A ciência dos arrogantes tem isto de próprio, que eles não sabem comunicar com humildade o que ensinam e não conseguem apresentar com simplicidade as coisas boas que sabem. Vê-se bem, pelo modo que ensinam, que se colocam, por assim dizer, em lugar muito elevado e olham de cima para os discípulos, postos embaixo, à distância, e não se dignam examinar juntos a questão apenas para se impor.
Quando Paulo diz ao discípulo: Ordena e ensina com toda autoridade, não fala de um domínio, mas se refere ao dever de persuadir pela autoridade da vida. Com autoridade se ensina aquilo que se vive antes de dizê-lo, pois não se tem confiança na doutrina quando a consciência impede a fala. Por conseguinte, Paulo não lhe sugeriu a força das palavras soberbas, mas a confiança da vida reta.
Sobre o Senhor está escrito: Ensinava como quem tinha poder, não como os escribas ou fariseus (Mt 7, 28-29). De modo singular e essencial foi ele o único a pregar o bem com autoridade, porque nunca cometeu mal algum por fraqueza. Com efeito, pelo poder da divindade, possuía o que nos ministrou pela inteireza de sua humanidade.
-- Dos livros Moralia sobre Jó, de São Gregório Magno, papa (século VI)