25 de dez. de 2017

Homília de Natal

Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com promessa da eternidade.

Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque nosso senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida.

Quando chegou a plenitude dos tempos, fixada pelos insondáveis desígnios divinos, o Filho de Deus assumiu a natureza do homem para reconciliá-lo com seu criador, de modo que o demônio, autor da morte, fosse vencido pela mesma natureza que antes vencera.

Eis por que, no nascimento do Senhor, os anjos cantam jubilosos: Glória a deus nas alturas; e anunciam: Paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2,14). Eles vêem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo. Diante dessa obra inexprimível do amor divino, como não devem alegrar-se os homens, em sua pequenez, quando os anjos, em sua grandeza, assim se rejubilam?

Amados filhos, demos graças a Deus Pai, por seu Filho, no Espírito Santo; pois, na imensa misericórdia com que nos amou, compadeceu-se de nós. E quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo (Ef 2,5) para que fôssemos nele uma nova criação, nova obra de suas mãos.

Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne.

Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que cabeça e de corpo és membro. Recorda-te que foste arrancado do poder das trevas e levado para a luz e o reino de Deus.

Pelo sacramento do batismo te tornaste templo do Espírito Santo. Não expulses com más ações tão grande hóspede, não recaias sob o jugo do demônio, porque o preço de tua salvação é o sangue de cristo.

--Dos Sermões de São Leão Magno, papa (século V)

13 de dez. de 2017

Perguntas sobre a Eucaristia - Alimento Sagrado

Ao longo da Bíblia, em diversas ocasiões, se apresenta um banquete proporcionado por Deus. Adão e Eva tem todas as frutos e alimentos do Paraíso ao seu dispor, o povo do deserto alimentou-se do maná por quarenta anos, Cristo multiplicou pães e peixes para alimentar uma multidão, e há a Última Ceia, na Páscoa Judaica, que Cristo compartilha com seus apóstolos. Em todas estas pcasoões, o alimento é útil para matar a fome corporal, mas também cria uma comunhão espiritual com Deus. Estas perguntas são exatamente sobre este Sacrum Convivium, o Banquete Sagrado. 

1. Que graças a Eucaristia confere àqueles que a recebem?

A Comunhão aumenta a nossa união com Cristo. Receber a Eucaristia na comunhão traz consigo, como fruto principal, a união íntima com Cristo Jesus. De fato, o Senhor diz: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele» (Jo 6, 56). A vida em Cristo tem o seu fundamento no banquete eucarístico: «Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também o que Me come viverá por Mim» (Jo 6, 57):

Quando, nas festas do Senhor, os fiéis recebem o corpo do Filho, proclamam uns aos outros a boa-nova: "Cristo ressuscitou!". Eis que também agora a vida e a ressurreição são conferidas àquele que recebe Cristo. Este alimento também conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Batismo. A vida cristã precisa de ser alimentada pela Comunhão eucarística até à hora da morte, em que nos será dado como viático.

A Comunhão afasta-nos do pecado. O corpo de Cristo que recebemos na Comunhão é entregue por nós e o sangue que nós bebemos é derramado pela multidão, para remissão dos pecados. É por isso que a Eucaristia não pode unir-nos a Cristo sem nos purificar, ao mesmo tempo, dos pecados cometidos, e nos preservar dos pecados futuros:

A Eucaristia preserva-nos dos pecados mortais futuros. Quanto mais participarmos na vida de Cristo e progredirmos na sua amizade, mais difícil nos será romper com Ele pelo pecado mortal. 

A Eucaristia faz a Igreja. Os que recebem a Eucaristia ficam mais estreitamente unidos a Cristo. Por isso mesmo, Cristo une todos os fiéis num só corpo: a Igreja. No Batismo fomos chamados a formar um só corpo. A Eucaristia realiza esta vocação: "O cálice da bênção que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Uma vez que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, porque participamos desse único pão" (1 Cor 10, 16-17).

* Resposta baseada no Catecismo da Igreja Católica (CIC) parágrafos 1391-1397.

