30 de abr. de 2010

O Corpo de Deus

Este é o  caminho onde encontramos nossa salvação: Jesus Cristo, nosso defensor e arrimo de nossas fraquezas. Combatamos, irmãos, com todas as nossas forças, sob as suas ordens irrepreensíveis. Asseguremos a salvação de todo corpo que formamos em Cristo Jesus.

O forte proteja o fraco e o fraco respeite o forte; o rico seja generoso para com o pobre e o pobre agradeça a Deus por ter dado alguém que o ajude na pobreza. O sábio manifeste sua sabedoria não por palavras, mas por boas obras; o humilde não dê testemunho de si mesmo, mas deixe que outro o faça. Quem é casto de corpo não se vanglorie, sabendo que é Deus quem lhe dá o dom da continência.

Consideremos irmãos de que matéria somos feitos, quem éramos e em que condições entramos no mundo, onde Deus nos tinha preparado tantos benefícios antes mesmo de termos nascido. Por tudo lhe demos graças sabendo que recebemos todas estas coisas de Deus. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

-- adaptado da Carta aos Coríntios, de Sào Clemente I, papa (século I)

29 de abr. de 2010

O Novo Mandamento

O Senhor Jesus afirma que dá um novo mandamento a seus discípulos: Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros (Jo 13, 34). Mas já não estava escrito na antiga lei de Deus: Amarás o teu próximo como a ti mesmo? (Lv 19, 18). Por que então o Senhor chama de novo o que é evidemente tão antigo? Na verdade, ele renova o homem que ouve; não se trata de um amor puramente humano, mas daquele que o Senhor quis distinguir, acrescentando: Como eu vos amei (Jo 13, 34).

 É este amor que nos renova, transformando-nos em homens novos, herdeiros da nova Aliança. Não é como se amam aqueles que vivem na corrupção da carne; mas como se amam aqueles que são irmãos de Jesus Cristo, amando-se uns aos outros com aquele mesmo amor com que ele nos amou, e por ele serão conduzidos à plenitude final, onde seus desejos serão completamente saciados de bens. Então nada faltará à sua felicidade, quando Deus for tudo em todos.

-- adaptado Dos Tratados sobre o Evangelho de São João, de Santo Agostinho, bispo (século V) 

28 de abr. de 2010

A união natural dos fiéis em Deus

Proclamamos como uma verdade que a Palavra de Deus se fez carne (Jo 1, 14) e que na ceia do Senhor nós recebemos esta mesma Palavra que se fez carne. Então como se pode negar que permaneça naturalmente em nós aquele que assumiu a natureza da nossa carne ao nascer como homem e também uniu sua natureza humana à natureza divina no sacramento da comunhão? Deste modo todos somos um só, porque o Pai está em Cristo e Cristo está em nós.

Até que ponto esta unidade é natural em nós, o mesmo Senhor o declara: Quem come da minha carne e bebe do meu sangue, permanece em mim e eu nele (Jo 6, 56). Realmente, ninguém poderá estar em Cristo se Cristo não estiver nele. Cristo somente assume em si a carne daquele que recebe a sua.

O Senhor já havia ensinado assim esta perfeita unidade, dizendo: Assim como o Pai que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim (Jo 6, 57). Vive, portanto, pelo Pai; e do mesmo modo que vive pelo Pai, também nós vivemos pela sua carne.

-- adaptado do Tratado sobre a Trindade, de Santo Hilário, bispo.

27 de abr. de 2010

O Sacrifício de Deus

Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos (Rm 12, 1). Paulo exorta, ou melhor, é Deus que por intermédio de Paulo nos exorta. Ouve como o Senhor nos exorta.

Talvez vos perturbe a enormidade de meus sofrimentos causados por vós. Não tenhais medo. Esta cruz não me feriu a mim, mas feriu a morte. Estes cravos não me provocam dor, mas cravam mais profundamente em mim o amor por vós. Estas chagas não me fazer soltar gemidos, mas vos introduzem ainda mais intimamente em meu coração. O meu corpo, ao ser estirado na cruz, não aumenta meu sofrimento, mas dilata os espaços do meu coração para vos acolher. Meu sangue não é uma perda para mim, mas é o preço do vosso resgate.

