Imita, portanto, a morte, que se separa da união com esta carne e desata os laços de que fala o Senhor mediante Isaías: Desata as cadeias iníquas, solta os laços das altercações violentas, deixa livres os oprimidos, rompe todo limite injusto (Is 58,6). O Senhor aceitou sujeitar-se à morte para que a culpa desaparecesse. Mas, para não ser de novo a morte o fim da natureza humana, foi-lhe dada a ressurreição dos mortos, para que pela morte se apagasse a culpa, pela ressurreição se perpetuasse a natureza.
Por isso, a morte é a passagem de tudo. É preciso que passes continuamente; passagem da corrupção para a incorrupção, da condição mortal à imortalidade, das perturbações para a tranqüilidade. Por isto não te assuste a palavra morte, mas os benefícios da boa passagem te alegrem. Pois, que é a morte a não ser a sepultura dos vícios, o despertar das virtudes? Por isto disse ele: Morra minha alma nas almas dos justos (Nm 23,10), quer dizer, seja consepultada para depor seus vícios, assumir a graça dos justos, que trazem no corpo e na alma a morte de Cristo.
-- Do Tratado sobre o benefício da morte, de Santo Ambrósio, bispo (século IV)
-- A imagem é um quadro chamado O Martírio de São Sebastião , de Michiel Coxie, pintura em óleo, de 1575. São Sebastião não morreu a flechadas, pois os executores não perceberam que ele ainda estava vivo. Uma mulher cristã foi ao local de execução para recuperar o corpo quando percebeu que ele ainda estava vivo. Ela escondeu-o em sua casa e tratou as feridas. Ao se recuperar, São Sebastião foi até o Imperador anunciar que a morte não tinha poder sobre ele. Novamente condenado à morte, desta vez São Sebastião foi ao encontro do Pai.
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