A Festa de Shavuot é a menos conhecida destas grandes festas de peregrinação e celebra a entrega da Torah (os primeiros cinco livros do antigo Testamento) ao povo de escolhido por Deus. Sua data é determinada a partir da Páscoa, pois é celebrada 7 semanas após, no dia seguinte ao sábado. As sete semanas são como uma grande preparação para receber a palavra de Deus.
As orações do dia destacam exatamente a maravilha que é a Palavra de Deus, até o ponto de quase ser o próprio Deus. Por exemplo:
A Torah, mais preciosa que o ouro.
O Senhor nos deu para ser estudada,
Para Ele estar perto de nós
e nossas orações serem ouvidas.
Com o coração alegre por receber estas palavras, o povo de Israel agradece ter sido escolhido, não por seus méritos, mas justamente pelo amor de Deus, em outra oração do Shavuot:
Judeus rezando com o filactério, aquela "caixinha" na testa. Ela contém um trecho da Torah (Velho Testamento). |
Nos alegramos e regozijamos pela Sua escolha
Pois Deus nos abençou e nos deu a sua Lei.
A Palavra de Deus é tão fundamental que é necessário passar todo o dia com ela. Dai o uso de caixinhas, que são amarradas ao corpo por uma tira de couro. Estas caixinhas chamam-se filactérios e contém quatro trechos fundamentais da Torah.
Nós devemos sempre vesti-la,
Como um diadema precioso
É a oração do povo,
no Seu filactério.
O mais conhecido dos quatro textos é o Shema Israel:
Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças. Os mandamentos que hoje te dou serão gravados no teu coração. Tu os inculcarás a teus filhos, e deles falarás, seja sentado em tua casa, seja andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares. Atá-los-ás à tua mão como sinal, e os levarás como uma faixa frontal diante dos teus olhos. Tu os escreverás nos umbrais e nas portas de tua casa (Dt 6,4-9).
Mas os outros três também são especiais:
O Senhor disse a Moisés:“Consagrar-me-ás todo primogênito entre os israelitas, tanto homem como animal: ele será meu.” Moisés disse ao povo: “Conservareis a memória deste dia, em que saístes do Egito, da casa da servidão, porque foi pelo poder de sua mão que o Senhor vos fez sair deste lugar; não comereis pão fermentado. Vós saís hoje do Egito, no mês das espigas. Assim, pois, quando o Senhor te houver introduzido na terra dos cananeus, dos hiteus, dos amorreus, dos heveus e dos jebuseus, que jurou a teus pais te dar, terra que mana leite e mel, observarás este rito neste mesmo mês. Durante sete dias comerás pães sem fermento, e no sétimo dia haverá uma festa em honra do Senhor. Comer-se-ão pães sem fermento durante sete dias. Não se verão em tua casa, em toda a extensão do território, nem pães fermentados nem fermento. Explicarás então a teu filho: isso é em memória do que o Senhor fez por mim, quando saí do Egito. Será isso para ti como um sinal sobre tua mão, como uma marca entre os teus olhos, a fim de que tenhas na boca a lei do Senhor, porque foi graças à sua poderosa mão que o Senhor te fez sair do Egito. Observarás a cada ano essa prescrição no tempo prescrito (Ex 13,1-10).
“Quando o Senhor te houver introduzido na terra dos cananeus, como ele jurou a ti e a teus pais, e te houver dado essa terra,12.consagrarás ao Senhor todo primogênito; mesmo os primogênitos de teus animais, os machos, serão do Senhor.13.Entretanto, resgatarás com um cordeiro todo primogênito do jumento; do contrário, quebrar-lhe-ás a nuca. Todo primogênito dos homens entre teus filhos, resgatá-lo-ás igualmente.14.E, quando teu filho te perguntar um dia o que isso significa, dir-lhe-ás: é que o Senhor nos tirou do Egito com sua mão poderosa, da casa da servidão.15.E, como o faraó se obstinasse em não nos deixar partir, o Senhor matou todos os primogênitos do Egito, desde os primogênitos dos homens até os dos animais. Eis por que sacrifico ao Senhor todos os primogênitos machos dos animais, e devo resgatar todo primogênito entre meus filhos.16.Isso será como um sinal sobre tua mão e como uma marca entre teus olhos, porque foi pelo poder de sua mão que o Senhor nos tirou do Egito” (Ex 13,11-15).