Vinde, pois, convertei-vos e pelo menos assim experimetareis a bondade do Pai, que paga os males com o bem, as injúrias com amor, tão grandes chagas com tamanha caridade.

-- trecho Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo (século V)

26 de abr. de 2010

As graças do Batismo

O Batismo, de fato, não é uma purificação da imundície corporal, mas o compromisso de uma consciência pura perante Deus. Eis por que o Senhor, a fim de nos preparar para a vida que brota da ressurreição, propõe-nos todo um programa de vida, prescrevendo que não nos entreguemos à cólera, sejamos pacientes nas contrariedades e livres na aflição dos prazeres e do amor ao dinheiro. Isto nos manda o Senhor, para nos induzir a praticar, desde agora, aquelas virtudes que na vida futura se possuem como condição natural da nova existência.

O Senhor que nos concede a vida, estabeleceu conosco a aliança do batismo, como símbolo da morte e da vida. A água é imagem da morte e o Espírito Santo nos dá o penhor da vida, restitui o paraíso, concede-nos entrar no reino dos céus e voltar à adoção de filhos. Dá-nos confiança de chamar a Deus de nosso Pai, de participar da graça de Cristo, de sermos chamados filhos da luz, de tomar parte na glória eterna. Numa palavra, de receber a plenitude de todas as bençãos, tanto na vida presente quanto na futura.

-- adaptado Do Livro Sobre o Espírito Santo, de São Basílio, bispo (século IV)

Cristo, o bom pastor

Falando de suas ovelhas, diz Jesus: Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna (Jo 10, 27-28). É a respeito delas que fala: Quem entrar por mim, será salvo; entrará, sairá e encontrará pastagem (Jo 10, 9).

Suas ovelhas encontram pastagem, pois todo aquele que o segue na simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes. Quais são afinal as pastagens destas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? Sim, o alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao comtemplá-lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida.

Portanto, procuremos alcançar estas pastagens, onde nos alegraremos na companhia dos cidadãos do céu. Que a própria alegria dos bem-aventurados nos estimule. Corações ao alto, irmãos!

Nenhuma contrariedade nos afaste da alegria desta solenidade. Se alguém pretende chegar a um determinado lugar, não há obstáculo algum no caminho que o faça desistir. Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que contemplando a beleza da paisagem, se esquece de continuar a viagem até o fim.

-- adaptado das Homílias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa (século VI)

22 de abr. de 2010

A Eucaristia e o Corpo de Cristo

Nós somos membros do corpo de Cristo e nos alimentamos das coisas criadas que ele próprio nos dá, fazendo nascer o sol e cair a chuva. Por isso, o Senhor declara que o cálice, fruto da criação, é o seu sangue, que fortalece nosso sangue; e o pão, fruto também da criação, é o seu corpo, que fortalece nosso corpo.

Portanto, quando o cálice de vinho misturado com água e o pão natural recebem a palavra de Deus, transformam-se na eucaristia do sangue e corpo de Cristo. São eles que alimentam e revigoram a substância de nossa carne. Como é possível negar que a carne é capaz de receber o dom de Deus, que é a vida eterna, essa carne que se alimenta com o sangue e o corpo de Cristo e se torna membro do seu corpo?

O apóstolo diz na Carta aos Efésios: Nós somos membros do seu corpo (Ef 5, 30), da sua carne e seus ossos (cf Gn 2, 23); não é de um homem espiritual e invisível que ele fala - o espírito não tem carne, nem ossos (cf Lc 24, 39) - mas sim do organismo verdadeiramente humano, que consta de carne, nervos e ossos, que se nutre com o cálice do seu sangue e se robustece com o pão que é seu corpo.

-- do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo (século II)

21 de abr. de 2010

Batismo - Banho do Novo Nascimento

Todos os que estiverem convencidos e acreditarem no que nós ensinamos e proclamamos, e prometerem viver de acordo com estas verdades, levamos ao lugar onde se encontra água: ali renascem do mesmo modo que nós também renascemos: recebem o batismo da água.

Esta doutrina nós a recebemos dos apóstolos. No nosso primeiro nascimento fomos gerados por um instinto natural, na mútua união dos nossos pais. Fomos educados no meio de uma sociedade desonesta e de maus costumes. No Bastismo temos um novo nascimento, que não é fruto da simples natureza, mas sim de uma escolha consciente. O nome do Senhor Deus Criador de todas as coisas é pronunciado sobre aquele que quiser renascer e fizer penitência dos pecados, para obtermos pela água o perdão dos pecados cometidos. A purificação daquele que é iluminado, faz-se em nome de Jesus Cristo, e em nome do Espírito Santo que pelos profetas predisse tudo quanto dizia respeito a Jesus.

