a Jesus por toda a eternidade! Ele é tão bom!... Amai-O! Amai-O! Basta de pecar!”
Alexandrina foi beatificada em 25 de Abril de 2004 pelo Papa João Paulo II, que assim falou sobre ela:
" "Tu me amas?", pergunta Jesus a Simão Pedro. Ele responde: "Tu sabes tudo, Senhor, bem sabes que te amo." A vida da Beata Alexandrina Maria da Costa pode resumir-se neste diálogo de amor. Investida e abrasada por estas ânsias de amor, não quer negar nada ao seu Salvador: de vontade forte, tudo aceita para mostrar que o ama. Esposa de sangue, revive misticamente a paixão de Cristo e oferece-se como vítima pelos pecadores, recebendo a força da Eucaristia que se torna o único alimento dos seus últimos treze anos de vida. Pela esteira da Beata Alexandrina, expressa na trilogia sofrer, amar, reparar, os cristãos podem encontrar estímulo e motivação para nobilitar tudo o que a vida tenha de doloroso e triste com a prova maior de amor: sacrificar a vida por quem se ama. (…) O amor a Cristo é o segredo da santidade!"
Por obediência aos seus diretores espirituais, escreveu vários diários e relatos de experiências místicas que estão publicados.
-- autoria própria.
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