Há na alma uma espécie de geração quando o homem conhece alguma coisa pela própria alma, que se chama conceito (ou idéia). Esse conceito, concebido, tem a sua origem na própria alma. Chama-se verbo (palavra) da inteligência ou do homem. Portanto a alma gera o seu verbo pelo conhecimento.
O Filho de Deus também é o Verbo de Deus, não como se fosse uma palavra pronunciada exteriormente, porque assim seria transitório, mas como um verbo (conceito, idéia) concebido no interior. Eis porque o próprio verbo de Deus possui uma só natureza de Deus e é igual a Deus.
São João, quando falou de Deus, disse "No princípio era o Verbo, o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus".
Em nós o verbo é um acidente (isto é, algo transitório, que existe por um tempo e depois termina); mas em Deus o verbo identifica-se com o próprio Deus, pois nada há em Deus que não seja da essência (infinita) de Deus.
Ninguém pode afirmar que Deus não possui um verbo (idéias), porque se o fizesse estaria também afirmando que em Deus não há conhecimento. Como Deus sempre existiu, assim também seu Verbo sempre existiu.
Como o artista executa as suas obras de acordo com o modelo que prefigurou em sua inteligência, que é o seu verbo; assim também Deus fez todas as coisas pelo seu Verbo, que é o seu pensamento artístico. Assim lê-se em São João: Todas as coisas foram feitas por Ele (Jo 1,3).
-- São Tomás de Aquino, Sermão sobre o Credo (século XIII)
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