Gonçalo nasceu de uma família de nobres portugueses em 1187, tendo efetuado os primeiros estudos com um sacerdote, como era costume à época. Reconhecendo seu valor, o arcebispo de Braga admitiu-o na escola-catedral da arquidiocese, onde cursou as discipinas de Teologia e Filosofia, vindo a ser ordenado sacerdote e nomeado pároco da freguesia de São Paio de Vizela, onde tinha uma vida confortável.
Desejoso de visitar os túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo e os Lugares Santos em Israel, obteve licença do bispo e deixou a paróquia aos cuidados de um sobrinho sacerdote, partindo em peregrinação, primeiro a Roma e, depois, até Jerusalém. Neste período, acostumou-se a uma vida mais simples e pobre.
Após 14 anoos, regressou a Portugal para retomar as atividades na paróquia, mas seu sobrinho escandalizou-se com as práticas ascéticas de Gonçalo, não aceitando viver na pobreza. Acabou por escorraçá-lo da paróquia, dizem até que teria soltado os cachorros contra o tio. É certo que mediante documentos falsos, convenceu o novo bispo que o verdadeiro Gonçalo falecera e este seria um impostor, obtendo assim a nomeação como pároco da freguesia.
Gonçalo, resignado com os fatos, deixou São Paio de Vizela e, pregando o Evangelho, chegou às margens do Rio Tâmega, onde ergueu uma pequena ermida. Ali viveu como eremita, consagrando o tempo à oração e à penitência, e saindo esporadicamente a pregar nos arredores.
Sentindo necessidade de encontrar um caminho mais seguro de modo a alcançar a glória eterna, Gonçalo decidiu passar os quarenta dias da Quaresma apenas a pão e água. Sentindo-se fraco, suplicou fervorosamente a Nossa Senhora que lhe alcançasse essa graça. Conta-se que teve uma visão da Virgem Maria, que recomendou procurar a Ordem dos Dominicanos, pois iniciavam o seu Ofício das Horas com a Ave-Maria.
Gonçalo dirigiu-se então ao Convento de Guimarães, recentemente fundado. Ali fez seu noviciado e foi admitido à ordem. Após algum tempo recebeu licença para, com outro religioso, voltar à sua ermida em Amarante.
Durante este período, Gonçalo realizou muitas conversões, conduzindo o povo à prática de uma autêntica vida cristã, também ajudando os pobres a melhorar suas condições de vida. Nesse particular sobressai a construção de uma ponte em granito sobre o Rio Tâmega, angariando pessoalmente donativos em terras próximas e levando os moradores mais abastados a darem vultosas ajudas para s obra.
O povo atribui-lhe muitos milagres ligados a esta construção. Em certa ocasião, não tendo mais dinheiro para pagar os construtores que ameaçavam abandonar a obra, foi até uma pedra, bateu com seu cajado, e dali jorrou um vinho da melhor qualidade, que pode ser vendido. Em outra vez que faltava alimento para os trabalhadores; foi até a margem do rio e pediu ajuda para Deus. Os peixes teriam saltado para as margens implorando a honra de ajudá-lo.
Outro milagre atribuído a ele ocorreu durante uma catequese. Para demonstrar os efeitos de uma sentença da Igreja; ele "excomungou" uma cesta de pães e frutas; que teriam imediatamente apodrecidas. Então, para mostrar o poder do perdão de Deus, retirou a "excomunhão", e as frutas e os pães reavivaram, podendo ser consumidos por todos.
Diz-se que Nossa Senhora lhe revelou o dia da sua morte, 10 de Janeiro de 1262, para a qual se preparou com a recepção dos Sacramentos da Igreja. O seu corpo, após a celebração das exéquias por sua alma, foi sepultado na ermida. Muitos milagres de cura são, ainda hoje, atribuídos à sua intercessão. Foi beatificado em 16 de Setembro de 1561, pelo Papa Pio IV.
Mais tarde a primitiva ermida foi substituída por uma igreja. Sobre esta, em 1540, o Rei João III determinou erguer a igreja e convento que ainda hoje existe.
Embora tenha falecido em 10 de Janeiro, os dominicanos pediram que sua festa litúrgica fosse transferida para 17 de Janeiro, evitando a coincidência com o Batismo de Cristo, que por certo teria prioridade. Embora oficialmente beato, é comum ser chamado de São Gonçalo.
-- autoria própria
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