O novo santo, canonizado neste domingo, 16 de Outubro, viveu em tempos de perseguição à Igreja Católica. O governo do México declarou guerra a Igreja Católica, levando seus fiéis a defesa através das armas, um movimento conhecido como Cristeiros. Sua heróica resistência, a Cristiada, começou em 1926.
San José, no dia de seu batismo |
O ambiente político no México
A Constituição de 1917 - de inspiração comunista nacionalista - visava erradicar a Igreja Católica no México, através do controle da Igreja pelo governo. A Lei regulamentava os horários de oração, fixava o número de padres, restrigia a participação em missas, batismos, sacramentos e até esmolas. Os sinos foram proibidos, as escolas e hospitais católicos tomados pelo governos, monastérios foram dissolvidos e até o uso de hábitos foi proibido. Em 1926, sob o governo de Calles, a Igreja foi sumariamente proibida;padres começaram a ser presos, torturados e mortos.
Isto levou os cristãos a se organizarem para defender sua fé, no que ficou conhecido como a Rebelião dos Cristeiros ou Cristiada. Muito forte no meio rural, adotava táticas de guerrilhas para combater o exército. Apesar das dificuldades iniciais, o movimento foi se organizando e, com o apoio da população local, chegou a ter cerca de 50.000 participantes.
José Sanchez entra no movimento
José Sanchez nasceu em 28 de Março de 1913, era filho de Macário Sanchez e Maria Arteaga. Muito jovem, viu como a Igreja estava sendo perseguida e decidiu tornar-se um cristeiro. Seus paisestavam relutantes, mas terminaram por dar sua benção quando o comandante local lhes garantiu que seu filho iria apenas auxiliar no acampamento. José, exulltante, declarou que por Cristo faria qualquer coisa.
Ele um amigo, Trinidad flores, apresentaram-se num acampamento e receberam suas tarefas: carregar água, manter o fogo, servir comida e café, lavar pratos, alimentar os cavalos e limpar os rifles. Além disso, assistia diariamente a missa e rezava o Rosário constantemente. Aprendeu a tocar trompete e, assim, começou a acompanhar os soldados em batalhas.
Em 6 de Fevereiro de 1928, os cristeiros prepararam uma emboscada a tropas federais. Mas o Exército estava preparado e havia levado uma metralhadora. José escondeu-se, mas viu que o líder do grupo estava preso embaixo do cavalo, que estava morto, e de lá não conseguiria sair. José correu até ele, ajudou-o a se desvencilhar e deu seu cavalo para que o líder fugisse. Ele se recusou, mas José insistiu, dizendo que o líder era mais importante e não poderia ser preso. Enquanto o grupo recuava, José ficou para proteger o grupo. Quando acabou sua munição, foi preso pelos soldados. Convidado a entrar no Exército, respondeu: Vocês me capturaram por que terminou a munição, mas eu não desisti!
Carta a sua mãe
Na prisão, José escreveu à sua mãe:
Minha querida mãe,
Fui feito prisioneiro em batalha. Imagino que vá morrer em breve, mas eu não me importo. Aceite a vontade de Deus, morrerei feliz ao lado de Cristo. Não se preocupe com minha morte, isto me deixaria triste. Diga a meus irmãos para seguir o exemplo do filho mais novo e fazer a vontade de Cristo. Tenha coragem e envie-me suas bençãos.
Mande lembranças a todos por uma última vez e receba o coração deste filho que tanto de ama e que desejaria lhe ver uma última vez antes de morrer.
Zelo pela casa de Deus
No dia seguinte à prisão, José e Lorenzo foram transferidos pde Cotija para Sahuayo, onde a igreja estava sendo usada para abrigar soldados e animais. O altar fora desfeito e sua madeira usada para manter o fogo, havia garrafas de cerveja e fezes de animais por todo lado; as imagens de santos foram quebradas, a igreja estava desfigurada.
A prisão de José logo ficou conhecida pelo povo e seu avô, um político local favorável ao governo, foi lhe procurar. Novamente tentou-o convencer a entrar no Exército. José respondeu-lhe: Prefiro morrer, não irei com estes macacos, nunca perseguirei a Igreja! Se me deixarem sair daqui, correrei para o acampamento dos Cristeiros! Viva Cristo Rei, viva a Virgem de Guadalupe!
No dia seguinte, os soldados trouxeram galos de brigas para a Igreja e fizeram apostas. Os animais foram deixados soltos e acabaram voando para cima do tabernáculo. Quando os soldados bêbados dormiram, José quebrou o pescoço de cada um dos galos.
Na manhã seguinte, o general soube o que acontecera, foi até José e perguntou-lhe:
- Você que fez isto? Não sabe quanto custa um bom galo de briga?
- Só sei que a casa de Deus não é um curral.
- Você sabe que posso matá-lo a qualquer hora?
- Atire em mim agora e estarei ao lado do Pai ainda hoje.
O caminho da cruz
Em 10 de fevereiro, o general mandou executar José. Uma tia trouxe-lhe a última refeição, com uma hóstia escondida, no que ela mesmo arriscava sua vida. Foi a última comunhão de José, que disse à tia: Nos veremos no céus, mas não tenha pressa. Por favor, fique e cuide de minha mãe.
Foi decidido que um esquadrão não seria bem visto, pois tratava-se de um menino de 14 anos. Os soldados deram socos e chutes, a cada golpe José gritava "Viva Cristo Jesus!". Fizeram-no então caminhar até o cemitério, os soldados gritavam insultos a ele, a Igreja, Jesus e Maria. José apenas gritava "Viva a Virgem de Guadalupe!".
Ao chegar ao cemitério, caminhou até sua cova. Os soldados lhe apunhalaram várias vezes, mas José continuava vivo, falando de Jesus e Maria. Um oficial chegou perto e perguntou-lhe: Agora, o que queres que diga a seus pais? Respondeu-lhe: Diga que nos veremos nos céus! Viva a Cristo Rei! O oficial deu um tiro em sua cabeça.
Após o martírio
O corpo incorrupto do santo. |
Quando os federais deixaram o cemitério, o coveiro correu até a casa de um padre e pediu-lhe um funeral cristão. Padre Ignacio Sanchez era tio de José, chamou os pais do menino e foram ao cemitério. Ali limparam suas feridas, e deram-lhe um digno funeral. Ao sber da santidade de sua morte, muitos começaram a rezar por sua memória e pedir-lhe intercessão em seus problemas.
Em 1945, o corpo incorrupto de José foi transferido para um altar na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, junto com outros mártires cristeiros. Finalmente, em 1996 seus restos mortais foram colocados no batistério da Igreja em que fora mantido preso. José foi beatificado em 22 de Junho de 2004 e canonizado em 16 de Outubro de 2016.
Viva Cristo Rei! Viva a Virgem de Guadalupe!
-- autoria própria
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