O amor conjugal é o amor que une os esposos, santificado, enriquecido e iluminado pela graça do sacramento do
matrimônio. É uma união afetiva, espiritual e em comunhão com
Deus, mas que reúne em si a ternura da amizade e a paixão erótica, capaz de subsistir mesmo quando os sentimentos e a paixão
enfraquecem. Este amor forte, fruto do Espírito
Santo, é reflexo da aliança indestrutível entre Cristo e a
humanidade que culminou na entrega até ao fim na cruz. O Espírito,
que o Senhor infunde, dá um coração novo e torna o homem e a
mulher capazes de se amarem como Cristo nos amou.
O matrimônio é o ícone do amor de Deus por nós. Com efeito,
também Deus é comunhão: as três Pessoas – Pai, Filho e Espírito
Santo – vivem desde sempre e para sempre em unidade perfeita. É
precisamente nisto que consiste o mistério do matrimônio: dos dois
esposos, Deus faz uma só existência. Isto tem consequências
muito concretas na vida do dia-a-dia, porque, em virtude do
sacramento, os esposos são investidos numa autêntica missão, para
que possam tornar visível, a partir das realidades simples e
ordinárias, o amor com que Cristo ama a sua Igreja, continuando a
dar a vida por ela.
O casamento é uma união que busca do bem do outro, reciprocidade, intimidade, ternura,
estabilidade e uma semelhança entre os dois que se vai construindo
com a vida partilhada. O matrimônio acrescenta a tudo isso
uma exclusividade indissolúvel, que se expressa no projeto estável
de partilhar e construir juntos toda a existência. Estes e outros
sinais mostram que, na própria natureza do amor conjugal, existe a
abertura ao definitivo. É uma aliança diante de Deus, que exige
fidelidade: O Senhor constituiu-Se testemunha entre ti e a esposa
da tua juventude, aquela que tu atraiçoaste, embora ela fosse a tua
companheira e aquela com quem fizeste aliança. Ninguém
atraiçoe a mulher da sua juventude, porque Eu odeio o divórcio
(Ml 2, 14.15-16).
Um amor frágil cede à cultura do provisório, que impede um
processo constante de crescimento. Mas prometer um amor que dure para
sempre é possível, quando se descobre um desígnio maior que os
próprios projetos, que nos sustenta e permite doar o futuro inteiro
à pessoa amada. Para que este amor possa atravessar todas as
provações e manter-se fiel contra tudo, requer-se o dom da graça
que o fortalece e eleva. Como dizia São Roberto Belarmino, “o
fato de um só se unir com uma só num vínculo indissolúvel, de
modo que não possam separar-se, sejam quais forem as dificuldades, e
mesmo quando se perdeu a esperança da prole, isto não pode
acontecer sem um grande mistério”.
Além disso, o matrimônio inclui a paixão, mas sempre orientada
para uma união cada vez mais firme e intensa. Com efeito, não foi
instituído só em ordem à procriação, mas para que o amor mútuo
se exprima convenientemente, aumente e chegue à maturidade. Esta
união peculiar entre um homem e uma mulher adquire um caráter
totalizante, que só se verifica na união conjugal. E precisamente
por ser totalizante, esta união também é exclusiva, fiel e aberta
à geração. Partilha-se tudo, incluindo a sexualidade, sempre no
mútuo respeito.
Alegria e beleza
No matrimônio convém cuidar da alegria do amor. Quando a busca do
prazer é obsessiva, encerra-nos numa coisa só e não permite
encontrar outros tipos de satisfações. Pelo contrário, a alegria
expande a capacidade de desfrutar e permite-nos encontrar prazer em
realidades variadas, mesmo nas fases da vida em que o prazer se
apaga. A alegria matrimonial implica aceitar que o matrimônio é uma
combinação necessária de alegrias e fadigas, de tensões e
repouso, de sofrimentos e libertações, de satisfações e buscas,
de aborrecimentos e prazeres.
A beleza – o “valor sublime” do outro, que não coincide
com os seus atrativos físicos ou psicológicos – permite-nos
saborear o caráter sagrado da pessoa. Na sociedade de consumo, o
sentido estético empobrece-se e, assim, se apaga a alegria. Tudo se
destina a ser comprado, possuído ou consumido, incluindo as pessoas.
Ao contrário, a ternura é uma manifestação deste amor que se
liberta do desejo da posse egoísta. Isto permite-me procurar o seu
bem, mesmo quando sei que não pode ser meu ou quando se tornou
fisicamente desagradável, agressivo ou chato.