2. O que o Profeta Isaías fala sobre a Celebração da Missa?

Em Isaías (2,1-5), o profeta prediz que todas as nações se reunirão no Monte Santo, onde a Palavra de Deus será ensinada e ouvida por todo se Deus governará acima muitos povos. Esta é uma descrição de uma Santa Missa nos dias atuais: a mesma Missa, o meso sacrifício eucarístico é oferecido em todas as nações, a mesma Palavra de Deus é proclamada diariamente na Ásia, África, Europa, Oceânia e Américas. Muitos fiéis se deixam governar mansamente por este justo juiz, Deus.

3. Como São Mateus foi chamado a ser apóstolo?

Em Mateus 9, 9-13, temos este relato: "Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas. Disse-lhe: Segue-me. O homem levantou-se e o seguiu. Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos. Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: "Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?" Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: "Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores."

Daí se vê claramente que o São mateus foi chamado para participar deste Banquete Sagrado, não para ser discípulo, apóstolo ou pescador de homens, isto viria no futuro. Em primeiro lugar, foi chamado para se alimentar com Jesus. E não apenas Mateus, mas também outros pecadores, como nós, foram e são chamados a receber a Eucaristia. A Igreja é para os pecadores, não é um grupo selecionado de almas santas, como pensavam os fariseus.

4. Como Adão e Eva pecaram contra a Eucaristia?

Adão e Eva foram convidados a participar deste Banquete Sagrado que Deus lhes preparara, podiam comer todas as frutas e animais, tudo estava ao seu dispor exceto uma árvore. Imagine agora você numa grande festa, com os melhores pratos e bebidas sendo servidos, pois nesta posição estavam Adão e Eva. Mas eles insistiram em não participar do Banquete, preferiram outra comida, sobre a qual foram advertidos que estava contaminada. É como se você, em vez de continuar na festa, resolvesse sair do salão e se alimentar daquilo que já está sendo jogado no lixo. Assim, Adão e Eva romperam a aliança que Deus lhes propusera.

5. Qual a relação entre a Última Ceia e a Eucaristia?

Além da óbvia relação de que a Sagrada Eucaristia foi estabelecida durante a Última Ceia, quando Cristo santificou o pão e vinho, declarou serem seu corpo e sangue, repartiu-os com seus apóstolos e ordenaou que isto seja feito sempre em sua memória, há uma relação espiritual importante:

A Última Ceia foi uma Páscoa judaica, na qual todos os milagres realizados por Deus são relembrados pelo povo judeu. Toda Ceia judaica é uma grande ação de graças pela vida que tem. Nela canta-se o Dayenu, um canto onde recorda-se que Deus salvou seus primigênitos da morte, retirou o povo do Egito, abriu o mar para o povo passar e fugir dos soldados do Faraó, os alimentou com o maná e água no deserto,  deu os mandamentos no Monte Sinai, deu-lhes a Terra Prometida e construiu o Santo Templo em Jerusalém. Por tudo isto, deve-se dar graças ao Senhor. 

Nós cristãos, também devemos dar graças a Deus que nos deu seu único filho em favor de nossos pecados, nos conduz à vida eterna pela Ressuirreição, perdoa nossos pecados, nos alimenta com seu corpo e sangue a cada Eucaristia, nos dá a sua palavra para orientar a nossa vida, nos livra de cometermos pecados mortais, alimenta nossa alma. É esta ação de graças, tudo isto que temso para agradecer a Deus a cada Missa.

* autoria própria.







12 de dez. de 2017

Os milagres no manto da Virgem de Guadalupe

Em 12 de Dezembro de 1531, o índio mexicano Cuauhtlatoatzin que havia se convertido ao Catolicismo e mudado de nome para Juan Diego, estava indo até a cidade para buscar um confessor para seu tio que estava muito doente. Ele já havia visto a virgem três vezes e contado ao Bispo, não acreditara na sua história e pedira um sinal.

Sentindo vergonha da virgem por seu fracasso com o Bispo, decidiu ir por outro caminho, mas a Virgem lhe apareceu mesmo assim, disse que não temesse pois seu tio já estava curado e devia ir ao alto do monte para colher rosas novas, este seria o sinal para o Bispo, pois já era inverno e as rosas "normais" já estavam todas queimadas. Ao chegar no monte, encontrou um lindo jardim de rosas, colheu algumas, enrolou-as no seu poncho e foi até o Bispo, Ao tirar as rosas, viu-se que no poncho havia uma imagem de Nossa Senhora, que até hoje está em exposição na Basílica de Guadalupe, próximo à cidade do México.

