Santa Mônica, estando grávida do grande Santo Agostinho, consagrou-o com repetidos oferecimentos à Religião cristã, e ao serviço da glória de Deus, como ele próprio testifica, dizendo que já no ventre de sua mãe tinha provado o sal de Deus. É um grande ensinamento para as mulheres cristãs oferecer à divina Majestade o fruto de seus ventres, mesmo antes que deles tenham saido; porque Deus, que aceita as oblações de um coração humilde e bem formado, ordinariamente favorece os bons desejos das mães nessa circunstância: sejam disso testemunhas Samuel, São Tomás de Aquino, Santo André de Fiesole, e muitos outros. A mãe de São Bernardo, digna mãe dum tal filho, tomando seus filhos e filhas nos braços apenas nasciam, oferecia-os a Jesus Cristo; e desde logo os amava com respeito como coisa sagrada e que Deus lhe tinha confiado: o que lhe deu tão feliz resultado que todos os seus sete filhos foram muito santos.
Mas uma vez vindos os filhos ao mundo e começando a ter uso da razão, devem os pais e mães ter um grande cuidado de lhes imprimir o temor de Deus no coração. A boa rainha Branca desempenhou fervorosamente este encargo com o rei São Luis, seu filho, porque lhe dizia a cada passo: Antes quero, meu caro filho, ver-te cair morto na minha presença do que ver-te cometer um só pecado mortal. O que ficou de tal modo gravado na alma deste santo filho que, como ele próprio contava, não houve dia da sua vida em que disso não se lembrasse, esforçando-se quanto lhe era possivel observar à risca esta santa doutrina.
Na nossa linguagem chamamos "casas" às linhagens e gerações; e os próprios hebreus chamam à geração dos filhos como sendo a "edificação da casa". Porque foi neste sentido que se disse que Deus edificou casas para as parteiras do Egito. Isto é para mostrar que não é fazer uma boa casa provê-la de muitos bens mundanos, mas educar bem os filhos no temor de Deus e na virtude. Nisto não devemos esquivar-nos a esforços nem trabalhos, pois os filhos são a coroa do pai e da mãe. Assim Santa Mônica combateu com tanto fervor e constância as más inclinações de Santo Agostinho que, tendo-o seguido por mar e por terra, tornou-o mais filho de suas lágrimas, pela conversão da sua alma, do que o tinha sido do sangue pela geração de seu corpo.
São Paulo deixa como tarefa às mulheres o governo da casa; e por isso muitos seguem esta verdadeira opinião que a sua devoção é mais frutuosa para a família que a dos maridos, que, não tendo uma residência tão continuada entre os domésticos. não podem encaminhá-los tão facilmente para a virtude. Segundo esta consideração, Salomão nos seus Provérbios faz depender a felicidade de toda a sua casa do cuidado e esmero da mulher forte que descreve.
Diz-se no Gênesis que Isaac, vendo a esterilidade de sua esposa Rebeca, rogou ao Senhor por ela: ou segundo o texto hebraico, rogou ao Senhor em frente dela, porque um orava de um lado do oratório e outro do outro lado; e a oração do marido feita deste modo foi ouvida. A maior e mais frutuosa união do marido e da mulher é a que se faz na devoção, à igual se devem convidar à oração um ao outro.
Há maridos brutos como o marmelo, que pela aspereza do seu suco, não são agradáveis senão postos de conserva. Há outros que, pela sua brandura e delicadeza. não se podem conservar senão também postos em doce como as cerejas e os damascos: assim as mulheres hão de desejar que os seus maridos estejam de conserva no açúcar da devoção. Porque o homem sem devoção é severo, áspero e duro; e os maridos devem desejar que as suas mulheres sejam devotas; porque sem a devoção, a mulher é em extremo frágil e sujeita a cair ou perder a sua virtude.
São Paulo disse que o homem infiel é santificado pela mulher fiel, e a mulher infiel pelo homem fiel, porque nesta estreita aliança do casamento um pode facilmente puxar o outro à virtude. Mas que grande bênção há quando o homem e a mulher fiéis se santificam um ao outro num verdadeiro temor de Deus! Além disso, hão de ter tanta condescendência um com o outro, que nunca se aborreçam e írritem ambos ao mesmo tempo nem se note, entre eles, dissensão ou disputa. As abelhas não podem estar em lugar onde se ouvem ecos e estrondos; nem o Espirito Santo pode demorar numa casa onde há disputas, réplicas e repetição de vozes e brigas.
Há maridos brutos como o marmelo, que pela aspereza do seu suco, não são agradáveis senão postos de conserva. Há outros que, pela sua brandura e delicadeza. não se podem conservar senão também postos em doce como as cerejas e os damascos: assim as mulheres hão de desejar que os seus maridos estejam de conserva no açúcar da devoção. Porque o homem sem devoção é severo, áspero e duro; e os maridos devem desejar que as suas mulheres sejam devotas; porque sem a devoção, a mulher é em extremo frágil e sujeita a cair ou perder a sua virtude.
São Paulo disse que o homem infiel é santificado pela mulher fiel, e a mulher infiel pelo homem fiel, porque nesta estreita aliança do casamento um pode facilmente puxar o outro à virtude. Mas que grande bênção há quando o homem e a mulher fiéis se santificam um ao outro num verdadeiro temor de Deus! Além disso, hão de ter tanta condescendência um com o outro, que nunca se aborreçam e írritem ambos ao mesmo tempo nem se note, entre eles, dissensão ou disputa. As abelhas não podem estar em lugar onde se ouvem ecos e estrondos; nem o Espirito Santo pode demorar numa casa onde há disputas, réplicas e repetição de vozes e brigas.
São Gregório Nazianzeno diz que no seu tempo os casados faziam festa no aniversário dos seus casamentos. E eu, por certo, aprovaria que se introduzisse este costume, contanto que não fosse com diversões mundanas e sensuais, mas que os maridos e mulheres, tendo-se confessado e comungado nesse dia, recomendassem a Deus, mais fervorosamente que de costume, o progresso do seu matrimônio. renovando os bons propósitos de o santificar cada vez mais por uma recíproca amizade e fidelidade, e cobrando alento em Nosso Senhor, para arcar com os encargos da sua vocação.
-- Do livro Filotéia, de São Francisco de Sales (século XVI)
* esta é a terceira parte do capítulo 38, do livro Filotéia
* esta é a terceira parte do capítulo 38, do livro Filotéia
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