Na Liturgia, diz-se sobretudo do anúncio gozoso que, na Vigília Pascal, faz o diácono, no começo da celebração, proclamando os louvores da noite enternecedora que a comunidade começa a celebrar, e na qual se anunciará, a seu tempo (no Evangelho), a grande notícia da Ressurreição do Senhor. O nome de «pregão pascal» é mais feliz do que «bênção do círio» que se lhe dava, noutros tempos.
Também se pode cantar o pregão na noite de Natal, no começo da «Missa do Galo», com uma fórmula bem preparada e aprovada pelos bispos. O Pregão de Natal situa o Mistério da Incarnação no contexto da história do cosmos (Criação do mundo e Dilúvio), da história do Povo de Deus (Abraão, Êxodo, David) e da história universal (olimpíadas, fundação de Roma e império de Augusto). Isto é importante para entendermos que o Nascimento de Cristo aconteceu em um momento da história humana, não é uma ficção.
O Natal é uma consagração do mundo e da história humana com horizontes de uma abertura verdadeiramente universal. Transcrevo aqui o texto oficial, segundo a Conferência de Bispos de Portugal por que não achei nada vindo da CNBB:
«Vos anunciamos irmãos uma boa notícia,
uma grande alegria para todo povo,
escutem-na com com o coração alegre.
Passados inumeráveis séculos desde a criação do mundo,
quando no princípio Deus criou o céu e a terra
e formou o homem à sua imagem;
depois de muitos séculos,
desde que o Altíssimo pôs o seu arco nas nuvens
como sinal de aliança e de paz;
vinte e um séculos depois da emigração de Abraão,
nosso pai na fé, de Ur dos Caldeus;
treze séculos depois de Israel ter saído do Egito,
guiado por Moisés;
cerca de mil anos depois que David foi ungido rei;
na semana sexagésima quinta,
segundo a profecia de Daniel;
na Olimpíada cento e noventa e quatro;
no ano setecentos e cinquenta e dois da fundação de Roma;
no ano quarenta e dois do império de César Octávio Augusto;
estando todo o orbe em paz,
Jesus Cristo, Deus eterno e Filho do eterno Pai,
querendo consagrar o mundo com a sua piedosíssima vinda,
concebido pelo Espírito Santo,
nove meses depois da sua concepção,
nasceu em Belém de Judá,
da Virgem Maria, feito homem:
é o Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo a carne».