31 de mai. de 2011

Explicação Catequética do Credo, por São Francisco Xavier

É seguro assumir que este texto representa a maneira como São Francisco Xavier explicava os artigos da oração do Creio aos habitantes das terras asiáticas que catequisou. O santo fundou, junto com amigos, a ordem dos jesuítas, reconhecida pelo Papa em 1541, alguns anos após o pedido ser apresentado. São Francisco Xavier desembarcou na Índia, na cidade de Goa, em 6 de Maio de 1542. Dali, até a sua morte, em 3 de Dezembro de 1552, dedicou-se a catequização da Ásia, tendo viajado pela Índia, Sudeste Asiático, Filipinas, China e até o Japão.

Este texto é uma tradução particular com base no livro Vida e Cartas de São Francisco Xavier, páginas 321 a 339, disponível no site The Internet Archive. O livro foi publicado em 1881, na Inglaterra. Como é um texto longo, publiquei em partes, na medida em que pude traduzi-lo: 

Artigo II e III: e em Jesus Cristo, seu único filho, Nosso Senhor, concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria,
* trecho adicional, não relacionado diretamente a um artigo: Vida de Jesus Cristo
Artigo IV: padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado,
Artigo V: desceu à mansão dos mortos, ressuscitou no terceiro dia,
Artigo VI: subiu aos céus e está sentado a direita de Deus Pai Todo-Poderoso,
Artigo VII: de onde irá julgar os vivos e os mortos.
Artigo VIII: Creio no Espírito Santo,
Artigo IX: na Santa Igreja Católica,
Artigo X: na comunhão dos santos, na remissão dos pecados,
Artigo XI: na ressurreição do corpo
Artigo XII: e na vida eterna. Amém.

-- Explanação Catequética do Credo para os Habitantes das Ilhas Molucas, por São Francisco Xavier (século XVI)

Magnificat - Maria engrandece o Senhor que age nela

A Igreja celebra a festa da Visitação de Nossa Senhora
 a sua prima Santa Isabel. Isabel estava grávida de São João
Batista, o precursor de Jesus. É o encontro de duas mulheres
que celebram jubilosas a vinda de Jesus Salvador: o Reino
de Deus, a Boa Nova, as promessas de Deus já estão
cumpridas e continuam a cumprir-se no meio dos homens
de boa vontade.


A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador (Lc 1,46). Com estas palavras Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons singulares que Lhe foram concedidos e enumera depois os benefícios universais com que Deus favorece continuamente o género humano.

Glorifica o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e serviço de Deus e, pela observância dos mandamentos, mostra que está a pensar sempre no poder da majestade divina.

Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas em meditar no seu Criador, de quem espera a salvação eterna.

Embora estas palavras se apliquem a todas as almas santas, adquirem contudo a sua ressonância mais perfeita ao serem proferidas pela bem-aventurada Mãe de Deus, que, por singular privilégio, amava com perfeito amor espiritual Aquele cuja concepção corporal no seu seio era a causa da sua alegria. Com razão pôde Ela exultar, mais que todos os outros santos, em Jesus, seu Salvador, porque sabia que o eterno Autor da salvação havia de nascer da sua carne com nascimento temporal, e, sendo uma só e mesma pessoa, havia de ser ao mesmo tempo seu Filho e seu Senhor.

O Poderoso fez em mim grandes coisas o Todo-poderoso, e santo é o seu nome (Lc 1,49). Maria nada atribui aos seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom d’Aquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes.

Logo acrescentou: E santo é o seu nome! para fazer notar aos que a ouviam e mesmo para ensinar a quantos viessem a conhecer as suas palavras, que, pela fé em Deus e pela invocação do seu nome, também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação, segundo a palavra do Profeta: E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Jl 3,5). É precisamente o nome a que Maria se refere ao dizer: E o meu espírito exulta em Deus meu Salvador (Lc 1,47).

Por isso se introduziu na liturgia da santa Igreja o costume, belo e salutar, de cantarem todos este hino de Maria na salmodia vespertina, para que o espírito dos fiéis, ao recordar assiduamente o mistério da Encarnação do Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira santidade. E pareceu muito oportuno que isto se fizesse na hora de Vésperas, para que a nossa mente, fatigada e distraída ao longo do dia com pensamentos diversos, encontre o recolhimento e a paz de espírito ao aproximar-se o tempo de descanso.
 
-- Das Homílias de São Beda, o Venerável, presbítero (século VIII)

30 de mai. de 2011

Explicação Catequética do Credo - artigo XII: Creio na Vida Eterna

Artigo XI: Creio na Ressurreição do Corpo

Na Terra os santos estão ressucitando, enquanto nos céus os
anjos honram a Deus, no centro da iamgem,
40. A nossa alma, criada a imagem e semelhança de Deus Todo-Poderoso, por ter uma natureza espiritual, é enriquecida com faculdades que representam a perfeição divina: vontade, inteligência e memória. A partir da criação é impelida por um certo desejo inato, inspirado pelo Criador, de unir-se a Ele, sua imagem. Não podemos crer que tão excelente criação de Deus, este instinto ativo dado pelo Criador, tenha sido em vão. Todos nós, cristãos, estamos convencidos do contrário e, sem dúvidas, achamos que a alma, exceto se lutar contra, buscará satisfazer este desejo e buscar aquele bem superior a tudo, a vida eterna. E, até mesmo antes da ressurreição do corpo, as almas que houverem morrido na graça de Deus e totalmente purificadas de todos pecados, estarão de posse desta vida eterna, sendo admitidas a partir deste momento à vista e alegrias de Deus.

41. Portanto, estas almas, uma vez unidas aos seus corpos, em um estado melhor e mais perfeito, irão aproveitar a felicidade que estamos descrevendo, ininterruptamente pela eternidade. Por todo este espaço de tempo, infinito, as almas dos santos regojizarão com Deus nos céus, junto aos coros de inumeráveis anjos, jubilantes e triunfantes Santos, entre todos homens, todos na presença amorosa e beatifica de Deus Criador e Senhor de tudo, que despejará suas bençãos celestiais em cada um  e sobre todos. A excelência destas bençãos é tão sublime, que por maior esforço façamos durante nossa vida mortal pensando ou imaginando, nunca formaremos uma idéia ou imagem que se aproxime, mesmo que a longa distância, da verdade. A magnificência de Deus supera de tal modo nossa forças que nem os Santos puderam imaginar quão grande é este amor de Deus. No entanto, o menos que consigamos imaginar ou compreender sobre esta inefável felicidade, é abundatemente suficiente para nos convencer que devemos desejá-la.

42. No céus os santos vivem em paz e descanso, numa gloriosa paz, sem reclamações ou ofensas contra qualquer um, todos em amor mútuo, honrando um ao outro, compartilhando todos bens. Eles não podem sentir nenhum impulso ao mal, serem atacados por outros, ou temerem qualquer coisa. Por outro lado, tão abundante são os bens que possuem, bens de todos tipos, que ultrapassam todos desejos e são suficientes para a eternidade. E todas bençãos são seguramente guardadas para eles, que não precisam temer, nem há risco, de serem retiradas ou diminuídas. Isto é o que São Matias compreendia quando disse: Creio na Vida Eterna

-- Explanação Catequética do Credo para os Habitantes das Ilhas Molucas, por São Francisco Xavier (século XVI)

27 de mai. de 2011

Alegrai-vos sempre no Senhor

O Apóstolo manda que nos alegremos, mas no Senhor, não no mundo. Pois afirma a Escritura: A amizade com o mundo é inimizade com Deus (Tg 4,4). Assim como um Homem não pode servir a dois senhores, da mesma forma ninguém pode alegrar-se ao mesmo tempo no mundo e no Senhor.

Vença, portanto, a alegria no Senhor, até que termine a alegria no mundo. Cresça sempre a alegria no Senhor; a alegria no mundo diminua até acabar totalmente. Não se quer dizer com isso que não devamos alegrar-nos, enquanto estamos neste mundo; mas que, mesmo vivendo nele, já nos alegremos no Senhor.

No entanto, pode alguém observar: “Eu estou no mundo; então, se me alegro, alegro-me onde estou”.E daí? Por estares no mundo, não estás no Senhor? Escuta o mesmo Apóstolo, que falando aos atenienses, nos Atos dos Apóstolos, dizia a respeito de Deus e do Senhor, nosso Criador: Nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17,28). Ora, quem está em toda parte, onde é que não está? Não foi para isto que fomos advertidos? O Senhor está próximo! Não vos inquieteis com coisa alguma (Fl 4,5-6).

Eis uma realidade admirável: aquele que subiu acima de todos os céus, está próximo dos que vivem na terra. Quem está tão longe e perto ao mesmo tempo, senão aquele que por misericórdia se tornou tão próximo de nós?

Na verdade, todo o gênero humano está representado naquele homem que jazia semimorto no caminho, abandonado pelos ladrões. Desprezaram-no, ao passar,o sacerdote e o levita; mas o samaritano, que também passava por ali, aproximou-se para tratar dele e prestar-lhe socorro. O Imortal e Justo, embora estivesse longe de nós, mortais e pecadores, desceu até nós. Quem antes estava longe, quis ficar perto de nós.

