28 de jun. de 2014

Como escolher o nome de uma criança de acordo com a Igreja?

No Brasil, a variedade de nomes é bastante grande; a única restrição legal é não expor as crianças ao ridículo. Em outras línguas e países, as opções são muito mais restritas, seja por questões linguísticas, religiosas ou simples tradição. Por exemplo, na Islândia há uma lista com menos de 2000 nomes permitidos para meninos e outra lista para meninas. Na tradição católica, as crianças devem ter nome de santos, no entanto crianças com os mais diferentes nomes são regularmente batizadas. Então, o que seria correto na Igreja? Se as crianças devem ter nome de santos, seria adequado escolher outros nomes para nossos filhos? 

Primeiro, deve-se considerar que o Batismo é o sacramento chamado de porta de entrada (Canon 849) da Igreja e o mais fácil de ser administrado, aquele em que há menos restrições. Óbvio que isto não significa que deva ser um "oba-oba" onde tudo é possível. Algumas regras estão previstas no Código Canônico.

O Canon 855 diz: Procurem os pais, os padrinhos e o pároco que não se imponham nomes alheios ao sentido cristão. Ou seja, o código não impõe nenhum tipo de nome, não fala nada sobre nome de santos. Apenas diz, em forma negativa, que os nomes não devem ser contrários ao espírito cristão. Assim, um padre não deve batizar uma criança chamada "Lucifer", "Iemanja", "Hitler", "Nero" ou "Stalin". É óbvio que estes nomes não são cristãos, pois estão claramente associados à outras religiões, perseguição, pecados e mortes. Além disso, que tipo de fé teriam os pais dispostos a dar este nome aos filhos? Quando os pais pedem o batismo de seus filhos, assumem o compromisso de educar a criança de acordo com os ensinamentos da Igreja. Seriam estes pais "confiáveis" quanto a cumprir esta promessa? Certamente isto seria bastante questionável. Num caso semelhante, o padre pode perfeitamente recusar o Batismo até que os pais troquem o nome da criança.

Portanto, como o código não exige nomes de santos, são perfeitamente válidos nomes como Adélia, Maísa ou Sandro - até onde lembro não há santos com estes nomes. Há alguns nomes que não são diretamente de santos, mas perfeitamente relacionados a Igreja, como os nomes bíblicos Raquel e Ester, ou com óbvias ligações como Cristiano e Esperança. Ás vezes, para entender a relação é necessário ver um pouquinho além, como Michelle, a forma francesa para Miguel. 

O Código Canônico (CC) atual foi promulgado pelo Papa João Paulo II em 1983; o anterior foi pelo Papa Bento XV em 1917. Pelo CC anterior, os padres deveriam assegurar que as crianças recebessem um nome cristão e, quando adequado, poderiam acrescentar um nome de santo como segundo nome. Assim se os pais escolhessem Sandro, o padre deveria incluir um "santo" nome, por exemplo, José. E no registro de Batismo, neste exemplo, constaria "Sandro José".

Assim, é claro que escolher nomes de santos para nossos filhos é algo louvável pois já imprime, desde o nascimento, certo caráter religioso, mas não é obrigatório. Mas sim, certos nomes são proibidos pelo Código Canônico, mesmo que permitidos pelo Código Civil. 

-- autoria própria



27 de jun. de 2014

Estudo Bíblico: Festa de São Pedro e São Paulo


Neste próximo domingo, 29/Junho/2014, celebramos a festa dos Apóstolos São Pedro e São Paulo. 

Evangelho (Mt 16,13-19)

Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”

14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”.

15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 

16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.

17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

Comentário:

O título de profeta, que Jesus não reivindicou foi-lhe atribuído pelas multidões, tinha valor messiânico, pois o espírito de profecia, extinto desde Malaquias, segundo a tradição judaica, deveria reaparecer como um sinal da vinda do Messias. DE fato, no tempo de Jesus surgiram muitos falsos profetas. Pedro, com a concordância dos apóstolos, define Jesus não apenas como profeta, mas Filho de Deus. A mudança de nome marca uma nova vida para Pedro, agora como apóstolo e futuro chefe da Igreja.

Leituras Relacionadas:
Antigo Testamento: 
Livros Históricos
  • Gênesis, 22, 17
  • Deuteronômio 17, 8-9
Livros Proféticos e Salmos:
  • Isaías 45, 1-2
  • Jó 38, 17
  • Salmos 9, 14
  • Sabedoria 16, 13
Novo Testamento:
Evangelhos:
  • Marcos 8, 27-30
  • Lucas 9, 18-21
  • Mateus 8, 20-21
  • João 6, 69
Escritos apostólicos:
  • Romanos 7, 5-6

25 de jun. de 2014

Verdadeira, perfeita e eterna amizade

* Nota: Jônatas era o filho mais velho do Rei Saul, natural sucessor no trono, ao invés de Davi, que havia se tornado famoso em Israel após matar o gigante Golias, liderando o exército pelo seu exemplo de bravura e confiança em Deus. 

Jônatas, jovem de grande nobreza, sem olhar para a coroa régia nem para o futuro reinado fez um pacto com Davi, igualando assim, pela amizade, o súdito ao senhor. Deu preferência a Davi, mesmo quando este foi expulso por seu pai o rei Saul, tendo de se esconder no deserto, como condenado à morte, destinado à espada. Jônatas então humilhou-se para exaltar o amigo perseguido: Tu,são suas palavras, serás rei e eu serei o segundo depois de ti.

            Que espelho estupendo da verdadeira amizade! Admirável! O rei, furioso contra o servo, excitava todo o país contra um possível rival do reino. Assim, acusava sacerdotes de traição, trucidando-os por uma simples suspeita. Percorria as matas, esquadrinhava os vales, cercava com suas tropas os montes e penhascos, fazendo todos prometerem tornar-se vingadores da indignação real.

            Entretanto, Jônatas, o único que poderia ter razão de invejar, só ele julgou dever resistir a seu pai, oferecendo a paz ao amigo, aconselhando-o em tão grande adversidade, preferindo a amizade ao reino: Tu serás rei e eu serei o segundo depois de ti. Em contraste, vede como o pai estimulava a inveja do adolescente contra o amigo, apertava-o com repreensões, amedrontava-o com ameaças de ser despojado do reino, prometendo privá-lo da nobreza.

