6 de jan. de 2018

Perguntas sobre Eucaristia - Aliança e Sacrifício de Cristo

A origem da palavra "sacrifício" é literalmente "fazer algo santo", isto é, retornar para Deus algo que ele criou. Quase todas as religiões tem este conceito, como o sacrifício de animais para agradar a Deus, ou os melhores frutos da colheita, bens preciosos, etc... Mas, na Igreja Católica há este conceito único de que o sacrifício é feito por Deus, para Deus, em Cristo, na Eucaristia. E esta á uma aliança que Deus fez conosco, válida para toda eternidade.

1. O que é uma aliança no sentido bíblico?

 De todas as criaturas visíveis, só o homem é capaz de conhecer e amar o seu Criador; só ele é chamado a partilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus. 

Porque é imagem de Deus, o indivíduo humano possui a dignidade de pessoa: ele não é somente alguma coisa, mas alguém. É capaz de se conhecer, de se possuir e de livremente se dar e entrar em comunhão com outras pessoas. 

A Aliança Bíblica é uma espécie de acordo com Deus, onde Deus cria o homem, lhe dá os recursos necessários para preservar a vida, por que Lhe ama como um pai ama seu filho e, em troca, o homem de decide amá-lo como uma resposta ao amor de Deus. A Aliança Bíblica começa com uma ação de Deus a qual o homem responde por livre vontade.

Na Bíblia, a primeira Aliança foi com Adão e Eva, que poderiam ter permanecido no Paraíso, mas duvidaram do amor de Deus quando aceitaram as mentiras do Demônio e terminaram se afastando da presença de Deus. 

* segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC) parágrafos 356-358.

2.  Qual foi a Aliança de Deus com Abraão?

Abraão e Sara eram velhos e não tinham filhos, não tinham para quem deixar sua herança, a família terminaria ali com os dois velhos morrendo. Deus promete a Abraão filhos, aumentar sua herança, manter seu nome na terra por mil gerações, exatamente o que Abraão temia que não seria mais possível. Em troca Deus pediu que confiassem nele, abandonassem o que haviam construído onde moravam, pois Deus lhe daria uma terra maravilhosa, cheia de frutos e mel. 

Esta é a Aliança de Deus com Abraão: Deus dá tudo, filhos, saúde, bens materiais; Abraão teria que confiar em Deus, sair da Babilônia onde morava e seguir às orientações de Deus até chegar à Terra Prometida. 

3. Por que sacrifícios do Antigo Testamento foram incompletos? 

Os Judeus, segundo a sua própria confissão, não puderam nunca cumprir integralmente a Lei sem violação do mínimo preceito (Jo 7, 19; At 13, 38-41; 15, 10), pois são humanos. Por isso é que, em cada festa anual da Expiação, pedem a Deus perdão pelas suas transgressões da Lei. Com efeito, a Lei constitui um todo e, como lembra São Tiago, "quem observa toda a Lei, mas falta num só mandamento, torna-se réu de todos os outros" (Tg 2, 10).

Este princípio da integralidade da observância da Lei, não só na letra mas também no espírito, era caro aos fariseus. Tomando-o extensivo a Israel, conduziram muitos judeus do tempo de Jesus a um zelo religioso extremo (Rm 10, 2). 

O cumprimento perfeito da Lei só podia ser obra de quem escreveu a Lei, Deus mesmo, nascido sujeito à Lei na pessoa do Filho (Gl 4, 4). Em Jesus, a Lei já não aparece gravada em tábuas de pedra, mas "no íntimo do coração" (Jr 31, 33), o qual, proclamando "fielmente o direito" (Is 42, 3), se tornou "a aliança do povo" (Is 42, 6). 

* CIC 578-580

4. Por que o sacrifício de Cristo é perfeito?

A morte de Cristo é, ao mesmo tempo, o sacrifício pascal que realiza a redenção definitiva dos homens (1 Cor 5, 7; Jo 8, 34-36), restabelecendo a comunhão entre o homem e Deus (Ex 24, 8), reconciliando-o com Ele pelo "sangue derramado pela multidão, para a remissão dos pecados" (Mt 26, 28; Lv 16, 15-16). 

