São Turíbio de Astorga nasceu em torno do ano 400. Quando adulto decidiu vender todas suas posses e peregrinar até Jerusalém, onde conheceu o Patriarca Juvenal que o nomeou sacristão da Basílica do Santo Sepulcro. Quando decidiu retornar à Espanha, levou consigo pequenas frações da Santa Cruz que teriam sido do braço esquerdo da cruz.
Relicário com a Santa Cruz (Lignum Crucis) do Monastério de Liégana. |
No retorno passou por Roma, onde conheceu o Papa Leão Magno, foi ordenado sacerdote e arquidiácono de Tuy, para onde se dirigiu. Em 444 foi nomeado Bispo de Astorga, tendo recebido uma missão especial do Papa: combater o Priscilianismo, uma heresia da época. Para tanto convocou um Concílio onde os bispos condenaram a heresia de maneira formal, o que resultou em ameaças a sua vida. Além de São Turíbio, no combate à heresia destacou-se também São Martinho de Tours.
O Priscilianismo tinha pontos absolutamente contrários à fé cristã como considerar que Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo são três pessoas independentes, rompendo com a união da Santíssima Trindade; e que a alma se degenerava irremediavelmente ao descer à Terra, o que só poderia ser combatido com práticas radicais de purificação, que incluam o jejum dominical, pobreza absoluta e até a ausência da Eucaristia na época quaresmal.
São Turíbio de Astorga faleceu em 476, sendo celebrado em 16 de Abril.
São Turíbio de Liébana nasceu em torno do ano 500 em Turieno, também Espanha. Na metade do século, ele e outros cinco companheiros decidiram tornar-se monges e fundaram o Monastério de Liébana, seguindo as regras de São Bento. O Monastério assumiu o nome de São Martinho, não apenas para homenagear o Santo, como também para lembrar que ainda era necessário enfrentar a heresia prisciliana.
São Turíbio de Liébana faleceu em torno de 550, tendo seus restos mortais sido enterrados no próprio Monastério.
Monastério de Liégana |
Quando as tropas muçulmanas ameaçavam a cidade de Astorga em 714, os restos mortais de São Turíbio de Astorga e a Santa Cruz foram transportados para o Monastério em Liébana, onde encontram-se até hoje.
Em 1808 tropas franceses avançavam sobre a Espanha e a Santa Cruz foi escondida em cova, onde permaneceu por quatro anos até ser novamente exposta para adoração.
Durante a Guerra Civil Espanhola, considerando os relatos de abusos por parte dos revolucionários, a relíquia foi enterrada sob uma figueira, apenas duas pessoas sabiam sua exata localização. De fato, em 30 de Setembro de 1936 o Monastério foi atacado, as imagens foram mutiladas, os cálices e outros objetos litúrgicos roubados e as imagens dos quatro evangelistas foram metralhadas. Dois anos depois, quando o exército retonou o domínio da região, a relíquia foi resgatada e conduzida ao Monastério.
Atualmente a Santa Cruz é transladada no Domingo de Páscoa para a Igreja Paroquial da cidade de Potes. Trata-se da maior fração da Santa Cruz com comprovação histórica de sua origem.
-- autoria própria
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