            Quando pronunciou sentença de morte contra Davi, Jônatas não abandonou o amigo. Por que deve morrer Davi? que culpa tem? que fez ele? Tomou sua vida em suas mãos e feriu o filisteu e tu te alegraste. Por que então irá morrer? A tais palavras, louco de cólera, o rei tentou transpassar Jônatas, com a lança contra a parede, ameaçando aos gritos: Filho de mãe indigna, bem sei que gostas dele para vergonha tua, confusão e infâmia de tua mãe. Depois vomitou todo o veneno sobre o coração do jovem, acrescentando incentivo à sua ambição, alimento à inveja, estímulo à rivalidade e à amargura: Enquanto viver o filho de Isaí, não se estabelecerá o teu reino.

            Quem não se abalaria com tais palavras? Quem não se encheria de inveja? Que amor, que agrado, que amizade elas não coromperiam, não diminuiriam, não fariam esquecer? Jônatas, o moço cheio de afeição, guardou o pacto da amizade, forte contra as ameaças, paciente contra o furor, desprezou o reino por causa da amizade, esquecido das glórias, bem lembrado da graça. Tu serás rei e eu serei o segundo depois de ti.

            Esta é a verdadeira, perfeita, estável e eterna amizade, aquela que a inveja não corompe, suspeita alguma diminui, não se desfaz pela ambição. Assim provada, não cede; assim batida, não cai; assim sacudida por tantas censuras, mostra-se inabalável e, provocada por tantas injúrias, permanece imóvel. Vai, então, e faze tu o mesmo.

-- Do Tratado sobre a amizade espiritual, do beato Elredo, abade (século XII)

23 de jun. de 2014

São Luis Scrosoppi, o padroeiro dos jogadores de futebol

Luís Scrosoppi nasceu aos 4 de agosto de 1804, em Údine, cidade do Friuli, no Norte da Itália. Cresceu num ambiente familiar rico de fé e caridade cristã. Aos doze anos iniciou o caminho do sacerdócio, freqüentando o seminário diocesano de Údine e em 1827 foi ordenado sacerdote junto com seus irmãos Carlos e João Batista, ambos sacerdotes.

O ambiente paupérrimo do Friuli de 1800, debilitado pela carestia, guerras e epidemias, foi para Luís como um apelo para assumir os cuidados dos fracos: dedicou-se com outros sacerdotes e um grupo de jovens professoras, à acolhida e à educação das "derelitas", as jovens mais sozinhas e abandonadas de Údine e dos arredores. Para elas colocou à disposição os seus bens, as suas energias, o seu afeto; não economizou nada de si e quando as necessidades são mais constrangedoras saia a pedir esmolas. A sua vida, de fato, foi uma expressão palpável da grande confiança na Providência divina. Assim escreveu a respeito da obra de caridade na qual está envolvido: "A Providência de Deus, que dispõe os ânimos e rende os corações para favorecer as suas obras, foi a única fonte da existência deste Instituto... aquela amorosa Providência, que não deixa confundir quem nela confia".

Nunca perdeu ocasião para infundir esta confiança e serenidade nas meninas acolhidas e nas jovens senhoras que se dedicavam à sua educação. Estas eram chamadas "mestras" porque serem hábeis no trabalho de costura e de bordado, mas também aptas para ensinar a "escrever, ler e fazer contas", como se costumava dizer. Com o tempo cada uma delas foi amadurecendo a decisão de colocar a própria vida nas mãos do Senhor e de consagrar-se a Ele, servindo-O na família das "derelitas". Na tarde do dia 1 de fevereiro de 1837, as nove senhoras, como sinal da decisão definitiva, depuseram o seu "ouro" e escolheram viver na pobreza e na doação total de si. Assim nasceu a Congregação das Irmãs da Providência, a família religiosa fundada pelo padre Luís.

O fundador as encorajava ao sacrifício e exortava aos cuidados afetuosos das meninas, que deveriam sempre considerar a "pupila dos seus olhos". Dizia-lhes: "Mais que qualquer outra coisa, estas filhas dos pobres têm necessidade de educar o coração e de aprender tudo o que é necessário para conduzirem honestamente a sua vida". E ainda: "O cansaço, a aplicação, a ocupação contínua e as preocupações fastidiosas para ajudá-las, socorrê-las e instruí-las, não vos desencorajem, sabendo que fazeis tudo isto a Jesus".

Entretanto, Luís foi amadurecendo a necessidade de uma consagração mais total ao Senhor. Estava fascinado pelo ideal de pobreza e de fraternidade universal de Francisco de Assis, mas os acontecimentos da vida e da história o conduziram sobre os passos de São Felipe Neri. A vocação "oratoriana" de Luís se realizou em 1846 e na maturidade dos seus 42 anos, tornou-se filho de São Felipe.

Lentamente se definia no Padre Luís as características fundamentais de uma vida espiritual centralizada em Jesus Cristo, amado e imitado na humildade e pobreza da sua encarnação em Belém, na simplicidade da vida laboriosa de Nazaré, na completa imolação da cruz sobre o Calvário, no silêncio da Eucaristia. Ainda pelo fato que Jesus disse: "Qualquer coisa que fizestes a um dos meus irmãos menores, o fizestes a mim" é a eles que Pe. Luís dedicava a vida de cada dia, com o empenho concreto de "buscar antes de tudo o Reino de Deus e a sua justiça" seguro de que todo o restante seria dado a mais, segundo a promessa evangélica.

Todas as obras por ele empreendidas durante a sua vida, refletiam esta escolha preferencial para os mais pobres, para os últimos, os abandonados. "Doze casas - havia profetizado - abrirei antes da minha morte" e isto aconteceu. Doze casas nas quais as Irmãs da Providência se dedicavam num serviço humilde, empenhadas a ajudar os doentes, pobres e abandonados.

Na segunda metade de 1800, a Itália, região após região vai se unificando. Os acontecimentos políticos e militares representaram um período particularmente difícil para Údine. Uma das conseqüências desta unificação, que aconteceu infelizmente num clima anticlerical, foi o decreto de supressão da "Casa das Derelitas" e da Congregação dos Padres do Oratório, de Údine.

Teve início para o Padre Luís uma dura luta para salvar as obras a favor das "derelitas". Isto  conseguiu, mas não pode fazer nada para impedir a supressão da Congregação do Oratório. A triste situação política destruiu as estruturas materiais da Congregação do Oratório de Údine.