Este sacrifício de Cristo é único, leva à perfeição e ultrapassa todos os sacrifícios (Heb 10, 10). Antes de mais, é um dom do próprio Deus Pai: é o Pai que entrega o seu Filho para nos reconciliar consigo (1 Jo 4, 10). Ao mesmo tempo, é um sacrifício do Filho de Deus, que livremente e por amor (Jo 15, 13) oferece a sua vida (Jo 10, 17-18) ao Pai pelo Espírito Santo (Heb 9, 14) para reparar a nossa desobediência.

* CIC 613, 614

5. Por que o sacrifício de Cristo é definitivo e dispensa todos os outros? 

Nenhum homem, ainda que fosse o mais santo, estava em condições de tornar sobre si os pecados de todos os homens e de se oferecer em sacrifício por todos. A existência, em Cristo, da pessoa divina do Filho, que ultrapassa e ao mesmo tempo abrange todas as pessoas humanas e O constitui cabeça de toda a humanidade, é que torna possível o seu sacrifício redentor por todos.

A morte redentora de Jesus deu cumprimento sobretudo à profecia do Servo sofredor (Is 53. 7-8; At 8, 32-35). O próprio Jesus apresentou o sentido da sua vida e da sua morte à luz do Servo sofredor (Mt 20, 28). Após a sua ressurreição, deu esta interpretação das Escrituras aos discípulos de Emaús (450) e depois aos próprios Apóstolos (Lc 24, 25-27).

Consequentemente, Pedro pôde formular assim a fé apostólica no plano divino da salvação: fostes resgatados da vã maneira de viver herdada dos vossos pais, pelo sangue precioso de Cristo, como de um cordeiro sem defeito nem mancha, predestinado antes da criação do mundo e manifestado nos últimos tempos por nossa causa (1 Pe 1, 18-20). 

É o "amor até ao fim" (Jo 13, 1) de Deus por todos seus filhos que confere ao sacrifício de Cristo o valor de redenção e reparação, de expiação e satisfação. "O amor de Cristo nos pressiona, ao pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram" (2 Cor 5, 14). 

* CIC 601, 602, 616

6. Como entender que a Missa é um sacrifício?

 Porque é o memorial da Páscoa de Cristo, a Eucaristia é também um sacrifício. O carácter sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas próprias palavras da instituição: "Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós" e "este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós" (Lc 22, 19-20). Na Eucaristia, Cristo dá aquele mesmo corpo que entregou por nós na cruz, aquele mesmo sangue que "derramou por muitos em remissão dos pecados" (Mt 26, 28).

A Eucaristia é, pois, um sacrifício, porque torna presente o sacrifício da cruz, porque é dele memorial: porque após a morte de Cristo não se devia extinguir o seu sacerdócio (Heb 724-27), na última ceia, "na noite em que foi entregue" (1 Cor 11, 13), Ele quis deixar à Igreja um sacrifício visível, em que fosse representado o sacrifício cruento que ia realizar uma vez por todas na cruz, perpetuando a sua memória até ao fim dos séculos e aplicando a sua eficácia salvífica à remissão dos pecados que nós cometemos cada dia. (Concílio de Trento, Doutrina da Santa Missa)

O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: é uma só e mesma vítima e Aquele que agora Se oferece pela ação dos sacerdotes é o mesmo que outrora Cristo ofereceu a Si mesmo na cruz; só a maneira de oferecer é que é diferente. E porque neste divino sacrifício, que se realiza na missa, aquele mesmo Cristo, que a Si mesmo Se ofereceu outrora de modo cruento sobre o altar da cruz, agora está contido e é imolado de modo incruento, este sacrifício é verdadeiramente salvador (Santo Inácio de Antioquia).

* CIC 1365-1367
-- autoria própria






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