-- adaptado da Primeira Apologia em defesa dos cristãos, de São Justino, mártir (século II)

20 de abr. de 2010

O Amor de Deus

Não há ninguém que não ame. A questão é saber o que se deve amar. Não somos convidados a não amar, mas sim a escolher o que havemos de amar. Não conseguiremos amar se antes não formos amados. Escutai o apóstolo João: Nós amamos porque ele nos amou primeiro (1Jo 4,10). Procura saber como o homem pode amar a Deus; não encontrarás resposta, a não ser esta: Deus amou primeiro. Deu-se a si mesmo aquele que amamos, deu-nos a capacidade de amar. Como ele nos deu esta capacidade, ouvi o apóstolo Paulo que diz claramente: O amor de Deus foi derramado em nossos corações. Por quem? Por nós, talvez? Não. Então, por quem? Pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5).

Tendo, portanto, uma tão grande certeza, amemos a Deus com o amor que vem de Deus. Escutai ainda mais claramente o mesmo São João: Deus é amor, quem permanece no amor, permanece com Deus e Deus permanece com ele (1Jo 4,16). É bem pouco afirmar: O amor vem de Deus (1Jo 4,7). Quem de nós se atreveria a dizer: Deus é amor? Disse-o quem sabia o que possuía.

-- Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo, século V

19 de abr. de 2010

O Batismo e a Travessia do Deserto.

São Pedro nos ensina que a história antiga (do AT) deve ser realizada espiritualmente pelo novo povo de Deus, acrescentando: Para proclamar suas obras admiráveis (1Pd 2,9). De fato, os que foram libertados da escravidão do Egito por Moisés, entoaram ao Senhor um canto de vitória (Ex 15), depois de terem atravessado o Mar Vermelho e afogado o exército do Faraó. Do mesmo modo, também nós, depois de termos recebido no batismo o perdão dos pecados, devemos agradecer dignamente os benefícios celestes.

Os egípcios que afligiam o povo de Deus, e por isso eram símbolos das trevas e tribulações, representam muito bem os pecados que nos oprimiam, mas que foram lavados pelas águas do Batismo.

A libertação dos filhos de Israel e a sua caminhada para a terra prometida tem íntima relação com o mistério da nossa redenção; por ela nos dirigimos para os esplendores da morada celeste, sob a luz e direção da graça de Cristo. Esta luz da graça foi também prefigurada por aquela coluna de fogo que, durante toda peregrinação no deserto defendeu os israelitas das trevas da noite e os conduziu através de veredas indescritíveis para a pátria prometida.

-- adaptado do cometário à Primeira Carta de São Pedro, de São Beda Venerável, presbítero, século VIII

16 de abr. de 2010

A Cruz de Cristo

Ó preciosíssimo dom da Cruz! Vede o esplendor da sua forma! É uma árvore que não gera morte, mas a vida; que não difunde as trevas, mas a luz; que não expulsa do Paraíso, mas nele introduz. A esta árvore subiu Cristo e venceu o demônio para libertar o gênero humano da escravidão.

Se antes, pela árvore, fomos mortos, agora, pela árvore, recuperamos a vida; se antes fomos enganados, agora repelimos a ástucia da serpente. Em vez da morte, nos é dada a vida, em lugar do pecado, a salvação; da vergonha, a glória. Toda espécie de bens maravilhosos que brotaram da cruz, extirparam inteiramente a raiz da maldade e do pecado. Sem dúvidas, novas e extraordinárias mudanças!

Não é sem razão que o Apóstolo exclama: Quanto a mim, que eu me glorie somente na cruz de Senhor nosso, Jesus Cristo. Por ele, o mundo está crucificado para mim, como eu estou crucificado para o mundo (Gl 6,14).

