16 de jul. de 2011

A Terceira Revelação do Sagrado Coração de Jesus

Era 16 de Junho de 1675 quando a última das grandes revelações relativas ao Sagrado Coração ocorreu. Estava próximo o tempo de encerramento das solenes festas. Até então, a humilde virgem recebera do Senhor apenas favores pessoais, muito semelhantes aos que outras santas almas já haviam também recebido.  Ele havia solicitado apenas práticas de devoção individual. Agora, entretanto, era o momento dEle atribuir uma grande missão pública.

Durante a oitava da festa do Sagrado Sacramento, Margarida Maria esta ajoelhada, olhos fixos no Tabernáculo. O Senhor concedera "algumas imensuráveis graças do Seu amor". Nada sabemos a respeito destas graças. Subitamente o Senhor apareceu no altar e descobriu seu coração, dizendo: "Veja este coração que tem amado tanto os homens, até consumir a si mesmo em exaustão, para testemunhar seu amor. Em retorno, a maioria tem respondido com ingratitudes, irreverências e sacrilégios, pela sua frieza e desconsideração que demonstram ao sacramento do amor. E o que é mais doloroso para Mim (Ele disse num tom de dor) é que são corações consagrados a Mim".  Então pediu que fosse estabelecida na Igreja uma festa em honra particular ao Seu Sagrado Coração. "é por esta razão que pedi para considerar a primeira sexta-feira após a oitava do Sagrado Sacramento ser apropriada para uma festa especial, em honra do Meu Coração e reparação das indignidades que tem recebido. E prometo que Meu Coração irá se dilatar e derramar abundantemente as influências do amor sobre todos que lhe renderem homenagens".

Esta foi a última e a mais celebrada revelação. Justamente a mais celebrada por que toda mensagem do Divino Coração de Jesus está contida nela. Seu princípio não é outro que amor transbordante de Deus fazendo um grande esforço para superar o mal; seu objetivo, ao tornar-se uma devoção pública, tem sido a muito tempo somente este; e, por fim, uma nova efusão do divino amor pela Igreja e, mais particularmente, pelas almas piedosas de seus apóstolos e propagadores.

Mas, se o Senhor fez uso de sua possibilidades naturais naquele momento tão sério, concedendo um pouco do esplendor de sua Divina presença, ou se Margarida Maria, reafirmada pelo Padre de la Colombiere, banira todo medo e abandonara sua alma inteiramente a alegre contemplação do seu divino Mestre, isto não sabemos. Mas, ao concluir a terceira revelação, não havia sinais das violentas emoções que seguiram-se às duas primeiras. A humilde virgem estava atenta e feliz, embora um pouco assustada com tal missão, afinal quem era ela para estabelecer uma festa no calendário da Igreja se não conseguia sequer convencer seus superiores e uma palavra deixou escapar: "Senhor, como fazê-lo?"  Ele respondeu que deveria confiar ao servo de Deus que Ele havia lhe enviado para alcançar tal objetivo.

Margarida Maria recorreu ao padre e lhe confiou a terceira revelação. O venerável padre pediu um relato por escrito para que pudesse, mais tarde, estudar. Nós podemos ver, mais tarde, com que respeito preservou tal documento. Ele examinou atentamente a revelação em frente a Deus e, iluminado pelo Altíssimo, declarou a Margarida que poderia confiar pois, sem dúvida, a revelação era vinda dos céus. Assim confirmada, ela não mais hesitou, ajoelhou-se em frente ao Divino Coração de Jesus, solenemente consagrou-se a Ele e lhe rendeu as primeiras e uma das mais puras homenagens. O padre, desejando unir-se a ela, também consagrou-se ao Coração de Jesus. Era uma sexta-feira, 21 de Junhoo, o dia após a oitava do Sagrado Sacramento, o dia designado pelo Senhor para ser sempre lembrado por um dia de Festa ao seu adorável Coração. Então Ele recebeu, através da humilde virgem e o santo padre, os primeiros frutos daqueles atos de adoração que logo seriam realizados por toda humanidade.

Assim termianva este glorioso drama, ao mesmo tempo três e um, das revelações do Sagrado Coração. Desenvolveu-se, seguindo uma profunda e misteriosa ordem, as incomparáveis visões confiadas a mais humilde das virgens. No silêncio e êxtase, ela por três vezes, na capela, em frente ao altar, ela vislumbrou por primeiro aquilo que toda a Igreja veria. A Igreja examinou seu testemunho, pediu seu relato, forçou pela obediência, e então declarou como sendo verdadeiro e autêntico, prostando-se em frente ao Sagrado Coração.

O que o Senhor pedira foi feito, o rebanho fiel de todos lugares, nas primeiras sexta-feiras de cada m6es ajoelha-se em frente ao Sagrado Coração de Jesus e faz reparação às incompreensíveis ingratitudes das criaturas que ele ama tão apaixonadamente. Em qualquer região, cristãos, - esposas, mães, jovens, padres e virgens consagram-se a Deus, aqueles que levantam-se no meio da noite entre Quinta e Sexta, que vêm para adorá-lo, chorar com Ele, e, muitas vezes, até par amarcar em sua carne as marcas sagradas da Sua Paixão. Em todos lugares, através da Igreja Católica, a sexta-feira após a oitava do Sagrado Sacramento é uma solenidade dedicada a contemplação da doçura do melhor dos corações.

Mas continuemos nosso relato. Por agora apenas parte do desejo do Nosso Salvador é conhecido. Ainda poderemops ver outros aparecerem e, neste caso, deveremos procurar realizá-los. Sem dúvida, é encessário tempo. Num dia de outuno, o sol lentamente clareia um céu obscuro pela cerração, mas embora lentamente para aparecer, sua luz é muito amada e desejada. Assim também é com o Adorável Coração de Jesus em nossos tristes tempos. Há cerca de dois séculos ele apareceu no horizonte. Não reclamemos, pois já grande parte das nuvens desapareceram. Está se aproximando a hora que Ele iluminará os céus e renovará a terra. 

-- Do Livro Revelações do Sagrado Coração de Jesus, do Bispo Emile Bougaud, sobre a vida de Santa Margarida Maria. O livro foi escrito em torno de 1850.

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