Já ancião, com a sua habitual abertura de espírito, compreendeu que era chegado o momento de ceder o comando, transferindo às irmãs com serenidade e esperança. No fim de 1883 teve que suspender toda atividade, pois as forças começavam a diminuir, além de sofrer com uma febre constantemente alta. A doença progridiu de modo inexorável. As Irmãs escreveu que nada temia "porque foi Deus que fez nascer e crescer a Família religiosa e será ainda Ele que a fará progredir". Suas últimas palavras às Irmãs foram: "Depois da minha morte, a vossa Congregação terá muitas tribulações, mas depois renascerá a vida nova. Caridade! Caridade! Eis o espírito da vossa família religiosa: salvar as almas e salvá-las com a Caridade".

Na noite de quinta-feira, 03 de abril de 1884, teve o seu encontro definitivo com Jesus. Toda Údine e a gente das cidades vizinhas acorreram para vê-lo pela última vez e pedir-lhe a proteção do céu. São Luis Scrosoppi foi beatificado em 4 de Outubro de 1981 e canonizado em 10 de Junho de 2001. O milagre considerado foi a cura de Peter Shitima, doente terminal de AIDS. Peter era um estudante no Oratório de São Felipe Néri em Oudtshoorn, Africa do Sul. Na primavera em 1996 começou a sentir-se doente, e logo foi constatado que era AIDS já em estado avançado. Na noite de 10 de Outubro de 1996 sonho como beato Scrosoppi. No dia seguinte já sentia-se melhor e logo retornou às atividades normais.

Foi escolhido como padroeiro dos jogadores de futebol porque nos orfanatos que administrava sempre incentivou a prática de esportes, sendo regularmente visto com uma bola de futebol, ou o equivalente na época. 

Papa faz uma parada inesperada durante viagem

Durante a viagem ao sul da Itália, o Papa dá uma paradinha na beira da estrada. Vejam o vídeo, vale a pena.


21 de jun. de 2014

Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor

Ilustríssima senhora, peço que recebas a graça do Espírito Santo e a sua perpétua consolação. Quando recebi tua carta, ainda me encontrava nesta região dos mortos. Mas agora, espero ir em breve louvar a Deus para sempre na terra dos vivos. Pensava mesmo que a esta hora já teria dado esse passo. Se é caridade, como diz São Paulo, chorar com os que choram e alegrar-se com os que se alegram (cf. Rm 12,15), é preciso, mãe ilustríssima, que te alegres profundamente porque, por teus méritos, Deus me chama à verdadeira felicidade e me dá a certeza de jamais me afastar do seu temor.

Na verdade, ilustríssima senhora, confesso-te que me perco e arrebato quando considero, na sua profundeza, a bondade divina. Ela é semelhante a um mar sem fundo nem limites, que me chama ao descanso eterno por um tão breve e pequeno trabalho; que me convida e chama ao céu para aí me dar àquele bem supremo que tão negligentemente procurei, e me promete o fruto daquelas lágrimas que tão parcamente derramei.

Por conseguinte, ilustríssima senhora, considera bem e toma cuidado em não ofender a infinita bondade de Deus. Isto aconteceria se chorasses como morto aquele que vai viver perante a face de Deus e que, com sua intercessão, poderá auxiliar-te incomparavelmente mais do que nesta vida. Esta separação não será longa; no céu nos tornaremos a ver. Lá, unidos ao autor da nossa salvação, seremos repletos das alegrias imortais, louvando-o com todas as forças da nossa alma e cantando eternamente as suas misericórdias. Se Deus toma de nós aquilo que havia emprestado, assim procede com a única intenção de colocá-lo em lugar mais seguro e fora de perigo, e nos dar aqueles bens que desejamos dele receber.

Disse tudo isto, ilustríssima senhora, para ceder ao desejo que tenho de que tu e toda a minha família considereis minha partida como um feliz benefício. Que a tua bênção materna me acompanhe na travessia deste mar, até alcançar a margem onde estão todas as minhas esperanças. Escrevo isto com alegria para dar-te a conhecer que nada me é bastante para manifestar com mais evidência o amor e a reverência que te devo, como um filho à sua mãe.

-- Da Carta escrita por São Luís Gonzaga à sua mãe. (Séc.XVI)

São Luís Gonzaga é padroeiro da juventude e dos estudantes, morreu aos 23 anos com grande desejo de ser santo. é contemporâneo de São Carlos Borromeu e São Roberto Belarmino e sua festa é comemorada dia 21 de junho.

19 de jun. de 2014

Corpus Christi

Queridos irmãos e irmãs!

Na vigília da sua Paixão, durante a Ceia pascal, o Senhor tomou o pão nas suas mãos assim ouvimos há pouco no Evangelho e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o e "entregou-o aos discípulos, dizendo: "Tomai: isto é o meu corpo". Depois, tomou o cálice, deu graças e entregou-lho. Todos beberam dele. E Ele disse-lhes: "Isto é o meu sangue da aliança, que vai ser derramado por todos"" (Mc 14, 22-24). Toda a história de Deus com os homens está resumida nestas palavras. Não foi só recolhido e interpretado no passado, mas antecipado também no futuro a vinda do Reino de Deus ao mundo. Aquilo que Jesus diz, não são simplesmente palavras. O que Jesus diz, é acontecimento, o acontecimento central da história do mundo e da nossa vida pessoal. Estas palavras são inexauríveis. Gostaria de meditar convosco neste momento apenas um aspecto.

Jesus, como sinal da sua presença, escolheu pão e vinho. Com cada um dos dois sinais doa-se totalmente, e não só uma parte de si. O Ressuscitado não está dividido. Ele é uma pessoa que, mediante os sinais, se aproxima de nós e se une a nós. Mas os sinais representam, a seu modo, cada aspecto particular do Seu mistério e, com o seu típico manifestar-se, querem falar-nos, para que aprendamos a compreender um pouco mais o mistério de Jesus Cristo.