O olhar que aprecia tem uma enorme importância e, recusá-lo,
habitualmente faz dano. Muitas feridas e crises têm a sua origem no
momento em que deixamos de nos contemplar. Isto é o que exprimem
algumas queixas e reclamações, que se ouvem nas famílias: “O meu
marido não me olha, para ele parece que sou invisível”. “Por
favor, olha para mim, quando te falo”. “A minha mulher já não
me olha, agora só tem olhos para os filhos”. Em minha casa, não
interesso a ninguém, nem sequer me vêem, é como se não
existisse»”. O amor abre os olhos e permite ver, mais além de
tudo, quanto vale um ser humano.
Por outro lado, a alegria renova-se no sofrimento. Depois de ter
sofrido e lutado unidos, os cônjuges podem experimentar que valeu a
pena, porque conseguiram algo de bom, aprenderam alguma coisa juntos
ou podem apreciar melhor o que têm. Poucas alegrias humanas são tão
profundas e festivas como quando duas pessoas que se amam
conquistaram, conjuntamente, algo que lhes custou um grande esforço
compartilhado.
Quero dizer aos jovens que nada disto é prejudicado, quando o amor
assume a modalidade da instituição matrimonial. A união encontra
nesta instituição o modo de canalizar a sua estabilidade e o seu
crescimento real e concreto. Casar-se é uma maneira de exprimir que
realmente se abandonou o ninho materno, para tecer outros laços
fortes e assumir uma nova responsabilidade perante outra pessoa. Por
isso, o matrimônio supera qualquer moda passageira e persiste. A sua
essência está radicada na própria natureza da pessoa humana e do
seu caráter social. Implica uma série de obrigações; mas estas
brotam do próprio amor, um amor tão decidido e generoso que é
capaz de arriscar o futuro.
Semelhante opção pelo matrimônio expressa a decisão real e
efetiva de transformar dois caminhos num só, aconteça o que
acontecer e contra todo e qualquer desafio. Pela seriedade de que se
reveste este compromisso público de amor, não pode ser uma decisão
precipitada; mas, pela mesma razão, também não pode ser adiado
indefinidamente. Comprometer-se de forma exclusiva e definitiva com
outro sempre encerra uma parcela de risco e de aposta ousada. A
recusa de assumir um tal compromisso é egoísta, interesseira,
mesquinha; não consegue reconhecer os direitos do outro e não chega
jamais a apresentá-lo à sociedade como digno de ser amado
incondicionalmente.
Amor que se manifesta e cresce
O amor de amizade unifica todos os aspectos da vida matrimonial e
ajuda os membros da família a avançarem em todas as suas fases. Por
isso, os gestos que exprimem este amor devem ser constantemente
cultivados, sem mesquinhez, cheios de palavras generosas. Na família é necessário usar três palavras: com licença, obrigado, desculpa. Quando numa família não somos invasores e
pedimos “com licença”, quando na família não somos egoístas e
aprendemos a dizer “obrigado”, e quando na família nos damos
conta de que fizemos algo incorrecto e pedimos “desculpa”, nessa
família existe paz e alegria.
Não fazem bem certas fantasias sobre um amor idílico e perfeito,
privando-o assim de todo o estímulo para crescer. Não existem as famílias
perfeitas que a publicidade falaciosa e consumista nos propõe.
Nelas, não passam os anos, não existe a doença, a tribulação nem
a morte. (...) A publicidade consumista mostra uma realidade ilusória
que não tem nada a ver com a realidade que devem enfrentar no
dia-a-dia os pais e as mães de família. É mais saudável aceitar
com realismo os limites, os desafios e as imperfeições, e dar
ouvidos ao apelo para crescer juntos, fazer amadurecer o amor e
cultivar a solidez da união, suceda o que suceder.
O diálogo
O diálogo é uma modalidade privilegiada e indispensável para
viver, exprimir e maturar o amor na vida matrimonial e familiar.
Reservar tempo, tempo de qualidade, que permita escutar, com
paciência e atenção, até que o outro tenha manifestado tudo o que
precisava comunicar. Em vez de começar a dar opiniões ou
conselhos, é preciso assegurar-se de ter escutado tudo o que o outro
tem necessidade de dizer. Isto implica fazer silêncio interior, para
escutar sem ruídos no coração e na mente: despojar-se das pressas,
pôr de lado as próprias necessidades e urgências, dar espaço.
Muitas vezes um dos cônjuges não precisa duma solução para os
seus problemas, mas de ser ouvido.
É necessário desenvolver o hábito de dar real importância ao
outro. Trata-se de dar valor à sua pessoa, reconhecer que tem
direito de existir, pensar de maneira autónoma e ser feliz. É
preciso nunca subestimar aquilo que diz ou reivindica, ainda que seja
necessário exprimir o meu ponto de vista. Para isso, é preciso
colocar-se no seu lugar e interpretar a profundidade do seu coração,
individuar o que o apaixona, e tomar essa paixão como ponto de
partida para aprofundar o diálogo.
