2 de ago. de 2013

Nicolau de Cusa - Da Douta Ignorância

Nicolau de Cusa nasceu na Alemanha em 1401, estudou em Heidelberg and tornou-se doutor em direito Canônico na Universidade Pádua em 1423. Dali foi trabalhar com o Arcebispo de Trier, próximo a sua cidade natal, onde realizou mutos estudos em direito Canônico, matemática, filosofia e teologia. 

Ordenou-se padre em data incerta, na década de 1430s. Seu primeiro trabalho importante foi no Concílio de Basel, quando inicialmente argumentou em favor da autoridade do concílio sobre a do papa, mas revisou sua posição durante as discussões. Em 1437 foi enviado para Constantinopla em busca de reconciliação com a Igreja Ortodoxa Grega. Daí retornou à Alemanha como legado papal. Em 1448 foi nomeado Cardeal e retornou ao país em 1451 para comandar a reforma da Igreja. Já ao iniciar suas atividades entrou em conflito com o Conde que liderava a região e so opôs às mudanças iniciadas por Nicolau. Após alguns anos, o Papa Pio II o chamou à Roma para ser seu conselheiro, cargo que ocupou até a morte em 1464.

Sua principal obra chama-se Da Douta Ignorância (Eu preferiria Da Ignorância Aprendida) que segundo ele foi inspirada por Deus na viagem de retorno de Constantinopla. Nicolau começa com uma proposição simples: Deus é o absoluto Máximo; o universo é uma imagem de Deus, criada por Ele, sendo por isso, uma parte restrita deste Máximo. Como absoluto máximo, Deus é ilimitado, não compreensível pela limitada inteligência humana, pois nosso conhecimento não pode ultrapassar o Deus, o absoluto infinito. A princípio, não há proporção possível entre o homem e Deus, pois o homem é finito e Deus infinito. (Precisou de mais dois séculos e meio para Newton formular esta idéia matematicamente). Daí o título do livro: podemos compreender algo de Deus, mas é tão pouco que, na prática, permanecemos na ignorância.

Nicolau propõe alguns "exercícios" geométricos para ajudar a compreender a infinitude de Deus, a finitude do homem e a diferença natural entre ambos. Por exemplo, imagine um quadrado com um círculo dentro. A diferença entre ambos é óbvia. Se aumentarmos o número de lados, em vez de um quadrado, temos um pentágono, que é um pouco mais parecido com o círculo. Continuando, com cada vez mais lados, mais próximo do círculo chegaremos. Podemos imaginar uma figura geométrica com mil lados, visualmente será quase indistinguível do círculo, mas ainda assim, tem uma outra natureza. 

O universo é caracterizado pela mudança ou movimento. Este movimento é necessariamente finito, podendo-se estabelecer comparações de maior ou menor, sem limites de distância ou velocidade, tanto para valores muito pequenos quanto muito grandes. Assim, neste universo em movimento, a terra não é um objeto fixo em algum ponto do universo, pois nada está em repouso, nem pode ser o exato centro físico do universo (Copérnico citou Nicolau ao propor o modelo heliocêntrico). O que tomamos como centro depende do ponto de vista. Se trocarmos a perspectiva, digamos para outro planeta, podemos considerá-lo como o centro do universo e veremos a Terra no horizonte (como naquelas fotos tiradas da Lua coma Terra se surgindo ou desaparecendo). Podendo os objetos celestiais estar a grandes distâncias, o universo não possui limites ou fronteiras, sendo uma imagem da infinitude de Deus, mas apenas uma imagem atenuada, pois constituída de objetos finitos (Universo infinito em 1430!!!).

Jesus Cristo, neste esquema, é uma ocorrência singular, pois é ao mesmo tempo infinito, enquanto Deus, e finito, enquanto homem. A ignorância aprendida dos homens limita nossa forma de expressão ao lidar com a idéia de Jesus Cristo, pois a natureza de Deus incarnado, o infinito/finito, está acima da compreensão humana. 

-- autoria própria
-- só para enfatizar, Nicolau escreveu quando a ciência ainda se contentava com o modelo geocêntrico (Terra no centro do Universo e as estrelas todas na circunferência mais longe do planeta); é séculos anterior à Newton e em alguns momentos se aproxima da relatividade de Einstein. No mais, ainda estamos explorando os limites do Universo, que anda em cerca de 15 bilhões de anos-luz, de acordo com as últimas medições. 

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