Cristo manifestou a sua ressurreição de dois modos: pelo testemunho e por provas ou sinais.
Primeiro serviu-se de duplo testemunho para manifestar a ressurreição aos discípulos, e nenhum deles pode ser recusado.
- Os anjos anunciaram a ressurreição às mulheres, como o narram todos os evangelistas.
- Outro é o seu próprio testemunho, pois Ele afirma sua ressurreição.
Quanto às provas, também foram suficientes para declarar a sua verdadeira ressurreição, mesmo enquanto gloriosa. Ora, que a sua ressurreição foi verdadeira ele o demostrou com seu corpo que:
Cristo comendo com seus apóstolos após a pesca milagrosa. |
- era um corpo verdadeiro e real, e não um corpo fantástico ou rarefeito, como o ar. E isso o mostrou deixando que o tocassem. Por isso, ele próprio o disse: Apalpai e vede, que um espírito não tem carne nem ossos, como vós vedes que eu tenho.
- tinha um corpo humano. deixando verem os discípulos a sua verdadeira figura. que contemplavam com os olhos.
- era o corpo identicamente o mesmo que antes tinha, mostrando-lhes as cicatrizes das chagas. Cristo diz, no Evangelho: Olha para as minhas mãos e pés, porque sou eu mesmo.
De outro modo, mostrou-lhes a verdade da sua ressurreição quanto à alma, de novo unida ao corpo, de três maneiras diferentes:
- pela nutrição, comendo e bebendo com os discípulos, como lemos no Evangelho.
- pelos sentidos, quando respondia às interrogações dos discípulos e saudava os presentes, mostrando assim que via e ouvia.
- pela inteligência, pois os discípulos com ele falavam e Cristo explicava suas dúvidas falando sobre as Escrituras.
E para nada faltar a essa perfeita manifestação, revelou também a sua natureza divina pelo milagre feito na pesca maravilhosa e, além disso, por ter subido ao céu à vista dos discípulos. Pois, como diz o Evangelho, ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, a saber, o Filho do homem,que está no céu.
E também manifestou a glória da sua ressurreição aos discípulos por ter entrado numa sala estando as portas fechadas. Tal o que diz Gregório: "O Senhor deu a tocar o seu corpo, que entrava estando as portas fechadas, para mostrar que, depois da ressurreição, tinha a mesma natureza mas com uma glória diferente". Semelhantemente, também foi por uma propriedade da glória, que de súbito desapareceu-Ihes de diante dos olhos, na frase do Evangelho; pois, assim mostrava que tinha o poder de deixar-se ver ou não, e isso é uma propriedade do corpo glorioso, como dissemos.
* No próximo post, Santo Agostinho rebate as dúvidas que ainda possam existir acerca da ressurreição de Cristo.
-- adaptado da Suma Teológica, Tertia Pars, questão 54, artigo 6, de São Tomás de Aquino.
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