Não é somente necessário crer que existe um só Deus, e que Ele é criador do céu, da terra e de todas as coisas, mas também que Deus é Pai e Jesus Cristo é seu verdadeiro Filho. O próprio Jesus Cristo muitas vezes chama a Deus como seu Pai e, também, denomina-se Filho de Deus. Os Apóstolos e os Santos Padres colocaram entre os artigos de fé que Jesus Cristo é Filho de Deus quando definiram o segundo artigo do Creio: "E em Jesus Cristo seu Filho", isto é, Filho de Deus.
Mas existiram alguns heréticos que acreditaram de um modo perverso nessa verdade de fé. Três deles são:
1. Fotino declarou que Cristo não é filho de Deus senão como os outros homens o são, os quais, por viverem bem, merecem ser chamados filhos de Deus por adoção, enquanto fazem a vontade de Deus. Do mesmo modo, segundo ele, Cristo, que viveu bem fazendo a vontade de Deus, mereceu ser chamado filho de Deus. Daí que Cristo não existiria antes da Virgem Maria, mas que só começou a existir quando foi concebido, como sucede com todos outros homens.
Cometeu Fotino dois erros: um, porque não disse que Ele era Filho de Deus segundo a natureza; outro porque disse que Ele começou a existir no certo momento, enquanto nossa fé afirma que Ele é por natureza Filho de Deus e eterno.
Contra o primeiro erro, declara a Escritura que Jesus Cristo não só é Filho de Deus, mas também Filho Unigênito: O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou (Jo 1,18). Contra o segundo, lê-se: Antes de Abraão existir, eu já existia (Jo 8, 58). Ora, é certo que Abraão existiu antes de Maria.
Por este motivo, os Santos Padres acrescentaram no Credo Niceno-Constantinopolitano contra o primeiro erro "Filho de Deus Unigênito"; e, contra o segundo, "gerado do Pai antes de todos os séculos".
2. Sabélio, embora tivesse dito que Cristo existiu antes da Virgem Maria, afirmou que a pessoa do Filho era também a figura do Pai e que o próprio Pai se encarnou. Isso é um erro porque destrói a idéia de Santíssima Trindade. Contra este erro, temos as palavras do próprio Cristo: Eu não sou Eu só, sou Eu e o Pai que me enviou (Jo 8, 16).
É evidente que ninguém pode ser enviado por si mesmo. Eis porque Sabélio errou. Acrescentou-se por isso, no Credo: "Deus de Deus, luz de luz", isto é Deus Filho de Deus Pai; Filho que é luz, luz que procede do Pai, que também é luz.
3. Ário, embora tivesse afirmado que Cristo existira antes da Virgem Maria e que era uma a Pessoa do Pai, outra a do Filho, cometeu três erros ao falar de Cristo: primeiro, que Cristo foi criatura; segundo, que Ele foi feito por Deus como a mais nobre das criaturas quando concebido, não existindo desde a eternidade; terceiro, que não havia uma só natureza de Deus Filho com Deus Pai e, por esse motivo, Cristo não era verdadeiro Deus.
Lê-se no Evangelho de São João: Eu e o Pai somos um (Jo 10, 30), isto é, pela natureza. Ora, como o Pai sempre existiu, do mesmo modo Cristo sempre existiu; como o Pai é verdadeiro Deus, o Filho também é verdadeiro Deus.
Em oposição às afirmações de Ário, está acrescentado no Credo "gerado, não feito" e "consubstancial com o Pai".
-- São Tomás de Aquino, Sermão sobre o Credo (século XIII)
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