8 de jun. de 2013

São Gabriel Possenti ou de Nossa Senhora das Dores

Santo Gabriel de Nossa Senhora da Dores
vestindo o hábito dos Passionistas. 
Hagiógrafos, muitas vezes, fazem parecer impossível alcançar a santidade ao contar histórias de santos que já nasceram especialmente inspirados pelo Espírito Santo, desde muito pequenos dedicados à oração, praticando mortificações severas, nunca entraram em brigas nem, sequer, tiveram pensamentos de caráter sexual. 

Graças a Deus, há, por exemplo, São Gabriel Possenti, que teve uma infância como de outros meninos da época: lia livros românticos, gostava de assistir peças, de vestir-se bem para agradar as moças e seus amigos o chamavam "damerino", algo como "namorador". 

Nascido em 1838, era o décimo primeiro filho de advogado da cidade italiana de Spoleto. Como adolescente em uma escola jesuita, Gabriel sentiu o chamado ao sacerdócio. Mas adiou o máximo possível. Duas vezes caiu doente gravemente, em ambas prometeu que se tornaria padre caso se recuperasse. Mas, uma vez recuperado, desistiu da idéia. Finalmente aos dezoito, quando morreu uma de suas irmãs, entrou na Ordem dos Passionistas, tomando o nome de Gabriel de Nossa Senhora das Dores. Seus amigos tentaram lhe convencer do contrário, mas ele já estava decidido.

Uma vez no noviciado, seu progresso espiritual foi notável, adaptando-se perfeitamente as regras da ordem e a rotina de orações e trabalhos. Exceto pela grande caridade e espírito de obediência, não realizou nada de extraordinário. Após um ano do noviciado, Gabriel pronunciou seus votos. Em 1859 foi transferido para o Monastério de Gran Sasso. 

Logo começou a sentir os primeiros sintomas da tuberculose, o que muito lhe agradou porque era exatamente o que havia pedido: uma morte que lhe permitisse purificar-se antes do momento final. Dizia que era isto que lhe inspirou o nome assumido, sofrer as dores e deixar-se conduzir por Deus, como Nossa Senhora.  Em seu leito de morte pediu que queimassem um livro com seus escritos espirituais. Não fosse isto, talvez tivéssemos o equivalente masculino a Santa Teresinha de Lisieux, cuja vida tem evidentes paralelos. A oração abaixo foi anotada pelos seus companheiros:

Mantenha-me ao seus pés, ó Deus, implorando por sua misericórdia. 

O que poderias perder permitindo que eu tenha um profundo amor por Ti, grande humildade, um coração puro, também mente e corpo, caridade para com os irmãos, uma sincera contrição por tê-lo ofendido com meus pecados e a graça de não pecar mais? 

O que poderias perder permitindo receber dignamente teu corpo na Santa Comunhão? Auxiliando-me a agir com amor em todos meus pensamentos, palavras, orações e penitências? Concedendo-me o favor de amar ternamente a santa mãe de teu filho? Dando-me a graça da perseverança final em minha vocação e morrendo uma boa e santa morte?

Ajude-me, ò Senhor, a corrigir-me. Esta graça eu peço que me concedas através da tua infinita bondade e misericórdia. Para obtê-la, eu te ofereço apenas o méritos de teu Filho, Jesus Cristo, o redentor. Não tenho méritos, sou destituído de toda bondade, tuas feridas são minha esperança. 

Os dois milagres apresentados para sua canonização foram as curas inexplicáveis de Maria Mazzarela de uma tuberculose e de Dominic Tiber de uma hérnia. Foi beatificado pelo Papa Pio X em 31 de maio de 1908. Estavam presentes na cerimônia um dos seus irmãos e o diretor espiritual, Padre Norberto. A Primeira Guerra, com todos seus problemas, atrasou a canonização, ocorrida somente em 13 de Maio  de 1920, pelo Papa Benedito XV, que o declarou patrono da juventude católica. Seus restos mortais estão no Santuário na cidade de Terano, próximo do monastério. 

-- autoria própria



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