Os significados da imagem

Sobre esta imagem, há vários detalhes importantes que foram imediatamente reconhecidos pelos astecas, detalhes que ainda não eram bem compreendidos pelos espanhóis que estavam no país: 

A túnica de Nossa Senhora de Guadalupe: a túnica da Virgem Maria é semelhante às usadas pelas mulheres astecas. 

As flores na túnica: a túnica de Nossa Senhora de Guadalupe tem vários outros tipos de flores. Cada flor nasce numa determinada região do México. 

O laço de Nossa Senhora de Guadalupe: O laço que a Virgem tem acima da cintura e abaixo de suas mãos postas era o sinal que as mulheres indígenas usavam para mostrarem que estavam grávidas. 

A flor de quatro pétalas: logo abaixo do laço e sobre o ventre da Virgem de Guadalupe há uma flor de quatro pétalas. Este era um símbolo muito conhecido dos astecas e significa: "O lugar onde Deus habita". Portanto, a Virgem de Guadalupe está grávida e seu ventre é o lugar onde Deus habita. Ela está grávida de um ser divino.

O sol atrás de Nossa Senhora de Guadalupe: Em volta de toda a imagem da Virgem de Guadalupe aparecem raios do sol, dando a entender que o sol, embora não apareça, está atrás dela. O sol, para os astecas, era o símbolo da divindade mais importante cultuada por eles. Colocando-se em frente ao Sol, a Virgem indica que a velha religião asteca deve ficar para trás e a nova religião, o Cristianismo, assumir o seu lugar.

A cruz no colarinho de Nossa Senhora de Guadalupe: Com este símbolo, Nossa Senhora define para os americanos que o ser divino que está em seu ventre, que vai nascer e que iluminará os povos, é Jesus Cristo, morto numa cruz e ressuscitado para a salvação de todos.

Os cabelos da Virgem: os cabelos soltos sob o véu de Nossa Senhora indicam para os astecas que ela é virgem, pois as mulheres casadas usavam o cabelo em outro estilo. Nossa Senhora de Guadalupe é mãe e virgem, em consonância com toda a Doutrina Católica.

A lua negra debaixo dos pés: Esta lua negra simbolizava para os astecas todas as forças do mal. Com esta imagem, Nossa Senhora mostra que pisa sobre o mal, graças ao poder que recebe de seu Filho Divino, Jesus Cristo. É também uma referência ao Livro do Apocalipse: Apareceu uma mulher vestida como o Sol, tendo a Lua sob seus pés. 

O anjo debaixo da Virgem de Guadalupe: para os astecas, apenas reis e rainhas eram carregados, o anjo carregando Maria indica a sua realeza. Para os europeus mostra que se trata da mesma Virgem Maria, Mãe de Deus, que está no céu e que eles veneravam na Europa. 

O manto de Nossa Senhora de Guadalupe: a cor azul do manto representa o céu e as estrelas nele representadas correspondem exatamente, precisamente, à posição das estrelas e constelações visíveis no céu daquela região no dia da aparição. As estrelas no lado direito estão ao sul, as do lado esquerdo no norte do céu. Os astecas eram bons conhecedores das estrelas pois marcavam suas datas festivas com base nas estrelas, por isso, quando viram as estrelas no manto da Virgem de Guadalupe, compreenderam imediatamente que aquela mulher vinha do céu, do divino, de Deus.

As mãos: a mão direita é mais escura e representa os indígenas, nativos das Américas, a mão direita é mais clara e representa os brancos vindos da Europa. As duas mãos juntas em sinal de oração simbolizam que brancos e índios devem se unir e rezar, para a paz e o crescimento de todos.

Milagres que cercam o manto

A durabilidade do manto: o poncho onde está a imagem é feito das fibras de um cacto que, em condições ideais, dura, no máximo, 20 anos. Mas este poncho já tem quase 500 anos e continua intacto, tendo ficado mais de 200 anos exposto no tempo, sem qualquer tipo de proteção. Réplicas que foram feitas ao longo dos séculos foram perdidas, decompostas por processos naturais.