Ele não nos trata como exigem nossas faltas (Sl 102,10), porque somos filhos. Como podemos provar isto? O Filho único morreu por nós para deixar de ser único. Aquele que morreu só, não quis ficar só. O Unigênito de Deus fez nascer muitos filhos de Deus. Comprou irmãos para si com seu sangue. Quis ser condenado para nos justificar; vendido, para nos resgatar; injuriado, para nos honrar; morto, para nos dar a vida.

Portanto, irmãos, alegrai-vos no Senhor (Fl 4,4) e não no mundo; isto é, alegrai-vos com a verdade, não com a iniqüidade; alegrai-vos na esperança da eternidade, não nas flores da vaidade. Alegrai-vos assim onde quer que estejais e em todo o tempo que viverdes neste mundo. O Senhor está próximo! Não vos inquieteis com coisa alguma.

-- Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo (século V)

25 de mai. de 2011

Carta a Diogneto

Refutação ao politeísmo



Uma vez que tenhas te purificado de todos os prejuízos que dominam tua mente e libertado de teus hábitos mentais que te enganam, fazendo-te como um homem radicalmente novo, podes começar a ser ouvinte desta, que tu mesmo confessas, ser uma doutrina nova. Veja, não apenas com teus olhos, mas também com tua inteligência qual a realidade e a aparência destes que crês serem vossos deuses. Um é pedra como as que pisamos; outro é um pedaço de bronze, não melhor que o bronze utilizado no uso diário; outro é de madeira, que já está apodrecida; outro é de prata e necessita de um guarda para não ser roubado; outro é de ferro e pode enfurrajar; outro é de argila, em nada melhor que a utilizada nos utensílios mais comuns de uma casa. Não são todos feitos de matéria corruptível? Não foi o escultor que lhes criou, ou o ferreiro ou o prateiro? Não são todas coisas surdas, cegas, insensíveis, imóveis? Não apodrecem todas elas? Não podem ser destruidas? Isto é o que vós chamais deuses e a eles vos escravizais e adorais para acabar sendo como eles. Por isso perseguis os cristãos, porque não creêm que estes sejam deuses?

Refutação ao Judaísmo


Porque os cristãos não praticam a mesma religião dos judeus? Os judeus, enquanto se abstem da idolatria e creêm em apenas um Deus de todas as coisas, um Deus soberano, pensam retamente. Porém se equivocam ao querer atribuir-lhe um culto semelhante ao idolátrico de que falamos. Os gregos mostram ser insensatos ao ofertar objetos materiais, insensíveis e surdos; porém os judeus fazem o mesmo, como se Deus tivesse necessidade deles, isto mais parece loucura que verdadeiro culto religioso. Deus fez o o céu e a terra e tudo o que contém (cf. Sl 145, 6) e nos concede tudo que necessitamos, Ele não tem necessidade de absolutamente nada. Ele que proporciona todas as cosias que possamos imaginar dar a Ele.

Não é necessário te informar sobre escrúpulos com respeito a alimentos, sua superstição quanto ao sábado, gloriarem-se da circunsição e simulação de jejuns; tudo isto são coisas ridículas e indignas de consideração.

Como não considerar ímpios aqueles que de todas as coisas criadas por Deus consideram algumas como bem criadas; e rechaçam outras como impuras e supérfluas? Como não é coisa irreligiosa caluniar a Deus, atribuindo-lhe proibição que fazermos o bem durante o sábado? Não te parece irrazoável gloriar-se da mutilação da carne como sinal de eleição, como se assim fossem particularmente amados por Deus? Com isto penso que terás visto suficientemente quanta razão tem os cristãos de afastar-se dos erros e orgulho dos judeus.

Os Cristãos no Mundo

Cristo Bom Pastor
Cripta de Lucina na catacumba de São Calixto.
Os cristãos não se diferenciam dos outros homens nem pela pátria nem pela língua nem por um gênero de vida especial. De fato, não moram em cidades próprias, nem usam linguagem peculiar, e a sua vida nada tem de extraordinário. A sua doutrina não procede da imaginação fantasista de espíritos exaltados, nem se apóia em qualquer teoria simplesmente humana, como tantas outras.

Moram em cidades gregas ou bárbaras, conforme as circunstâncias de cada um; seguem os costumes da terra, quer no modo de vestir, quer nos alimentos que tomam, quer em outros usos; mas o seu modo de viver é admirável e passa aos olhos de todos por um prodígio. Habitam em suas pátrias, mas como de passagem; têm tudo em comum como os outros cidadãos, mas tudo suportam como se não tivessem pátria. Todo país estrangeiro é sua pátria e toda pátria é para eles tera estrangeira. Casam-se como toda gente e criam seus filhos, mas não rejeitam os recém-nascidos. Têm em comum a mesa, não o leito.

São de carne, porém, não vivem segundo a carne. Moram na terra, mas sua cidade é no céu. Obedecem às leis estabelecidas, mas com seu gênero de vida superam as leis. Amam a todos e por todos são perseguidos. Condenam-nos sem os conhecerem; entregues à morte, dão a vida. São pobres, mas enriquecem a muitos; tudo lhes falta e vivem na abundância. São desprezados, mas no meio dos opróbrios enchem-se de glória; são caluniados, mas transparece o testemunho de sua justiça. Amaldiçoam-nos e eles abençoam. Sofrem afrontas e pagam com honras. Praticam o bem e são castigados como malfeitores; ao serem punidos, alegram-se como se lhes dessem a vida. Os judeus fazem-lhes guerra como a estrangeiros e os pagãos os perseguem; mas nenhum daqueles que os odeiam sabe dizer a causa do seu ódio.

Numa palavra: os cristãos são no mundo o que a alma é no corpo. A alma está em todos os membros do corpo; e os cristãos em todas as cidades do mundo. A alma habita no corpo, mas não provém do corpo; os cristãos estão no mundo, mas não são do mundo. A alma invisível é guardada num corpo visível; todos vêem os cristãos, pois habitam no mundo, contudo, sua piedade é invisível. A carne, sem ser provocada, odeia e combate a alma, só porque lhe impede o gozo dos prazeres; o mundo, sem ter razão para isso, odeia os cristãos precisamente porque se opõem a seus prazeres.

A alma ama o corpo e seus membros, mas o corpo odeia a alma; também os cristãos amam os que os odeiam. Na verdade, a alma está encerrada no corpo, mas é ela que contém o corpo; os cristãos encontram-se detidos no mundo como numa prisão, mas são eles que abraçam o mundo. A alma imortal habita numa tenda mortal; os cristãos vivem como peregrinos em moradas corruptíveis, esperando a incorruptibilidade dos céus. A alma aperfeiçoa-se com a mortificação na comida e na bebida; os cristãos, constantemente mortificados, vêem seu número crescer dia a dia. Deus os colocou em posição tão elevada que lhes é impossível desertar.

-- Da Carta a Diogneto, autor desconhecido (século II)


24 de mai. de 2011

Todos os pecados são cometidos através do próximo

Todos os pecados são cometidos através do próximo, no sentido de que eles são a ausência da caridade, que é a forma de todas as virtudes. No mesmo sentido, o egoísmo, que é a negação do amor pelo próximo, constitue-se razão e fundamento do todo mal. Ele é a raiz dos escândalos, do ódio, da maldade, dos prejuízos causados aos outros.
Santa Catarina de Sena

Diante disto, o cristão luta e se opõe a sensualidade, com empenho a submete à razão e procura descobrir em si mesmo a grandeza de Minha bondade. Inúmeros são os favores que lhe faço. Ao reconhecer que gratuitamente o retirei das trevas e o transferi para a verdadeira sabedoria, no autoconhecimento ele se humilha. Assim consciente da Minha benevolência, o homem Me ama direta e indiretamente. Diretamente, não pensando em si mesmo ou em interesses pessoais; indiretamente através da prática da virtude.

Toda virtude é concebida no íntimo do homem por amor a Mim; fora do ódio ao pecado e do amor à virtude, não existe maneira de Me agradar e de se chegar até Mim. Depois de Ter concebido interiormente a virtude, a pessoa a pratica no próximo.

Aliás, tal modo de agir é a única prova de que alguém possui realmente uma virtude. Quem Me ama, procura ser útil ao próximo. Nem poderia ser de outra maneira, dado que o amor por Mim, e pelo próximo são uma só coisa. Tanto alguém ama o próximo, quanto Me ama, pois de Mim se origina o amor do outro.

O próximo, eis o meio que vos dei, para praticar-des e manifestar-des a virtude que existe em vós. Como nada podeis fazer de útil para Mim, deveis ser de utilidade ao homem.

-- Do livro Revelações de Santa Catarina de Sena (século XIV)

Explicação Catequética do Credo - artigo XI: Creio na Ressurreição do Corpo



Juízo Final e a Missa de São Gregório.
No alto aparece Jesus Cristo, acompanhado dos santos,
julgando as almas no Dia do Juízo Final. A esquerda,
anjos salvam as almas do Purgatório; crianças estão
no limbo e; em outra parte do Purgatório, almas nadam
num rio. A direita, demônios queimam e atormentam as
almas no Inferno, enquanto o próprio Diabo ataca Judas
Iscariotes. Ao centro, São Gregório celebra a Santa Missa.

