3 de set. de 2011

São Paulino de Nola

Filho de uma rica família romana, Paulino tinha tudo: dinheiro, posição social, poder, educação e uma vida livre. Educado pelo poeta Ausonius e proprietário de terras na Aquitânia, Espanha e Itália, era um advogado de sucesso e servidor público muito conhecido no Império Romano. No entanto, gradualmente foi se livrando de todos títulos e bens de sua vida aristocrata para abraçar uma vida de serviço e oração, uma vida na simplicidade.

Um momento fundamental na vida de São Paulino foi seu casamento com Teresa, mulher espanhola, e a conversão de ambos em 390. Outro momento foi a morte prematura do filho único ainda muito jovem. A partir deste fato passaram a vender suas propriedades e utilizar seus bens em favor dos pobres.

O casal mudou-se para Nola, uma vila próxima a Nápoles. Lá passaram a morar no segundo andar de uma casa e acomodar famílias sem teto no térreo. Diariamente rezavam com amigos a liturgia das horas.Abriram uma casa para acolhida onde recebiam convidados, incluindo Santa Melania e São Nicetas. Continuaram sua obra de filantropia construindo um aqueduto para a cidade e igrejas nas cidades próximas. 

Então construíram pequenas celas junto ao sepulcro de São Félix para viver em solidão, oração e penitência. Ele e Teresa viviam separados, em continência voluntária. Quando parecia que iriam cumprir seus desejos, ocorreu que outros também desejosos de vida semelhante e inspirados pelo seu exemplo construíram outras celas, todas orientadas ao altar maior da igreja. Decidiram levantar uma bela igreja em honra de São Félix, reservando espaço na parte de baixo para caminhantes, pobres e peregrinos. O grupo levantava-se à noite para rezar, jejuavam com frequência e cultivavam uma horta para subsistir.

Sua forma de viver levantou comentários de todo tipo: os pagãos lhe julgavam extravagante; os políticos diziam ser demência, pois privava a sociedade de suas qualidades; os ricos se queixavam da situação, talvez porque vissem um sinal do seu próprio apego às riquezas. Entre os católicos aplaudia-se seu retiro: o popular bispo São Martinho de Tours elogia sua atitude heróica ao abandonar as grandezas humanas e optar pela pobreza; Santo Ambrósio de Milão diz para seus padres que é um modelo de alma cristã a ser seguido; Santo Agostinho lhe enviou discípulos para que aprendessem a verdadeira virtude cristã; o Papa Anastácio enviou uma carta aos bispos da região da Campanha com muitos elogios a São Paulino. Também São Jerônimo o elogiou publicamente. 

Em uma carta a Sulpício Severo escreveu: "o abandono ou venda dos bens temporais não constitui o cumprimento, mas apenas o início do caminho, não é a chegada, mas apenas a partida. O atleta não vence ao tirar suas roupas comuns, apenas começa a lutar, e será considerado vencedor apenas após haver combatido com qualidade". 

No entanto, em 410 o povo de Nola lhe elegeu bispo, retirando-o da via reclusa. Sobre sua administração não sabemos muito, apenas que governou com sabedoria, diligência e usando os bens da igreja em favor dos pobres. Durante este período Roma e Nola foram invadidas pelos exércitos visigodos, acontecimento que marca o fim definitivo do Império Romano. Morreu em 431, deixando o que ainda restava de seus bens, 50 peças de prata, para comprar roupas aos pobres.

Durante sua vida escreveu muitos poemas, vários em honra de São Félix, e correspondências com santos contemporâneos seus e outros irmãos na fé. É considerado um dos últimos poetas latinos. 

-- Adaptado do livro Voices of Saints, de Bert Ghezzi

* O Papa Bento XVI proferiu uma catequese sobre a vida do santo em 12 de Dezembro de 2007.

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