Ácido derramado: em 1785, um trabalhador acidentalmente derramo ácido nítrico sobre o manto, o que normalmente deveria corroê-lo, mas ele permanece intacto.

Bomba: em 1921 uma bomba foi colocada próximo ao manto. Todos os vidros ao redor foram despedaçados, mas o vidro no qual está o manto atualmente não sofreu nada. Até um crucifixo de ferro que estava ao pé da Virgem ficou todo retorcido, mas o manto está intacto.

Pintura: não nenhum sinal de tinta, natural ou artificial, não há sinais de pinceladas ou qualquer outra técnica usada por pintores. Examinada em microscópio, a imagem parece flutuar a três décimos de milímetros do tecido, sem tocá-lo.

Os olhos da Virgem: quando exposta à luz intensa, os olhos da Virgem se contraem, como ocorre com nossos olhos. Além disso, usando computadores, a imagem dos olhos da Virgem foram ampliadas milhares de vezes revelando que o Bispo e outras doze pessoas estão olhada para ela. Ampliando os olhos do Bispo ainda mais, aparece Juan Diego, que estava em frente ao Bispo. Isto se repete nos dois olhos, mas em ângulos ligeiramente diferentes, como seria esperado do olho humano. Não há técnica de pintura possível para fazer estes reflexos microscópicos.

Temperatura do tecido: o tecido mantém uma temperatura constante de 36.5 graus, como uma pessoa com boa saúde.

Batidas de coração: ao colocar um estetoscópio no ventre da Virgem, escuta-se batidas de um coração ao ritmo de 115 batidas por minuto, como o coração de um bebê saudável.

11 de dez. de 2017

Perguntas sobre Eucaristia - introdução

1. Qual o significado da palavra "Eucaristia"?

Segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC), item 1328, chama-se Eucaristia, porque é uma ação de graças a Deus. Provém das palavras gregas "eucharistein" (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24) e "eulogein" (Mt 26, 26; Mc 14, 22) que lembram as bênçãos judaicas que proclamam – sobretudo durante a refeição – as obras de Deus: a criação, a redenção e a santificação.

A Eucaristia  é um sacrifício de louvor em ação de graças pela obra da criação. Neste sacrifício toda a criação, amada por Deus, é apresentada ao Pai, através da morte e ressurreição de Cristo. É um louvor em ação de graças por tudo o que Deus fez de bom, belo e justo, na criação e na humanidade.

A Eucaristia é um sacrifício oferecido por Cristo na cruz, com Cristo presente na hóstia e vinho, que é aceito em memória de Cristo.

* baseado no Catecismo da Igreja Católica (CIC), parágrafos 1328, 1359-61.

2. Por quais outros nomes a Eucaristia é também conhecida?

Utiliza-se vários outros nomes para significar a Eucaristia:

  • Ceia do Senhor, porque se trata da ceia que o Senhor comeu com os discípulos na véspera da sua paixão.
  • Fração do Pão, porque este rito, próprio da refeição dos judeus, foi utilizado por Jesus quando abençoava e distribuía o pão como chefe de família, sobretudo na última ceia. É por este gesto que os discípulos O reconheceram depois da sua ressurreição.
  • Assembleia eucarística, porque a Eucaristia é celebrada em assembleia de fiéis, expressão visível da Igreja.
  • Santo Sacrifício, porque atualiza o único sacrifício de Cristo Salvador e inclui a oferenda da Igreja; ou ainda santo Sacrifício da Missa, Sacrifício de louvor (Heb 13, 15), Sacrifício espiritual, Sacrifício puro e santo, pois completa e ultrapassa todos os sacrifícios da Antiga Aliança.
  • Santa e divina Liturgia, porque toda a liturgia da Igreja é centrada neste sacramento; no mesmo sentido se lhe chama também celebração dos Santos Mistérios. Fala-se igualmente do Santíssimo Sacramento, porque é o sacramento dos sacramentos. E, com este nome, se designam as espécies eucarísticas guardadas no sacrário.
  • Comunhão, pois é por este sacramento que nos unimos a Cristo, o qual nos torna participantes do seu corpo e do seu sangue, para formarmos um só corpo.
  • Santa Missa, porque a liturgia em que se realiza o mistério da salvação termina com o envio dos fiéis («missio»), para que vão cumprir a vontade de Deus na sua vida quotidiana.
* CIC: 1329-1333