38. Injustiça pode ser feita à infinita bondade e justiça de Deus se não acreditarmos firmemente que Deus não pode falhar nunca ao retribuir de forma abundante todos aqueles que lhe servem fielmente na obediência exata da sua santa lei, ou, por outro lado, falhar ao punir adequadamente os ímpios e escarnecedores de Deus, obstinados transgressores de seus mandamentos. Portanto, acreditamos, com certeza, que haverá ressurreição do corpo, que todos homens, sem exceção, aqueles que viveram no passado, vivem hoje em dia, e ainda viverão nesta terra, retornarão à vida e receberão os mesmos corpos que lhes pertencia antes de morrerem, e passarão a eternidade em glória ou tormentos. Porque é necessário que o Deus Nosso Senhor, o mais justo e incorruptível, conforte com alegrias imortais os santos que durante sua vida mortal sujeitaram seus membros e sentidos a contínuos combates para não separararem-se do amor de Deus, pois sofreram muitos insultos e golpes de seus perseguidores, que lhes perseguiam com violência selvagem para força-los a ofender a Deus. De maneira virtuosa, os santos mantiveram suas almas e corpos no dever, privando-se de muitos prazeres, sofrendo dores, tormentos e, muitas vezes, cruéis castigos, é justo então que suas almas e corpos recebam nos céus seu quinhão de descanso e glória.

39. Também é apropriado que os corpos dos homens ímpios, que durante sua vida, apesar das advertências da lei divina, deixaram-se fartar nos prazeres da licensiosidade e todo tipo de vício, seguindo suas paixões de glutonia e impurezas contrárias aos mandamentos de Deus, devam ser punidos eternamente contra as suas vontades, em fogos que nunca se extinguem, expiando seus apetites sexuais indulgentes e promíscuos, e então, ainda que muito tarde, conheçam o grande mal que provocaram e como é inútil uma criatura desprezar e provocar a Deus, adorável acima de todas as coisas. Por estas razões, como disse, toda humanidade, bons e ímpios, irãoo ressuscitar no Dia do Julgamento Final, suas almas retornarão aos seus corpos que receberão no primeiro nascimento e animarão até a morte. Estarão unidas de um modo que jamais se dissolverá, e de acordo com os méritos de cada um, irão para os céus reinar com Jesus Cristo na glória do Paraíso, ou para o Inferno, junto com o Demônio para o sofrimento eterno. Isto São Judas confessa quando dia: Creio na ressurreição do corpo.


-- Explanação Catequética do Credo para os Habitantes das Ilhas Molucas, por São Francisco Xavier (século XVI)

22 de mai. de 2011

Cristo é o dia

A ressurreição de Cristo abre a mansão dos mortos, os neófitos da Igreja renovam a terra e o Espírito Santo abre as portas do céu. A mansão dos mortos aberta devolve seus habitantes, a terra renovada germina os ressuscitados, o céu reaberto recebe os que para ele sobem.

São Máximo, bispo de Turim. Sucedeu a
Santo Ambrósio, contribuiu decididamente
para a difusão e consolidação do
cristianismo na Itália
(Catequese doPapa Bento XVI em 2007)
O ladrão sobe ao paraíso, os corpos dos santos entram na cidade santa, os mortos retornam à região dos vivos. E de certo modo, pela ressurreição de Cristo, todos os elementos são elevados a uma dignidade mais alta.

A habitação dos mortos restitui ao paraíso os que nela estavam detidos,a terra envia ao céu os que foram nela sepultados, o céu apresenta ao Senhor os que recebe em suas moradas. E por um único e mesmo ato, a paixão do Salvador retira o ser humano das profundezas, eleva-o da terra e o coloca no alto dos céus.

A ressurreição de Cristo é vida para os mortos, perdão para os pecadores, glória para os santos. Por isso, o santo profeta convida todas as criaturas para a festa da ressurreição de Cristo, exultando e se alegrando neste dia que o Senhor fez.

A luz de Cristo é um dia sem noite, um dia sem fim. O Apóstolo nos ensina que este dia é o próprio Cristo, quando afirma: A noite já vai adiantada, o dia vem chegando (Rm 13,12). Ele diz que a noite já vai adiantada e não que ela ainda virá, a fim de compreendermos que a chegada da luz de Cristo afasta as trevas do demônio e dissipa a escuridão do pecado; com seu esplendor eterno ela vence as sombras tenebrosas do passado e impede toda a infiltração dos estímulos pecaminosos.

Este dia é o próprio Cristo. Sobre ele, o Pai, que é o dia sem princípio, faz resplandecer o sol da sua divindade. Ele mesmo é o dia que assim fala pela boca de Salomão: Fiz brilhar no céu uma luz que não se apaga (Eclo 24,6 Vulg.).

Assim como a noite não pode absolutamente suceder ao dia celeste, também as trevas dos pecados não podem suceder à justiça de Cristo. O dia celeste brilha eternamente, e nenhuma obscuridade pode ofuscar o fulgor da sua luz. Do mesmo modo, a luz de Cristo resplandece e irradia a sua claridade, e sombra alguma de pecado poderá ofuscá-la, como diz o evangelista João: E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la (Jo 1,5).

Portanto, irmãos, todos nós devemos alegrar-nos neste santo dia. Ninguém se exclua desta alegria universal, apesar da consciência de seus pecados; ninguém se afaste das orações comuns, embora sinta o peso de suas culpas. Por mais pecador que seja, ninguém deve neste dia desesperar do perdão. Temos a nosso favor um valioso testemunho: se o ladrão arrependido alcançou o paraíso, por que não alcançaria o cristão a graça de ser perdoado?

-- Dos Sermões de São Máximo de Turim, bispo (século V)

20 de mai. de 2011

O novo mandamento: Amai-vos uns aos outros

O Senhor Jesus afirma que dá um novo mandamento a seus discípulos, isto é, que se amem mutuamente: Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros (Jo 13,34).

Mas este mandamento já não estava escrito na antiga lei de Deus, onde se lê: Amarás o teu próximo como a ti mesmo? (Lv 19,18). Por que então o Senhor chama novo o que é evidentemente tão antigo? Será um novo mandamento pelo fato de nos revestir do homem novo, depois de nos ter despojado do velho? Na verdade, ele renova o homem que o ouve, ou melhor, que lhe obedece; não se trata, porém, de um amor puramente humano, mas daquele que o Senhor quis distinguir,acrescentando: Como eu vos amei (Jo 13,34).
Santo Agostinho, doutor da Igreja

É este amor que nos renova, transformando-nos em homens novos, herdeiros da nova Aliança, cantores do canto novo. Foi este amor, caríssimos irmãos, que renovou outrora os antigos justos, os patriarcas e os profetas e, posteriormente, os santos apóstolos. Ainda hoje é ele que renova as nações e reúne todo o gênero humano espalhado pelo mundo inteiro, formando um só povo novo, o corpo da nova esposa do Filho unigênito de Deus. É dela que se diz no Cântico dos Cânticos: Quem é esta que sobe vestida de branco? (cf. Ct 8,5). Vestida de branco, sim, porque renovada; e renovada de que modo, senão pelo mandamento novo?

Por isso os membros desta esposa sentem uma solicitude mútua. Se um membro sofre, todos sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele. Pois ouvem e praticam a palavra do Senhor: Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Não como se amam aqueles que vivem na corrupção da carne; nem como se amam os seres humanos apenas como seres humanos; mas como se amam aqueles que são deuses e filhos do Altíssimo. Deste modo, se tornam irmãos do Filho unigênito de Deus, amando-se uns aos outros com aquele mesmo amor com que ele os amou, e por ele serão conduzidos à plenitude final, onde os seus desejos serão completamente saciados de bens. Então nada faltará à sua felicidade, quando Deus for tudo em todos.

Quem nos dá este amor é o mesmo que diz: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Foi para isto que ele nos amou, para que nos amássemos mutuamente. E com o seu amor, deu-nos a graça, para que, vivendo unidos em recíproco amor, como membros ligados por tão suave vínculo, formemos o Corpo de tão sublime Cabeça.

-- Dos Tratados sobre o Evangelho de São João, de Santo Agostinho, bispo (século V)

18 de mai. de 2011

Explicação Catequética do Credo - artigo X: Creio na comunhão dos santos e na remissão dos pecados

* Artigo IX: Creio na Santa Igreja Católica


Santo Padre Pio de Pietralcina tinha o dom
sobrenatural de ler as almas, isto é, conhecer os
pecados cometidos pelo confessor sem que este
os confessasse.