Durante a procissão e a adoração nós olhamos para a Hóstia consagrada o tipo mais simples de pão e de alimento, feito apenas com farinha e água. Assim vemo-lo como o alimento dos pobres, aos quais em primeiro lugar o Senhor destinou a sua proximidade. A oração com a qual a Igreja durante a liturgia da Missa entrega este pão ao Senhor, qualifica-o como fruto da terra e do trabalho do homem. Nele está contida a fadiga humana, o trabalho quotidiano de quem cultiva a terra, semeia e recolhe e finalmente prepara o pão. Contudo o pão não é simples e somente o nosso produto, uma coisa feita por nós; é fruto da terra e portanto também dom. Porque o facto que a terra dá frutos, não é merecimento nosso; só o Criador lhe podia conferir a fertilidade. E agora podemos alargar um pouco mais esta oração da Igreja, dizendo: o pão é fruto da terra e, ao mesmo tempo, do céu.

Pressupõe a sinergia das forças da terra e dos dons do alto, isto é, do sol e da chuva. E também a água, da qual temos necessidade para preparar o pão, não a podemos produzir nós. Num período, no qual se fala da desertificação e sentimos sempre de novo denunciar o perigo de que homens e animais morram de sede nestas regiões sem água neste período damo-nos conta da grandeza do dom também da água e de quanto somos incapazes de o obter sozinhos. Então, olhando mais de perto, vemos este pequeno pedaço de Hóstia branca, este pão dos pobres, como uma síntese da criação. Céu e terra, assim como a actividade e o espírito do homem, concorrem.

A sinergia das forças que torna possível no nosso pobre planeta o mistério da vida e a existência do homem, vem ao nosso encontro em toda a sua maravilhosa grandeza. Assim começamos a compreender porque o Senhor escolhe este pedaço de pão como símbolo seu. A criação com todos os seus dons aspira para além de si mesma a algo de maior. Além da síntese das próprias forças, além da síntese também de natureza e de espírito que, de certa forma, sentimos no pedaço de pão, a criação inclina-se para a divinização, para as santas núpcias, para a unificação com o próprio Criador.

Mas ainda não explicamos profundamente a mensagem deste sinal do pão. O Senhor mencionou o seu mistério mais profundo no Domingo de Ramos, quando lhe foi feito o pedido da parte de alguns para se encontrarem com Ele. Na sua resposta a esta pergunta encontra-se a frase: "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto" (Jo 12, 24). No pão feito de grãos moídos está encerrado o mistério da Paixão.

A farinha, o grão moído, pressupõe morrer e ressuscitar do grão. Ao ser moído e cozido ele tem em si mais uma vez o mesmo mistério da Paixão. Só através do morrer consegue ressuscitar, dá o fruto e a vida nova. As culturas do Mediterrâneo, nos séculos antes de Cristo, intuíram profundamente este mistério. Com base na experiência deste morrer e ressurgir conceberam mitos de divindades que, morrendo e ressuscitando, davam vida nova.

O céu da natureza parecia-lhes como que uma promessa divina no meio das trevas do sofrimento e da morte que nos são impostos. Nestes mitos a alma dos homens, de certa forma, inclinam-se para aquele Deus que se fez homem, se humilhou até à morte na cruz e assim abriu a todos nós a porta da vida. No pão e no seu transformar-se, os homens descobriram como que uma expectativa da natureza, como que uma promessa da natureza de que isto deveria ter existido: o Deus que morre neste mundo conduz-nos à vida.

O que nos mitos era expectativa e que no mesmo grão está escondido como sinal da esperança da criação isto aconteceu realmente em Cristo. Através do seu sofrer e morrer livremente, Ele tornou-se pão para todos nós, e com isto esperança viva e fidedigna: Ele acompanha-nos em todos os nossos sofrimentos até à morte. Os caminhos que Ele percorre connosco e através dos quais nos conduz à vida são caminhos de esperança.

Quando nós olhamos para a Hóstia consagrada em adoração, o sinal da criação fala-nos. Então encontramos a grandeza do seu dom; mas encontramos também a Paixão, a Cruz de Jesus e a sua ressurreição. Mediante este olhar em adoração, Ele atrai-nos para si, para dentro do seu mistério, por meio do qual nos quer transformar como transformou a Hóstia.

A Igreja primitiva encontrou ainda no pão outro simbolismo. A Doutrina dos doze Apóstolos, um livro escrito por volta do ano 100, contém entre as suas orações a afirmação: "Assim como este pão partido estava disperso pelas colinas e ao ser recolhido se tornou uma só coisa, também a tua Igreja dos confins da terra seja reunida no teu Reino" (IX, 4). O pão feito por muitos grãos encerra também um acontecimento de união: o tornar-se pão dos grãos moídos é um processo de unificação. Nós próprios, sendo muitos, devemos tornar-nos um só pão, um só corpo, diz-nos São Paulo (cf. 1Cor 10, 17). Assim o sinal do pão torna-se ao mesmo tempo esperança e tarefa.

De maneira análoga nos fala também o sinal do vinho. Mas, enquanto o pão nos remete para a quotidianidade, para a simplicidade e para a peregrinação, o vinho expressa o requinte da criação: a festa da alegria que Deus nos quer oferecer no fim dos tempos e que já antecipa agora sempre de novo levemente mediante este sinal. Mas o vinho também fala da Paixão: a videira deve ser podada repetidamente para assim ser purificada; as uvas devem amadurecer sob o sol e sob a chuva e deve ser esmagada: só através desta paixão amadurece um vinho precioso.

Na festa de Corpus Christi olhamos sobretudo para o sinal do pão. Ele recorda-nos também a peregrinação de Israel durante os quarenta anos no deserto. A Hóstia é o nosso maná com o qual o Senhor nos alimenta é verdadeiramente o pão do céu, mediante o qual Ele se doa a si mesmo. Na procissão nós seguimos este sinal e assim seguimos a Ele próprio.

E imploramo-l'O: guia-nos pelos caminhos desta nossa história! Mostra sempre de novo à Igreja e aos seus Pastores o caminho justo! Olha para a humanidade que sofre, que vagueia insegura entre tantas interrogações; olha para a fome física e psíquica que a atormenta! Concede aos homens pão para o corpo e para a alma! Dá-lhe trabalho! Concede-lhe luz! Concede-te a ti mesmo a ela!

Purifica e santifica todos nós! Faz-nos compreender que só mediante a participação na tua Paixão, mediante o "sim" à cruz, à renúncia, às purificações que nos impões, a nossa vida pode amadurecer e alcançar o seu verdadeiro cumprimento. Reúne-nos de todos os confins da terra. Une a tua Igreja, une a humanidade dilacerada! Concede-nos a tua salvação! Amém!

