Que o Pai seja dito fonte, encontramos em Jeremias: Afastaram-me a Mim, fonte de água viva, e cavaram para si cisternas rachadas que não podem reter as águas (Jr 2, 13). Sobre o Filho, lemos em certo lugar: Abandonaram a fonte da sabedoria (Bar 3, 12). E sobre o Espírito Santo: Quem beber da água que eu lhe der, dele brotará uma fonte de água que jorra para a vida eterna (Jo 4, 13-14), que logo o Evangelista explica tratar-se do Espírito Santo nesta palavra do Salvador. Prova-se assim claramente que as três fontes da Igreja são o mistério da Trindade.
A esta trindade aspira o fiel, aspira o batizado que diz: Minha alma tem sede de Deus, fonte viva (Sl 42,2). Não quer ver a Deus apenas de leve, mas como todo ardor, todo abrasado em sede. Com efeito, antes do Batismo, os cristãos falavam entre si e diziam: Quando irei e me apresentarei diante da face de Deus? (Sl 42,3) Agora obtiveram o que pediam: vieram e ficaram diante da face de Deus, apresentaram-se ante o altar, perante o mistério da Salvador.
Admitidos no Corpo de Cristo e renascidos na fonte da vida, proclamam com confiança: Entrarei no lugar do admirável tabernáculo, até a casa de Deus (Sl 42, 5a). A casa de Deus é a Igreja, é ela o admirável tabernáculo, nele mora a voz da exaltação e do louvor, o ruído dos convivas (Sl 42, 5b).
-- da Homília aos neófitos sobre o Salmo 41 (42), de São Jerônimo, presbítero (século V)