1 de jan. de 2019

Santo Papa Paulo VI, o papa que moldou a Igreja atual

Diácono Montini no dia de sua ordenação.
Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini nasceu em 26 de Setembro de 1897, seu pai era advogado, jornalista e membro do parlamento italiano, sua mãe vinha de uma família de nobres. Estudou em uma escola mantida pelos jesuítas, depois passou para a escola pública, onde completou o ensino médio. Entrou direto no Seminário em 1916, com 18 anos, e foi ordenado padre em 29 de Maio de 1920. No mesmo ano defendeu sua tese e obteve um doutorado em Direito Canônico, isto com apenas 22 anos. 

Atividades no Vaticano

Em 1920, começou a trabalhar na Secretaria de Estado do Vaticano e em 1923 foi nomeado Núncio Apostólico para a Polônia. Ao ver a política do país e o nacionalismo fanático da população, escreveu avisando que a paz em que estavam vivendo era apenas uma situação transitória entre duas guerras. De fato, a I Grande Guerra já havia sido concluída e a II Grande Guerra começaria justamente pelo ataque a Polônia. 

Retornou a Roma em 1931 como responsável pelo treinamento de novos diplomatas, em 1937 o então Secretário de Estado Cardeal Pacelli o nomeou para o segundo posto na secretaria. Em 1939, quando Pacelli foi eleito Papa Pio XII, manteve a posição, agora trabalhando junto com o novo Secretário de Estado Luigi Maglione. Devido a sua posição, reunia-se com o Papa praticamente todos os dias, até 1954. 

Durante a guerra coordenou os esforços de ajuda aos perseguidos. Apenas na residência de verão dos Papas, Castel Gandolfo, 15 mil pessoas foram abrigadas, eram soldados aliados que haviam fugido dos campos de prisioneiros, judeus ou comunistas; e depois da liberação de Roma, também soldados alemães que haviam auxiliado a Igreja. Giovanni Montini também era responsável pela troca de mensagens secretas entre as igrejas e conventos onde haviam outros refugiados, em seis anos de guerra, foram 10 milhões de mensagens e pedidos de ajuda.

Arcebispo de Milão

Em 1954 foi nomeado Arcebispo de Milão e Secretário da Conferência dos Bispos Italianos, o Papa Pio XII, que já estava adoentado, anuncio da sua cama a nomeação de Montini como um presente para o povo de Milão. Como bispo, ele reorganizou as estruturas de assistência aos pobres da cidade. Uma das suas iniciativas mais importantes foi o programa "Mil vozes", quando todos 500 padres, seminaristas e muitos leigos da diocese foram chamados a anunciar o Evangelho onde o povo se encontrasse: fábricas, casa, escolas, parques, hospitais, hotéis, etc... 

No consistório que elegeu o Papa João XXIII, mesmo não sendo cardeal, Arcebispo Montini foi votado para suceder Pio XII. Quando o Concílio Vaticano II foi anunciado, ele foi indicado como membro da Comissão de Preparação e, a pedido do Papa, passou a morar em Roma. Além do concílio, foi enviado pelo Papa para representá-lo em diversos países, na África, Brasil e Estados Unidos.  

Papa PauloVI

Em 21 de Junho de 1963 foi escolhido como o novo Papa, assumindo o nome de Paulo VI. No seu diário escreveu: "Antes eu já era solitário, mas agora minha solidão é completa". Sua primeira decisão fundamental foi concluir o Concílio Vaticano II, emfrentando grandes controvérsias dentro e fora da Igreja. Apesar de tudo, em 8 de Dezembro de 1965 o Concílio foi concluído e seus textos publicados. A parte mais visível é a autorização para celebrar missas na língua de cada país, mas há outros aspectos fundamentais para a Igreja, como o chamado a santidade para todos membros da Igreja, a aproximação com outras igrejas cristãs e reorganização da Curia Romana.  

Além disso, escreveu encíclicas que são decisivas para a Igreja atual: Mysterium Fidei, onde reafirma a presença de Cristo na Eucaristia; Populorum Progressio, sobre a necessidade de salários justos e boas condições de trabalhos para todos; Sacerdotalis Caelibatus, sobre a prática de celibato por padres na igreja ocidental; e, acima de todas, Humanae Vitae, sobre o verdadeiro amor conjugal, que inclui uma discussão sobre práticas de contracepção:

O amor conjugal exprime a sua verdadeira natureza e nobreza, quando se considera na sua fonte suprema, Deus que é Amor (1Jo 4, 8), "o Pai, do qual toda a paternidade nos céus e na terra toma o nome". (Ef 3, 15)

O matrimônio não é, portanto, fruto do acaso, ou produto de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente do Criador, para realizar na humanidade o seu desígnio de amor. Mediante a doação pessoal recíproca, que lhes é própria e exclusiva, os esposos tendem para a comunhão dos seus seres, em vista de um aperfeiçoamento mútuo pessoal, para colaborarem com Deus na geração e educação de novas vidas.

Depois, para os batizados, o matrimônio reveste a dignidade de sinal sacramental da graça, enquanto representa a união de Cristo com a Igreja. 

Ainda como Papa, elegeu como cardeais seus três sucessores: Alberto Luciano (João Paulo I), Karol Wojtyla (João Paulo II) e Joseph Ratzinger (Bento XVI). 

Morte e canonização

Em 14 de Julho de 1978, o Papa Paulo VI estava bastante adoentado e foi para Castel Gandolfo repoousar. Tinha problemas de respiração e necessitava de oxigênio. No domingo 6 de Agosto, participou da Missa da Missa do seu leito. ao receber a Eucaristia, sofreu um ataque cardíaco, mas resistiu por mais três horas, falecendo às 21:41. Por seu pedido, foi enterrado na terra, na cripta do Vaticano e não em uma tomba ornamentada.  


Dois milagres de cura foram reconhecidos pelo Vaticano, ambos de crianças ainda no ventre das suas mães, que nasceram saudáveis após seus pais orarem pela intercessão do santo. Sua canonização ocorreu em 14 de Outubro de 2018, tendo sido celebrada pelo Papa Francisco. 

-- autoria própria

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