O Senhor de modo divino também te ensinou a bondade do Pai que sabe dar coisas boas, para que ao Bom peças tudo o que é bom. E aconselhou a orar con instância e repetidamente; não em prece fastidiosa pela duração, mas continuada pela freqüência. Futilidades afogam, as mais das vezes, a longa oração, e na muito interrompida facilmente se insinua o descuido.
Exorto ainda a que, quando lhe pedes perdão para ti, saibas que será concedido sobretudo aos outros, na medida em que apoiares o pedido com a voz das tuas obras. O Apóstolo também ensina que se deve orar sem ira nem contestação, para que não se turve, não se altere tua súplica.
E ainda ensina que se há de rezar em todo lugar (cf. 1Tm 2,8), pois disse o Salvador: Entra em teu quarto (Mt 6,6). Não entendas, porém, um quarto cercado de paredes, onde teu corpo fica fechado, mas o quarto que existe dentro de ti, onde são encerrados teus pensamentos, onde moram teus sentimentos. Este quarto de tua oração em toda parte está contigo, em toda parte é secreto, sem outro juiz que não somente Deus.
-- Do Tratado sobre Caim e Abel, de Santo Ambrósio