A saudação angélica com que todos os dias, segundo a devoção de cada um, saudamos a santíssima Virgem, costumamos acrescentar: E bendito o fruto de vosso ventre. Após ter sido saudada pela Virgem, Isabel, como a retomar o final da saudação do anjo, acrescentou esta expressão: Bendita sois vós entre as mulheres e bendito o fruto de vosso ventre (Lc 1, 42). É este o fruto de que fala Isaías: Naquele dia será o germe do Senhor em magnificiência e glória e o fruto da terra sublime (Is 4, 2). Quem é este fruto senão o santo de Israel, a semente de Abraão, o germe do Senhor, a flor que se eleva da raiz de Jessé, o fruto da vida com quem entramos em comunhão?
E para nós, quem é o fruto deste fruto? Quem, a não ser o fruto da benção oriundo do fruto bendito? Dele, como semente, germe, flor, provém o fruto da benção; e chega até nós. Primeiro, como em semente pela graça do perdão, depois como em germe pelo aumento da justiça, e por fim como em flor pela esperança ou posse da glória. Bendito por Deus e em Deus, isto é, para que Deus seja glorificado nele. Para nós também é bendito para que, benditos por ele, nele sejamos glorificados, já que pela promessa feita a Abraão, Deus o fez a benção de todos os povos.
-- Do Tratado sobre a saudação angélica, de Balduíno de Cantuária.