3. O que relembramos na Eucaristia?


A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a atualização e a oferenda sacramental do seu único sacrifício, na liturgia da Igreja que é o seu corpo. No sentido que lhe dá a Sagrada Escritura, o memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus fez pelos homens.

Na celebração litúrgica destes acontecimentos, eles se tomam presentes e atuais. É assim que Israel entende a sua libertação do Egipto: sempre que se celebrar a Páscoa, os acontecimentos do Êxodo tornam-se presentes à memória dos crentes, para que conformem com eles a sua vida.

Quando a Igreja celebra a Eucaristia, faz memória da Páscoa de Cristo, e esta torna-se presente: o sacrifício que Cristo ofereceu na cruz uma vez por todas, continua sempre atual: Todas as vezes que no altar se celebra o sacrifício da cruz, no qual "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado", realiza-se a obra da nossa redenção.

* CIC 1362-1364

4. Por que a Eucaristia é a fonte de toda vida cristã?

A Eucaristia é fonte e ponto central de toda a vida cristã. Tudo mais que acontece na Igreja, outros sacramentos, todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se orientam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa.

Nela se encontra o cume, ao mesmo tempo, da ação pela qual Deus, em Cristo, santifica o mundo, e do culto que no Espírito Santo os homens prestam a Cristo e, por Ele, ao Pai. Pela celebração eucarística, unimo-nos desde já à Liturgia do céu e antecipamos a vida eterna. (1 Cor 15, 18 ).

* CIC 1324-1327

5. Quando a Igreja começou a celebrar a Eucaristia?

Desde o princípio a Igreja foi fiel à ordem do Senhor. Da Igreja de Jerusalém está escrito:
Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações. [...] Todos os dias frequentavam o templo, como se tivessem uma só alma, e partiam o pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração (At 2, 42.46).
6. A Igreja sempre celebrou Eucaristia como faz hoje?

 Desde o século II, temos o testemunho de São Justino sobre a forma da celebração eucarística e permaneceram as mesmas até aos nossos dias. Veja o testemunho do santo escrito cerca do ano 155:
No dia que chamam Dia do Sol, realiza-se a reunião num mesmo lugar de todos os que habitam a cidade ou o campo.
Lêem-se as memórias dos Apóstolos e os escritos dos Profetas, tanto quanto o tempo o permite.
Quando o leitor acabou, aquele que preside toma a palavra para incitar e exortar à imitação dessas belas coisas.
Em seguida, levantamo-nos todos juntamente e fazemos orações por nós mesmos [...] e por todos os outros, [...] onde quer que estejam, para que sejamos encontrados justos por nossa vida e ações, e fiéis aos mandamentos, e assim obtenhamos a salvação eterna.
Terminadas as orações, damo-nos um ósculo uns aos outros.
Depois, apresenta-se àquele que preside aos irmãos pão e uma taça de água e vinho misturados.
Ele toma-os e faz subir louvor e glória ao Pai do universo, pelo nome do Filho e do Espírito Santo, e dá graças  longamente, por termos sido julgados dignos destes dons.
Quando ele termina as orações e ações de graças, todo o povo presente aclama:Ámen.[...] Depois de aquele que preside ter feito a ação de graças e de o povo ter respondido, aqueles a que entre nós chamamos diáconos distribuem a todos os que estão presentes pão, vinho e água "eucaristizados" e também os levam aos ausentes.
 Ou seja, a ordem seguida na celebração já era próxima da atual: leituras bíblicas, homília, preces da comunidade, consagração do pão e vinho, e distribuição da Eucaristia.

* CIC 1342, 1345.

* autoria própria, totalmente baseado no Catecismo da Igreja Católica (CIC).

* outras quatro partes estão para ser publicadas.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...