34. Outro ponto em que devemos acreditar, se não queremos levar falsamente o nome de cristãos, é que através dos imensos méritos de Jesus Cristo, pelos trabalhos heróicos realizados durante sua vida mortal, suas ações e sofrimentos, sua obediência a Deus Pai, Jesus ajuntou méritos para a salvação dos homens que são comunicados para todos os cristãos que permanecem na graça de Deus, como um influxo favorável a todos nós. Assim como no corpo mortal, os membros comunicam uns aos outros suas qualidades e o comando vital parte da cabeça para as extremidades, assim também no corpo místico da Igreja, do qual Jesus é a cabeça, todos os membros, ou seja, todos fiéis, recebem esta força vital de Jesus Cristo, que os nutre e faz crescer, o único Filho de Deus, ao qual, como cabeça, estão unidos. Este alimento celestial flui Dele principalmente pelos canais dos sete sacramentos: Batismo, Confirmação, comumente chamada Crisma, Eucaristia, Penitência, Extrema Unção, Ordem e Casamento. Aqueles que recebem os sagrados mistérios com justa disposição, recebem a graça, ou o aumento da graça, uma qualidade salvadora da alma que Deus concede aos homens, não merecedores por eles mesmos desta graça, pelas sagradas obras realizadas por Jesus Cristo durante sua vida na terra. Pois, como Jesus obedeceu ao seu Pai, padecendo de muitas doenças, sofrendp por livre vontade muitas injurias e insultos, o mais pesado suplício, a cruz e a morte, Ele mereceu qualquer prêmio, por maior que fosse, por seus atos. Mas possuindo Ele mesmo toda felicidade, não precisava de nenhum prêmio ou retribuição, Ele transferiu seus direitos para todos nós, que recebemos o lucro de seus sofrimentos. Portanto, a graça concedida a todos nós é fruto dos méritos de Jesus Cristo, é uma influência positiva para todos os membros do corpo.


35. E, assim como no corpo natural não é apenas a cabeça que nutre, dá força e vida aos membros do corpo, mas também os membros produzem efeitos visíveis em outros membros; assim é principalmente, mas não apenas de maneira isolada, somos responsáveis pelos tesouros acumulados por Jesus Cristo através de seus méritos, quando sofreu pacientemente durante sua vida mortal. Ele desejou que algo restasse para realizarmos através de ações virtuosas e laboriosos sacrifícios. Portanto, quando rezamos, recebemos graças; quando sofremos por seu nome, somos libertados da justiça de Deus. Finalmente, todas boas ações, enquanto permanecermos nas graças de Deus e unidos ao corpo da Igreja, nos beneficia de várias maneiras, uma superabundância de bens que é comunicada aqueles unidos a Ele, fluindo de seu poder salvador.

36. Nós reconhecemos e comfessamos que Deus Nosso Senhor possui autoridade e poder para perdoar nossos pecados, ou seja, apagar as manchas dos pecados e eliminar punições por nossos maus atos, realizados pelo abuso do livre arbítrio, quando nos separamos de Deus e nos rebelamos contra Ele, merecendo nos afastar de sua graça, na qual Ele gentilmente nos admite. Também confessamos e acreditamos que Jesus Cristo, através dos sacerdotes da Igreja Católica, pelo efeito de comunicação de sua autoridade, absolve dos seus pecados todos que se acharem suficientemente arrependidos de suas fracas condutas, perante Deus.

37. Por esta razão, aqueles que sentem-se culpados de terem ofentdido a Deus devem trabalhar honestamente, demonstrar arrependimento de suas faltas para obter perdão e assegurar a salvação de sua alma. A causa é defendida perante o tribunal sagrado ao qual comparecemos, o sacerdote julgando se o penitente é merecedor ou não de absolvição; e o acusador sendo a própria pessoa acusada. O sacerdote, como juiz, deve tomar conhecimento da causa, diligentemente considerar todos os aspectos deste ofício sagrado. O penitente deve confessar clara e completamente todos pecados mortais, exceto se o tempo restante o impedir, como pode ocorrer em casos extremos. Quando todos pecados são suficientemente conhecidos e o padre pronuncia a sentença de absolvição, a graça de Deus jorra na alma do penitente, e através da graça todas manchas que desfiguravam a alma são limpas e a remissão dos pecados e livramento das punições eternas lhe é concedida. Estes dois artigos da doutrina católica são assim resumidos nas palavras de São Simão: Creio na comunhão dos santos e no perdão dos pecados.

-- Explanação Catequética do Credo para os Habitantes das Ilhas Molucas, por São Francisco Xavier (século XVI)

17 de mai. de 2011

Sê tu sacrifício e sacerdote de Deus

Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos (Rm12,1). Paulo exorta, ou melhor, é Deus que por intermédio de Paulo nos exorta, pois deseja ser mais amado que temido. Deus exorta-nos, porque quer ser mais Pai do que Senhor. Deus exorta-nos, pela sua misericórdia, para não ter de nos castigar com o seu rigor.

Ouve como o Senhor exorta: Vede, vede em mim o vosso corpo, os vossos membros, o vosso coração, os vossos ossos, o vosso sangue. Esse temeis o que é de Deus, por que não amais o que também é vosso? Se fugis do Senhor, por que não recorreis ao Pai?
São Pedro Crisólogo, doutor da Igreja

Talvez vos perturbe a enormidade de meus sofrimentos causados por vós. Não tenhais medo. Esta cruz não me feriu a mim, mas feriu a morte. Estes cravos não me provocam dor, mas cravam mais profundamente em mim o amor por vós. Estas chagas não me fazem soltar gemidos, mas vos introduzem ainda mais intimamente em meu coração. O meu corpo, ao ser estirado na cruz, não aumenta o meu sofrimento, mas dilata os espaços do coração para vos acolher. Meu sangue não é uma perda para mim, mas é o preço do vosso resgate.

Vinde, pois, convertei-vos e pelo menos assim experimentareis a bondade do Pai, que paga os males com o bem, as injúrias com amor, tão grandes chagas com tamanha caridade.

Ouçamos, porém, a insistência do Apóstolo: Eu vos exorto a vos oferecerdes em sacrifício vivo (Rm 12,1). Pedindo deste modo, o Apóstolo ergueu todos os seres humanos à dignidade sacerdotal: a vos oferecerdes em sacrifício vivo.

Ó inaudito mistério do sacerdócio cristão, em que o ser humano é para si mesmo vítima e sacerdote! O ser humano não precisa ir buscar fora de si a vítima que deve oferecer a Deus; traz consigo e em si o que irá sacrificar a Deus. Permanecem intactos tanto a vítima como o sacerdote; a vítima é imolada mas continua viva, e o sacerdote que oferece o sacrifício não pode matar a vítima.

Admirável sacrifício em que o corpo é oferecido sem imolação e o sangue sem derramamento! Pela misericórdia de Deus eu vos exorto a vos oferecerdes em sacrifício vivo. Irmãos, este sacrifício é imagem do sacrifício de Cristo que, para dar a vida ao mundo, imolou o seu corpo, permanecendo vivo; na verdade, ele fez de seu corpo um sacrifício vivo, porque tendo morrido, continua vivo. Num sacrifício como este, a morte teve a sua parte, mas a vítima permanece; a vítima vive,enquanto a morte é castigada. Por isso, os mártires nascem com a morte, no fim da vida é que começam a vivê-la; coma sua imolação revivem e brilham agora
nos céus os que na terra eram tidos como mortos.

Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo. É o que também cantava o Profeta: Tu não quiseste nem vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo (cf. Sl 39,7; Hb 10,5).

Ó homem, sê tu sacrifício e sacerdote de Deus; não percas aquilo que te foi dado pelo poder do Senhor. Reveste-te com a túnica da santidade, cinge-te com o cíngulo da castidade; seja Cristo o véu de proteção da tua cabeça; que a cruz permaneça em tua fronte como defesa. Grava em teu peito o sinal da divina ciência; eleva continuamente a tua oração como perfume de incenso; empunha a espada do Espírito; faze de teu coração um altar. E assim, com toda confiança, oferece teu corpo como vítima a Deus.

Deus não quer a morte, mas a fé; ele não tem sede do teu sangue, mas do teu sacrifício; não se aplaca com a morte violenta, mas com a vontade generosa.

-- Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo (século V)

12 de mai. de 2011

O banho do Batismo

Vamos expor de que modo, renovados por Cristo, nos consagramos a Deus.

Todos os que estiverem convencidos e acreditarem no que nós ensinamos e proclamamos, e  prometer em viver de acordo com essas verdades, exortamo-los a pedir a Deus o perdão dos  pecados, com orações e jejuns; e também nós rezaremos e jejuaremos unidos a eles.

Em seguida, levamo-los ao lugar onde se encontra água; ali renascem do mesmo modo que nós  também renascemos: recebem o batismo da água em nome do Senhor Deus Criador de todas as  coisas, de nosso Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo.

Com efeito, foi o próprio Jesus Cristo que afirmou: Se não renascerdes, não entrareis no reino  dos céus (cf. Jo 3,3.5). É evidente que não se trata, uma vez nascidos, de entrar novamente no  seio materno.

O profeta Isaías também diz àqueles que pecaram e se arrependem, como libertar-se das culpas.  São estas as suas palavras: Tirai a maldade de vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o  mal! Aprendei a fazer o bem! Julgai a causa do órfão, defendei a viúva. Vinde, debatamos – diz  o Senhor. Ainda que vossos pecados sejam como púrpura, tornar-se-ão brancos como a neve.  Se não me ouvirdes, uma espada vos destruirá. Assim falou a boca do Senhor (cf. Is 1,16-20).

