14 de mar. de 2011

Confissões, de São Patrício - parte final

Certa vez São Patrício teve que explicar o que era a Santíssima Trindade. Usando um trevo de três folhas, explicou que assim como o trevo era um, embora constituído de três folhas, assim é a Santíssima Trindade, três pessoas em unidade. Daí se ver difundida na cultura popular irlandesa a figura do trevo de três folhas.

Eis que invoco o testemunho divino sobre minha alma como prova de que não estou mentindo: nem escreveria a vós para dar ocasião de lisonja ou avareza, nem esperaria pela honra de qualquer de vós; suficiente na verdade é a honra que não é vista, mas na qual o coração confia; fiel é o que promete; ele nunca mente.

São Patrício segurando um trevo de três folhas.
Mas vejo que aqui mesmo tenho sido exaltado sobremodo pelo Senhor, eu não era digno de que ele me concedesse isso, porquanto eu sei com certeza que a pobreza e a calamidade se adequariam melhor a mim do que a riqueza e o deleite (mas Cristo o Senhor se fez pobre por nós) eu realmente miserável e infeliz sou e mesmo que quisesse a riqueza não posso, nem é este meu próprio juízo; porque cotidianamente espero ser morto, traído ou reduzido à servidão se a ocasião surgir, mas nada temo por causa das promessas celestiais, porque me lancei nas mãos de Deus onipotente, que reina para todo o sempre, assim como diz o profeta: “lançai a sua carga sobre Deus e ele vos sustentará”.

Eis que agora recomendo minha alma ao meu fidelíssimo Deus, por quem cumpro a minha missão apesar da minha insignificância, mas porque ele não faz acepção de pessoas e me escolheu para esta obra para que eu fosse um dos menores de seus ministros.

Por esta razão eu devo retribuí-los por tudo que ele me tem retribuído. Mas o que deveria dizer ou prometer ao meu Senhor, só tenho aquilo que ele próprio me concedeu? Mas deixe que ele sonde meu coração e minhas entranhas porque almejo muito por isso, demasiadamente até, e estou pronto para que ele me conceda beber do seu cálice, assim como concedeu a outros que o amaram.

Pela vontade do meu Deus, que eu jamais seja separado do seu povo que ele ganhou nos lugares mais remotos da terra. Eu oro a Deus para que ele me dê perseverança e que ele me conceda ser uma fiel testemunha por amor a ele desde agora até o tempo da minha passagem ao meu Deus.

E se em qualquer momento fiz algo bom por amor ao meu Deus, a quem amo, imploro que ele me conceda, derramar meu sangue pelo seu nome, junto com os convertidos e cativos, seja mesmo eu insepulto ou meu cadáver miserável seja partido membro a membro pelos cães ou pelas feras selvagens, ou ainda devorado pelos pássaros do céu. Certamente penso que se isso ocorresse a mim, eu ganharia como recompensa minha alma e meu corpo, porque além de qualquer dúvida naquele dia ressuscitaremos na claridade do sol, isto é, na glória de Cristo nosso redentor, como filhos do Deus vivo e co-herdeiros de Cristo, destinados a ser conforme a sua imagem, porque através dele, por ele e nele, reinaremos.

Pois o sol que vemos nasce todos os dias para nós sob seu comando, mas nunca governará e nem irá durar o seu esplendor, mas antes todos os que o adoram irão desgraçadamente a punição; mas nós que acreditamos e adoramos o verdadeiro sol, Cristo, que nunca morrerá, nem aquele que fizer a sua vontade, mas permanecerá para sempre exatamente como Cristo permanece para eternamente, e que reina com Deus pai todo poderoso e com o Espírito Santo antes do começo dos tempos e agora e para sempre. Amém.

Pois o sol que vemos nasce todos os dias para nós sob seu comando, mas nunca governará e nem irá durar o seu esplendor, mas antes todos os que o adoram irão desgraçadamente a punição; mas nós que acreditamos e adoramos o verdadeiro sol, Cristo, que nunca morrerá, nem aquele que fizer a sua vontade, mas permanecerá para sempre exatamente como Cristo permanece para eternamente, e que reina com Deus pai todo poderoso e com o Espírito Santo antes do começo dos tempos e agora e para sempre. Amém.

Mas eu imploro aos que crêem e temem a Deus, que se dignem a examinar, bem como receber este texto composto pelo pecador Patrício, indouto, escrito na Irlanda, que ninguém jamais atribua a minha ignorância, qualquer coisa insignificante que eu possa ter exposto segundo agrado de Deus, mas aceite e verdadeiramente acredite que isso foi um dom de Deus. Esta é a minha confissão antes de morrer.

-- Das Cartas de São Patrício, (século V)
-- texto retirado do site Patrística Brasil, onde o autor traduziu do latim.

Um comentário:

Unknown disse...

São Patricio.... rogai por nós....só Deus Pai criador sabe tudo que vc passou nesta vida....aos meus 15anos sonhava com este Santo sem saber quem realmente era...gritava pelo seu nome.. onde depois de tanto tempo fui pesquizar no cp... e descobri que era um Santo.....

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