Deve-se ter amplitude mental, para não se encerrar obsessivamente
numas poucas ideias, e flexibilidade para poder modificar ou
completar as próprias opiniões. É possível que, do meu pensamento
e do pensamento do outro, possa surgir uma nova síntese que nos
enriqueça a ambos. A unidade, a que temos de aspirar, não é
uniformidade, mas uma “unidade na diversidade” ou uma
“diversidade reconciliada”.
Por último, reconheçamos que, para ser profícuo o diálogo, é
preciso ter algo para se dizer; e isto requer uma riqueza interior
que se alimenta com a leitura, a reflexão pessoal, a oração e a
abertura à sociedade. Caso contrário, a conversa torna-se
aborrecida e inconsistente. Quando cada um dos cônjuges não cultiva
o próprio espírito e não há uma variedade de relações com
outras pessoas, a vida familiar torna-se endogâmica e o diálogo
fica empobrecido.
O mundo das emoções
Desejos, sentimentos, emoções (os clássicos chamavam-lhes paixões)
ocupam um lugar importante no matrimônio. É próprio de todo o ser
vivo tender para outra realidade, e esta tendência reveste-se sempre
de sinais afetivos: prazer ou sofrimento, alegria ou tristeza,
ternura ou receio. O ser humano é um vivente desta terra, e tudo o
que faz e busca está carregado de paixões.
Experimentar uma emoção não é, em si mesmo, algo moralmente bom
nem mau. O que pode ser bom ou mau é o ato que a pessoa realiza
movida ou sustentada por uma paixão. Pois, se os sentimentos são
alimentados, procurados e, por causa deles, cometemos más ações, o
mal está na decisão de os alimentar e nos atos maus que se seguem.
Na mesma linha, sentir atração por alguém não é, por si, um
bem. Se esta atração me leva a procurar que essa pessoa se torne
minha escrava, o sentimento estará ao serviço do meu egoísmo.
Neste caso, os sentimentos desviam dos grandes valores e escondem um
egocentrismo que torna impossível cultivar uma vida sadia e feliz em
família.
O amor matrimonial leva a procurar que toda a vida emotiva se torne
um bem para a família e esteja ao serviço da vida em comum. A
maturidade chega a uma família quando a vida emotiva dos seus
membros se transforma numa sensibilidade que não domina nem
obscurece as grandes opções e valores, mas segue a sua liberdade,
brota dela, enriquece-a, embeleza-a e torna-a mais harmoniosa para
bem de todos.
Deus ama a alegria dos seus filhos
Algumas correntes espirituais insistem em eliminar o desejo para se
libertar da dor. Mas nós acreditamos que Deus ama a alegria do ser
humano, pois Ele criou tudo para nosso usufruto (1 Tim 6, 17).
Deixemos brotar a alegria à vista da sua ternura, quando nos propõe:
Meu filho, se tens com quê, trata-te bem. (...) Não te prives da
felicidade presente (Eclo 14, 11.14). Também um casal de
esposos corresponde à vontade de Deus, quando segue este convite
bíblico: No dia da felicidade, sê alegre (Eclo 7, 14).
A questão é ter a liberdade para aceitar que o prazer encontre
outras formas de expressão nos sucessivos momentos da vida, de
acordo com as necessidades do amor mútuo.
A dimensão erótica do amor
Tudo isto nos leva a falar da vida sexual dos esposos. O próprio
Deus criou a sexualidade, que é um presente maravilhoso para as suas
criaturas. Quando se cultiva e evita o seu descontrole, fazemo-lo
para impedir que se produza o depauperamento de um valor autêntico.
A sexualidade não é um recurso para compensar ou entreter, mas
trata-se de uma linguagem interpessoal onde o outro é tomado a
sério, com o seu valor sagrado e inviolável. Assim, o coração
humano torna-se participante, por assim dizer, de outra
espontaneidade. Neste contexto, o erotismo aparece como uma
manifestação especificamente humana da sexualidade. O erotismo mais
saudável, embora esteja ligado a uma busca de prazer, supõe a
admiração e, por isso, pode humanizar os impulsos.
Assim, não podemos, de maneira alguma, entender a dimensão erótica
do amor como um mal permitido ou como um peso tolerável para o bem
da família, mas como dom de Deus que embeleza o encontro dos
esposos. Tratando-se de uma paixão sublimada pelo amor que admira a
dignidade do outro, torna-se uma afirmação amorosa plena e
cristalina, mostrando-nos de que maravilhas é capaz o coração
humano, e assim, por um momento, sente-se que a existência humana
foi um sucesso.
Violência e manipulação
Não podemos ignorar que muitas vezes a sexualidade se despersonaliza
e enche de patologias, de modo que se torna cada vez mais ocasião e
instrumento de afirmação do próprio eu e de satisfação egoísta
dos próprios desejos e instintos. Neste tempo, também a sexualidade
corre grande risco de se ver dominada pelo espírito venenoso do usa
e joga fora. Com frequência, o corpo do outro é manipulado como uma
coisa que se conserva enquanto proporciona satisfação e se despreza
quando perde a atração.
