A segunda nova iorquina que será canonizada pelo Papa Bento XVI neste domingo é a Irmã Marianna Cope, que aceitou o convite de São Damião para morrer pelos leprosos.
Marianne Cope nasceu em 23 de janeiro de 1838, numa região de Hesse, Alemanha. No ano seguinte a família emigrou para os Estados Unidos, indo residir em Utica, no estado de Nova Iorque. Tornaram-se membros da Paróquia de São José. Quando estava na oitava série, seu pai tornou-se inválido. Sendo a filha mais velha, começou a trabalhar em uma fábrica. Com a morte do pai em 1862 e considerando que as irmãs já podiam também trabalhar, sentiu-se livre para seguir a sua vocação religiosa. Entrou no noviciado da Irmãs da Terceira ordem Franciscana, em Siracuse. Após completar a formação e receber o hábito, tornou-se professora em uma escola para imigrantes alemães mantida pela Igreja.
Em 1870, já como membro do Conselho da Congregação envolveu-se na abertura dos primeiros hospitais católicos no estado. Já naquela época decidiram que os hospitais deveriam atender a todos, sem discriminação de raça e religião. Como diretora do hospital em Siracuse, participou do acordo que transferiu a Escola de Medicina de Geneva para Siracuse. Algo inédito, no contrato entre as partes estipulava-se que os pacientes teriam direito a serem tratados por médicos formados, não por estudantes.
Em 1883, Madre Mariana, Superiora Geral da Congregação, recebeu um pedido por ajuda na colonia de leprosos no Havai, cujo diretor era São Damião de Molokai. Mais de 50 outras ordens já haviam recusado o convite, mas ela respondeu entusiasticamente:
Estou ansiosa por esta tarefa e desejo de todo coração ser uma das escolhidas. Que grande privilégio será sacrificar-se pela salvação destas almas. Não estou com medo da doença, pelo contrário, será um grande prazer servir aos abandonados leprosos.
Junto com outras seis irmãs, viajou para Honolulu, onde chegou em 8 de Novembro de 1883. Os sinos da catedral tocaram para bem recebê-las. Tendo Madre mariana como supervisora, as irmãs foram encarregadas do Hospital na ilha de Oahu, que recebia os pacientes de todas as ilhas e ministrava os primeiros tratamentos. Na medida em que o caso se agravava, os pacientes eram enviados para a colônia na ilha de Molokai. Após dois anos de trabalho, seus serviços já eram reconhecidos, sendo que o próprio rei agradeceu-lhe pessoalmente. Em 1885, as irmãs fundaram uam casa para receber as crianças órfãs de pais leprosos, que eram rejeitadas por todos. Mas um novo governo, em 1887, decidiu fechar o hospital e Oahu e transferir todos doentes para Molokai. Mesmo sabendo que nunca mais poderia retornar, as irmãs aceitaram a missão e partiram para Molokai.
Em Novembro de 1888 passou a tratar pessoalmente do Pe. Damião e assumir suas tarefas. Permaneceu em Molokai até 9 de Agosto de 1918, qando faleceu de causas naturais, sem nunca ter tido lepra, algo considerado miraculoso. Foi beatificada em 14 de maio de 2005, pelo Papa Bento XVI. Seus restos mortais foram transferidos do Havai para Siracuse, onde foi construído um santuário em sua honra.
Madre Mariana ao lado do corpo de São Damião de Molokai. |
Sobre ela, o Papa Bento XVI falou: A vida da Madre Marianne Cope caracterizou-se por uma profunda fé e amor, que deu o fruto de um espírito missionário de imensa esperança e confiança. Em 1862, ela entrou na Congregação das Irmãs Franciscanas, em Syracuse, onde ficou impregnada da particular espiritualidade de São Francisco de Assis, dedicando-se inteiramente às obras de misericórdia espirituais e corporais. A sua própria experiência de vida consagrada deu lugar a um apostolado extraordinário, enriquecido de virtudes heróicas. Fiel ao carisma da Ordem e segundo a imitação de São Francisco, que abraçou os leprosos, Madre Marianne partiu para a missão como voluntária, com um "Sim" confiante. E durante trinta e cinco anos, até à sua morte, ocorrida em 1918, a nossa nova Beata dedicou a sua vida ao amor e ao serviço dos leprosos nas ilhas de Maui e de Molokai.
Sem dúvida, humanamente falando, a generosidade de Madre Marianne foi exemplar. Contudo, somente as boas intenções e o altruísmo não explicam adequadamente a sua vocação. Só a perspectiva da fé pode fazer-nos compreender o seu testemunho como cristã e como religiosa deste amor sacrifical, que alcançou a sua plenitude em Jesus Cristo.
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