Cristo morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos mortos e vivos (Rm 14,9). Deus, porém, não é Deus dos mortos, mas dos vivos (Mt 22,32). Por isso, os mortos, que têm por Senhor aquele que vive, já não são mortos, mas vivos; a vida se apossou deles para que vivam sem nenhum temor da morte, à semelhança de Cristo que, ressuscitado dos mortos, não morre mais (Rm 6,9).
Assim, ressuscitados e libertos da corrupção, não mais sofrerão a morte, mas participarão da ressurreição de Cristo, como Cristo participou da morte que sofreram.
Se ele desceu à terra, até então uma prisão perpétua, foi para arrombar as portas de bronze e quebrar as trancas de ferro (cf Is 45,2; Sl 106,16), a fim de atrair-nos a si, livrando da corrupção a nossa vida e convertendo em liberdade a nossa escravidão.
Se este plano da salvação ainda não se realizou - pois os homens continuam a morrer e os corpos a decompor-se - ninguém veja nisso um obstáculo para a fé. Com efeito, já recebemos o penhor de todos os bens prometidos, quando Cristo levou consigo para o alto as prímicias de nossa natureza e já estamos sentados com ele nas alturas, como afirma São Paulo: Ressuscitou-nos com Cristo, e nos fez sentar com ele nos céus (Ef 2,6).
-- Dos Sermões de Santo Anastácio de Antioquia, bispo (século VI)
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