Esta doutrina, nós a recebemos dos apóstolos. No nosso primeiro nascimento, fomos gerados  por um instinto natural, na mútua união de nossos pais, sem disso termos consciência. Fomos  educados no meio de uma sociedade desonesta e em maus costumes. Todavia, para termos  também um nascimento que não seja fruto da simples natureza e da ignorância, mas sim de uma  escolha consciente, e obtermos pela água o perdão dos pecados cometidos, sobre aquele que  quiser renascer e fizer penitência dos pecados, é pronunciado o nome do Senhor Deus Criador  de todas as coisas. Somente podemos invocar este nome sobre aquele que é levado à água do  batismo.

A ninguém é permitido pronunciar o nome inefável de Deus. Se alguém ousa afirmar ter em si  este nome, não passa de um louco.

A este batismo dá-se também o nome de “iluminação”, porque os iniciados nesta doutrina são iluminados na sua capacidade de compreender as coisas. Mas a purificação daquele que é iluminado, faz-se em nome de Jesus Cristo, crucificado sob Pôncio Pilatos, e em nome do Espírito Santo que, pelos profetas predisse tudo quanto dizia respeito a Jesus.

-- Da Primeira Apologia em defesa dos cristãos, de São Justino, mártir (século II)

11 de mai. de 2011

Maria, Mãe da Igreja e Advogada dos fiéis

Por ocasião das cerimónias religiosas que têm lugar nestes dias em Fátima, Portugal, em honra da Virgem Mãe de Deus, onde acorrem numerosas multidões de fiéis para venerarem o seu coração maternal e compassivo, desejamos mais uma vez chamar a atenção de todos os filhos da Igreja para o inseparável vínculo que existe entre a maternidade espiritual de Maria e os deveres que têm para com Ela os homens resgatados.

Julgamos ser de grande utilidade para as almas dos fiéis considerar duas verdades muito importantes para a renovação da vida cristã.

A primeira verdade é esta: Maria é Mãe da Igreja, não só por ser Mãe de Jesus Cristo e sua íntima colaboradora na nova economia da graça, quando o Filho de Deus n’Ela assumiu a natureza humana para libertar o homem do pecado mediante os mistérios da sua carne, mas também porque brilha à comunidade dos eleitos como admirável modelo de virtude.

Depois de ter participado no sacrifício redentor de seu Filho, e de maneira tão íntima que mereceu ser por Ele proclamada Mãe não somente do discípulo João, mas – seja consentido afirmá-lo – do género humano, por este de algum modo representado, Ela continua agora no Céu a desempenhar a sua função materna de cooperadora no nascimento e desenvolvimento da vida divina em cada alma dos homens remidos.

Mas de que modo coopera Maria no crescimento da vida da graça nos membros do Corpo Místico? Antes de tudo, pela sua oração incessante, inspirada por uma ardentíssima caridade. A Virgem Santa, de facto, gozando embora da contemplação da Santíssima Trindade, não esquece os seus filhos que caminham, como Ela outrora, na peregrinação da fé; pelo contrário, contemplando-os em Deus e conhecendo bem as suas necessidades, em comunhão com Jesus Cristo que está sempre vivo para interceder por nós, deles se constitui Advogada, Auxiliadora, Amparo e Medianeira.

No entanto, a cooperação da Mãe da Igreja no desenvolvimento da vida divina nas almas não consiste apenas na sua intercessão junto do Filho. Ela exerce sobre os homens remidos outra influência importantíssima, a do exemplo, segundo a conhecida máxima: as palavras movem, o exemplo arrasta. Realmente, tal como os ensinamentos dos pais adquirem maior eficácia quando são acompanhados pelo exemplo duma vida conforme as normas da prudência humana e cristã, assim também a suavidade e o encanto das excelsas virtudes da Imaculada Mãe de Deus atraem irresistivelmente as almas para a imitação do divino modelo, Jesus Cristo, de que Ela foi a mais perfeita imagem.

Mas nem a graça do divino Redentor nem a poderosa intercessão de sua e nossa Mãe espiritual poderiam conduzir-nos ao porto da salvação, se a tudo isso não correspondesse a nossa perseverante vontade de honrar Jesus Cristo e a Virgem Mãe de Deus com a fiel imitação das suas sublimes virtudes.

É, pois, dever de todos os cristãos imitar religiosamente os exemplos de bondade que lhes deixou a Mãe do Céu. É esta a segunda verdade sobre a qual nos agrada chamar a vossa atenção. É em Maria que os cristãos podem admirar o exemplo que lhes mostra como realizar, com humildade e magnanimidade, a missão que Deus confiou a cada um neste mundo, em ordem à sua eterna salvação e à do próximo.

Uma mensagem de suma utilidade parece chegar hoje aos fiéis da parte d’Aquela que é a Imaculada, a toda santa, a cooperadora do Filho na restauração da vida sobrenatural das almas. A santa contemplação de Maria incita-os, de facto, à oração confiante, à prática da penitência, ao santo temor de Deus, e recorda-lhes com frequência aquelas palavras com que Jesus Cristo anunciava estar perto o reino dos Céus: Arrependei-vos e acreditai no Evangelho, bem como a sua severa advertência: Se não vos arrependerdes, perecereis todos de maneira semelhante.

Comemorando-se este ano o vigésimo quinto aniversário da solene consagração da Igreja a Maria Mãe de Deus e ao seu Coração Imaculado, feita pelo Nosso Predecessor Pio XII no dia 31 de Outubro de 1942, por ocasião da Rádio-Mensagem à Nação Portuguesa – consagração que Nós mesmo renovámos no dia 21 de Novembro de 1964 – exortamos todos os filhos da Igreja a renovar pessoalmente a sua própria consagração ao Coração Imaculado da Mãe da Igreja e a viver este nobilíssimo ato de culto com uma vida cada vez mais conforme à vontade divina, em espírito de serviço filial e devota imitação da sua celeste Rainha.

-- Da Exortação Apostólica Signum Magnum do Papa Paulo VI (século XX)


-- Esta é a leitura recomendada para o Ofício das Leituras pelo Secretariado Nacional de Liturgia (de Portugal).



10 de mai. de 2011

Explanação Catequética do Credo - artigo IX: Creio na Santa Igreja Católica

*Artigo VIII: Creio no Espírito Santo


Assembléia reunida durante o Concílio Vaticano II
Todos nós que abraçamos a religião cristã resolvemos observar seus preceitos e manter a fé; devemos não apenas acreditar sem dúvidas nas verdades necessárias para a salvação e em tudo relacionado ao Cristo, Nosso Senhor, Deus e homem, assim como os apóstolos, discípulos e santos acreditaram. Ao mesmo tempo, devemos estar perfeita e completamente convencidos que Ele instituiu a Igreja Católica sobre a terra, cujas regras foram ditadas diretamente pelo Espírito Santo. Assim, não é permitido a nenhum de nós, de nenhum modo, imaginar que o prescrito pela Igreja não deve ser observado e o ensinado por ela não deve ser entendido como correto e verdadeiro. Em todas as coisas que, por consenso, a Igreja decretar que devem ser feitas ou evitadas pelos homens, aquilo que após estudo e maturação decidir a respeito de antigos dogmas ou controvérsias acerca destes dogmas, que surgem de tempos em tempos, a Igreja tem a assistência do Espírito Santo, conforme foi prometido, impedindo-a de errar. Portanto, os canons sagrados dos Santos Padres, os decretos dos Concílios, os éditos dos Supremos Pontífices, confirmados pelos Cardeais e outros prelados da Igreja, devem ser recebidos por nós com humilde veneração, fé e pronta obediência. Todas estas palavras são ensinadas pela autoridade e sabedoria de Nosso Senhor Jesus Cristo, que continua a governar a Sua Igreja e guia-la para o final de felicidade eterna através dos ministros que Ele tem colocado em Seu lugar. Isto é o que o Santo Apóstolo e Evangelista São Mateus confirma quando disse: Creio na Santa Igreja Católica.
 
-- Explanação Catequética do Credo para os Habitantes das Ilhas Molucas, por São Francisco Xavier (século XVI)

Cantemos ao Senhor um canto de amor.

Cantai ao Senhor Deus um canto novo, e o seu louvor na assembléia dos fiéis (Sl 149,1).

Somos convidados a cantar um canto novo ao Senhor. O homem novo conhece o canto novo. O canto é uma manifestação de alegria e, se examinarmos bem, é uma expressão de amor. Quem, portanto, aprendeu a amar a vida nova, aprendeu também a cantar o canto novo. É, pois, pelo canto novo que devemos reconhecer o que é a vida nova. Tudo isso pertence ao mesmo Reino: o homem novo, o canto novo, a aliança nova.

Não há ninguém que não ame. A questão é saber o que se deve amar. Não somos, por conseguinte, convidados a não amar, mas sim a escolher o que havemos de amar. Mas o que podemos escolher, se antes não formos escolhidos? Porque não conseguiremos amar, se antes não formos amados. Escutai o apóstolo João: Nós amamos porque ele nos amou primeiro (cf. 1Jo 4,10). Procura saber como o homem pode amar a Deus; não encontrarás resposta, a não ser esta: Deus o amou primeiro. Deu-se a si mesmo aquele que amamos, deu-nos a capacidade de amar. Como ele nos deu esta capacidade, ouvi o apóstolo Paulo que diz claramente: O amor de Deus foi derramado em nossos corações. Por quem? Por nós, talvez? Não. Então por quem? Pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm5,5).