-- adaptado Dos Sermões da São Teodoro Estudita, século IX

15 de abr. de 2010

A Eucaristia é um presente

O sacrifício instituído por Cristo é verdadeiramente um presente concedido como herança: é o dom que ele nos deixou como garantia da sua presença, na noite em que foi entregue para ser crucificado. É o alimento que nos sustenta nos caminhos desta vida até o dia em que, partindo deste mundo, formos ao encontro do Senhor. Pois ele mesmo disse: Se não comerdes a minha carne e não beberdes o meu sangue, não tereis a vida em vós (Jo 6,53).

Com razão se considera o pão como imagem inteligível do Corpo de Cristo. De fato, assim como para fazer o pão é necessário reunir muitos grãos de trigo, transformá-los em farinha, amassar em farinha com água e cozê-la ao fogo, assim também o Corpo de Cristo reúne a multidão de todo o gênero humano e o leva à perfeita unidade de um só corpo por meio do fogo do Espírito Santo.

Do mesmo modo, o vinho do seu sangue, proveniente de muitos cachos, quer dizer, feito das uvas da videira por ele plantada, espremido no lagar da cruz, fermenta por si mesmo em amplos recipientes que são os corações dos fiéis. Todos vós que fostes libertados do Egito e do poder do Faraó, isto é, do demônio, recebei com santa avidez de coração este sacrifício pascal de salvação. E assim, sejamos santificados até o mais íntimo de nosso ser por Jesus Cristo nosso Senhor, que cremos estar presente em seus sacramentos. Seu poder inestimável permanece por todos os séculos.

-- adaptado Dos Tratados de São Gaudêncio, século V

14 de abr. de 2010

Uma Alma é Preciosa

Nada há de mais precioso que uma alma! Pois, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se perde a própria alma? (Mc 8,36) Mas o amor ao dinheiro, pervertendo e corrompendo tudo, extingue o temor de Deus e apodera-se de nós como o tirano que invade uma fortaleza. É o que nos leva a descuidarmos da salvação dos nossos filhos e da nossa, preocupando-nos apenas em amontoar riquezas que deixaremos a outros, estes a seus descendentes e assim por diante, tornando-nos então transmissores e não possuidores de dinheiro e bens. Que loucura! Será que nossos filhos valem menos que os escravos? Corrigimos os escravos, embora não seja por amor mas por conveniência própria; os filhos, porém, vêem-se privados desta providência: são tidos por nós em menor apreço que os escravos.

-- Das Homílias sobre o Evangelho de São Mateus, de São João Crisóstomo

13 de abr. de 2010

A unidade da Igreja

Está escrito: O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5).

O Espírito Santo realiza agora naqueles a quem concedeu a graça da adoção divina, transformação idêntica à que realizou naqueles que receberam o mesmo Espírito, conforme lemos nos Atos dos Apóstolos: A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma (At 4, 32). Quem fez dessa multidão dos que creram em Deus um só coração e uma só alma, foi aquele Espírito que é unidade do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é um só Deus.

A edificação espiritual do corpo de Cristo realiza-se na caridade. Por isso pedimos que a mesma graça que faz da Igreja o Corpo de Cristo, faça com que todos os membros, unidos pelos laços da caridade, perseverem firmamente na unidade do corpo.

-- adaptado dos "Livros a Monimo", de São Fulgêncio

12 de abr. de 2010

A Páscoa Espiritual

A Páscoa que celebramos é a causa da salvação de todo gênero humano. O próprio nome da festa, se compreendermos seu verdadeiro signifitcado, nos sugere a sua excelência. Päscoa, com efeito, significa "passagem", pois o anjo exterminador, que feria de morte os primogênitos dos egípcios, passava adiante, sem entrar nas casas dos hebreus. Todavia, em relação a nós, a passagem do exterminador é um fato, porque passou realmente sem nos tocar, a nós que por Cristo, ressuscitamos para a vida eterna.

Por conseguinte, aquele que tiver consciência que a Páscoa foi imolada em seu benefício, deve aceitar como início de sua vida o momento em que Cristo se imolou por ele. Ora, tal sacrifíco se atualiza em cada um, quando reconhece essa graça e compreende que vida lhe foi dada por esse sacrifício. Quem chegou a este conhecimento, esforce-se por aceitar o começo da vida nova, sem pretender voltar à vida antiga que foi ultrapassada. De fato, se já morremos para o pecado, como vamos continuar vivento nele? (Rm 6,2).

-- adaptado da Homília Pascal, de um Autor desconhecido

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...