5 de jun. de 2020

Beato Franz Jägerstätter, mártir do governo nazista

Franz nasceu na Áustria em 20 de Maio de 1907, seu pai morreu como soldado durante a I Guerra Mundial e sua mãe casou novamente com Heinrich Jägerstätter, que o adotou como filho, inclusive mudando o seu sobrenome.

Como jovem, ele trabalhava na fazenda do pai, depois nas minas. Era membro de uma gang de motociclistas, e até chegou a ser preso por algumas confusões e brigas que participou. Quando seu pai morreu, ele assumiu a fazenda. Em 1936 engravidou sua futura esposa, casaram-se e decidiram que a lua de mel seria uma peregrinação a Roma. 

Em 1938, a Alemanha anexou a Áustria. Na sua vila, Franz foi a única pessoa que votou contra, mas as autoridades preferiram mentir que a votação havia sido unânime em favor dos nazistas. Após o início da guerra, em 1940 Franz foi chamado para treinamento militar, do qual participou por sete meses. Através de um pedido do prefeito, Franz retornou para casa. Neste tempo entrou para a Terceira Ordem de São Francisco e tornou-se sacristão da igreja de Sankt Radegund. 

Conforme os crimes cometidos pelos nazistas foram se tornando mais conhecidos da população e a perseguição religiosa aumentando, Franz decidiu que não poderia lutar por aquele governo. Discutiu isto com o padre e o bispo, ambos aconselharam-no a pensar na sua família, pois já tinha 3 filhos. Sua ida para o Exército foi sendo adiada por pedidos das autoridades locais que o consideravam essencial na cidade.

Mas em 23 de Fevereiro de 1943 foi finalmente chamado para o serviço ativo. Franz apresentou-se no quartel em 1o. de Março, na cidade de Enns, recusou-se a prestar o obrigatório juramento a Hitler e ofereceu-se para trabalhar no corpo médico. Sua oferta foi recusada e ele foi imediatamente preso.

Na Semana Santa escreveu para sua esposa: "A Páscoa está chegando, se for a vontade de Deus que não possamos novamente celebrar a Páscoa unidos como família neste mundo, ainda podemos olhar com confiança para o futuro pois celebraremos uma Páscoa eterna nos céus, todos nós estaremos lá, e poderemos nos alegrar pois estaremos eternamente reunidos". Da Áustria, foi transferido para Berlim, onde seria julgado.

Túmulo do Beato Franz




Seu advogado de defesa perguntou-lhe por que não fazia como todos os outros católicos que estavam servindo no Exército, defendendo seu país, sua família. Franz respondeu: "Eu só posso agir de acordo com a minha consciência, não posso julgar a ninguém. Tenho pensado na minha família, rezado, e colocado minha esposa e filhos nas mãos de Deus. Eu sei o que Deus quer na minha vida e que Ele cuidará da minha família". 

Em outro momento escreveu: "Eu não trocaria a minha cela pequena e suja por um palácio real se tivesse que renunciar a minha fé. Discípulos de Jesus devem aprender que o sofrimento é inevitável e aprender de Cristo que a nossa é uma religião da Cruz"

Numa carta para sua esposa, escreveu: "Nossos laços com Deus devem ser mais fortes que o amor que devotamos à família. Com certeza sabes que devemos amar mais a Deus que nossas vidas e temos que estar prontos para abandonar nos amores terrenos para não ofendermos a Deus por nada".

Em 8 de Agosto, Franz escreveu uma última carta à sua esposa: "Querida esposa e mãe, eu te agradeço, do meu coração, por tudo que fizeste na minha vida, por todos sacríficios que estás passando por causa de mim. Eu te peço que me perdoes se tenho te ofendido, assim como tenho perdoado a todos. Meu coração está com meus queridos filhos, tenho implorado a Deus que reserve um pedaço do céu para cada um de nós. Dou graças também ao nosso Salvador porque pude sofrer por Ele. Confio na sua infinita misericórdia; espero que Ele me perdoe tudo e não me abandone na minha última hora... Observai os mandamentos e, com a graça de Deus, ver-nos-emos em breve no Céu!"

Beato Franz foi decapitado e cremado no dia seguinte. Suas cinzas foram transferidas para o cemitério da sua cidade quando terminou a guerra, em 1946, junto ao de outros 60 que morreram como soldados durante a guerra. 

Após a morte de Franz, sua esposa escreveu ao bispo: "Eu perdi meu querido marido e o pai de meus filhos, mas posso assegurar que o nosso era um dos casamentos mais felizes da paróquia, que muitas pessoas nos invejavam. Mas quis o bom Deus que não permanecêssemos juntos, tenho a certeza que nos reencontraremos nos céus, onde a guerra não irá nos separar".

Papa Bento XVI declarou-o mártir da fé católica e a beatificação aconteceu em 26 de Outubro de 2007, na cidade de Linz, Áustria. 

-- autoria própria

 * Homília no solene rito de Beatificação de Franz Jägerstätter , que foi presidida pelo Cardeal José Saraiva Martins.




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