Muitos católicos foram contrários à Revolução Francesa, que perseguiu a Igreja e destruiu muitos templos. Talvez a mais surpreendente destes católicos seja Santa Julia Billiart que, mesmo paralítica, desafiou as autoridades de sua cama.
A juventude com sua família
Ela nasceu em 12 de Julho de 1751, em Cuvilly, França, foi a sexta filha do casala Jean-François e Marie-Louise. Aos sete anos já conhecia o catecismo e ensinava-o às suas amigas da mesma idade. Passou poucos anos na escola do vilarejo, pois logo teve que trabalhar para ajudar a família. Com a permissão especial do pároco, recebeu primeira Eucaristia e Crisma aos nove anos e aos 14 fez um voto de castidade.
Aos 22 anos enquanto trabalhava, a loja dos pais foi assaltada, um dos ladrões atirou em seu pai. Traumatizada, ela rapidamente perdeu o comando das pernas, tornando-se paralítica, o que na época consistia em ficar confinada a sua cama. E da sua cama, ela continuou catequisando as crianças da cidade.
A revolta contra a Igreja cismática
E da sua cama, ela continuou catequisando as crianças da cidade. Em 1789 a Revolução Francesa começou a modificar o país e perseguir a Igreja. Em 1790, um padre que havia jurado obediência à Revolução, não ao Papa, foi nomeado pelo governo para o vilarejo de Cuvilly. Tal padre logo percebeu como Julia era reconhecida por todos e avisou que iria visitar-lhe, mas ela recusou-se a recebê-lo, e aos poucos convenceu toda população a boicotá-lo. Nesta época, ela escreveu a uma amiga:
Eu te felicito por teres a oportunidade de ser útil à salvação das alamas, mas ande com cuidado pois a circunstâncias atuais fazem o trabalho ser particularmente difícil. Dizes que te parece melhor ser cismática que estar sem nenhuma religião. Pois pense bem sobre o assunto, pois nãoo devemos conduzir nosso rebanho ao erro. Se conduzirmos nossas ovelhas a um invasor, as colocaremos longe da salvação.
Todas estas boas pessoas que estão impossibilitadas de ouvir seus verdadeiros pastores, não serão punidas por isso. É melhor que continuem sua vida sem receber instrução adequada, até mesmo sem Missas. Deus irá enviar um anjo dos céus para auxilia-las, Ele não deixará que pereçam.
As autoridades decidiram então prender Júlia, que teve que fugir escondida numa carroça de feno para a cidade de Compiègne. Em 1793 teve um visão. Aos pés de uma cruz, ela viu um grupo de mulheres vestindo roupas estranhas e escutou uma voz que dizia: "Eis as filhas que te darei num Instituto que será marcado com a minha cruz."
As irmãs de Nossa Senhora
No fim do tempo do Terror, mudou-se para Amiens, onde conheceu Maria Luísa Francisca Blin de Boudon, Viscondessa de Gizaincourt, mulher muito inteligente e culta que seria sua amiga íntima e colaboradora. Ela também havia sido perseguida pelo governo e sua família salvou-se da morte quando o líder revolucionário Robespierre foi morto e o governo mudou de rumo. A viscondessa e algumas amigas começaram a reunir-se em torno da cama de Júlia, que lhes ensinou como aprofundar sua vida interior, dedicar-se seriamente à uma vida em comunidade e auxílio aos pobres.
Em 1803, sob o patrocínio do Bispo de Amiens, uma fundação foi organizada com o objetivo de auxiliar crianças pobres, em especial as meninas. Foi o início do Instituto das Irmão de Nossa Senhora (Notre Dame). Iniciaram cuidando de oito órfãs, Júlia e Françoise lidarevam o grupo. No anos seguinte, as três primeira irmãs fizeram seus votos.
Tendo Júlia como sua superiora, a nova ordem estabeleceu uma boa reputação graças a dedicação das irmãs. Madre Josefina, ex-vincondessa, garantia que todas irmãs tivessem boa formação para poder ensinar adequadamente as crianças, além de gerenciar as finanças da ordem. Um aspecto original para a época foi não diferenciar irmãs ordenadas e leigas, colocando todas a trabalhar de maneira igual em favor das crianças. Isto quebrava uma tradição de muitos séculos, que reservava às irmãs ordenadas os cargos superiores da ordem e relegava os trabalhos diários às irmãs leigas.
As irmãs abriam escolas para as crianças pobres, que nada podiam pagar, e academias para as crianças ricas, que pagavam em dobro em para sustentar as mais pobres. Rapidamente tinham centenas de crianças pobres que foram retiradas das ruas, lnde estariam sujeitas as muitas crueldades do mundo.
Em 1809, o Bispo de Amiens, instigado por um abade mais tradicionalista, resolveu que a ordem deveria restringir-se a atuar na sua diocese e alterar a regra para a maneira mais tradicional das ordens monásticas. Sabendo que havia crianças pobres em todo país e que não fazia sentido restringir o chamado de Deus a uma diocese, ela não aceitou as condições do Bispo, que decidiu por expulsá-las de Amiens. Júlia teve que transferir a sede do Instituto para a Diocese de Namur, na Bélgica.
A cura da paralisia
No ano seguinte, Padre Varin que assistia as necessidades espirituais do grupo, ordenou que fizessem uma novena em honra do Sagrado Coração de Jesus, mas não lhes disse a intenção. No último dia da novena, o padre dirigiu-se à Júlia e ordenou que se pusesse de pé, pois era necessário que ela andasse para que a obra prosseguisse. Obediente, ela deu seus primeiros passos depois de 22 anos de paralisia.
Nos anos seguintes, Madre Júlia fundou 15 conventos, fez 120 viagens e manteve intensa correspondência com suas irmãs. Em uma destas cartas escreveu:
Embora Deus possa nos parecer severo, lembre-se que é sempre um Pai infinitamente bom, inteligente e amoroso. Ele nos guia por diferentes caminhos para que possamos alcançar Seus objetivos. E sejamos honestas, minha querida amiga, não é verdade que muitas vezes atribuímos à nós o que é obra de Deus? Então é para nosso bem que experimentemos um certo abandono de Deus. Assim podemos agir como crianças no escuro, pegamos firme na mão do Pai e nos deixamos guiar por Ele.
Em 1815, a Bélgica foi o centro da Guerra Napoleônica, mas os conventos das irmãs de Notre-Dame salvaram-se ilesos. Em janeiro de 1616, Irmã Júlia caiu doente, falecendo em 8 de Abril de 1816, em Namur.
Canonização
Santa Júlia Ballart foi canonizada em 13 de Maio de 1906 pelo Papa Pio X e canonizada em 22 de Junho de 1969 pelo Papa Paulo VI. Atualmente as irmãs estão presentes em 17 países, 5 continentes. incluindo o estado do Pará, no Brasil.
Site da ordem (em inglês): http://www.sndden.org/
* autoria própria
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