7 de mar. de 2015

Católicos podem ser cremados?

O Código Canônico menciona cremação apenas duas vezes. O canon 1176.3 afirma que a Igreja recomenda, com vigor, a piedosa prática dos enterros; mas acrescenta que a cremação não é proibida, exceto se for realizada por razões contrárias aos ensinamentos cristãos. Este ponto é reforçado pelo canon 1184.1 ao estabelecer que os ritos funerais devem ser negados àqueles que escolherem a cremação por não acreditarem na fé cristã.

E qual ensinamento é essencial nesta questão? Católicos acreditam na ressurreição dos corpos e na dignidade do corpo humano, em todas as circunstâncias. Portanto, o corpo humano, mesmo que de uma pessoa morta, deve ser tratado com dignidade e respeito. 

Além disso, historicamente, a cremação está associada às práticas pagãs onde não há expectativa de uma eventual ressurreição. Os antigos romanos, principalmente nos séculos iniciais do Cristianismo, preferiam a cremação para que o espírito entrasse no mundo dos mortos e não ficasse vagando infeliz no mundo dos vivos. Já os hindus cremam os corpos como forma de purificar o falecido, para que possa reencarnar para uma vida melhor e, também, liberar a alma do corpo atual. Esta distinção teológica é essencial e já, desde os princípio, levou os cristãos a arriscarem-se para enterrar os corpos dos seus falecidos mesmo sobre as mais intensas perseguições.

Como o enterro tornou-se a norma nas sociedades cristãs ao longo dos séculos, uma pessoa que desejasse ser cremada deveria organizar seu funeral de maneira bastante incomum, o que era considerado um sinal claro que havia abandonado a esperança da ressurreição. 

No entanto, algumas questões práticas, principalmente saúde pública, podem levar à cremação, em especial, em épocas de guerras ou pestes.  Mais recentemente, o custo elevado é um motivo justo para a cremação, pois não há negação da fé, apenas impossibilidade de pagar pelo enterro. Se a cremação pode ocorrer por motivos justos, resta a questão das cinzas. Em uma norma publicada em 1997, a Igreja dá instruções claras:

Os restos cremados (cinzas) devem ser tratados com o mesmo respeito dado ao corpo humano. Devem ser guardados em uma urna funenária adequada e mantidos em um lugar apropriado e digno. Podem ser enterrados ou colocados em tumbas ou columbários. A prática de espalhar as cinzas no mar, ar, terra ou manter em casa não constituem práticas adequadas. Sempre que possível é importante identificar o lugar com placas registrem o nome do falecido.

-- autoria própria

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