Tendo, portanto, uma tão grande certeza, amemos a Deus com o amor que vem de Deus. Escutai ainda mais claramente o mesmo São João: Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele (1Jo 4,16). É bem pouco afirmar: O amor vem de Deus (1Jo,4,7). Quem de nós se atreveria a dizer: Deus é amor? Disse-o quem sabia o que possuía.

Deus se oferece a nós pelo caminho mais curto. Clama para cada um de nós: Amai-me e me possuireis; porque não podeis amar-me se não me possuirdes.

Ó irmãos, ó filhos, ó novos rebentos da Igreja católica, ó geração santa e celestial, que renascestes em Cristo para uma vida nova! Ouvi-me, ou melhor, ouvi através do meu convite: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Já estou cantando, respondes. Tu cantas, cantas bem, estou escutando. Mas oxalá a tua vida não dê testemunho contra tuas palavras.

Cantai com a voz, cantai com o coração, cantai com os lábios, cantai com a vida: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Queres saber o que cantar a respeito daquele a quem amas? Sem dúvida, é acerca daquele a quem amas que desejas cantar. Queres saber então que louvores irás cantar? Já o ouviste: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Que louvores? Seu louvor na assembléia dos fiéis. O louvor de quem canta é o próprio cantor.

Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o canto que ides cantar. Vós sereis o seu maior louvor, se viverdes santamente.

-- Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo (século V)

9 de mai. de 2011

As propriedades da Igreja

Santo Urbano I, papa de 222 a 230.
Urbano, bispo, a todos os cristãos: na santificação do Espírito, em obediência e aspersão do Sangue de Cristo nosso Senhor, eu vos saúdo.

Convém a todos os cristãos, meus bem-amados irmãos, imitar Aquele cujo nome receberam. De que serve, irmãos - diz o apóstolo São Tiago - que um homem diga que tem fé, se não tem obras? (Tg 2,14). Irmãos: não queiram ser, muitos de vós, mestres, sabendo que receberão a maior condenação, já que em muitas coisas ofendemos a todos (Tg 3,1-2). Deixai que aquele que é sabio e dotado de sabedoria entre vós, mostre o que ensina em suas ações realizadas com a humildade da sabedoria (Tg 3,13).

I. A vida em comum e a razão pela qual a Igreja começou a possuir propriedades

Sabemos que vocês não ignoram que até hoje em dia o princípio de viver com todas as coisas em comum tem vigorado entre os bons cristãos e, pela graça de Deus, permanece sendo assim, sobretudo entre aqueles que foram escolhidos para a messe do Senhor, isto é, os clérigos, tal como lemos nos Atos dos Apóstolos: "A multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma, e ninguém dizia que qualquer coisa que possuía era indigna, mas tinha [essa multidão] todas as coisas em comum. E, com grande vigor, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus e graça abundante havia entre todos eles. Também ninguém entre eles passava por necessidade, pois todos os que possuíam terras ou casas, as vendiam, e traziam o seu valor aos pés dos apóstolos, e a distribuição era feita a cada pessoa segundo suas necessidades. E José, chamado Barnabé pelos apóstolos - o que significa 'filho da consolação' -, um levita natural do Chipre, as vendeu e depositou o seu valor aos pés dos apóstolos" (At 4,32-37); e isso continua assim. E é por isso que os sumos sacerdotes e os demais, os levitas e o resto dos fiéis, perceberam que era mais vantajoso se entregassem às igrejas dirigidas pelos bispos, as heranças e campos que iam vendendo, pois assim poderiam organizar muito melhor a manutenção dos irmãos na fé, e ainda mais com as rendas das propriedades do que com o dinheiro que conseguiriam caso a vendessem; isto vale não apenas para o presente, como também para os tempos futuros, pois se começou a consignar às igrejas-mães a propriedade e as terras que iam vender, passando-se para o modo de viver com as rendas destas.

II. As pessoas e os usos em relação às propriedades eclesiásticas e os invasores destas

Em acréscimo, as propriedades que possuíam várias paróquias foram entregues aos bispos, que mantêm o cargo dos apóstolos. Isto é assim até hoje e deve continuar a ser sempre assim, no futuro. Dessas possessões, os bispos e os fiéis, que são seus administradores, devem satisfazer a todos os que desejam ter vida em comum, gerenciando as necessidades da melhor maneira possível, de tal sorte que ninguém seja encontrado passando necessidade entre eles. Por essa razão, as possessões dos fiéis são também chamadas oblações, pois que são oferecidas ao Senhor. Não devem, pois, ser desviadas para outros usos alheios aos pretendidos pela Igreja, em benefício dos irmãos cristãos anteriormente mencionados e dos pobres, pois estas são as oferendas dos fiéis, dinheiro da recompensa [pela remissão] dos pecados, patrimônio dos pobres doados ao Senhor pelos propósitos já mencionados.
Pieta, de Michelangelo - Basílica do Vaticano
Porém, se alguém agir de outro modo - que Deus não o permita! -, que tome cuidado para não vir a receber a condenação aplicada a Ananias e Safira; culpável de sacrilégio como foram aqueles que mentiram sobre o preço da propriedade, como lemos na passagem citada anteriormente nos Atos dos Apóstolos: Um homem chamado Ananias, com Safira, sua esposa, vendeu sua possessão, porém reteve uma parte do preço com o prévio consentimento de sua esposa; trouxe uma parte e a depositou aos pés dos apóstolos. Entretanto, Pedro disse a Ananias: 'Como Satanás te tentou para mentir ao Espírito Santo, retendo parte do preço da terra? Ficando com ela, não era tua? E depois de vendida, não estava à tua disposição? Por que concebeste isto em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus'. E ouvindo isto, Ananias caiu por terra e expirou. E um grande temor veio sobre todos aqueles que ouviram estas coisas. Logo alguns jovens prepararam o seu corpo e o levaram para fora; e o enterraram. Aproximadamente três horas depois, sua esposa entrou sem saber o que havia acontecido. Pedro lhe perguntou: 'Dize-me: vendestes vós o campo por tal valor?'. Disse ela: 'Sim, pelo valor tal'. Então Pedro lhe disse: 'Como combinastes para tentar o Espírito de Deus? Vêde: os pés daqueles que enterraram o teu marido estão chegando à porta e levarão também a ti'. Nesse mesmo instante, ela caiu aos seus pés e morreu. E os jovens entraram, a encontraram morta e, levando-a, a enterraram ao lado do seu marido. E um grande temor sobreveio a toda a Igreja e a todos que ouviram estas coisas (At. 5,1-11).

Irmãos: devemos guardar cuidadosamente estas coisas; devemos temê-las grandemente, pois a propriedade da Igreja não é propriedade pessoal, mas propriedade comum, propriedade oferecida a Deus; deve, pois, ser distribuída com o mais profundo espírito de temor, em espírito de fidelidade, sem outro motivo que os acima mencionados, para que não incorra em culpa de sacrilégio quem as desviam das mãos para as quais foram consignadas, a não ser que mereça a pena de morte de Ananias e Safira; a não ser que - o que é ainda pior - deva se tornar anátema (vem, Senhor Jesus!); a não ser que, ainda que seu corpo não caia morto como o de Ananias e Safira, sua alma, que é mais valiosa que o corpo, caia morta e seja separada da companhia dos fiéis, sendo atirada nas profundezas do inferno.

Portanto, todos devem prestar atenção a este problema e velar com fidelidade, evitando a desonra de tal usurpação, a não ser que as possessões dedicadas aos usos das coisas sagradas e divinas sejam corrompidas por qualquer grupo que as invada. E se alguém fizer assim, então, após a severa vingança que corresponde a esse crime, o rigor da justiça que deve ser empreendido contra tal sacrílego será o da condenação à infâmia perpétua: será preso ou exilado por toda a sua vida, pois, segundo o Apóstolo (1Cor. 5,5), devemos entregar tal homem a Satã, e deixar que seu espírito seja salvo no dia do Senhor.

III. No que se refere à tentativa de proibir à Igreja o direito de manter propriedades

Assim, pelo crescimento e modo de vida já mencionados, as igrejas dirigidas pelos bispos têm crescido com a ajuda do Senhor e a maior parte delas possui, agora, propriedades; entre elas, não há um só homem que, escolhendo a vida em comum, seja mantido na pobreza, sem que receba todo o necessário do bispo e de seus ministros. Logo, se alguém no presente ou no futuro se levantar contra isto e tentar desviar estas propriedades, deixai que seja afligido pelo Juízo já citado.

-- Da Epístola aos Cristãos, de Santo Urbano, papa (século III)

8 de mai. de 2011

A Celebração da Eucaristia

A ninguém é permitido participar da Eucaristia, a não ser àquele que, admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo para a remissão dos pecados e a regeneração, leve uma vida como Cristo ensinou.