-- Homilia do Papa Bento XVI na Solenidade de Corpus Christi - 2006

17 de jun. de 2014

Estudo Bíblico: Corpus Christi

Evangelho (João 6, 51-58)


Naquele tempo, disse Jesus às multidões dos judeus: 51“Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.
52Os judeus discutiam entre si, dizendo: “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?”
53Então Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55Porque a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue, verdadeira bebida. 56Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim aquele que me recebe como alimento viverá por causa de mim.
58Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre”. 

Comentário:
A Eucaristia comunica aos fiéis a vida eterna que o Filho recebe do Pai expressa nas duas formas: pão e vinho. Neste trecho Jesus faz uma alusão à paixão pois era necessário que os discípulos não apenas testemunhassem Cristo Crucificado como também, no futuro, fossem perseguidos.

Leituras Relacionadas:
Antigo Testamento: 
  • Gênesis, 3, 22-23
  • Provérbio 3, 18

Novo Testamento:
Evangelhos:
  • Lucas 22, 19-21
  • Mateus 16, 17
  • João 15, 4-7
  • João 17,21-26

Escritos apostólicos:
  • 1 Coríntios 11, 24
  • 1 João 4,12-16

15 de jun. de 2014

Salmo 91: Louvor ao Senhor criador

Queridos irmãos e irmãs,

A Antiga tradição hebraica reserva um lugar particular ao Salmo 91, que agora ouvimos como cântico do homem justo ao Deus criador. O título atribuído ao Salmo indica, de fato, que ele é destinado ao dia de sábado (cf. v. 1). É, pois, o hino que se eleva ao Senhor eterno e glorioso quando, ao pôr do sol de sexta-feira, se entra no santo dia da oração, da contemplação, do sereno repouso do corpo e do espírito.

No centro do Salmo, ergue-se, solene e grandiosa, a figura do Deus altíssimo (cf. v. 9), à volta do qual se esboça um mundo harmonioso e em paz. Perante ele é colocada também a pessoa do justo que, segundo uma concepção querida ao Antigo Testamento, está repleto de bem-estar, alegria e longa vida, como natural consequência da sua existência honesta e fiel. Trata-se da denominada "teoria da retribuição", pela qual todo o delito tem um castigo sobre a terra e todo o acto bom tem uma recompensa. Mesmo se há nesta visão uma componente de verdade, todavia como Job fará pensar e como dirá Jesus (cf. Jo 9, 2-3) a realidade da dor humana é muito mais complexa e não pode ser simplificada tão facilmente. O sofrimento humano, de fato, deve ser considerado na perspectiva da eternidade.

Mas examinemos agora este hino sapiencial através dos aspectos litúrgicos. Ele é constituído por um intenso apelo ao louvor, ao canto alegre da acção de graças, ao ar de festa da música, marcada pela harpa de dez cordas, pela lira e pela cítara (cf. v. 2-4). O amor e a fidelidade do Senhor devem ser celebrados através do canto litúrgico que é conduzido "com arte" (cf. Sl 46, 8). Este convite vale também para as nossas celebrações, porque encontram sempre um resplendor não só nas palavras e nos ritos, mas também nas melodias que o animam.

Depois deste apelo a não extinguir mais o fio interior e exterior da oração, verdadeira respiração constante da humanidade fiel, o Salmo 91 propõe, em duas imagens, o perfil do ímpio (cf. v. 7-10) e do justo (cf. v. 13-16). O ímpio, porém, é posto perante o Senhor, "o excelso para sempre" (v. 9), que fará morrer os seus inimigos e dispersará todos os que fazem o mal (cf. v. 9). De fato, só à luz divina se consegue compreender em profundidade o bem e o mal, a justiça e a perversão.

A figura do pecador é delineada com uma imagem vegetal:  "os pecadores germinam como a erva e florescem todos os que fazem o mal" (v. 8). Mas este florescer está destinado a secar e a desaparecer. O Salmista, efectivamente, multiplica os verbos e as palavras que descrevem a destruição:  "Espera-os uma ruína eterna... os teus inimigos, Senhor, perecerão, serão dispersos todos os que fazem o mal" (v 8.10).

Na raiz deste êxito catastrófico está o mal profundo que ocupa o espírito e o coração do perverso:  "O homem insensato não compreende e o estulto não penetra nestas coisas" (v. 7). Os adjetivos aqui usados pertencem à linguagem sapiencial e denotam a brutalidade, a cegueira, a surdez de quem pensa poder tornar-se perverso sobre a face da terra, sem travões morais, com a ilusão de que Deus está ausente e indiferente. O orante, por outro lado, está certo de que o Senhor, mais cedo ou mais tarde, aparecerá no horizonte para fazer justiça e dobrar a arrogância do insensato (cf Sl 13).

Eis-nos, pois, diante da figura do justo, representada como uma grande pintura e cheia de cores. Também neste caso se recorre a uma imagem vegetal, fresca e verdejante (cf. Sl 91, 13-16). Diferente do ímpio que é como a erva dos campos, viçosa mas passageira, o justo ergue-se para o céu, sólido e majestoso como a palmeira e o cedro do Líbano. Por outro lado, os justos "estão plantados na casa do Senhor " (v. 14) isto é, têm uma relação muito mais sólida e estável com o templo e, por isso, com o Senhor,  que  nele  estabeleceu  a  sua morada.

A tradição cristã jogará também com o duplo significado da palavra grega phoinix, usada para traduzir o termo hebraico que indica a palmeira. Phoinix é o nome grego da palmeira, mas também o da ave que chamamos "fénix". Ora, é sabido que a fénix era símbolo da imortalidade, porque se imaginava que aquela ave renascia das próprias cinzas. O cristão faz uma experiência semelhante graças à sua participação na morte de Cristo, fonte de vida nova (cf. Rm 6, 3-4). "Deus... de mortos que estávamos pelos pecados, fez-nos reviver em Cristo" diz a Carta aos Efésios com ele também nos ressuscitou" (2, 5-6).

Uma outra imagem representa o justo e é de tipo animal, destinada a exaltar a força que Deus concede, mesmo quando chega a velhice:  "Tu me dás força como a de um búfalo, e me unges com óleo novo" (Sl, 91, 11). Por um lado, o dom da potência divina faz triunfar e dá segurança (cf. v. 12); por outro, a fronte gloriosa do justo é consagrada pelo óleo que dá uma energia e uma bênção protetora. O Salmo 91 é, pois, um hino de otimismo, fortalecido pela música e pelo canto. Ele celebra a confiança em Deus que é fonte de serenidade e paz, mesmo quando se assiste ao sucesso aparente do ímpio. Uma paz que é completa mesmo na velhice (cf. v. 15), estação vivida ainda na fecundidade e na segurança.