Se obedecerdes aos mandamentos que hoje vos prescrevo, se amardes o Senhor, servindo-o de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, derramarei sobre a vossa terra a chuva em seu tempo, a chuva do outono e a da primavera, e recolherás o teu trigo, o teu vinho e o teu óleo; darei erva aos teus campos para os teus animais, e te alimentarás até ficares saciado.
Tende cuidado para que o vosso coração não seja seduzido e vos desvieis do Senhor para servir deuses estranhos, rendendo-lhes culto e prostrando-vos diante deles. A cólera do Senhor se inflamaria contra vós e ele fecharia os céus: a chuva cessaria de cair, e não haveria mais colheita, no vosso solo, de modo que não tardaríeis a perecer nesta boa terra que o Senhor vos dá. Gravai, pois, profundamente em vosso coração e em vossa alma estas minhas palavras; prenderas às vossas mãos como um sinal, e levaras como uma faixa frontal entre os vossos olhos. Ensinai-as aos vossos filhos, falando-lhes delas seja em vossa casa, seja em viagem, quando vos deitardes ou levantardes. Escreve-as nas ombreiras e nas portas de tua casa, para que se multipliquem os teus dias e os dias de teus filhos na terra que o Senhor jurou dar a teus pais, e sejam tão numerosos como os dias do céu sobre a terra (Dt,11,13-21).
E justamente deste último texto nasce outro sentido do Shavuot: celebrar os frutos da colheita, dons de Deus. Pra tanto, há recomendações claras sobre como deveria proceder a peregrinação para Jerusalem. Diz o Talmud:
Aqueles que vivem próximos a Jerusalem devem trazer figos frescos e uvas, mas os que moram a certa distância podem trazer figos secos e passas. Um touro com chifres folheados com ouro e uma coroa de olivas em sua cabeça deve estar a frente do grupo. A flauta deve ser tocada até o anoitecer; quando estiverem próximos a Jerusalém devem enviar mensageiros com os primeiros frutos da terra. Os governadores e sacerdotes do templo devem ir ao encontro deles. Os homens de Jerusalém devem se postar no caminho e dizerem alta voz: Äbençoados homens de tal cidade, estamos felizes por estarem conosco." Os ricos devem trazer seus frutos em potes de ouro e prata, os mais pobres em potes de couro de animais. Os potes serão dados ao sumo sacerdote.
Tentem imaginar esta festa, a procissão de homens de todos os lugares, dos países os mais distantes, chegando a Jerusalem, trazendo os primeiros frutos da colheita. Pois é neste cenário que ocorre a mais inusitada Festa de Shavuot: Pentecostes!
* Neste ponto recomendo ler a narração sobre Pentecostes, dos Atos dos apóstolos, capítulo 2
O primeiro fato que chama atenção na narração de Pentecostes é haver homens de todos as nações: Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos vindos de todas as nações que há debaixo do céu (At 2,5). Neste ponto já está óbvio que estavam lá judeus piedosos, seguidores dos preceitos, que haviam peregriando até Jerusalém para dar graças a Deus pela Torah.
O segundo ponto é que a Palavra passou a ser anunciada em diversas línguas: Estupefatos e surpresos, diziam: "Não são, acaso, galileus todos esses que estão falando? Como é, pois, que os ouvimos falar, cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos? Partos, medos e elamitas; habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frigia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia próximas de Cirene; romanos que aqui residem; tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, nós os ouvimos apregoar em nossas próprias línguas as maravilhas de Deus! (At 2, 7-11).
