Acabei de ler um livro muito interessante, entitulado My Peace I Give You - Healing Sexual Wounds with the Help of the Saints (Minha paz vos dou - curando traumas sexuais coma ajuda dos santos), escrito por Dawn Eden. A autora sofreu abusos sexuais quando criança, primeiro de uma pessoa que cuidava das crianças enquanto havia uma celebração na sinagoga quea família participava, depois por parte de um namorado da mãe. Ela conta que começou a mudar de rumo quando percebeu que nós católicos temos uma mãe que nos ama e ao conhecer o exemplo de muitos santos.
No processo de cura, o primeiro ponto é a memória, as lembranças dos fatos ocorridos, que ficam a perturbar a existência. Uma oração de Santo Inácio de Loyola pode ser de grande ajuda:
Recebe, ó Senhor, toda minha liberdade, minha memória, compreensão e desejos. Qualquer coisa que eu tenha ou possua poss ser retirado de mim. Eu dou de volta para Ti e me rendo completamente para ser governado por Tua Vontade. Dê-me seu Amor e Graça e já serei rico o suficiente, não pedirei nada mais.
Após oferecer sua liberdade, Santo Inácio oferece a sua memória, que no sentido mais amplo inclui tudo aquilo que recebemos pelos nossos sentidos, tenhamos ou não consciência. Isto é especialmente importante quanto referimo-nos a traumas, de qualquer tipo, pois o cérebro faz um esforço organizado não lembrar-se dos fatos, mantê-los no inconsciente, mas ainda assim eles afetam a vida da pessoa.
Oferecer a memória para Deus significa que o santo entende que fatos passados não podem ser alterados, mas há esperança que Deus, por seu amor, pode alterar completamente a forma como compreendemos. Memórias não são, nem devem ser inimigos. Como disse o Papa Bento XVI: Memória e esperança são inseparáveis. Envenenar o passado não nos dá esperança, apenas destrói os fundamentos emocionais da pessoa.
E então vem um segundo ponto importante: pedir a Deus que purifique a memória, cure os traumas do passado, não requer, necessariamente, trazer todos fatos para o nível consciente, mas sim oferecer para Deus aqueles fatos que forem lembrados. Deus é poderoso suficiente para curar todos fatos, os conscientes e os inconscientes. Alguns fatos são tão perturbadores que sua simples lembrança coloca a pessoa num estado em que não consegue perceber o amor o Deus
Outro ponto fundamental é resgatar as boas lembranças associadas à época do trauma. No caso da autora, as noites de Páscoa, com a família reunida, a atenção às crianças e a lembrança dos judeus sendo resgatados da escravidão no Egito eram momentos especiais. Estas lembranças sãi importantes para purificar a memória, ver que mesmo na tristeza há um fio de esperança. Como lembra Santa Baquita, que de tão traumatizada esqueceu seu próprio nome, quão deslubrantes e felizes eram os dias e noites na África: Vendo o sol, a lua, as estrelas, estas maravilhas, diz para mim: quem criou estas maravilhas? Ainda quero encontrá-lo para agradecer.
Enquanto lia o livro, muitas vezes lembrei de pessoas que destruiam seu passado, presente e futuro apenas criticando pais, mães e ex-maridos, ou seja, envenenando seu passado, tirando a esperança do seu próprio futuro, inclusive dos seus filhos, como adverte o Papa. Hoje, depois do livro, eu pediria para lembrar alguns fatos bons da mesma época, se possível com a mesma pessoa. Acho que ajudaria a lembrar que todos somos humanos, com virtudes e pecados.
Não vou alongar, muito, o livro é bastante interessante. Espero que um dia seja publicado em português. A autora tem outro entitulado A aventura da castidade, já traduzido para espanhol. Mantém um blog, cujo endereço é http://dawneden.blogspot.com/ .
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