Concluímos com as palavras de Orígenes, traduzidas por São Jerónimo, que tiram a sua razão da frase em que o salmista diz a Deus:  "unges-me com óleo novo" (v. 11). Orígenes comenta:  "A nossa velhice tem necessidade do óleo de Deus. Como quando os nossos corpos estão cansados não se fortalecem senão ungindo-os com o óleo; como a chamazinha da lâmpada se extingue se não lhe acrescentamos óleo, assim também, a chamazinha da minha velhice tem necessidade, para crescer, do óleo da misericórdia de Deus. De resto, também os Apóstolos sobem ao monte das Oliveiras (cf. Act 1, 12), para receber luz do óleo do Senhor, pois estavam cansados e as suas lâmpadas tinham necessidade do óleo do Senhor... Por isso, rezemos ao Senhor para que a nossa velhice, toda a nossa fadiga e todas as nossas trevas sejam iluminadas pelo óleo do Senhor" (74 Homilias sobre o Livro dos Salmos)

-- Papa São João Paulo II, audiênncia de 12 de Junho de 2002

14 de jun. de 2014

Pregamos a Cristo até os confins da terra

Ai de mim se não evangelizar! Por ele, pelo próprio Cristo, para tanto fui enviado. Eu sou apóstolo e também testemunha. Quanto mais distante o país, quanto mais difícil a missão, com tanto mais veemência a caridade me aguilhoa. É meu dever pregar seu nome: Jesus é Cristo, o Filho do Deus vivo. É aquele que nos revelou o Deus invisível, ele, o primogênito de toda criatura, ele, em quem tudo existe. É o mestre redentor dos homens: por nós nasceu, morreu e ressuscitou.
Visita do Papa Paulo VI a uma favela nas Filipinas, em 1970.

É ele o centro da história e do universo. Ele nos conhece e ama, o companheiro e o amigo em nossa vida, o homem das dores e da esperança. Ele é quem de novo virá, para ser o nosso juiz, mas também – como confiamos – a eterna plenitude da vida e nossa felicidade.

Jamais cessarei de falar sobre ele. Ele é a luz, é a verdade,mais ainda, é o caminho, a verdade e a vida. É o pão e a fonte de água viva, saciando a nossa fome e a sede. É o pastor, o guia, o modelo, a nossa força, o nosso irmão. Assim como nós, mais até do que nós, ele foi pequenino, pobre, humilhado, trabalhador, oprimido, sofredor. Em nosso favor falou, fez milagres, fundou novo reino onde os pobres são felizes, onde a paz é a origem da vida em comum, onde são exaltados e consolados os de coração puro e os que choram, onde são saciados os que têm fome de justiça, onde podem os pecadores encontrar perdão e onde todos se reconhecem irmãos.

Vede, este é o Cristo Jesus, de quem já ouvistes falar, em quem muitíssimos de vós já confiam, pois sois cristãos. A vós, portanto, ó cristãos, repito seu nome, a todos o anuncio: Cristo Jesus é o princípio e o fim, o alfa e o ômega, o rei do mundo novo, a misteriosa e suprema razão da história humana e de nosso destino. É ele o mediador e como que a ponte entre a terra e o céu. É ele, o Filho do homem, maior e mais perfeito do que todos por ser o eterno, o infinito, Filho de Deus e Filho de Maria, bendita entre as mulheres, sua mãe segundo a carne, nossa mãe pela comunhão com o Espírito do Corpo místico.

Jesus Cristo, não vos esqueçais, é a nossa inalterável pregação. Queremos ouvir seu nome até os confins da terra e por todos os séculos dos séculos!

-- Papa Paulo VI, homília pronunciada em uma missa em Manila, Filipinas, em 29 de Novembro de 1970.

Qual o país mais católico na Copa do Mundo?

Aproveitando a Copa do Mundo, o Wall Street Journal preparou um excelente "torneio" envolvendo diversas variáveis de cada país. Uma delas é a percentagem de católicos na população. Bem, se você acha que o Brasil será campeão por que Deus é brasileiro, pois não passaríamos sequer da primeira fase, sendo eliminados por Croácia e México. Com 92,3% da população católica, Portugal seria o campeão, batendo o México na final. 

É claro que o Brasil se daria bem em outras categorias, disputando finais e semi-finais: mortes no trânsito, assassinatos, inflação e clima mais quente. Em outras seríamos um desastre, eliminados na primeira fase: preço mínimo da gasolina, emissão de gás carbônico por habitante e prêmios Nobel. Enfim, as escolhas do governo têm consequências. 


12 de jun. de 2014

Estudo Bíblico: 12º Domingo Tempo Comum – Domingo 22/06/2014

Evangelho (Mt 10,26-33)
Naquele tempo, disse Jesus a seus apóstolos: 26“Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. 27O que vos digo na escuridão dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!
28Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!
29Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. 30Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão contados. 31Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais.
32Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. 33Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus.
Comentário:
Jesus não podia transmitir sua mensagem senão de maneira velada, porque os seus ouvintes não conseguiam compreender (Mc 1,34-35) e porque Ele mesmo não tinha ainda acabado sua obra, morrendo e ressuscitando. Mais tarde, seus discípulos poderiam e deveriam proclamar tudo sem medo nenhum. O sentido das palavras de Lucas é inteiramente diferente: os discípulocs devem imitar a hipocrisia dos fariseus; tudo o que quisessem ocultar acabaria por ser conhecido. Assim, o que importava é que falassem abertamente.
Leituras Relacionadas:
Antigo Testamento: 
  • 1 Samuel 2, 30-31
  • 2 Samuel 14, 11
  • Eclesiastico: 9,13

Novo Testamento:
Evangelhos:
  • Lucas 12, 2-9
  • Marcos 4, 22
  • Lucas 8, 17
  • Lucas 21, 18

Escritos apostólicos:
  • 1 Pedro 3, 14
  • Apocalipse 2, 10
  • Atos 27, 34
  • 2 Timóteo 2, 12

11 de jun. de 2014

Estudos Bíblicos da Liturgia Semanal

Uma das maneiras para conhecer melhor a Palavra de Deus e preparar-se para a Missa Dominical é estudar como diversas leituras do Antigo e Novo Testamentos relacionam-se. Isto também é bastante útil para quem irá colaborar na Liturgia, seja escolhendo cânticos, lendo ou como ministro da Eucaristia. Então, seguindo um pouco o modelo de orientação bbíblica que utilizei para Pentecostes, vou postar sugestões de leituras relacionadas com o Evangelho do próximo Domingo.