Pois no Monte Sinai, Deus entregou a palavra ao povo judeu. Agora, no monte de Jerusalém, Deus entrega a revelação não apenas aos judeus, mas aos povos de todas as nações. Que cada um ouça em sua língua o anúncio da Ressurreição de Jesus Cristo e salvação dos homens. No Monte Sinai, Deus falou: Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor (Dt 6,4). Pois agora, justamente por muito nos amar, este anúncio estende-se a todos homens. Pedro inicia seu discurso conclamando: Homens da Judéia e todos vós, tomai conhecimento disto e prestai ouvidos às minhas palavras (At 2,14).
E o que anuncia Pedro, qual novidade tem a dizer? Que Jesus Cristo, rejeitado, crucificado e morto, é Filho de Deus e ressuscitou. A este Jesus, Deus o ressuscitou, e disto nós todos somos testemunhas (At 2,32). Testemunhas por que Pedro e os apóstolos não apenas correram para encontrar o sepulcro vazio na manhã de Páscoa, mas em diversas oportunidades estiveram com Ele e o viram ascender ao céu. E Pedro não apenas havia visto Jesus, como percebeu que sua traição havia sido perdoada, justamente por que Deus o amava.
Como prova bíblica, Pedro cita o Profeta Joel: Então, todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo. Porque no monte Sião haverá salvação, como Iahweh falou (Jl 3,5). O Monte Sião é Jerusalém, onde Cristo foi crucificado, e também onde estavam reunidos os apóstolos.
E ainda, Pedro compara Jesus, Rei Deus, com Davi, rei dos judeus, lembrando que a tumba de Davia ainda era conhecida dos judeus, mas Jesus Cristo já havia saído da tumba. Aliás, é sobre Jesus que Davi se referia ao falar no Salmo 16: Coloco Iahweh à minha frente sem cessar, com ele à minha direita eu nunca vacilo. Por isso meu coração se alegra, minhas entranhas exultam e minha carne repousa em segurança; pois não abandonarás minha vida no Xeol, nem deixarás que teu fiel veja a cova! (Sl 16, 8-10, citado por São Pedro em At 2,26-27).
A escolha de Davi não parece inusitada porque segundo a tradição, Davi nasceu e morreu justamente no Dia da Festa de Shavuot. Se Davi, ao morrer, terminou concretamente sua história; Jesus Cristo apenas começava a salvação dos homens.
Por fim, ao ser questionado como deveriam proceder, pois era óbvio que Pedro anunciava uma grande novidade, algo diferente do judaísmo, os homens perguntam o que devem fazer para receber esta salvação. Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão dos vossos pecados. Então recebereis o dom do Espírito Santo (At 2, 38).
Pois aqui temos um chamado para reconhecermos nossos pecados, percebermos o quanto temos feito mal ao próximo, e procurarmos um sacerdote para receber novamente a graça que deixamos escapar, o perdão dos pecados através de uma confissão bem feita, também um sacramento instituído pelo amor de Deus em nosso favor.
-- Autoria própria
A escolha de Davi não parece inusitada porque segundo a tradição, Davi nasceu e morreu justamente no Dia da Festa de Shavuot. Se Davi, ao morrer, terminou concretamente sua história; Jesus Cristo apenas começava a salvação dos homens.
Por fim, ao ser questionado como deveriam proceder, pois era óbvio que Pedro anunciava uma grande novidade, algo diferente do judaísmo, os homens perguntam o que devem fazer para receber esta salvação. Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão dos vossos pecados. Então recebereis o dom do Espírito Santo (At 2, 38).
Pois aqui temos um chamado para reconhecermos nossos pecados, percebermos o quanto temos feito mal ao próximo, e procurarmos um sacerdote para receber novamente a graça que deixamos escapar, o perdão dos pecados através de uma confissão bem feita, também um sacramento instituído pelo amor de Deus em nosso favor.
-- Autoria própria
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