Nunca é demais lembrar que, mesmo no matrimônio, a sexualidade pode
tornar-se fonte de sofrimento e manipulação. Por isso, devemos
reafirmar, claramente, que um ato conjugal imposto ao próprio
cônjuge, sem consideração pelas suas condições e pelos seus
desejos legítimos, não é um verdadeiro ato de amor e nega, por
isso mesmo, uma exigência de reta ordem moral, nas relações entre
os esposos. Por isso, São Paulo exortava: Que ninguém, nesta
matéria, defraude e se aproveite do seu irmão (1 Ts 4, 6).
E não obstante ele escrevesse numa época em que dominava uma
cultura patriarcal, na qual a mulher era considerada um ser
completamente subordinado ao homem, todavia ensinou que a sexualidade
deve ser uma questão a discutir entre os cônjuges: levantou a
possibilidade de adiar as relações sexuais por algum tempo, mas de
mútuo acordo (1 Cor 7, 5).
É importante deixar claro a rejeição de toda a forma de submissão
sexual. Por isso, convém evitar toda a interpretação inadequada do
texto da Carta aos Efésios, onde se pede que as mulheres [sejam
submissas] aos seus maridos (Ef 5, 22). Retomemos São João
Paulo II: “O amor exclui todo o genero de submissão, pelo qual a
mulher se tornasse serva ou escrava do marido”. Por isso, se diz
que devem também os maridos amar as suas mulheres, como o seu
próprio corpo (Ef 5, 28). Na realidade, o texto bíblico
convida: Submetei-vos uns aos outros (Ef 5, 21).
Lembremo-nos de que um amor verdadeiro também sabe receber do
outro, é capaz de se aceitar como vulnerável e necessitado, não
renuncia a receber, com gratidão sincera e feliz, as expressões
corporais do amor na carícia, no abraço, no beijo e na união
sexual. Bento XVI era claro a este respeito: “Se o homem aspira
a ser somente espírito e quer rejeitar a carne como uma herança
apenas animalesca, então espírito e corpo perdem a sua dignidade”.
Matrimónio e virgindade
A virgindade é uma forma de amor. Como sinal, recorda-nos a
solicitude pelo Reino, a urgência de entregar-se sem reservas ao
serviço da evangelização (cf. 1Cor 7, 32) e é um
reflexo da plenitude do Céu, onde nem os homens terão mulheres,
nem as mulheres, maridos (Mt 22, 30). São Paulo recomendava
a virgindade, porque esperava para breve o regresso de Jesus Cristo e
queria que todos se concentrassem apenas na evangelização: O
tempo é breve (1Cor 7, 29). Contudo deixa claro que era uma
opinião pessoal e um desejo dele (cf. 1Cor 7, 6-8), não
uma exigência de Cristo: Não tenho nenhum preceito do Senhor
(1Cor 7, 25). Ao mesmo tempo reconhecia o valor de ambas as
vocações: Cada um recebe de Deus o seu próprio dom, um de uma
maneira, outro de outra (1Cor 7, 7). Neste sentido, diz São
João Paulo II que os textos bíblicos não oferecem motivo para
sustentar nem a “inferioridade” do matrimônio, nem a
“superioridade” da virgindade ou do celibato devido à
abstinência sexual. Em vez de se falar da superioridade da
virgindade sob todos os aspectos, parece mais apropriado mostrar que
os diferentes estados de vida são complementares, de tal modo que um
pode ser mais perfeito num sentido e outro pode sê-lo a partir dum
ponto de vista diferente. Por exemplo, Alexandre de Hales afirmava
que, em certo sentido, o matrimónio pode-se considerar superior aos
restantes sacramentos, porque simboliza algo tão grande como «a
união de Cristo com a Igreja ou a união da natureza divina com a
humana».[167]
A transformação do amor
O alongamento da vida provocou algo que não era comum noutros
tempos: a relação íntima e a mútua pertença devem ser mantidas
durante quatro, cinco ou seis décadas, e isto gera a necessidade de
renovar repetidas vezes a recíproca escolha. É o companheiro no
caminho da vida, com quem se pode enfrentar as dificuldades e gozar
das coisas lindas. Não é possível prometer que teremos os mesmos
sentimentos durante a vida inteira; mas podemos ter um projeto comum
estável, comprometer-nos a amar-nos e a viver unidos até que a
morte nos separe, e viver sempre uma rica intimidade. O amor, que nos
prometemos, supera toda a emoção, sentimento ou estado de ânimo,
embora possa incluí-los. É um querer-se bem mais profundo, com uma
decisão do coração que envolve toda a existência.
-- resumo de parte do capítulo 4 da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, Papa Francisco
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