Como sugestão, podem seguir este roteiro, individualmente ou em grupo. É importante que haja um ambiente de silêncio e concentração, procure desligar televisão, rádio, celulares, etc...

  1. Sinal da Cruz
  2. Invocação do Espírito Santo:  Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis, e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra. Ó Deus, que instruístes os corações dos Vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo este mesmo Espírito e gozemos sempre de Sua consolação. Por Cristo, Senhor Nosso,
  3. Proclamação do Evangelho
  4. Leituras dos trechos relacionados - mesmo que em grupo, funciona melhor se cada um ler em silêncio e no seu ritmo, talvez fazendo as suas anotações. É normal que alguns leiam trechos mais longos que o indicado, alguns leêm mais rápido, outros demoram para encontrar a leitura na Bíblia . Se for em grupo, limitar o tempo em 15 ou 20 minutos pode ser útil, principalmente nas primeiras vezes.
  5. Compartilhar a experiência, vendo o que chama mais a atenção, como certas leituras se relacionam e tocam na sua vida e esclarecendo dúvidas. 
  6. Orações espontâneas em favor da Igreja, irmãos da comunidade e pessoas necessitadas.
  7. Pai Nosso
  8. Benção Final. Não estando presente um padre diz-se: Que o Senhor abençoe, nos livre de todo mal e nos conduza a vida eterna. Amém.




8 de jun. de 2014

Santa Maria da Cruz, morte e canonização

As Irmãs de São José expandiram-se pela Australia e outros países. O legado de Maria da Cruz começava a sedimentar com tantas vidas que tocadas pelo seu trabalho.

Ao longo da décade 1880, a Ordem inaugurou escolas por todo país e Nova Zelândia. Em 1891 já eram 300 irmãs trabalhando em nove dioceses dos dois países. Enquanto visita irmãs na Nova Zelândia, em 1898, Irmã Bernard, ainda superiora da Ordem, faleceu. De acordo com os estatutos, Maria da Cruz deveria convocar imediatamente um capítulo da Ordem para eleger a nova superiora. 

No capítulo, Maria da Cruz foi escolhida. Sua principal preocupação nesta época era com a formação espiritual e professional das irmãs. Em 1900 foram inaugurados dois noviciados, em Adelaide e Sidnei. A Escola na qual as irmãs ganhavam prática como professoras, ao Norte de Sidnei, ainda hoje existe, sendo parte da Universidade Católica Australiana. 

Também em 1900, as irmãs de Queensland, que haviam se separado por instigação do Bispo local, retornaram à Ordem. O novo Bispo Higgins não apenas incentivou como reabriu a diocese para o trabalho das irmãs. Também foi incorporado o Instituto da Irmãs de Wilcannia.  

Em 1903, foi aprovado o voto feminino no país. Irmã Maria da Cruz escreveu para as irmãs incentivando que se alistassem e procurassem atentamente escolher candidatos de acordo com os ensinamentos da Igreja. 

A saúde de Maria da Cruz começou a deteriorar-se. Em 1901 foi aconselhada a ir descansar nas águas termais em Roturoa, Nova Zelândia. Enquanto estava lá, teve um derrame que deixou seu lado esquerdo paralisado. Após retornar para a Austrália, Maria procurou manter um rotina de visitas às escolas e orfanatos próximos a Sidnei, além de escrever muitas cartas para as diversas casas. Mesmo com sua saúde frágil, foi reeleita pela Ordem em 1905, embora as tarefas administrativas diárias já estivessem sob responsabilidade da Irmã La Merci. 

Em 19 de Março de 1909, Maria da Cruz faleceu. Cardeal Moran assim escreveu: Acredito que hoje assisti à morte de uma santa. A Ordem já tinha mais de 750 irmãs, 106 casas, 117 escolas, 12.409 alunos além de 12 orfanatos.
Entrada do Santuário em Sidney.

Santa Maria da Cruz foi beatificada pelo Papa João Paulo II, em 19 de Janeiro de 1995, durante uma visita a Sidnei; e canonizada pelo Papa Bento XVI, em 17 de Outubro de 2010. Sua memória é celebrada em 8 de Agosto; e o principal santuário encontra-se em North Sydney.  

O Papa Bento XVI, assim referiu-se a ela: "Recordai-vos quem foram os vossos mestres, pois deles podeis aprender a sabedoria que conduz à salvação através da fé em Jesus Cristo". Durante muitos anos, inúmeros jovens em toda a Austrália foram abençoados com mestres que inspiraram no corajoso e santo exemplo de zelo, perseverança e oração de Madre Mary McKillop. Quando era jovem, ela dedicou-se à educação dos pobres, no difícil e exigente campo rural da Austrália, inspirando outras mulheres a agregarem-se a ela na primeira Comunidade religiosa feminina nesse país. Ela atendia às necessidades de cada pessoa que lhe era confiada, sem ter em consideração as condições ou a riqueza, oferecendo-lhe uma formação intelectual e espiritual. Apesar dos numerosos desafios, as suas preces a São José e a sua devoção inabalável ao Sagrado Coração de Jesus, a Quem dedicou a sua nova congregação, infundiram nesta santa mulher as graças necessárias para permanecer fiel a Deus e à Igreja. Através da sua intercessão, que hoje os seus seguidores possam continuar a servir a Deus e a Igreja com fé e humildade!

* Assim encerro a biografia de Santa Maria da Cruz, que foi publicada em 4 partes:

O início da vida de Santa Maria da Cruz
Maria da Cruz, o crescimento da escola e da ordem
Maria da Cruz, os desafios de uma nova Congregação

-- autoria própria

6 de jun. de 2014

O envio do Espírito Santo


Ao dar a seus discípulos poder para que fizessem os homens renascer em Deus, o Senhor lhes disse: Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19)

Deus prometera, por meio dos profetas, que nos últimos tempos derramaria o seu Espírito sobre os seus servos e servas para que recebessem o dom da profecia. Por isso, o Espírito Santo desceu sobre o Filho de Deus, que se fez Filho do homem, habituando-se com ele a conviver com o gênero humano, a repousar sobre os homens e a morar na criatura de Deus. Assim renovava os homens segundo a vontade do Pai, fazendo-os passar da sua antiga condição para a vida nova em Cristo.

