4 de jun. de 2014

Maria da Cruz, os desafios de uma nova Congregação

A confiança de Maria na Providência Divina permitiu-a enfrentar desafios tanto na sua ordem, na Igreja Católica, como a perda de familiares.

O trabalho das irmãs começava a dar frutos pois o estilo de vida religiosa era bastante adequado para o país. Normalmente elas andavam em par ou trio, uam suportando a outra. Alguns, no entanto, estranhavam que as irmãs saíam mendigando pelas ruas. Além disso, o trabalho de Padre Woods nas escolas de Adelaide começava a ser questionado. 

Os problemas em Adelaide, que obrigaram Maria da Cruz a retornar para Adelaide, tornaram-se públicos. O Bispo resolveu organizar uma comissão para investigar a vida das irmãs. Após muitas entrevistas, foi recomendado alterar a regra da Ordem para colocar cada convento sob a autoridade de um padre local, entre outras idéias. 

Percebendo que tais mudanças iriam contra o espírito da Ordem, Maria escreveu para o Bispo explicando a situação. O Bispo sentindo-se afrontado, resolveu excomungá-la em 22 de Setembro de 1871. Após mais negociações e depois de prometer obediência, o Bispo retirou a excomunhão cinco meses após. Ficou acertado que Maria da Cruz deveria viajar a Roma para pedir a aprovação da Ordem e sua Regra.

Em Roma, Monsenhor Kirby, então reitor do Colégio Irlandês, tornou-se o grande apoio da sua causa. Após encaminhar cartas pedindo a aprovação da Ordem e contando sua experiência pessoa, teve um encontro pessoal com o Papa Pio IX, que já sabia de muitos detalhes, incluindo a excomunhão. 

O Vaticano pediu que permanecesse na Europa até que tudo fosse analisado. Ela aproveitou para peregrinar a Paray-le-Monial, onde Margaret Alacoque teve suas visões do Sagrado Coração de Jesus, conhecer seus familiares longíquos na Escócia e visitar escolas por vários países, além de convidar muitas meninas a entrarem na Ordem. Após mais de um ano na Europa, a Ordem foi aprovada e, em 31 de Outubro de 1874, embarcou acompanhada de 15 postulantes em direção a Austrália.

Ao chegar, em Março de 1875, foi realizado o Primeiro Capítulo da Congregação. Após discutirem detalhadamente a nova Constituição, as irmãs aprovaram a nova Regra e elegeram Maria da Cruz como Superiora Geral. 

Bispo Quinn, de Queensland, ao saber das novidades, escreveu para Maria informando que não gostaria que as irmãs de sua Diocese estivessem sob uma autoridade central, que não fosse ele. Maria viajou até Adelaide para conversar com o Bispo, mas ele mantevesse irredutível e começou a substituir as irmãs por professores profissionais. Sem alternativas, Maria da Cruz transferiu-as para outras dioceses. Ao final de 1880, todas já haviam saído da Diocese.

Nesta mesma época, o Bispo de Bathurst, Matthew Quinn, irmão do Bispo de Queensland, também resolveu requerer que as irmãs estivessem sob sua autoridade. A provincial da Ordem na região, Irmã Teresa McDonald faleceu e o Bispo não aceitou a nomeação de uma nova provincial. Maria tentou negociar com o Bispo, mas o Conselho da Ordem decidiu não aceitar nenhum compromisso. As irmãs seriam transferidas para outro lugar, mas algumas foram convencidas pelo Bispo a permanecer, especialmente as noviças e postulantes.

Em 1883, Arcebispo Moran chegou a Diocese de Sidney. Ao ver que o número de pedidos para novas escolas era grande e conhecer o trabalho da Ordem, passou a apoia-la de maneira decisiva. A pedido de Roma, investigou os problemas com os vários bispos e escreveu um relatório amplamente favorável. O Vaticano renovou a aprovação da Ordem, mas requisitou que uma nova superiora fosse eleita, pois Maria da Cruz seria pessoalmente investigada. Assim, Irmã Bernard Walsh foi eleita.

Enquanto estas questões eram resolvidas, em 30 de Maio de 1886, a mãe de Maria morreu quando o navio em que viajava afundou. 

Em 15 de Julho de 1888, Papa Leão XIII definiu a Ordem como uma Congregação, cuja sede principal seria Sidney, e Irmã Bernard sua superiora por dez anos.

-- autoria própria

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