Pois não é pão ou vinho comum o que recebemos. Com efeito, do mesmo modo como Jesus Cristo, nosso salvador, se fez homem pela Palavra de Deus e assumiu a carne e o sangue para a nossa salvação, também nos foi ensinado que o alimento sobre o qual foi pronunciada a ação de graças com as mesmas palavras de Cristo e, depois de transformado, nutre nossa carne e nosso sangue, é a própria carne e o sangue de Jesus que se encarnou.

Os apóstolos, em suas memórias que chamamos evangelhos, nos transmitiram a recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças, disse: Fazei isto em memória de mim. Isto é o meu corpo (Lc 22,19; Mc 14,22); e tomando igualmente o cálice e dando graças, disse: Este é o meu sangue (Mc 14,24), e os deu somente a eles. Desde então, nunca mais deixamos de recordar estas coisas entre nós. Como que possuímos, socorremos a todos os necessitados e estamos sempre unidos uns aos outros. E por todas as coisas com que nos alimentamos, bendizemos o Criador do universo, por seu Filho Jesus Cristo e pelo Espírito Santo.

No chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos. Lêem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na medida em que o tempo permite.

Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos.

Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como já dissemos acima, ao acabarmos de rezar, apresentam-se pão, vinho e água.Então o que preside eleva ao céu, com todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em seguida, faz-se entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram eucaristizados, que são também enviados aos ausentes por meio dos diáconos.

Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à disposição do que preside. Este socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou qualquer outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados.

Reunimo-nos todos no dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus Cristo, nosso salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do dia de Saturno; e no dia seguinte a este, ou seja, no dia do Sol,aparecendo aos seus apóstolos e discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração.

-- Da Primeira Apologia a favor dos cristãos, de São Justino, mártir (século I)





6 de mai. de 2011

Virgindade: o exemplo dos santos

Todos os Santos fizeram o maior esforço para manter a pureza e a virgindade e preferiram perder seus bens, sua reputação e sua própria vida a descorar esta virtude.

Nós temos um belo exemplo disto na pessoa de Santa Inês. Sua formosura e suas riquezas fizeram com que, à idade de doze anos, ela fosse procurada pelo filho do prefeito da cidade de Roma. Ela lhe fez saber que estava consagrada ao bom Deus. Ela foi presa sob o pretexto de que era cristã, mas em realidade para que consentisse nos desejos do rapaz. Ela estava de tal modo unida a Deus que nem as promessas, nem as ameaças, nem a vista dos carrascos e dos instrumentos expostos diante de si para amedrontá-la, não a fizeram mudar de sentimentos.

Não tendo conseguido nada dela, seus perseguidores a carregaram de cadeias, e quiseram colocar uma argola e anéis em seu pescoço e em sua mãos; eles não puderam fazê-lo, tão débeis eram suas pequenas mãos inocentes. Ela permaneceu firme em sua resolução, no meios destes lobos enraivecidos, ela ofereceu seu corpinho aos tormentos com uma coragem que espantou aos carrascos. Arrastam-na aos pés dos ídolos; mas ela confessa bem alto que só reconhece por Deus a Jesus Cristo, e que os ídolos deles não são mais que demônios. O juiz, cruel e bárbaro, vendo que não consegue nada, crê que ela será mais sensível diante da perda daquela pureza que ela estimava tanto. Ele ameaça expô-la num lugar infame; mas ela responde com firmeza; “Vós podeis fazer-me morrer, mas não podereis jamais fazer-me perder este tesouro: o próprio Jesus Cristo é zeloso deste tesouro.”

O Martírio de Santa Inês, de Juan Vicente Macip.
O juiz, morrendo de raiva, manda conduzi-la ao lugar das torpezas infernais. Mas Jesus Cristo, que velava por ela duma maneira particular, inspira um tão grande respeito aos guardas, que eles só a olhavam com uma espécie de pavor, e manda a Seus anjos que a protejam. Os jovens que entram naquele quarto, inflamados de um fogo impuro, vendo um anjo ao lado dela, mais belo que o sol, saem dali abrasados do amor divino. Mas o filho do prefeito, mais perverso e mais corrompido que os outros, penetra no quarto onde estava Santa Inês. Sem ter consideração por todas aquelas maravilhas, ele se aproxima dela na esperança de contentar seus desejos impuros; mas o anjo que guarda a jovem mártir fere o libertino que cai morto a seus pés. Rapidamente se espalha em Roma o boato de que o filho do prefeito tinha sido morto por Inês. O pai, enfurecido, vem encontrar a santa e se entrega a tudo o que seu desespero lhe pode inspirar. Ele a chama de fúria do inferno, monstro nascido para a desolação de sua vida, pois tinha feito morrer seu filho. Santa Inês lhe responde tranqüilamente: “É que ele quis fazer-me violência, então o meu anjo lhe deu a morte.” O prefeito, um pouco acalmado, lhe diz: pois bem, pede a teu Deus para ressuscitá-lo, para que não se diga que foste tu que o mataste.” – Sem dúvida, diz-lhe a Santa, vós não mereceis esta graça; mas para que saibais que os cristãos nunca se vingam, mas, pelo contrário, eles pagam o mal com o bem, saí daqui, e eu vou pedir ao bom Deus por ele.” Então Inês se põe de joelhos, prostrada com a face em terra. Enquanto ela reza, seu anjo lhe aparece e lhe diz: “Tenha coragem”. No mesmo instante o corpo inanimado retoma a vida. O jovem ressuscitado pelas orações da Santa, se retira da casa, corre pelas ruas de Roma gritando: “Não, não, meus amigos, não há outro Deus que o dos cristãos, todos os deuses que nós adoramos não são mais que demônios que nos enganam e nos arrastam ao inferno.”

Entretanto, apesar de um tão grande milagre, não deixaram de a condenar. Então o tenente do prefeito manda que se acenda um grande fogo, e faz lançá-la nele. Mas as chamas entreabrindo-se, não lhe fazem nenhum mal e queimam os idólatras que acudiram para serem espectadores de seus combates. O tenente, vendo que o fogo a respeitava e não lhe fazia nenhum mal, ordena que a firam com um golpe de espada na garganta, afim de lhe tirar a vida; mas o carrasco treme como se ele mesmo estivesse condenado à morte...

Como os pais de Santa Inês chorassem a morte de sua filha, ela lhes aparece dizendo-lhes: “Não choreis minha morte, pelo contrário, alegrai-vos de eu Ter adquirido uma tão grande glória no Céu.” Estais vendo, meus irmãos, o que esta Santa sofreu para não perder sua virgindade. Formai agora idéia da estima em que deveis ter a pureza, e como o bom Deus se compraz em fazer milagres para se mostrar-se seu protetor e guardião. Como este exemplo confundirá um dia estes jovens que fazem tão pouco caso desta bela virtude! Eles jamais conheceram seu preço. O Espírito Santo tem, portanto, razão de exclamar: “Ó, como é bela esta geração casta; sua memória é eterna, e sua glória brilha diante dos homens e dos anjos!”

É certo, meus irmãos, que cada um ama seus semelhantes; também os anjos, que são espíritos puros, amam e protegem duma maneira particular as almas que imitam sua pureza. Nós lemos na Sagrada Escritura que o anjo Rafael, que acompanhou o jovem Tobias, prestou-lhe mil serviços. Preservou-o de ser devorado por um peixe, de ser estrangulado pelo demônio. Se este jovem não tivesse sido casto, é certíssimo que o anjo não o teria acompanhado, nem lhe teria prestado tantos serviços. Com que gozo não se alegra o anjo da guarda que conduz uma alma pura! Não há outra virtude para conservação da qual Deus faça milagres tão numerosos como os que ele pródiga em favor duma pessoa que conhece o preço da pureza e que se esforça por salvaguardá-la.

Vede o que Ele fez por Santa Cecília. Nascida em Roma de pais muito ricos, ela era muito instruída na religião cristã, e seguindo a inspiração de Deus, ela Lhe consagrou sua virgindade. Seus pais, que não o sabiam, prometeram-na em casamento a Valeriano, filho de um senador da Cidade. Era, segundo o mundo, um partido bem considerado. Ela pediu a seus pais o tempo de pensá-lo. Ela passou este tempo no jejum, na oração e nas lágrimas, para obter de Deus a graça de não perder a flor daquela virtude que ela estimava mais que sua vida. O bom Deus lhe respondeu que não temesse nada e que obedecesse a seus pais; pois, não somente não perderia esta virtude, mas ainda obteria... Consentiu, pois, no matrimônio. No dia das núpcias, quando Valeriano se apresentou, ela lhe disse: “Meu caro Valeriano, eu tenho um segredo a lhe comunicar.” Ele lhe respondeu: “Qual é este segredo? ” – Eu consagrei minha virgindade a Deus e jamais homem algum me tocará, pois eu tenho um anjo que vela por minha pureza; se você atenta contra isto, você será ferido de morte”. Valeriano ficou muito surpreso com esta linguagem, porque sendo pagão, não compreendia nada de tudo isto. Ele respondeu: “Mostre-me este anjo que a guarda.” A Santa replicou: “Você não pode vê-lo porque você é pagão. Vá ter com o Papa Urbano, e peça-lhe o batismo, você em seguida verá o meu anjo”.