São Lucas nos diz que esse Espírito, depois da ascensão do Senhor, desceu sobre os discípulos no dia de Pentecostes, com o poder de dar a vida nova a todos os povos e de fazê-los participar da Nova Aliança. Eis por que, naquele dia, todas as línguas se uniram no mesmo louvor de Deus, enquanto o Espírito congregava na unidade as raças mais diferentes e oferecia ao Pai as primícias de todas as nações.

Foi por isso que o Senhor prometeu enviar o Paráclito, que os tornaria capazes de receber a Deus. Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa nem um só pão, nós também, que somos muitos, não poderíamos transformar-nos num só corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da graça enviada do alto.

Com efeito, nossos corpos receberam, pela água do batismo, aquela unidade que os torna incorruptíveis; nossas almas, porém, a receberam pelo Espírito.

O Espírito de Deus desceu sobre o Senhor como espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e de temor de Deus (Is 11,2). É este mesmo Espírito que o Senhor por sua vez deu à Igreja, enviando do céu o Paráclito sobre toda a terra, daquele céu de onde também Satanás caiu como um relâmpago (cf. Lc 10,18).

Por esse motivo, temos necessidade deste orvalho da graça de Deus para darmos fruto e não sermos lançados ao fogo, e para que também tenhamos um Defensor onde temos um acusador. Pois o Senhor confiou ao Espírito Santo o cuidado da sua criatura, daquele homem que caíra nas mãos dos ladrões e a quem ele, cheio de compaixão, enfaixou as feridas e deu dois denários reais. Tendo assim recebido pelo Espírito a imagem e a inscrição do Pai e do Filho, façamos frutificar os dons que nos foram confiados e os restituamos multiplicados ao Senhor.

-- Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo (século II)

4 de jun. de 2014

Maria da Cruz, os desafios de uma nova Congregação

A confiança de Maria na Providência Divina permitiu-a enfrentar desafios tanto na sua ordem, na Igreja Católica, como a perda de familiares.

O trabalho das irmãs começava a dar frutos pois o estilo de vida religiosa era bastante adequado para o país. Normalmente elas andavam em par ou trio, uam suportando a outra. Alguns, no entanto, estranhavam que as irmãs saíam mendigando pelas ruas. Além disso, o trabalho de Padre Woods nas escolas de Adelaide começava a ser questionado. 

Os problemas em Adelaide, que obrigaram Maria da Cruz a retornar para Adelaide, tornaram-se públicos. O Bispo resolveu organizar uma comissão para investigar a vida das irmãs. Após muitas entrevistas, foi recomendado alterar a regra da Ordem para colocar cada convento sob a autoridade de um padre local, entre outras idéias. 

Percebendo que tais mudanças iriam contra o espírito da Ordem, Maria escreveu para o Bispo explicando a situação. O Bispo sentindo-se afrontado, resolveu excomungá-la em 22 de Setembro de 1871. Após mais negociações e depois de prometer obediência, o Bispo retirou a excomunhão cinco meses após. Ficou acertado que Maria da Cruz deveria viajar a Roma para pedir a aprovação da Ordem e sua Regra.

Em Roma, Monsenhor Kirby, então reitor do Colégio Irlandês, tornou-se o grande apoio da sua causa. Após encaminhar cartas pedindo a aprovação da Ordem e contando sua experiência pessoa, teve um encontro pessoal com o Papa Pio IX, que já sabia de muitos detalhes, incluindo a excomunhão. 

O Vaticano pediu que permanecesse na Europa até que tudo fosse analisado. Ela aproveitou para peregrinar a Paray-le-Monial, onde Margaret Alacoque teve suas visões do Sagrado Coração de Jesus, conhecer seus familiares longíquos na Escócia e visitar escolas por vários países, além de convidar muitas meninas a entrarem na Ordem. Após mais de um ano na Europa, a Ordem foi aprovada e, em 31 de Outubro de 1874, embarcou acompanhada de 15 postulantes em direção a Austrália.

Ao chegar, em Março de 1875, foi realizado o Primeiro Capítulo da Congregação. Após discutirem detalhadamente a nova Constituição, as irmãs aprovaram a nova Regra e elegeram Maria da Cruz como Superiora Geral. 

Bispo Quinn, de Queensland, ao saber das novidades, escreveu para Maria informando que não gostaria que as irmãs de sua Diocese estivessem sob uma autoridade central, que não fosse ele. Maria viajou até Adelaide para conversar com o Bispo, mas ele mantevesse irredutível e começou a substituir as irmãs por professores profissionais. Sem alternativas, Maria da Cruz transferiu-as para outras dioceses. Ao final de 1880, todas já haviam saído da Diocese.

Nesta mesma época, o Bispo de Bathurst, Matthew Quinn, irmão do Bispo de Queensland, também resolveu requerer que as irmãs estivessem sob sua autoridade. A provincial da Ordem na região, Irmã Teresa McDonald faleceu e o Bispo não aceitou a nomeação de uma nova provincial. Maria tentou negociar com o Bispo, mas o Conselho da Ordem decidiu não aceitar nenhum compromisso. As irmãs seriam transferidas para outro lugar, mas algumas foram convencidas pelo Bispo a permanecer, especialmente as noviças e postulantes.

Em 1883, Arcebispo Moran chegou a Diocese de Sidney. Ao ver que o número de pedidos para novas escolas era grande e conhecer o trabalho da Ordem, passou a apoia-la de maneira decisiva. A pedido de Roma, investigou os problemas com os vários bispos e escreveu um relatório amplamente favorável. O Vaticano renovou a aprovação da Ordem, mas requisitou que uma nova superiora fosse eleita, pois Maria da Cruz seria pessoalmente investigada. Assim, Irmã Bernard Walsh foi eleita.

Enquanto estas questões eram resolvidas, em 30 de Maio de 1886, a mãe de Maria morreu quando o navio em que viajava afundou. 

Em 15 de Julho de 1888, Papa Leão XIII definiu a Ordem como uma Congregação, cuja sede principal seria Sidney, e Irmã Bernard sua superiora por dez anos.

-- autoria própria

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