24 de out. de 2020

A preguiça, o sexto pensamento pecaminoso


A preguiça para rezar enfraquece a alma

A preguiça é debilidade da alma que ocorre quando não se vive segundo a natureza nem se enfrenta nobremente a tentação. En efeito, a tentação é para uma alma nobre o que é o alimento para um corpo vigoroso.

O vento do norte nutre os brotos das plantas e as tentações consolidam a firmeza da alma. Uma nuvem vazia de água é espalhada pelo vento como a mente daquele que não tem perseverança é dispersa pela preguiça.

O tempo primaveril alimenta o fruto do campo e a palavra espiritual fortalece a alma. A preguiça não permite ao monge rezar, retira-o de sua atividade, enquanto que o perseverante está sempre tranquilo.

O preguiçoso usa como pretexto a visita aos doentes, apenas para garantir seu próprio objetivo. O monge preguiçoso é rápido em terminar seu ofíxio e considera, antes de tudo, a sua satisfação.

A planta débil é dobrada por uma leve brisa, e imaginar um motivo para não rezar é alegria para o monge preguiçoso. Uma árvore bem plantada não é abalada nem pelos ventos fortes e a preguiça não ataca um uma alma bem nutrida.

Um monge que se deixa levar pelos pecados, é como um barquinho no meio do rio violento, sem querer é levado para cá e para lá. O monge vagabundo não dá frutos de virtude, assim como uma árvore transplantada morre facilmente. O doente não se satisfaz com apenas um alimento, assim o monge preguiçoso com sua única ocupação de rezar.

Não basta apenas um mulher para satisfazer o voluptuoso, e não basta apenas a solidão para o preguiçoso.

A oração cura a preguiça

Os olhos do preguiçoso está sempre olhando para as janelas e, em sua mente, imagina estar recebendo visitas. A porta se abre e ele salta de alegria, escuta uma voz e já vai olhar pela janela e não se afasta dali até se cansar de estar sentado.

Quando está lendo, o preguiçoso boceja muito, se deixa levar facilmente pelo sono, esfrega seus olhos, se estica, tira os olhos do livro, olha para a parede, volta a ler mais um pouco, conta as palavras, calcula os parágrafos, despreza as letras e, finalmente, fechando o livro, coloca de lado e cai em um sono muito profundo, mas logo é acordado pela fome e a alma se enche de suas preocupações.

O monge preguiçoso é frouxo na oração e certamente jamais pronuncia as palavras na oração, assim como um doente jamais consegue carregar um peso excessivo. Um monge preguiçoso não se ocupa de seus deveres frente a Deus com diligência; enquanto ao doente falta força física, o preguiçoso tem uma alma enfraquecida.

A paciência, fazer tudo com muita constância e temor de Deus cura a preguiça. Defina para si mesmo atividades adequadas e não desistas antes de tê-las concluído; reze prudentemente, com a força do espírito, a preguiça se afastará de ti.


-- Evágrio, monge (século IV), tradução própria

-- A imagem é uma gravura de James Todd, chamada Sloth, parte de uma série sobre os sete pecados capitais. Pode ser adquirida na Annex Galleries. 


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