Imediatamente ele parte. Depois de Ter sido batizado pelo Papa, ele volta a encontrar sua esposa. Entrando no seu quarto, vê o anjo velando com Santa Cecília. Ele o acha tão bonito, tão brilhante de glória, que fica encantado e tocado por sua formosura. Não somente permite à sua esposa permanecer consagrada a Deus, mas ele mesmo faz voto de virgindade ... Em breve eles tiveram a alegria de morrerem mártires. Estais vendo como o bom Deus toma cuidado duma pessoa que ama esta incomparável virtude e trabalha por conservá-la?

Nós lemos na vida de Santo Edmundo que, estudando em Paris, ele se encontrou com algumas pessoas que diziam tolices; ele as deixou imediatamente. Esta ação foi tão agradável a Deus, que Ele lhe apareceu sob a forma de um belo menino e o saudou com um ar muito gracioso, dizendo-lhe que com satisfação o tinha visto deixar seus companheiros que mantinham conversas licenciosas; e, para recompensá-lo, prometia que estaria sempre com ele. Além disto, Sto. Edmundo teve a grande alegria de conservar sua inocência até a morte.

Quando Santa Luzia foi ao túmulo de Santa Águeda para pedir ao Bom Deus, por sua intercessão, a cura de sua mãe, Santa Águeda lhe apareceu e lhe disse que ela podia obter, por si mesma, o que ela pedia, pois que, por sua pureza, ela tinha preparado em seu coração uma habitação muito agradável ao seu Criador. Isto nos mostra que o bom Deus não pode recusar nada a quem tem a alegria de conservar puros seu corpo e sua alma...

Escutai a narração do que aconteceu a Santa Pontamiena que viveu no tempo da perseguição de Maximiano. Esta jovem era escrava dum dissoluto e libertino, que não cessava de a solicitar para o mal. Ela preferiu sofrer todas as sortes de crueldades e de suplícios a consentir nas solicitações de seu senhor infame. Este, vendo que não podia conseguir nada, em seu furor, entregou-a como cristã nas mãos do governador, a quem prometeu uma grande recompensa se a pudesse conquistar. O juiz mandou que a conduzissem ante seu tribunal, e vendo que todas as ameaças não a faziam mudar de sentimentos, fez a Santa sofrer tudo o que a raiva pôde lhe inspirar. Mas o bom Deus concedeu à jovem mártir tanta força que ela parecia ser insensível a todos os tormentos. Aquele juiz iníquo, não podendo vencer sua resistência, faz colocar sobre um fogo bem ardente uma caldeira cheia de pez, e lhe diz: “Veja o que lhe preparam se você não obedece a seu senhor.” A santa jovem responde sem se perturbar: “Eu prefiro sofrer tudo o que vosso furor puder vos inspirar a obedecer aos infames desejos de meu senhor; aliás, eu jamais teria acreditado que um juiz fosse tão injusto de me fazer obedecer aos planos de um senhor dissoluto.” O tirano, irritado por esta resposta, mandou que a lançassem na caldeira. “Ao menos mandai, diz-lhe ela, que eu seja lançada vestida. Vós vereis a força que o Deus que nós adoramos dá aos que sofrem por Ele.” Depois de três horas de suplício, Pontamiena entregou sua bela alma a seu criador, e assim alcançou a dupla palma do martírio e da virgindade. 

Ai, meus irmãos, como esta virtude é pouco conhecida no mundo, quão pouco nós a estimamos, quão pouco cuidado nós pomos em conservá-la, quão pouco zelo temos em pedi-la a Deus, pois que não a podemos ter de nós mesmos. Não, nós não conhecemos esta bela e amável virtude que ganha tão facilmente o coração de Deus, que dá um tão belo brilho a todas as nossas outras boas obras, que nos eleva acima de nós mesmos, que nos faz viver sobre a terra como os anjos no céu!...

Não, meus irmãos, ela não é conhecida por este velhos infames impudicos que se arrastam, se rolam e se submergem na lama de suas torpezas, cujo coração é semelhante àqueles ... sobre o alto das montanhas... queimados e abrasados por estes fogos impuros. Ai! Bem longe de procurar extingui-lo, eles não cessam de acendê-lo e abrasá-lo por seus olhares, por seus pensamentos, seus desejos e suas ações. Em que estado estará esta alma, quando aparecer diante de Deus, a Pureza mesma? Não, meus irmãos, esta bela virtude não é conhecida por esta pessoa, cujos lábios não são mais que uma abertura e um tubo de que o inferno se serve para vomitar suas impurezas sobre a terra, e que se alimenta disto como de um pão quotidiano. Ai! A alma deles não é mais que um objeto de horror para o céu e para a terra! Não, meus irmãos, esta bela virtude não é conhecida por estes jovens cujos olhos e mãos estão profanados por estes olhares e ... Ó DEUS, QUANTAS ALMAS ESTE PECADO ARRASTA PARA O INFERNO!...

Não, meus irmãos, esta bela virtude não é conhecida por estas moças mundanas e corrompidas que tomam tantas precauções e cuidados para atraírem sobre si os olhos do mundo; que por seus enfeites exagerados e indecentes, anunciam publicamente que são infames instrumentos de que o inferno se serve para perder as almas; estas almas que custaram tantos trabalhos, lágrimas e tormentos a Jesus Cristo! ... Vede estas infelizes, e vós vereis que mil demônios circundam sua cabeça e seu coração.

Ó meu Deus, como a terra pode suportar tais sequazes do inferno? Coisa mais espantosa ainda, como mães as suportam num estado indigno de uma cristã! Se eu não temesse ir longe demais, eu diria a estas mães que elas valem o mesmo que suas filhas. Ai, este infeliz coração e estes olhos impuros não são mais que uma fonte envenenada que dá a morte a qualquer que os olha e os escuta. Como tais monstros ousam se apresentar diante de um Deus santo e tão inimigo da impureza! Ai! A vida deles não é mais que uma acumulação de banha que eles estão juntando para inflamar o fogo do inferno por toda a eternidade. Mas, meus irmãos, deixemos uma matéria tão desagradável e tão revoltante para um cristão, cuja pureza deve imitar a de Jesus Cristo mesmo; e voltemos à nossa bela virtude da pureza que nos eleva até o céu, que nos abre o coração adorável de Jesus Cristo, e nos atrai todas as bênçãos espirituais e temporais.

-- Do Sermão sobre a Pureza, de São João Maria Vianey

5 de mai. de 2011

O dom do Novo Testamento

O sacrifício celeste instituído por Jesus Cristo é verdadeiramente um dom do Novo Testamento concedido como herança; é o dom que ele nos deixou como garantia da sua presença, na noite em que foi entregue para ser crucificado. Este é o viático da nossa peregrinação. É o alimento que nos sustenta nos caminhos do Senhor. Pois ele mesmo disse: Se não comerdes a minha carne e não beberdes o meu sangue, não tereis a vida em vós (Jo 6,53).

Ele quis efetivamente com seus dons permanecer junto de nós ; quis que as almas, remidas com o seu sangue precioso, se santificassem continuamente pelo memorial de sua Paixão.Por esse motivo, ordenou aos seus discípulos fiéis, constituídos como primeiros sacerdotes de sua Igreja, que sem cessar celebrassem estes mistérios da vida eterna. É necessário, portanto, que estes sacramentos sejam celebrados por todos os sacerdotes em cada Igreja do mundo inteiro, até que Cristo desça novamente dos céus. Deste modo, tanto os sacerdotes como todo o povo fiel, tendo diariamente ante os olhos o sacramento da Paixão de Cristo, tomando-o nas suas mãos e recebendo-o na boca e no coração, guardem indelével a memória de nossa redenção.

Com razão se considera o pão como uma imagem inteligível do Corpo de Cristo. De fato, assim como para fazer o pão é necessário reunir muitos grãos de trigo, transformá-los em farinha, amassar a farinah com água e cozê-la ao fogo, assim também o Corpo de Cristo reúne a multidão de todo gênero humano e o leva à perfeita unidade de um só corpo por meio do fogo do Espírito Santo.

Cristo nasceu pelo poder do Espírito Santo. E porque convinha que nele se cumprisse toda a justiça, penetrou nas águas do Batismo para santificá-las, e saiu do rio Jordão cheio do Espírito Santo que tinha descido sobre ele em forma de pomba. O evangelista dá testemunho disso dizendo: Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão (Lc 4,1).

Do mesmo modo, o vinho do seu sangue, proveniente de muitos cachos, quer dizer, feito de uvas da videira por ele plantada, esprimido no lagar da cruz, fermenta por si mesmo em amplos recipientes que são corações de fiéis. Todos vós, pois, que fostes libertados do Egito e do poder do Faraó, isto é, do demônio, recebei com santa avidez de coração junto conosco, este sacrifício pascal portador de salvação. E assim, sejamos santificados até o mais íntimo de nosso ser por Nosso Senhor Jesus Cristo, que cremos estar presente em seus sacramentos. Seu poder inestimável permanece por todos os séculos.

-- Dos Tratados de São Gaudêncio, bispo de Bréscia (século V)

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